Time Well Spent escrita por Arabella


Capítulo 22
Esclarecimentos


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo que apenas continua o anterior (foi muito curtinho, hehe) então apenas considerem como um presentinho ^^ Espero que gostem!



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O. V. Draco

Quero um lugar privado, onde eu possa consertar o armário sozinho, quero um lugar privado...

Ao abrir os olhos, lá estava a porta de mogno tão familiar. Eu já conseguia até sentir o ar fresco da Sala Precisa antes de mesmo de entrar. Isso se devia ao fato de esse ser o local onde eu passara mais tempo durante todo o ano letivo, confinado tentando consertar aquele maldito armário.

Abro a porta e sou recebido por um ambiente revestido de madeira escura. Um carpete acobreado se estende por todo o soalho, sendo aos poucos chamuscado em uma das extremidades pelo Armário Sumidouro, que está semiaberto dando uma visão privilegiada do rombo em seu interior que cospe fagulhas douradas. Ando automaticamente para o lado oposto ao Armário, para um estande de livros, de onde tiro o “Conserto de Objetos Mágicos para Leigos” e abro o exemplar em “Acidente normal, Dano Fatal: O que fazer quando tudo parece perdido?”.

Me preparo mentalmente para mais algumas horas de feitiços estúpidos que não produzem efeito algum sendo anunciados em vão.

–---

–Está atrasado, Malfoy. –Snape abre a porta da masmorra para mim.

–Estava trabalhando em algo mais importante do que ficar aqui jogando conversa fora com você. –Respondo secamente.

Ele suspira alto, se sentando em sua cadeira de couro esverdeado e indicando um banco em sua frente para mim.

–Eu estou tentando te ajudar... –Snape começa, mantendo a voz baixa e suave.

–Não pedi sua ajuda. –Sento-me, encarando o negro profundo dos olhos do professor.

Ele estala a língua com uma desaprovação lícita. Eu consigo imaginar veneno dançando em sua boca quando ele faz uma careta.

–Draco, está sendo tão idiota... Eu não preciso de sua glória. –Ele fala, ficando ereto. Suas feições endurecem com a chama que acende atrás de suas retinas, como se algo tivesse ligado na cabeça do professor. Ele parecia estar vasculhando minha mente e eu sinceramente não duvidava que estivesse. –Enfim, temos outras coisas a tratar...

Eu continuava entediado, minha cabeça pendendo molemente para o lado enquanto eu encarava tudo ao redor que não fosse Snape.

–Eu sei que você continua se encontrando com a –Ele soltou um pigarro e eu revirei os olhos. Suas palavras não pareciam fazer sentido algum para mim até que ele continuou. –Srta. Lovegood...

Consertei a postura no exato momento em que seu nome se propagou pela sala e coloquei as mãos em punhos na mesa do professor, me projetando para frente.

–Não a envolva, porque se fizer isso, eu juro por Merlin...

–O que você faria comigo, Malfoy? –Snape ergueu uma sobrancelha negra, aparentemente satisfeito com minha reação.

–Seu verme nojento, sangue-ruim imprestável! –Sinto minha mandíbula tremer com a fúria.

O professor relaxa em sua cadeira.

–Mas não se preocupe com a Srta. Lovegood. Eu já a tirei de nossos planos. –Ele me deu uma piscadela.

Percebo que meus olhos estão arregalados e que minhas mãos estão avermelhadas devido a força que imprimo sobre a mesa.

–O que você fez? –Pergunto, a voz trêmula.

Ele recupera seu ar superior:

–O Sr. Potter recebeu uma correspondência enigmática um dia desses, sabe, Sr. Malfoy? –Ele espia minha reação, mas eu não tenho nenhuma. Apenas escuto. –Pegue uma cópia do bilhete. –Ele procura na mesa um papel amarelo e desgastado antes de o jogar para mim.

Uma caligrafia apertada e rabiscada ocupa todo o espaço do papel:

Harry, cuidado com quem te cerca. Em tempos assim, é normal que hajam traidores. Vi uma certa loira conhecida com Draco Malfoy na Torre de Astronomia, tome providências”. –Não era assinado. A raiva fazia com que minhas mãos tremessem e não conseguissem responder rapidamente aos meus impulsos.

Finalmente, apanho a varinha no bolso das vestes, mas Snape é mais rápido em sacar a sua e a mirar para mim. Um sorriso mesquinho aflora nos cantos de seus lábios e sinto gosto de bile na boca.

–Por que faz da minha vida um inferno? –Praticamente cuspo as palavras, gritando.

Ele ergue as sobrancelhas.

–Estou apenas te livrando de distrações. O Lorde quer o trabalho feito.

P. O. V Luna

–Como assim, Harry? –Balbucio, franzindo o cenho. Eu teria que tentar algo...

–Eu sei que estavam juntos! –Sua mandíbula tremeu e por um segundo pensei ter visto um lampejo mortal em seus olhos claros.

–Para de ser ridículo! –Minha mente trabalhava rápido, “hora de honrar a Corvinal”. –Ele namora a Mádi, que por sinal é exatamente o que ele merece.

Harry ergue as sobrancelhas, momentaneamente confuso. Ótimo, parece estar dando certo.

–Não se atreva a dizer que me confundiu com ela. –Torço meus lábios, desgostosa.

Ele olha para mim, seu rosto um misto de vergonha e alívio.

–Vocês duas são loiras e... –Ele começou, encabulado. Bufei tentando esconder um suspiro de alívio. –Sim, eu –Fez uma pausa onde sorriu largamente. -, é, devo ter confundido.

Senti uma pontada no peito por ter de esconder, por ter de mentir. Harry parece confiar tanto em mim enquanto cora mais ainda e pede mais desculpas desajeitadas... Meus olhos ardem com a culpa e eu de repente quero começar a tagarelar toda a verdade, mas sei que não posso.

Draco já deve estar esperando por mim no Lago, então apenas planto um beijo desengonçado na bochecha de Harry para me despedir.

–Até a próxima reunião! –Cantarolo enquanto corro pelo saguão.

Viro por meia dúzia de corredores e cumprimento uns treze quadros até estar de frente para o portão principal. Ainda não passa do toque de recolher, mas não tem mais ninguém por ali. Espio para fora, a brisa noturna jogando meus cabelos por cima dos ombros enquanto eu tento enxergar o lago. Sua superfície escura reflete o céu penetrante e, por um segundo, parece que não há nada vivo por baixo daquela imensidão de água. É quando um movimento brusco da Lula Gigante faz com que uma onda grande se propague até espalmar na terra ao redor e é quando eu finalmente vejo Draco, com uma manta verde-musgo sobre as pernas, sentado sob uma árvore de folhas laranjas. Seus cabelos estão bagunçados, tão brilhantes quanto nunca sob a luz perolada do Luar, e seus olhos entreabertos fitam a imensidão escura do lago. Sinto uma onda reconfortante ao o ver e tento apressar o passo até lá.

–Ei. –Chamo.

Ele vira o rosto para mim. Seu semblante sério se desfaz em meu sorriso torto favorito e eu me agacho ao seu lado, atrás da árvore. Estava ficando meio paranoica, então chequei de todos os ângulos possíveis se alguém do castelo poderia nos ver.

–Apenas relaxa, ok? Estamos aqui e estamos bem. –Ele me envolve com um braço, aprumando a manta em minhas pernas também.

Descanso a cabeça na curva de seu ombro e observo o lago com ele antes de dizer qualquer coisa.

–Não dá para relaxar. –Suspiro e o conto sobre o caso com Harry.

Por incrível que pareça, Draco não parece surpreso. Ele me encara por meio segundo, seus olhos enevoados parecendo esconder uma infinidade de angústias em suas profundezas cinzentas.

–Luna, Snape mandou um bilhete para Harry contando sobre nós dois. Ele não vai desistir. –Draco não está me dando tempo de digerir todas as informações.

–O que? –Consigo o interromper, tentando manter o tom firme da voz.

Ergo a cabeça de seu ombro para poder encará-lo face-a-face, ou algo próximo disso. Draco ainda era bem maior que eu.

–Ele não quer que eu tenha distrações. –Ele franze os lábios.

–Distrações do que, Malfoy?! –Elevo a voz sem perceber.

Draco parece estar lutando consigo mesmo ao aproximar o rosto do meu, não do jeito sedutor de sempre, mas sim como alguém que implora.

–Por favor, Luna... Por favor... –Ele fala, a voz trêmula. –Não ache que sou um monstro... –Seus lábios estão tão próximos dos meus que quase me esqueço de toda a conversa. Seu hálito frio é como uma droga.

–Eu nunca te acharia um monstro. Nada pode mudar isso, ok? –Sussurrei.

–Você não faz ideia do que eu vou fazer. –Ele solta uma risada sem humor.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e reviews



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