Surviving to Hell escrita por Alexyana


Capítulo 14
Naufrágio


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI NESSA CARALHA! Sim, demorei bastante, desculpem. Mas enfim, como vocês estão? Animados para as férias? Eu estou muito, tipo, vendo a luz no fim do túnel. Só eu acho que esse ano passou rápido? Estou inconformada.
OBRIGADA PELOS 100 COMENTÁRIOS! ESTOU VOMITANDO ARCO-ÍRIS.
Até lá nas notas finais.



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Fico mexendo minhas mãos em meu colo, ansiosa demais para poder parar com esse hábito desagradável. Estou nessa sala esperando uma notícia de mamãe pelo que parecem horas, ou talvez seja somente meu nervosismo desacelerando o tempo.

A maioria das pessoas está em outros cômodos da casa ou em suas barracas, esperando o horário do jantar para poderem enfrentar o clima pesado da sala. Apenas Sam, Seth e Cassie permanecem aqui comigo, todos em silêncio, apenas ouvindo os barulhos do mundo lá fora e as vozes das outras pessoas.

Encaro o sofá abaixo de mim, o mesmo que dormi com mamãe no primeiro dia que viemos para a fazenda. Parei de chorar a algum tempo, mas o abismo escuro e assustador que é o medo continua tentando me sugar incansavelmente, como se eu fosse um naufrágio sendo engolido pela água.

Ouço o barulho da porta do quarto onde mamãe está, e logo Patrícia passa rapidamente pela sala, indo em direção à cozinha. Levanto-me apressada do sofá e corro atrás dela, na esperança de conseguir alguma informação.

Vejo-a colocando mais água quente dentro da bacia de alumínio e lavando o pano cheio de sangue sob a pequena corrente de água que sai da torneira. Seus cabelos loiros estão presos, e alguns cachos caem em volta de seu rosto.

– Como ela está? – pergunto parando-me ao seu lado. Evito olhar para o sangue de mamãe indo pelo ralo, focando-me apenas em Patrícia.

– Ela bateu a cabeça com muita força e a pancada em seu estômago... – a mulher diz, franzindo os lábios e lançando um olhar apiedado em minha direção, que não foi nada otimista. – Hershel acha que isso possa ter ocasionado uma hemorragia interna.

Fico em silêncio enquanto Patrícia termina de lavar o pano e pega a bacia novamente. Observo ela voltar em passos rápidos ao quarto, enquanto tento não me afogar no medo e no desespero. Mamãe não pode morrer, não agora. Ela passou por muitas coisas para acabar assim.

Vou em direção à porta da cozinha e saio lá fora, a brisa noturna atingindo meu rosto e clareando um pouco meus pensamentos. Minhas pernas trêmulas, como minhas mãos, sentem dificuldade em descer os poucos degraus.

Caminho pelo gramado em frente à casa, indo em direção à barraca mais próxima, que como outras, está com a luz acesa. A “porta” também está aberta, e é possível vê-lo sentado lá dentro.

– O que você quer? – Daryl questiona, parando de limpar sua arma. Fico encarando-a em sua mão por alguns momentos antes de falar.

– O que aconteceu lá? – pergunto com a voz baixa. Fiquei pensando nas possibilidades do atropelamento enquanto aguardava notícias de mamãe, mas nenhuma me pareceu plausível.

– O carro surgiu do nada e a atropelou. – fala simplesmente, ainda desmontando a arma. – Ela devia ter olhado os dois lados antes de atravessar. – ele diz zombeteiro, o humor negro claro em sua voz.

– Como pode brincar com uma situação dessas?! – pergunto indignada. Lágrimas de raiva começam a pinicar em meus olhos. Ele só me fita, não demonstrando sentimento algum nos olhos azuis.

Dou as costas para ele e começo a me distanciar da barraca, pisando com força no chão. Ando mais alguns metros, parando embaixo da árvore em que estava mais cedo. Fico em pé, apenas observando a noite escura, graças a Lua nova.

Mamãe nunca gostou de noites sem lua, dizia que ela ficava ainda mais escura e assustadora do que já era. Estou começando a concordar com isso.

Ouço passos atrás de mim, e logo Cassie para ao meu lado, os cabelos loiros soltos sobre os ombros. Continuo fitando a floresta além das cercas, sem olhá-la.

– Tia Maddison não irá morrer, você sabe como ela é forte. Ela não desiste fácil, ainda mais quando tem pessoas para quem voltar. – ela diz após alguns minutos. Fico mais um tempo em silêncio, apenas absorvendo suas palavras.

– Você tem razão. Obrigada, Cassie. – agradeço em voz baixa, encarando o brilho claro de seus olhos na baixa iluminação.

– É melhor entrarmos, é perigoso aqui fora – ela diz, e me controlo para não revirar os olhos.

– Medrosa.

– Apenas cuidadosa – ela corrige, e é inevitável não abrir um sorriso, que morre tão rápido quanto surgiu.

–------------ ↜ ↝ -------------

Estão todos reunidos dentro da casa agora, a maioria conversando enquanto comem. Não estava com ânimo para comer, porém depois de muita insistência de meus primos e de Samantha acabei cedendo. Eles disseram que eu precisava estar forte quando mamãe acordasse, e com esse argumento foi inevitável não aceitar.

Estou tentando cultivar a esperança desde a pequena conversa com Cassie, porque como ela mesma disse, mamãe não irá desistir. E eu também não.

Carl está junto com Lori e Rick na mesa de jantar, mas não parece nem um pouco inclinado a conversar com os outros. E me sinto ainda mais triste e culpada, já que o que eu disse foi o grande motivo para ele agir assim.

Viro a cabeça na direção oposta a eles e noto Shane encostado na janela, olhando lá fora. Apesar de não ter falado com ele direito desde o episódio com a aula de tiro, levanto do sofá em que estava dividindo com meus primos e avanço em sua direção.

Paro ao seu lado, fitando a paisagem escura enquanto ouço o farfalhar das folhas com o vento. Sempre gostei de observar a natureza, toda sua perfeição e esplendor me encantavam, mas depois que o apocalipse começou parece que tenho feito isso com mais frequência, como se precisasse ver algo normal, algo vivo e bom, como um motivo para que toda essa luta para sobreviver valesse a pena.

– Nós iremos encontrar quem fez isso. – Shane diz,interrompendo meus devaneios. Ele me olha, e assusto-me com a intensidade e a seriedade de seu olhar. – Eu irei te proteger, Emma. Irei proteger a todos.

Antes que eu possa responder, Hershel finalmente aparece na sala. Viro-me para poder encará-lo, e todos presentes fazem o mesmo.

–Ela teve duas costelas quebradas, um corte profundo na cabeça e várias escoriações. Felizmente não houve hemorragia interna. – Hershel fala sorrindo levemente, e o alívio de todos na sala pode ser sentido na pele. – Maddison teve muita sorte.

– Eu posso vê-la? – pergunto ansiosa. Hershel a primeiro momento parece contra isso, mas depois de alguns segundos encarando meu rosto pidonho ele cede.

– Só por alguns minutos, ela precisa descansar – avisa.

Caminho pelo pequeno corredor em direção ao quarto, e Hershel abre a porta para mim. Mamãe está deitada no meio da cama de casal, com vários travesseiros apoiando suas costas, deixando-a levemente inclinada para cima.

– Mãe! – exclamo animada, correndo em sua direção e pulando na cama. Ela ri com isso, mas faz uma careta de dor quando a abraço. – Desculpe.

– Qualquer coisa me chame. – Hershel diz já fechando a porta.

Paro por um momento e avalio a situação da mulher em minha frente. Há uma enorme atadura do lado direito de sua cabeça e vários curativos espalhados pelo seu corpo magro. A cor doentia de antes está se amenizando, mas ela ainda está horrível.

– Pare de me encarar assim, estou me sentindo uma aberração. – queixa-se mamãe, o que faz com que eu ria.

– Eu pensei que ia te perder – sussurro, sentindo as lágrimas voltarem novamente. Mamãe franze os lábios, e indica para que eu chegue mais perto. Encosto-me na cabeceira da cama ao seu lado, evitando relar nela devido aos seus machucados.

– Você não irá me perder – promete, depositando um beijo no topo da minha cabeça. Isso faz com que eu mergulhe de volta a superfície, como se tivesse reaprendido a nadar.

Eu sei que ela não pode cumprir essa promessa, é impossível, porém fico feliz por tê-la comigo agora e tento prolongar esse momento o máximo que posso.

Rotting like a wreck on the ocean floor
Sinking like a siren that can't swim anymore
'Cause our songs remind me of swimming
But I can't swim anymore


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Notas finais do capítulo

Tradução:
Apodrecendo como um náufrago no fundo do oceano
Afundando como uma sereia que não pode mais nadar
Suas canções me lembram de nadar
Mas eu não posso nadar mais
(Swimming – Florence and The Machine)

Acho que virou tradição músicas nos capítulos, mas é que esse trecho se encaixou tão bem! O que acharam do capítulo? Maddie tá viva e saudável (não pera)!

Pergunta de hoje (não é uma pergunta, é uma ordem, risus): Me contem fatos sobre vocês, coisas banais que queiram me contar. Eu adoraria saber mais sobre vocês (redundância de "vocês"), aceito biografias.
Minha resposta: Eu uso óculos hehjejeh Também não sei onde isso é um fato interessante. Façam perguntas para mim, coisas que vocês queiram saber sobre essa pessoa maravilhosa que eu sou e tal, que eu responderei.

PS: ESTOU COM SAUDADES! QUERO UM ABRAÇO E PIZZA!
PS²: Estou muito animada hoje, me perdoem.