Lost And Found escrita por Insomniac Killjoy


Capítulo 41
Little Death


Notas iniciais do capítulo

Então, ultimo capítulo! E é totalmente dedicado a lindja da Bulletproof Love e sua recomendação çwofbw



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Termino o trabalho de química e guardo as folhas, passando as mãos no cabelo uma vez antes de abrir o notebook pela primeira vez na semana. Uma dor já familiar começa a formigar em meu peito.

Entro no skype e vejo que Jace está online. Sorrio e escrevo para ele, logo recebendo uma resposta.

Já se passaram três semanas.

Há três semanas eu cheguei e nos dois primeiros dias não consegui sair do quarto e fiquei chorando quase o tempo todo. As horas pareciam se arrastar, como se o destino zombasse da minha cara e para ser franca, se eu acreditasse em destino provavelmente teria certeza de que sim, ele está tirando sarro de mim. Acho que o universo todo está, a esse ponto.

Conforme o tempo passou, eu parei de chorar e abri minha mente para minha nova e temporária vida. Comecei a me dedicar aos estudos e a noite falo com Jace e Izzy, e se possível Simon, já que ele está ocupado com a escola. Sempre fico até mais tarde falando com Jace e quando desligo a chamada de vídeo, sinto minha felicidade momentânea passar.

Meu pai está se esforçando para ser mais presente, mas eu não cobro muito por que sei que seu trabalho exige bastante.

E agora me vejo presa em algum tipo de redemoinho no tempo. Os dias parecem os mesmos. Virei uma sonâmbula, pelo menos até agora é assim que estou.

Apenas não vejo a hora desse sentimento passar.

POV Jace

Só percebi o quanto Clary me mantinha calmo quando acordei no dia seguinte que ela tinha partido sabendo que ela estava do outro lado do país. E desde então, não tenho vontade de sair da cama, quando consigo dormir.

Passei o dia inteiro em meu apartamento, como os outros dias, ouvindo música tão alto que meus vizinhos bateram na porta três vezes, porém não atendi nenhuma delas. Fingi que estava morto. Fiquei deitado no chão, olhando para o teto e acendendo um cigarro uma vez ou outra enquanto pensava em cabelos ruivos e olhos verdes. Eu quebraria todos os pratos da casa, socaria as paredes e destruiria os móveis apenas para aliviar o peso que sinto em meu peito, mas estou a um ponto que toda a energia for drenada de mim, e só consigo ficar deitado, pensando.

Ela era praticamente o oposto de mim, se preocupando com os estudos e sendo toda responsável, mas ao mesmo tempo ela era como eu, no fundo. Afinal, quem decidiu viajar no fim do ano foi ela, eu não a forcei a isso. Assim como eu, ela gosta da liberdade, só não sabia disso ainda.

Ela tropeça nos próprios pés, seu cabelo nunca está perfeitamente ajeitado, gosta de assistir séries a noite inteira. E mesmo assim, ela se destacou de todas as garotas com quem eu já estive ou até mesmo olhei. Ela ainda chama minha atenção.

Depois de tanto tempo, ela foi a melhor coisa que me aconteceu, e assim como tudo que tenho de bom, se foi. Estou entre essas paredes novamente, sozinho, com um grito preso na garganta e raiva crescendo gradativamente em meu peito. Seria capaz de socar qualquer um há essa hora.

Ela é a droga em mim e sinto falta dela como qualquer viciado. Ela conseguia me manter no controle apenas sorrindo.

Levanto-me e saio do apartamento. Pego minha moto e vago pelas ruas barulhentas de Nova York.

Meus pais não foram tão legais a toa, por que são assim. Eu irei para a faculdade e nem mesmo decidi o que irei fazer ainda. Então, eles decidiram ser legais ultimamente e isso só me deixa bravo com eles.

Deixo a moto no gramado e olho para o rio, que reflete a luz prateada da lua e os pontos coloridos da cidade. A ponte se estende por ele e lança sombras sobre a água.

Pego um cigarro e acendo, depois pego o celular. Enquanto hesito em ligar, vejo a fumaça sair dos meus lábios, espiralar no ar e se desfazer.

Olho para a tela, com uma foto de mim ao lado de uma garota ruiva risonha. Meu coração pula uma ou duas batidas e sinto meus braços tensos, como se eu sentisse falta de ter contato físico com ela já.

Vai ser uma tortura.

Pego uma pedra, ao invés do celular, e lanço o mais longe que consigo. Assim que ela cai na água, sinto algo em meu peito se intensificar. Solto um grito a plenos pulmões, expulsando toda essa raiva e saudade comprimida em mim. Fecho o punho e soco uma arvore ao meu lado e a dor física do soco na madeira me faz parar de gritar e cair no chão de joelhos, voltando a não ter forças.

Vou perder o controle.

Meus olhos enchem de lágrimas e olho para cima. Não sou o tipo de cara que chora. Acho que eu nem deveria tê-la conhecido. Eu deveria tê-la deixado seguir seu rumo e não ir atrás depois que trombamos na clinica de sua mãe. Mas talvez eu tivesse muito pior se não fosse por ela.

Mesmo que eu devesse superar isso, os lábios amargos da automutilação me chamam. E é difícil resistir. Sou um masoquista irrevogável.

Assim que ouço sua respiração, meu coração acelera. Ela diz “alô” e não consigo evitar que um sorriso apareça em meus lábios.

–Desculpe- fecho meus olhos assim que sinto a dor em minha mão voltar a me incomodar- Eu preciso ouvir você falando.

–Jace, o que aconteceu?- sua voz preocupada me faz sorrir mais ainda. É bom saber que alguém realmente se preocupa com você quando você mesmo não se importa.

–Acho que quebrei minha mão.

–Vá para o hospital!

–Quero você de volta- mudo de assunto.

–Jace, eu não posso- o peso em suas palavras é quase palpável.

–Não consigo ficar sem você aqui. Agora não. Por favor- encosto a cabeça no tronco da arvore- Eu quero e preciso de você.

–Pense assim: você passou toda sua vida sem nem mesmo eu estar perto. Não vai ser difícil ficar apenas mais alguns meses.

–Mas as coisas foram muito melhores depois que eu te conheci. Agora eu vou para uma droga de faculdade e meus pais ficam falando toda hora sobre meu futuro e isso está ficando coisa demais- passo a mão no rosto. Ela fica em silencio e depois fala com alguém que não sou eu e solta um suspiro- Estou cansado de me sentir sozinho.

–Não faça isso comigo- quase consigo ver seus olhos verdes cheios de lágrimas e me dói o coração- Por favor, Jace. Não sou tão importante assim...

–Não ouse.

–Tudo bem, mas, por favor. Apenas respire fundo e siga em frente. Logo melhora- para não machucá-la mais, não digo nada- Preciso ir, desculpe. Meu pai está me mandando ir dormir.

Ficamos em silencio na linha, tempo suficiente para ambos conseguirem pensar com mais clareza.

–Eu te amo... Meu Deus, mais do que deveria amar alguém. Só... Não esqueça disso.

Desligo o telefone antes que ela responda.

POV Clary

Um mês depois

Ando pela vizinhança deserta, como faço todo dia durante esse horário, quando o crepúsculo começa a descer, pintando o céu com seus vários tons.

Esses últimos tempos tanto eu quando Jace conseguimos colocar nossas cabeças no lugar. Mas é tudo incerto agora.

O que será de nós? Eu não sei. É impossível saber. Não temos uma versão real do Diário de River Song*, onde podemos abrir e ler o que virá. Não podemos contar com nossas expectativas para o rumo que nossas vidas irão tomar, mas podemos fazer as escolhas.

Jace está se mudando para Chicago para construir seu futuro e não há nada que eu possa fazer. Se isso me machuca? Sim, mas nada com que eu não consiga me acostumar, afinal, nem mesmo estou mais em Nova York. O trato com minha mãe era eu passar seis meses aqui, mas pretendo ficar até começar a faculdade, então voltarei para casa. Já pensei muito sobre isso e agora tenho certeza.

Sou grata a ele por todas as lembranças boas e não temo de no futuro nossas vidas tomarem rumos completamente opostos. Seguro-me em sua promessa feita no aeroporto como se ela fosse uma corda. A única coisa que tenho certeza é de que eu tenho a ele e ele tem a mim.

O resto é incerto, mas quem não gosta de surpresas?



*Diario de River Song é o diário de uma personagem de Doctor Who que fala o futuro.


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Notas finais do capítulo

Exagerei no drama? CLARO! Fiz alguém chorar? Tomara q sim :3 Me deixem saber tudo o que acharam nos reviews hein? Qro todo mundo falando alguma coisa, nem q for: Vai se fuder Insomniac, ultimo capítulo dramatico dmais! (zuera ok? Sou um amor, sejam tbm hihihi)