Surviving to Hell escrita por Alexyana


Capítulo 12
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, como vocês estão? Bom, devo admitir que deu certo trabalho escrever um capítulo narrado por outra pessoa, já modifiquei dezenas de vezes e parece que nunca fica bom! Se notarem algum erro por favor me avisem, é sempre bom melhorar.
Quero agradecer a Q U E E N pela primeira recomendação, muito obrigada! Você me deixou feliz pelo resto da semana.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/521945/chapter/12

– Narração de Maddison McLean

– Tem certeza que não há problemas em você olhar Emma enquanto eu vou lá? – pergunto mais uma vez para Samantha. Ela se ofereceu para cuidar de Emma quando contei a ela sobre a busca ontem na fogueira, e eu fiquei terrivelmente grata por isso.

– Claro, ela é uma menina legal – ela diz sorrindo.

Sorrio agradecida mais uma vez e caminho até onde Daryl está com sua moto. Vejo Emma e Carl vistoriando a motocicleta com olhares admirados, e sorrio um pouco com essa cena.

– Pensei que não viria mais – fala Dixon impaciente, já montando em sua moto. Limito-me apenas a ignorá-lo, focando em minha filha.

– Se cuide, Emma – falo ajoelhando-me para ficar de sua altura. – Nada de fazer coisas que eu não aprovaria.

– Você não aprova nada que é divertido – ela fala com um bico fajuto no rosto, o que me faz rir. Seus cabelos escuros estão presos em um rabo de cavalo, e seus olhos estão esverdeados devido à alta luminosidade. – Não se esqueça do meu taco e das minhas fotos.

– Não esquecerei – falo, abraçando-a. Seus pequenos braços me rodeiam, e eu gostaria de ficar assim para sempre, protegendo-a do inferno que o mundo se tornou.

– Cuide dela por mim – falo para Carl, que apenas sorri e concorda com a cabeça. Fiquei muito feliz quando notei que Emma estava se enturmando com outra criança, principalmente nessas circunstâncias em que nos encontramos. Ela merece ter uma infância, ou pelo menos, um pouco dela.

Ouço Daryl pigarrear ao meu lado, e bufo baixinho com isso. Levanto-me e me preparo para subir na moto.

– Não tem capacete? – pergunto, meu lado policial falando mais alto.

– Sobe logo, magrela – manda Daryl em um tom claramente irritado. Ouço Emma e Carl rirem ao meu lado com o insulto, e me controlo para não xingá-lo por me chamar assim na frente das crianças.

Subo atrás dele, dando um rápido tchau para as pessoas antes de ele acelerar. Oponho-me a colocar meus braços ao seu redor, apesar desse ato não ser nem um pouco seguro. Procuro um ponto de apoio atrás de mim, e fico feliz quando encontro.

A moto avança rapidamente pela estrada de terra, logo saindo na rodovia. Aperto com força o pequeno apoio para as mãos, pensando na possibilidade de mandá-lo ir mais devagar, porém isso apenas seria motivo para ele me insultar de outros adjetivos.

Rick disse que não poderia vir, pois não achava seguro deixar Randall junto com Shane, e eu compreendi. Apesar de ser mal-educado e ter um grande problema com excesso de velocidade, Daryl continua sendo uma companhia melhor que Shane.

O tempo ajudou na cicatrização da ferida, porém quando o vi naquela estrada, a decepção e a mágoa foram desenterradas. Arrependo-me de ter perdido o controle ontem, porém foi inevitável. Pensar na possibilidade daquele cara machucar minha filha é aterrorizante, e eu não sobreviveria a isso.

Dixon pede algumas coordenas de vez em quando, e não falamos nada além disso, até porque o vento impossibilitaria qualquer tentativa de conversa. Não que eu queria iniciar uma.

Depois de alguns minutos entramos na estrada de terra tão conhecida por mim. Memórias da minha infância, com mamãe, papai e Melinda ainda vivos ocupam minha mente, me distraindo da paisagem ao meu redor.

Daryl para a moto no meio do caminho, antes que a casa possa ser vista. Descemos em silêncio, ele pegando sua fiel crossbow enquanto eu confiro se a faca que peguei na cozinha de casa está em minha cintura e se minhas pernas estão firmes o suficiente para andarem.

– É melhor irmos a pé, não sabemos quantos walkers terá lá – ele diz já começando a andar. Corro para alcançá-lo, olhando em volta para ver se não há nada de errado.

Após alguns minutos de caminhada, a casa rosa desbotada invade meu campo de visão, junto com os infectados ao redor dela. A cerca caída abriu caminho para eles, que agora vagam ao redor da residência. Daryl mata os três que estão mais próximos, enquanto vou até os dois no alpendre. Os meses de prática ajudaram muito, mas ainda me incomoda o som dos corpos mortos esparramando-se no chão.

Procuro as chaves no bolso da calça, destrancando a porta sem esperar Daryl. O interior continua do mesmo jeito, e comemoro interiormente por ter trancado-a.

– Deve ter uns poucos suprimentos no armário – aviso, apontando na direção da cozinha. Dixon apenas segue até lá, sem me olhar.

Subo as escadas, indo em direção ao quarto que dividia com Emma. A decoração permaneceu intacta ao longo dos anos, já que mamãe não gostava de mudanças decorativas e isso não coopera em nada para meu humor nostálgico.

Não resisto ao impulso de abrir as janelas, e logo o maravilhoso ar fresco invade o cômodo junto com a luz solar. Várias memórias insistem em me atingir, igual ao primeiro dia em que voltei aqui, no inicio de tudo. Lembranças dos dias em que Shane entrava nesse quarto à noite, sempre sendo obrigado a escalar o lado de fora da casa escondido do meu pai, que nunca aprovou nosso relacionamento.

Suspiro pesadamente, tentando bloquear isso de minha mente. Foco no propósito de ter vindo aqui, abrindo a mochila e colocando as mudas de roupas dentro dela. Fico decepcionada ao constatar que não há praticamente nenhuma roupa de inverno, o que é mais um motivo para uma busca.

Vou até a cabeceira da cama, sentando no colchão macio. Abro a cômoda atrás das fotos que minha filha citou, e acabo as encontrando no fundo da gaveta. Pego as fotografias em minhas mãos, observando-as atentamente: uma minha junto a Emma, outra de Shane e eu jovens e a última dele com Rick.

Guardo-as no pequeno compartimento do lado de fora da bolsa, evitando pensar sobre os momentos em que foram tiradas. Vejo o taco de baseball que Emma tanto cobrou ao lado da cama, e tento colocá-lo dento da mochila, deixando quase metade para fora. Resolvo deixar assim mesmo, já que carregá-lo na mão não é uma boa ideia quando se tem uma moto dirigida por Daryl como meio de locomoção.

Fecho novamente as janelas e vou em direção ao antigo quarto de Melinda, que foi abandonado quando ela se casou e que passou a pertencer a Cassie e a Seth depois que nos reencontramos. Vou até ao guarda-roupa no canto do quarto e pego algumas roupas deles, que também estão sem nada na fazenda.

Procuro nas gavetas alguma coisa que eles queiram que eu leve, e acabo encontrando uma pequena caixa de veludo azul marinho. Abro-a e encontro um colar com um pingente de pedra verde, que pertencia à minha avó e que passou a pertencer a Melinda. Lembro-me de como fiquei triste quando perdi o meu em uma viagem que fiz com Shane, Rick e Lori à Las Vegas há quase 15 anos atrás.

Sorrio ao me lembrar de como papai havia ficado bravo comigo ao descobrir que viajei escondida, e proibiu que eu encontrasse Shane.

Ouço um barulho no andar de baixo, e resolvo me apressar. Guardo a pequena caixinha junto com as fotos de Emma, e desço novamente as escadas. Vejo Daryl segurando uma lata de feijão enlatado, provavelmente a única coisa que encontrou. Ele me entrega o alimento e o guardo junto com as coisas que peguei, aproveitando para pegar o galão de gasolina e os fósforos que trouxe da fazenda.

– Quer colocar fogo na casa? – ele pergunta ironicamente, mas há um pouco de seriedade em sua voz.

– Não, apenas nas fossas – digo ignorando seu tom de voz e indo em direção à saída.

Fecho a porta novamente quando Dixon sai, dando uma última olhada lá dentro e me certificando se está tudo fechado. Começo a caminhar em direção ao norte da casa, ouvindo os passos dele atrás de mim.

Paro em frente à fossa enquanto Daryl fica a alguns metros de distância, vigiando para o caso de mais algum deles aparecer. Encaro por um momento os infectados erguendo seus braços podres na tentativa quase patética de me alcançar, evitando pensar que eles já foram pessoas.

Despejo em silêncio o líquido em cima dos corpos, desejando que fosse fácil assim acabar com os outros bilhões de seres mortos sobre o mundo.

O conteúdo acaba, e as outras fossas terão que ficar pra depois. Risco o fósforo e jogo na cavidade, vendo as chamas começarem a arderem. É inevitável não me lembrar de Emma e de sua fascinação por fogo, algo que me preocupava muito durante sua infância.

Afastamos-nos na fossa, voltando para frente da residência. Vejo minha antiga viatura abandonada ao lado da casa, e ainda acho que foi uma boa ideia usar a gasolina com os infectados. Optei por deixá-la aqui para o caso de algum imprevisto, e deixar um carro com gasolina no apocalipse é sinônimo de roubo.

– Vamos parar em algum lugar aqui perto para procurar comida. – Daryl fala, montando em sua moto. Apenas concordo com a cabeça, subindo na garupa e olhando pela última vez a fumaça escura subindo em direção ao céu.

–------------ ↜ ↝ -------------

O pôr do Sol estava perto, o que fez com que nós nos separássemos. Paramos em um pequeno vilarejo, semelhante a aquele onde encontramos Sam, e parece que há bastantes suprimentos aqui.

Arrombo a próxima casa, que ao contrário da outra, está vazia. Daryl está procurando nas residências ­– que claramente eram de pessoas ricas ­– do outro lado da rua, e se ele estiver tendo a mesma sorte que eu, teremos muita comida para o inverno.

Demoro mais aqui, já que há muitos cômodos para procurar coisas úteis. Depois de quase meia hora, achei diversas roupas de inverno para as crianças e até para os adultos.

A casa começa a ficar escura devido ao avanço da noite, e me surpreendo quando aperto o interruptor e a luz acende, provavelmente devido a um gerador. Guardo todas as roupas e os enlatados na mochila do exército que encontrei no quarto do casal, preparando-me para ir atrás de Dixon. Olho mais uma vez para a decoração moderna da casa, pensando que esse com certeza seria um lugar que eu gostaria de viver.

Suspiro pesadamente, me repreendendo por ter pensamentos tão irreais e impossíveis. Emma sempre censurou essa característica minha, de sempre bloquear coisas fantasiosas. Ela dizia que eu não sabia sonhar, e pela primeira vez começo a achar que ela tinha razão.

Apago a luz e abro a porta de madeira, passando rapidamente pelo jardim cheio de ervas daninhas e saindo na rua asfaltada. Vejo a moto de Daryl do lado oposto, onde deixei minhas coisas e onde é nosso ponto de encontro. Ele demonstrou uma grande antipatia por mim durante o tempo que ficamos juntos, e posso dizer que é recíproco. Venho tentando não discutir com ele, pelo bem de nossa missão, porém isso se mostrou algo bem difícil devido ao seu jeito terrivelmente implicante.

Ouço o barulho baixo do carro um pouco antes do impacto dele contra mim. Sinto meu corpo girar por cima do automóvel, enquanto ele acelera mais. Caio no chão, com a bolsa pesada esmagando meu estômago e com uma forte dor do lado direito da cabeça. Solto um gemido dolorido, sentindo tudo doer e minha visão perdendo o foco.

Eu não posso morrer, Emma precisa de mim.

And I've been a fool and I've been blind
I can never leave the past behind
I can see no way, I can see no way
I'm always dragging that horse around.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tradução:
E eu fui ingênua e estive cega
Nunca posso deixar o passado para trás
Não posso ver uma saída, não posso ver uma saída
Estou sempre carregando esse peso nos ombros.
(Shake It Out – Florence and The Machine)

O que acharam da narração da Maddison? Acham que devo fazer mais capítulos dela narrando? O que será que irá acontecer com ela? Quem a atropelou?
O próximo será uma narração da Emma sobre esse mesmo dia, detalhando como foi ficar sem a mãe dela na fazenda.
Estou sem nenhuma criatividade para perguntas hoje, estão será uma bem obvia: Quantos anos vocês tem? Há quanto tempo usam o Nyah!?
Minha resposta: Eu tenho 14 anos ehgjfv e descobri o Nyah! no fim do ano passado, e foi tipo o paraíso descobrir que havia fanfics de TWD! Eu lia somente fics de Crepúsculo, e nunca havia me interessado em procurar de outros fandoms, sei lá por quê.
Até mais!