– Não acredito que você está entalhando os nossos nomes nessa árvore. – falo para Andrew, que está concentrado demais em seu trabalho para ao menos olhar para mim.

– Acredite, pois eu estou mesmo fazendo isso. – ele responde sem tirar os olhos do grande coração que acaba de fazer.

Dentro dele coloca um “AT”, de Andrew Taylor, bem em cima que é seguido por um + em baixo. Logo depois as minhas iniciais “JM”, de Jane Morgan. Quando acaba me olha esperançoso.

– Nem faz essa cara. – digo acariciando seus cabelos loiros. - Eu não gostei e você sabe disso. Sabe o quanto a árvore sofreu? É a mesma coisa que fazer uma tatuagem!

– Se você quiser posso fazer uma em mim também. – fala sorrindo abertamente. Eu bufo e colo os seus lábios nos meus com um beijo demorado.

– Acha que o Ian vai falar pra todo mundo? – pergunto assim que o beijo acaba. Andrew encosta as costas na árvore e como eu estou abraçada em seu pescoço acabo indo junto.

– Sinceramente? – eu assinto e ele nega com a cabeça. – Pra mim tanto faz. Se ele falar, vou assumir. E se não falar vou continuar assim, como a gente está.

– Então... – pergunto me balançando um pouco. – Quer dizer que se eu resolvesse falar que a gente tá namorando pra todo mundo você aceitaria?

– Pera ai... E aquela historia de deixar acontecer? E a coisa do curtir o momento? – ele pergunta com a sobrancelha levantada.

– Sei lá... Deixei de me importar com o que pensam sobre a gente. – respondo dando os ombros. Assim que falo isso Andrew dá um sorriso aberto.

– Se é assim, senhorita Morgan, eu ficarei muito honrado de ser chamado por todos desse mundo de seu namorado.

Eu sorrio e ele me beija mais uma vez. Beija-lo é sempre tão bom, é como se algo em mim renascesse a cada vez que acontece isso, como se a cada beijo eu poderia ser uma pessoa diferente, começar uma fase diferente da minha vida.

– Já é tarde. – declaro ainda com a testa grudada na sua. – Preciso chegar em casa antes das 20:00 hoje, meu pai chega de viagem.

– Ahmm... Sério? – pergunta manhoso. Ele me prede em um abraço apertado. – Podemos ficar só mais um pouquinho?

– Não! – digo insistindo, mesmo sendo tentada a aceitar com o bico que Andrew faz. – Vem, não posso nem pensar em chegar atrasada.

– Argh! – ele reclama sendo puxado pela minha mão. Saímos do parque assim, juntos e rindo a beça. Vamos no meu Fusca. Andrew insistiu, já que o parque não fica tão longe da minha casa e ele pode vir buscar o seu carro a pé depois de me deixar lá.

Ele vai dirigindo e eu aproveito o caminho curto para mandar uma mensagem para Ash, confirmando o cinema no final de semana. Eu e ela vamos sair para comemorar mais um lindo final de relacionamento de Ashley, já que, segundo as próprias palavras dela, “está cansada de sofrer”.

– Está falando com quem? – pergunta Andrew quando estamos no meio do caminho e paramos em um sinal de transito.

– Por que? – pergunto desconfiada. – Vai começar a ser aqueles namorados super controladores que ficam em cima da menina de cinco em cinco minutos?

– Claro que não! – ele diz meio bravo. – Eu só queria saber.

– Ok, eu e Ash vamos ao cinema no final de semana. Apenas estou confirmando. – digo dando os ombros. Assim que acabo de falar isso Andrew estaciona o Fusca em frente a minha casa.

– Tá, desculpa. – Andy desliga o carro e suspira depois de falar isso. – Agora vem aqui, quero te dar um beijo de despedida.

– HÁ-HÁ-HÁ. – rio sem humor. Tiro o cinto e chego mais perto dele. – Você fala como se a gente fosse se separar para sempre.

– Ficar cinco minutos longe de você já é bastante tempo, sabia? – ele pergunta puxando as minhas pernas para que eu sentasse em seu colo. Eu acabo indo e colocando as duas pernas em volta de seu quadril.

– Uhmmm... – suspiro já perto dele, tão perto que seria capaz de estarmos respirando o mesmo ar. – Então quer dizer que você sente tanta saudade assim de mim, namorado?

– Claro, namorada. – então nossos olhos se cruzaram mais intensamente e vamos lentamente nos aproximando até que numa dose de doce paixão nossos lábios se encontraram. Foi como se meu corpo não me obedecesse mais, não resistia aquele encontro de desejos.

Andy rapidamente colocou suas duas mãos na base da minha cintura e me empurrou para mais perto, como se isso fosse possível. Já eu, me prendi entre a sua nuca e seus cabelos loiros.

Era a perfeição, eu tinha certeza disso. E nesse período de tempo que nossas bocas se uniram em perfeita sincronia tive certeza eu gostava mesmo de Andrew.

Era um misto de segurança e ao mesmo tempo de perda. Um querer tão forte e tão fraco ao mesmo tempo. Uma insegurança de lhe tocar e ao mesmo tempo uma vontade imensa de que esse momento não acabe.

Eram os gestos, os olhares, as insinuações e todas as brigas que tivemos juntos. Mesmo odiando o seu modo de levantar as sobrancelhas, de parecer tão certo quando está errado e principalmente de me chamar de “gata” toda hora.

No dicionário está escrito assim: “Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atração; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa”.

Mas, na verdade, era muito mais do que isso.

Não consigo descrever, apenas sentir. É algo grandioso demais para se falar em palavras e pequeno demais para se guardar em um corpo tão grande como o meu. Ele está no silêncio, no barulho, na calma e até na turbulência. Dormindo ou acordado ele está lá, fazendo milagres no meu coração. Entre o céu e a terra, os mares e o ar.

Nesse momento, tive certeza que o amava.

– Andrew. – paro o beijo no meio e ele me olha confuso, como se tivesse feito algo muito errado. – Preciso te dizer uma coisa.

– O que? – pergunta olhando diretamente para os meus olhos.

Primeiro eu roço meu nariz com o dele em um beijo de esquimó. Depois sorrio o máximo que consigo e coloco a mão em seu rosto, fazendo carinho em sua bochecha com o dedão.

– Eu... Eu acho que te amo.

Eu não me lembro o que acontece a seguir. Na verdade, eu não quero lembrar. Eu sempre sonhei que quando me apaixonaria como agora, quando eu me declarasse para o garoto, ele iria coresponder e responder um belo “eu também te amo”, como acontecem nos filmes de romance.

Mas isso não aconteceu, como você deve prever.

Andrew abaixou o olhar e logo soube que fiz a coisa errada. Assim que me dei conta disso pulei de seu colo para o banco ao seu lado.

– O que houve? Falei algo errado? – perguntei.

– Muito errado, Jane. – sua voz está raivosa. Sem ao menos me olhar ele sai do carro. Eu saio atrás dele.

– O que? Não posso te amar? – eu falo dando a volta no Fusca e saindo em sua frente. Ele ainda não me olha nos olhos, então eu puxo o seu queixo. – Hey! Fala comigo.

– Droga Jane! Para! – ele grita me empurrando, o que me surpreendeu. Foi forte o empurrão e eu acabo bem afastada dele, o que lhe dá tempo de sair caminhando pela rua.

– Hey, volta aqui! – eu o puxo e acabo conseguindo segurar ele. – Eu acabei de falar que te amo, merda!

– Quer que eu responda o que, hein? – ele exclama levantando os braços. – Que eu também te amo é? Pois isso não seria verdade Jane!

– Mas... – as lagrimas brotam em meus olhos involuntariamente. – Eu achei que a gente estava tendo algo especial.

– Achou errado.

Andrew nem me fala tchau, ele apenas sai andando pela rua.

Eu entro em casa e nem me importo de verificar a sala, para ver se meu pai já chegou. Apenas subo as escadas correndo e me tranco no quarto. E choro, choro muito, como nunca chorei.