O primeiro sentido que retornou para seu corpo foi o tato, ela sabia que estava deitada, pois sentia que todos os seus membros estavam tocando uma superfície, era gelado e áspero como o chão de um subsolo. O segundo sentido a voltar foi o olfato e ela sentiu o cheiro de químicos misturados com metais variados, ela sabia que estava no andar mais baixo da casa.

A sua visão voltou e ela viu a escuridão, entretanto sabia que estava de olhos fechados, ela tentou abri-los, mas era como se seu corpo não obedecesse a seus comandos. De repente foi como se o controle tivesse voltado para ela e Nadia abriu os olhos e sugou fortemente o ar para dentro de seus pulmões. Ela tomou um momento para olhar em volta, estava sozinha. Ela estava confusa, mas então ela se lembrou dos acontecimentos anteriores.

Nadia olhou para o relógio de parede do outro lado da sala e percebeu que eram 1 e 43 da manhã, ou seja, ela ficou inconsciente por um pouco mais de 2 horas e meia quando ela foi dopada por Bruce e deixada sozinha na casa. Ela se lembrava das palavras de seu padrasto “Sinto muito Nadia” e se lembrava do olhar triste de sua mãe quando a mesma lhe beijou na testa, Nadia lembrava das expressões de seus colegas de quarto, algo não estava certo.

– Senhorita Romanoff – Um homem falou entrando no laboratório – Temos que ir

– Quem é Você? – Ela perguntou desconfiada – Onde está minha mãe?

– Sou Agente da SHIELD, se você puder me seguir

– Eu não vou seguir ninguém – Ela falou bravamente – Onde está minha família?

– Senhorita

Ele começou a falar, mas Nadia não lhe deu oportunidade para continuar, começou a correr loucamente para um dos andares de pesquisa, ela não se incomodou em pegar um elevador, por que iria demorar mais do que ir correndo. Ela podia ouvir o dito Agente correndo atrás dela e pedindo para que ela parasse, ela não lhe deu ouvidos e continuou sua jornada. Chegando ao andar desejado ela praticamente empurrou a porta para chegar até um dos computadores que era apenas uma tela transparente touchscreen.

Ela começou a mexer na tela até que encontrou a imagem que ela estava procurando. Ela tinha a visão que o homem de ferro tinha, ou melhor, que a armadura do homem de ferro tinha, por que a cena mostrava Tony com a armadura, mas sem a mascara que estava jogada no chão, dando Nadia e ao agente ao seu lado uma boa visão da sala inteira.

Era um quarto pequeno e escuro. Todos os vingadores estavam lá, ela percebeu como a maioria deles estava com os pulsos presos nas cadeiras onde estavam sentados, mas Nadia se perguntou por que eles não estavam lutando. Thor, Tony eles possuíam a força para quebrar as amarras, mas foi ai que ela percebeu que eles estavam tentando, eles pareciam fracos, mas estavam lutando. Nadia se perguntava o que será que teria acontecido com eles.

Ela notou que todos estavam sentados, exceto por Clint que estava caído no chão, ele parecia tão sem vida, mas não seria possível, certo? Nadia gelou quando percebeu uma pessoa encapuzada se aproximar de Steve Rogers, a adolescente temia o que estava para acontecer, e foi ai que a figura de capuz puxou de sua calça, uma arma de cano longo e a colocou na cabeça do Capitão e puxou o gatilho.

Nadia não conseguiu gritar, o medo fez tudo do seu corpo desligar completamente.

– Não, não – Ela repetia baixinho

Parte dela esperava fechar os olhos e quando os abrisse perceber que tudo tinha sido um sonho, que ela iria levantar ir para a cozinha e encontrar Steve lhe preparando um café da manhã como ele sempre fazia no dia seguinte de seu aniversario. Aquilo não podia ser verdade, não tinha chances de que ela pudesse ter perdido uma das pessoas mais importantes em sua vida, mas então ela viu Clint caído no chão.

O Gavião Arqueiro não teve nem uma reação como os outros Vingadores, ele não gritou como Natasha, não gemeu como Thor e não virou a cabeça de lado como Tony, ele permaneceu ali, parado como uma estátua, como se estive paralisado. Nadia podia sentir seus olhos se encherem de lágrimas, os quais ela impediu de cair, Clint estava morto também.

Ela viu como outra figura foi até sua mãe e seu coração parecia que iria sair do seu peito. Enquanto isso outro homem se mudou para perto de Bruce que começou a gritar:

– Soltem ela, soltem ela agora – Ele exigia.

Ninguém pareceu dar ouvidos, e foi aqui que Bruce começou a se irritar, ele estava adiando o inevitável, acreditando que poderia passar por isso sem o Hulk, mas não dava mais jeito, ele sentia perdendo o controle quando sentiu uma picada em seu braço direito. Nadia olhou como um homem jogou um liquido azul para dentro da veia de Bruce, ela conhecia aquele liquido.

Bruce começou a ter convulsões, seu corpo ficava verde e então voltava ao normal, Nadia reconheceu o acontecimento com o que Banner havia lhe mostrado quando ele descobriu a cura para o seu alterego. E então ele parou a convulsão e jogou sua cabeça para trás exausto. Nadia sabia o que estava acontecendo, e parte dela desejava que ela não soubesse.

Hulk se foi

Nadia fechou os olhos tentando parar as lágrimas , mas os abriu quando ouviu um grito e moveu sua cabeça outra vez de volta para tela, encontrou Bruce caído no chão, sangue saindo por sua garganta e cabeça e sua mãe se debatendo na cadeira chorando Natasha queria chegar até seu esposo, abraçá-lo dizer que estava tudo bem, ela queria ser a ultima coisa que ele visse, para que ele soubesse que estava tudo bem.

Mas seus desejos foram frustrados.

Um homem se mudou para perto de Thor, mas Nadia teve um pingo de esperança. Thor era asgardiano, aquelas pessoas eram humanas, não tem chances de um humano matar um quase deus, certo? Era isso que ela pensava, mas então o cara na frente dele puxou o que Nadia acreditava ser uma lança cumprida, a armadura de Thor foi arrancada e a lança empurrada com força em seu coração.

– Não – Nadia gritou

As lágrimas não paravam mais, Nadia começou a soluçar e cobriu a boca com a mão tentando parar os barulhos que ela fazia, ela viu o mesmo homem que tinha matado Bruce se aproximar de Tony e o matar com três tiros.

Mas nada foi tão apavorante quanto o momento que ele se aproximou de sua mãe, acariciou seu rosto e deu três passos para trás para ter uma bela visão dela. Nadia cessou seu choro e seus soluços pararam, entretanto ela ainda respirando com dificuldade, ela sabia o que estava prestes a acontecer.

Parte dela queria virar o rosto, ela não queria ver aquela cena, mas ela também sabia que se ela não visse com seus próprios olhos ela provavelmente não acreditaria. Natasha que estava olhando para baixo levantou um pouco olhar e olhou diretamente para a mascara da armadura de Tony, seus olhos estavam com lágrimas algumas caídas e algumas acumuladas, era como se ela soubesse que Nadia estava assistindo.

Seu olhar dizia sinto muito, seu olhar dizia o quanto ela amava a filha dela. Nadia começou a chorar novamente e então ouviu um barulho de tiro, e então viu sua mãe caindo para trás com a cadeira, sem vida. Nadia sentiu como se alguém tivesse tirado um pedaço do coração dela, deixando nada além de destruição, medo e insegurança no lugar.

Nadia sentia que todo o seu corpo começou a tremer incontrolavelmente, ela sabia que alguém estava chamando seu nome, mas ela não conseguia responder.

– Senhorita Romanoff, Senhorita? – O agente pausou – Nadia, nós temos que ir

Nadia não respondeu, continuou a olhar para a tela

– Nadia eles vão matar qualquer um que eles acharem que sabe a verdade, temos que ir

– Pepper – Nadia sussurrou para si mesma depois de olhar para baixo refletindo.

Ela não sabia que verdade que ele estava falando, mas se Nadia era um alvo então com certeza Pepper também era. Nadia não perdeu tempo antes de puxar o seu celular de seu bolso e discar o numero de Pepper, o celular tocou varias vezes e Nadia começou a temer o pior, ela já estava sentindo as lágrimas voltarem.

– Por favor atende... Pepper por favor

O celular parou de chamar, quer dizer que alguém atendeu a ligação, Nadia se encheu com um sentimento de alivio e se permitiu abrir um minúsculo sorriso por entre as lágrimas

– Pepper? – Nadia disse feliz

– Aqui é o policial Connors, com quem eu falo?

Boom

Foi o que ela ouviu antes de sentir seu corpo sendo atirado para o outro lado da sala e ela se sentiu desmaiar. Foi rápido entre tanto, ela abriu os olhos e olhou em volta por alguns segundos, ainda no andar de pesquisa, ou o que ela achava que sobrou dele. O lugar estava coberto de fumaça e todos os moveis estão ao pedaços e queimados.

Nadia olhou em volta procurando pelo agente que estava com ela, e o encontrou em baixo de uma mesa, Nadia pegou a mesa e a jogou para fora do agente, ela se inclinou sobre ele e colocou dois dedos na lateral de seu pescoço, mas não sentiu nada por bons 5 segundos, ele estava morto, Nadia suspirou e ficou de pé, ela começou a ouvir barulhos e pessoas falando.

– Eu não me importo se esse lugar vai cair aos pedaços, encontrem-na

Nadia ouviu do lado de fora da sala, ela usou a outra saída para chegar até o primeiro andar subsolo, e quando entrou fechou a porta com a tranca e começou a andar pela sala.

– JARVIS? – Ela chamou para o ar

– Senhorita? – Ele respondeu baixinho

– JARVIS minha mãe, o Tony

– Eu sei senhorita – Ele parecia até triste

– O que esta acontecendo?- Ela falou para si mesma

Nadia começou a andar para a porta que lhe dava acesso ao próximo andar mais baixo, onde toda essa confusão teve seu inicio.

– Senhorita eu tenho uma mensagem – JARVIS falou

– Eu não tenho tempo JARVIS

“Filha?” Nadia parou, seria possível? Não, ela viu, ela assistiu com seus próprios olhos, deveria fazer parte de algum tipo de gravação já que JARVIS deixou claro que se tratava de uma mensagem e não de um telefonema. “Eu sei que você esta confusa, com medo” Nadia sentiu as lágrimas voltaram aos seus olhos.

“Eu quero lhe pedir desculpas por não poder estar com você ai e te dizer que tudo vai dar certo, mas vai filha confie em mim”

– Como? Como pode dar certo sem você comigo? – Nadia chorava

“Siga em frente, se torne uma agente da SHIELD, honre seu distintivo, me faça mais orgulhosa do que eu já sou. O resto você vai descobrir sozinha, mas saiba minha menininha que você é a coisa mais importante na minha vida. Eu te amo Nadia, não se esqueça disso”

As lágrimas não paravam mais, Nadia ouvia como a voz de Natasha tremeu, ela devia estar chorando. Ela sabia que se tratava de uma gravação, JARVIS teve ter sido programado para passar essa mensagem para Nadia quando as coisas saíssem do controle. Nadia sugou as lágrimas e limpou seu rosto, um plano se formando em sua mente. Era hora de ela agir.

Nadia correu até a porta e a destravou, então correu para a porta que dava acesso a escada onde Nadia pode chegar ao andar mais abaixo de sua casa. Ela correu para a área de Clint e pegou um arco simples, mas quando se mudou para pegar as flechas percebeu que só havia uma, ela suspirou decepcionada, mas teria que ser isso. Ela então se mudou para a área de sua mãe pegou um de suas mordidas da aranha e colocou em seu pulso direito.

Ela foi até a área de Tony e acionou uma das armaduras com o computador, a armadura começou a andar e ficou de pé para a porta levantando o braço direito. Agora era só esperar alguns momentos. Ela não foi decepcionada, dois homens entraram na sala com armas e a armadura já programada atirou neles no segundo que abriam a porta.

Nadia passou pela porta pegando uma das armas de sua mãe no processo.

Quando ela subiu para o andar que ela estava anteriormente encontrou mais três homens, ela pegou o seu arco e a sua única flecha e mandou no coração do rapaz, ela correu até ele e tirou a flecha do corpo dele, girou no chão e mandou a flecha na perna de outro puxando a sua arma e colocando uma bala na cabeça dele. Ela pegou outra vez a flecha e usou o arco para atirar num cara que tinha acabado de entrar na sala, pegou a arma mais uma vez e puxou o gatilho no estômago do ultimo que tinha sobrado.

Ela subiu mais dois andares que estavam sem ninguém e encontrou uma mulher vagando sozinha por uma das salas, ela entrou com cuidado e agarrou a mulher colocando seu braço ao redor de seu pescoço puxando ela para fora do caminho, Nadia poderia ter usado a arma, mas a ultima coisa que precisava era alguém indo investigar o que tinha acontecido.

Depois que a mulher tinha parado de lutar Nadia a jogou no chão e começou a correr novamente. Ela encontrou mais dois rapazes, ela lutou com os dois com o corpo até deixá-los cansados e usou uma só bala para matar os dois. O barulho da arma chamou atenção de outros bandidos que vieram ao seu encontro na sala de estar e também ultimo andar da torre

Ela lutou com um corpo a corpo e quando lhe deu um chute na cara que o mandou para o chão, usou rapidamente seu arco para mandar sua única flecha no olho do outro. Ela voltou para seu primeiro oponente e acabou com ele com socos e chutes, sinceramente ela só queria que isso acabasse, depois de ter certeza de que estava sozinha ela foi até a mesa de centro pegando sua caixa de presentes, deixando em cima da mesa de centro sua pistola automática e pegando a arma que sua mãe tinha lhe dado.

Ela carregou e quando ouviu um barulho no teto soube que o lugar não iria aguentar por muito mais tempo, ela então correu para seu quarto para se trocar rapidamente ela tirou a blusa branca, agora manchada com vermelha e sua calça amarela e trocou por um skinny preto, mas confortável no caso dela ter que lutar novamente. Outra blusa branca e colocou uma jaqueta de couro sintético por cima que tinha vários Spikes e correntes espalhadas aqui e ali.

Ela tomou seu cuidado para cobrir tanto a mordida da aranha de seu pulso direito quando a arma que esta no cós de sua calça na parte de trás.

Ela saiu da torre e começou a andar pela rua, ela sabia que tinha que conseguir informações rápidas e também sabia com quem ela podia conseguir, olhando em seu relógio ela viu que eram 2 e 18 da manhã, não tinha mais táxis disponíveis, entretanto o ultimo ônibus passaria perto de sua casa em 2 minutos, pararia bem perto da onde ela precisava chegar e o resto ela iria a pé.

Satisfeita com sua ideia ela se mudou para o ponto de ônibus.

Dentro do ônibus ela começou a pensar sobre tudo o que estava acontecendo, mas desistiu com medo de que lágrimas voltassem a aparecer. Ela então apenas olhou para o lado de fora da janela do ônibus tocando sem sentido a bracelete em seu pulso esquerdo, ela olhou para baixo e notou algo que ela não tinha visto antes, ali dentro de um dos círculos de metal estava escrito a palavra Spero, esperança em latim.

Nadia suspirou, ela não queria pensar sobre isso, não naquele momento.

Ela olhou para cima para encontrar um espelho circular no topo do ônibus em cima da porta, olhando bem para ele, ela notou como o homem que estava sentado a diagonal traseira dela estava olhando para ela, ela não se virou apenas olhou para sua diagonal frontal para ver que ele não era o único, outro homem alguns anos mais velho que o primeiro estava olhando para ela com visão periférica.

Nadia olhou para a janela e se concentrou na transparecia e olhou para trás atrás do vidro, não tinha muito carros na rua. Ela então se concentrou na imagem refletiva para ver que o homem do lado dela também estava jogando olhares tentando o maximo possível ser discretos. Tudo lhe era muito suspeito, ela tomou um longo suspiro.

– Mas que droga – Nadia murmurou

Ela socou o lacre de emergência perto da janela o mandando para longe, isso chamou atenção dos homens que estava a observando, mas antes que eles pudessem reagir, Nadia puxou a trava de segurança, empurrou o vidro com o corpo e se jogou do ônibus em movimento.