Artilheira escrita por Moon and Stars


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá, meu povo. Esta é minha primeira one-shot! Eu realmente queria explorar mais o conto, mas o Desafio da Copa possui um limite de palavras, então tive que cortar muitas cenas que estavam nos meus planos para não ultrapassar esse limite. De qualquer forma, eu fiz o melhor que eu pude e eu sinceramente espero que vocês gostem. Boa leitura!



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— Já está de saída? — perguntou Hanson Brouwer, atacante do time neerlandês. — Achei que você fosse ficar para a festinha daquele idiota do Buskirk.

— Hoje eu passo. — respondeu Dedrick Visser com um grunhido irritadiço. — Não estou com humor para ouvir desaforos.

— Ainda está preocupado com aquela coletiva? Eles vão esquecer logo.

— Eu duvido. — Comentou enquanto enrolava o cachecol ao redor do pescoço. — Ainda mais agora que estamos com um pé na Copa do Mundo. Todos os olhares estão em cima da seleção, eles não vão deixar esse assunto esfriar.

— Esqueça isso hoje, Dedrick! Todo jogador precisa de pelo menos um escândalo em sua carreira.

— É, mas esse é o meu terceiro escândalo só nessa temporada. — Ele bateu a porta de seu armário violentamente ao dizer. — O treinador está no meu pé e eu não aguento mais ouvir sermões. Como se não bastassem aqueles ratos com câmeras seguindo cada maldito passo que eu dou.

— Isso é ridículo. Sua defesa nos pênaltis é praticamente lendária, você joga pra uma das melhores seleções europeias e está preocupado com rumores?

Rumores que podem afundar minha carreira. — Rosnou. O goleiro guardou sua garrafa d’água em sua mochila e logo em seguida enfiou sua camisa da seleção na bolsa. Ele parou por um instante e encarou o tecido laranja durante alguns segundos, em silêncio.

— Tudo bem. — Brouwer prosseguiu, tirando-o de seu breve devaneio. — Não vou ficar insistindo. Mas acho que você está exagerando com isso. A gente viaja para o Brasil daqui a três meses e os treinos estão cada vez mais intensivos. Hoje é sua chance de se divertir antes que as coisas fiquem realmente loucas.

Dedrick olhou para o colega de esguelha, mas não respondeu. Apesar de Hanson pensar o contrário, ele sabia muito bem que sua preocupação sobre aquela história estava longe de ser um exagero.

***

Jen Karel encarou seu relógio pela quinta vez, reprimindo a si mesma por ser tão impaciente. Ainda não era hora de agir e ela sabia disso. Suspirando, pegou sua câmera compacta e lamentou não poder usar uma câmera profissional. Para aquele tipo de trabalho, às vezes era necessário simplesmente se contentar com as limitações. Ela já tinha sorte por não ter sido pega pelos seguranças por estar no Centro de Treinamento do clube de futebol de Ajax Amsterdã. Não foi uma tarefa exatamente fácil, considerando que a Copa do Mundo estava tão próxima e a segurança reforçada em cima da seleção. Mas tudo o que ela precisou foi de uma credencial para a coletiva daquela tarde e se esconder no banheiro feminino pouco antes do término das entrevistas.

Ela sabia que a melhor chance que ela tinha seria ali dentro do CT, lidando diretamente com a seleção. O maior desafio seria chegar até eles. Checou o relógio mais uma vez e sentiu seu coração acelerar, pois havia chegado a hora. Escondeu sua câmera no bolso interno da jaqueta e trocou rapidamente seu crachá de representante do Centro de Reportagem Investigativa por uma falsificação do crachá dos funcionários. Respirou fundo, tomando uma lufada de ar e coragem antes de abrir a porta do banheiro e espiar para ver se o caminho estava livre. Duas pessoas passaram pelo fim do corredor, mas no geral tudo estava tranquilo e relativamente vazio. Ela saiu, tentando agir naturalmente, como se de fato fosse uma funcionária e devesse estar ali. Sem querer perder tempo, começou a procurar pelos jogadores da seleção neerlandesa. Eles deviam estar em algum lugar no primeiro andar, talvez na academia.

Virou à esquerda, descendo um lance de escadas para o primeiro andar, sem deixar de prestar atenção em tudo à sua volta. Assim que chegou ao térreo, certificou-se de que estava segura e começou a explorar. Tentou escutar através das portas trancadas e espiou pelas frestas das que estavam abertas, mas não teve muita sorte. Continuou procurando até que um dos jogadores passou por ela no corredor; era o atacante Hanson Brouwer e ele falava distraidamente ao telefone enquanto caminhava. Discretamente, ela seguiu na mesma direção, na esperança de encontrar o resto do time. Manteve os ouvidos atentos na conversa do jogador, pois qualquer informação referente ao escândalo era material valioso. Infelizmente, nada do que foi dito na conversa de Brouwer tinha a ver com o mundo do futebol. Sentindo-se um pouco frustrada, ela seguiu em frente e o que encontrou se equiparava a um pote de ouro no fim do arco-íris.

Avistou do outro lado do pátio o treinador da seleção juntamente com o goleiro Dedrick Visser em uma acalorada discussão. Dedrick era o centro das atenções naquele momento e registrar a discussão dele com o treinador seria o furo da vez. Por causa da distância, era impossível ouvir o que diziam, mas pelas expressões em seus rostos e pela linguagem corporal, ela podia dizer que a conversa estava longe de ser pacífica. Não podendo fazer outra coisa, ela pegou sua câmera compacta e começou a tirar uma série de fotos. A distância ainda não ajudava e ela não queria usar o zoom e perder a qualidade das imagens, então arriscou uma aproximação; ela não podia perder aquela oportunidade. Estava registrando o que parecia ser o ápice da discussão, o rosto de Visser já estava corado e ele tinha um brilho irado no olhar. O treinador manteve a postura, mas as veias saltadas em seu pescoço deixavam clara a intensidade da conversa. Jen estava concentrada nas fotografias que ela mal acreditava que havia conseguido tirar quando sentiu uma mão agarrando-a bruscamente pelo braço.

— Você não pode ficar aqui. — disse o segurança, arrastando-a para a saída mais próxima.

— O quê? Isso é um absurdo! Eu trabalho aqui! — ela tentou protestar inutilmente, exibindo seu crachá falsificado. Normalmente, ela não relutaria, mas precisava de uma distração que desse tempo de retirar o cartão de memória de sua câmera.

— Eu sei quem você é, senhorita Karel. Nós temos um sistema de reconhecimento facial e te vimos na entrada, mas não na saída. — ele esclareceu com polida paciência. — Agora, por favor, me acompanhe.

Jen resolveu não relutar mais e correr o risco de ser confiscada, mas antes de ir, deu uma última olhada por cima do ombro na cena entre o goleiro e o treinador, a tempo de ver Dedrick se afastando junto com toda sua irritação. O segurança a guiou até a saída, segurando-a firmemente pelo braço durante todo o percurso. Havia começado a garoar e ela lamentou não ter um guarda-chuva na bolsa.

— Senhorita Karel. — ele a chamou quando ela estava prestes a atravessar a portaria e estendeu a mão.

Ela o encarou durante alguns segundos e ele ergueu uma sobrancelha, ciente de que ela sabia exatamente o que ele queria. A mulher bufou, entregou a câmera e observou o segurança apagar todas as fotos que estavam no armazenamento automático. Por dentro, ela sorriu por ter tudo o que precisava no bolso de trás de sua calça jeans.

***

Dedrick deu a partida em sua Mercedes e não economizou em velocidade ao deixar o CT do Ajax. Suas mãos tremiam com o estresse, ele podia sentir o próprio sangue pulsando por conta do recente surto de raiva. Ele queria descontar essa raiva com agressividade, talvez quebrando algumas coisas, mas não suportava mais toda aquela pressão em seus ombros. Parou em um sinal vermelho e só então percebeu que a garoa que havia começado mais cedo se tornara em um verdadeiro dilúvio. Ele suspirou, esfregando o rosto com as palmas das mãos e se permitiu tentar relaxar ao som constante das gotas de chuva sobre a lataria de seu carro. À sua esquerda estava um dos canais que cortavam a luminosa cidade de Amsterdã. Ele observou os diversos e coloridos prédios, unidos um ao outro em uma fila interminável à beira do canal, com suas enormes e características janelas. Um cenário simples e familiar que o confortava de maneira acolhedora naquele momento de exaltação.

Quando o sinal ficou finalmente verde, ele avançou com o carro, mas dessa vez ele estava calmo o bastante para não pisar tão fundo no acelerador. Esticou o braço e ligou o rádio, procurando por alguma estação que o agradasse. Naquele breve momento de distração, por muito pouco ele não viu a garota ainda mais distraída atravessando a rua. Ele freou com tamanha violência que por um segundo seu coração parecia que saltaria de seu peito pela garganta.

Merda! — ele gritou, socando o volante. Passou as mãos nervosamente pelos cabelos, em total descrença com o que havia acabado de acontecer.

Saiu rapidamente do carro, temendo o pior e começou a se perguntar quando as desgraças finalmente cessariam. Encarou a mulher sentada no asfalto, já encharcada por causa do temporal que caía sobre sua cabeça.

— Ah, meu Deus!— exclamou ele, ajoelhando-se ao lado da mulher que segurava a própria perna e gemia de dor. — Consegue levantar?

— Eu não sei.

Ele avaliou a situação e, de fato, não parecia ser muito grave. Dedrick pensou em chamar a ambulância, mas se lembrou de que o celular havia ficado no carro.

— Você precisa sair da chuva. — ele disse de repente. A mulher o encarou pela primeira vez e houve uma mudança sutil em sua expressão. Quando ela não respondeu, ele prosseguiu: — Tudo bem se eu te levar até o carro?

Ela assentiu depois de alguns instantes de hesitação.

— Deixa eu te ajudar. — ele a ajudou a ficar de pé e serviu de apoio enquanto a levava até o carro, onde a acomodou no banco traseiro.

Voltando para o lugar dele, atrás do volante, ele seguiu em frente tentando achar uma solução para o problema. Não podia levá-la ao hospital, pois era um lugar público demais e se um simples boato sobre atropelamento envolvendo seu nome chegasse à mídia, ele estaria simplesmente arruinado. Ele sabia que estava terrivelmente enrascado e começou a praguejar por isso.

— Está tudo bem aí atrás? — perguntou ele, seus dedos apertando nervosamente o volante. — Acha que precisa de um hospital?

— É difícil dizer. — respondeu ela. — A dor está começando a passar, mas eu não posso diagnosticar.

Ele mordeu os lábios.

— Olha, eu preciso te pedir uma coisa muito importante e preciso que você preste muita atenção. — ele começou a dizer, concluindo que o caminho mais fácil seria através da franqueza. — Estou numa situação extremamente delicada e não posso levá-la ao hospital. Estaria tudo bem pra você se eu te levasse para o meu apartamento e chamasse um médico particular? Eu juro que consigo contratar os melhores serviços.

Houve silêncio por um momento.

— Quem é você? — ela quis saber. O tom em sua voz era mais de curiosidade que de preocupação, o que para ele era um bom sinal.

— Meu nome é Dedrick Visser.

Dedrick Visser? O jogador?

— Sim. — quando ela não se pronunciou, talvez em choque pela informação, ele prosseguiu: — E então? Está tudo bem por você se eu fizer desse jeito?

— Sim, claro. Eu entendo.

Ele soltou o ar em alívio, um problema a menos.

***

— Não precisava ter me carregado. — ela disse quando ele a colocou gentilmente no chão da sala de seu apartamento.

— Vou pegar uma toalha e algumas roupas secas. — ele disse, ignorando o que ela havia dito, e desapareceu apartamento adentro.

Em menos de dois minutos ele estava de volta e entregou a ela uma toalha juntamente com uma muda de roupas, mostrando o caminho até o banheiro. Enquanto ela se trocava, ele se ocupou apenas em chamar um médico a quem pudesse pagar para que ficasse em silêncio. Depois de algumas tentativas, finalmente conseguiu alguém, mas é claro que não poderia ser tão simples assim. Ouviu um pigarreio ao fim de sua ligação e quando se virou, reparou pela primeira vez na figura diante dele. Uma mulher pequena, jovem e ruiva, que vestia suas roupas. Aquela visão o pegou de surpresa.

— Sente-se aqui. — ele indicou o sofá que ele havia preparado para ela com almofadas e travesseiros. — Preciso conversar com você sobre uma coisa. Como está seu joelho?

— Um pouco melhor. — respondeu ela. — Obrigada pela hospitalidade. Conseguiu falar com o médico?

— Consegui, mas é sobre isso que eu preciso falar. — ele disse, engolindo em seco. — Ele só poderá vir pela manhã. A chuva está muito forte e ele está do outro lado da cidade. Espero que isso não seja um problema pra você e se quiser, pode usar o telefone.

— Não, está tudo bem. — disse ela, dispensando o telefone que ele havia oferecido. — Eu só lamento estar sendo um inconveniente.

— Por favor, não vamos começar a apontar a culpa.

Ela sorriu e por alguma razão, ele não conseguiu evitar sorrir em resposta.

— Como você se chama? — ele quis saber.

— Jen Karel.

— O que estava fazendo sozinha na rua, na chuva e no meio da noite, Jen Karel?

Por um instante, ela pareceu empalidecer ao ouvir a pergunta.

— Ah, eu... Estava voltando do trabalho. — encolheu os ombros. — Dia ruim.

Ele bufou, com humor.

— Sei exatamente o que quer dizer.

— Eu soube o que andam dizendo sobre você... — ela arriscou dizer. Ele ficou sério de repente, seu olhar escurecendo e seu corpo enrijecendo. — Eu sinto muito.

Dedrick balançou a cabeça.

— Preciso esclarecer uma coisa. — quando percebeu que tinha plena atenção da garota, ele continuou: — Por causa desse assunto, eu não pude levar você ao hospital. Quero te pedir para manter esse assunto em sigilo. Se esse atropelamento vazar, eu posso perder minha carreira.

Os olhos do homem revelavam a gravidade da situação. Ela apenas assentiu em compreensão e aquilo bastou para que o corpo de Dedrick relaxasse.

— Preciso de uma bebida. — comentou, ficando de pé. — Aceita alguma coisa? Uísque, vinho... Cerveja?

— Cerveja seria ótimo.

Assim que ele se retirou, Jen contemplou o lugar à sua volta sem acreditar na própria sorte. Ela jamais teria imaginado que um atropelamento viria a ser tão conveniente. Quis pegar o celular e fazer algumas anotações quando se deu conta de que havia esquecido sua bolsa no banheiro. Levantou-se com cuidado e capengou pela enorme sala até o banheiro. Ao voltar, já com o celular na mão, ouviu a voz de Dedrick ecoando pelo corredor. Ele parecia estar numa conversa ao telefone. Os instintos de Jen entraram em alerta e por puro hábito, ela ligou o gravador em seu aparelho.

— Não, eu estou de mãos atadas! Perder aquela aposta foi o marco do meu fracasso. — disse a voz vinda da cozinha. — O treinador está na minha cola e eu estou preocupado com os pênaltis do próximo jogo.

Aquilo era interessante. Jen estava praticamente sorrindo com o que estava ouvindo, pois era exatamente o que ela estava procurando.

— Eles vão usar o Koningh. — continuou. — Ele sempre encara o goleiro antes de bater pênalti, isso me deixa louco. Olha, eu preciso desligar. Tudo bem, a gente se fala amanhã.

Logo que ela percebeu que Dedrick havia encerrado a conversa, Jen voltou às pressas para a sala para não ser flagrada bisbilhotando e gravando com seu celular. Mas ela não podia se conformar com aquela situação.

— Jen, está tudo bem? — perguntou ele ao vê-la de braços cruzados e uma expressão resignada em seu rosto. Pousou as garrafas de cerveja sobre a mesinha de centro.

— Sabe, eu ouvi dizer que você é um dos melhores goleiros do país. — ela começou a dizer. — Por que está tão preocupado com os pênaltis do Koningh?

Dedrick ficou em silêncio, encarando-a com uma expressão sombria.

— Isso não é da sua conta. — respondeu ele, praticamente cuspindo as palavras.

— E mais! — ela continuou, ignorando-o completamente. — Como você pode saber que vai ter cobrança de pênaltis no próximo jogo? É verdade então que você perdeu aquela aposta contra o PSV Eindhoven?

O homem avançou alguns passos na direção da mulher, na tentativa de intimidá-la, mas sem muito sucesso.

— Quem é você?

— Jen Karel. — respondeu ela, com orgulho. — Trabalho para o CRI, se é o que quer saber.

Filha da... — num surto de raiva, ele chutou o sofá atrás dela com toda a força, fazendo o móvel arrastar. — Tudo bem! — ele gritava. — Quanto você quer, hein?

— Eu não quero seu dinheiro, senhor Visser.

— Você fez esse teatrinho todo só pra me ferrar?

— Não teve teatro nenhum, você me atropelou! E por falar nisso, se eu fosse você, tomaria muito cuidado com o que diz. Do contrário, essa parte vai para os registros também.

Ele passou as mãos pelos cabelos, andando de um lado para o outro, claramente lutando para manter seu temperamento dentro do limite. Seu rosto estava corado de raiva e estresse, ele praguejava baixinho, sem saber o que fazer.

— Pelo amor de Deus, me diz o que você quer. Eu pago qualquer quantia. — ele suplicou. — Isso vai arruinar minha carreira.

— Pensasse nisso antes de se envolver em mala preta, senhor Visser.

Eu não estou envolvido em mala preta! — ele berrou. — Isso é com o pessoal da comissão técnica. Se quiser saber de mala preta, vá ser atropelada pelo treinador Jansink! Tudo o que eu fiz foi perder a merda de uma aposta!

O homem se sentou no chão, completamente desolado. O desespero dele era quase palpável e por um segundo ela sentiu compaixão por ele. Infelizmente, uma oportunidade como aquela não se podia ignorar e ela não estava disposta a sair dali de mãos vazias.

— Dedrick, — ela o chamou, tendo a prudência de soar mansa. — Acho que podemos entrar num acordo.

— Que tipo de acordo? — perguntou ele, erguendo os olhos para encará-la.

— Aparentemente, você sabe exatamente quais são os envolvidos no esquema. Se você me der os nomes, eu posso tirar o seu dessa história.

Ele balançou a cabeça.

— Se eu fizer isso, eles vão me entregar.— disse. — Vou afundar junto com todos eles.

— Eu posso fazer com que isso não aconteça.

— Não é tão simples. Eu vou ter que deixar a bola entrar. — Ele enterrou o rosto nas próprias mãos, num gesto de desesperança. Estava num beco sem saída. — Por que está fazendo isso?

Ela baixou o olhar, sentindo-se envergonhada de repente.

— Só estou fazendo meu trabalho. — respondeu com a voz baixa. — Eu sinto muito.

Dedrick bufou.

— Não, você não sente.

— Venha, levante-se. — ela disse. — Vá descansar um pouco, você está muito estressado. Eu posso cuidar de mim.

— Eu não confio em você para ficar sozinha pela minha casa.

— Com toda razão. — Ela sorriu. — O que sugere fazer?

— A esse ponto da minha vida, eu já não sei de mais nada.

Ela foi até a mesa de centro, pegou as garrafas de cerveja, entregou uma a ele e ficou com a outra.

— Nesse caso, vamos beber.

Os lábios dele se curvaram num pequeno sorriso e os dois brindaram a uma solução para aquele pesadelo.

***

Na manhã seguinte, Dedrick acordou em sua cama, com a luz da manhã ferindo seus olhos e com uma terrível dor de cabeça. Tudo parecia normal, tirando o fato de que ele estava completamente nu e de ressaca. Tentando compreender o que havia acontecido, ele se levantou e viu que o lado esquerdo de sua cama king size estava com marcas recentes e, sobre o colchão, uma muda de roupa perfeitamente dobrada. Suas roupas. Chegou mais perto e reparou que entre as dobras da camisa havia um bilhete que dizia:

"Bom dia. Desculpe não poder ficar, mas eu tive receio que você tentasse me impedir. Não me culpe pelo que está por vir. Como eu disse, estou apenas fazendo meu trabalho. Obrigada pela noite, eu me diverti bastante. – Jen."

— Maldita. — murmurou ele, amassando o bilhete e arremessando-o longe.

Vestiu uma peça de roupas e foi até a janela panorâmica de seu quarto. Inesperadamente, ele avistou uma mulher ruiva, de estatura pequena sinalizando para um táxi do outro lado da rua. Antes de entrar no veículo, ela olhou para trás, encontrando o olhar dele. A mulher sorriu vitoriosa e deu uma piscadela. Dedrick, por incrível que pareça, não conseguiu evitar sorrir de volta. Não foi um sorriso de desprezo ou desgosto, mas um sorriso que carregava uma promessa. A promessa de que aquele havia sido apenas o final do primeiro tempo.


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Notas finais do capítulo

E então, mereço um feedback sobre minha primeira experiência com uma one-shot? Mesmo que não comentem, agradeço por ter lido e espero que tenham gostado. Agradeço também ao Marcinho por ter betado a one. Seu lindo! Beijos da Moni :*