O dia raiou em tons bonitos e lentos. Amarelo e laranja se misturando entre as árvores. Eram um dos poucos dias ensolarados em Forks. Eu respirava baixinho na jugular seca de Edward,nossas pernas entrelaçadas,nossos corpos nus colados,seus braços afagando minhas costas pálidas. Suspirei longamente em seu pescoço,afundando minha cabeça ele.

“Temos que levantar. Carlisle falou que planejou uma cerimônia aos mortos na batalha. Creio que ele queria o mais cedo possível.”Edward falou com a voz rouca em meu ouvido,me trazendo mais lembranças. Ai Deus. Quando se tinha Edward na cama você não ia querer levantar nunca mais.

“Não quero. Adie.”reclamei,rodando meu corpo para cima do dele,beijando-o com força.

“Ei!Eu também não quero,mas temos que encarar a realidade,querida.”sua voz cavernosa falou,arrepiando os pelos do meu braço.

“As vezes você é tão chato...”reclamei,batendo minhas mãos em seu peito.Em um pulo,coloquei meus pés no chão,sustentando meu corpo. O que eu não esperava era o chão se aproximando dos meus olhos.

“Deus!”Edward exclamou,suas mãos me puxando para cima. Meus joelhos pareciam ser feito de gelatina.Minhas mãos seguravam com força os bíceps dele,tentando fazer com que minhas pernas voltassem a me sustentar. “Você está bem?”

“Estou.Deve ter sido uma tontura qualquer.”respondi,testando minhas pernas.Ela pareciam melhores.

“Uma tontura em uma vampira?”Edward perguntou erguendo ma sobrancelha,enquanto eu me dirigia ao closet.

“É!”respondi,enfiando um conjunto de lingerie em meu corpo.

Edward bufou,enquanto se espreguiçava e procurava uma roupa no armário.

Enquanto eu colocava o belo vestido negro em cima da lingerie,minha abeca dava voltas.

Seria possível que...você sabe...

Eu esteja grávida?

Minhas mãos caíram sem querer em meu abdômen plano.Dei um laço na faixa branca em minha cintura,sobre o tecido rodado. Calcei o salto rapidamente,tentando tirar aquela loucura da minha mente.

Eu não podia estar grávida. Quer dizer,era impossível!

Ou não?

“Vamos?”Edward perguntou,me dando o braço.

Caminhamos lentamente pelo gramado,absorvendo a sombra das arvores e rindo dos diamantes em nossa pele quando o sol batia em cheio sobre nós. Os pássaros voavam alto e esquilos corriam para longe de Edward,enquanto os animais se aproximavam de mim,atentos e confusos.

“Você mora em uma cabana,tem simpatia com os animais,pele branca como a neve,lábios vermelhos e cabelos escuros...Tem certeza de que você não é a Branca de Neve?”Edward perguntou,me fazendo ter um ataque de riso.

“Tenho.”respondi. “Desde quando você vê ‘Branca de Neve e os 7 anões’? perguntei curiosa. Quer dizer,que cara solteiro em sã consciência vê ‘Branca de Neve’ sem pressão?

“Eu fui na estréia. A propaganda era tanta que eu tive que ver...”ele respondeu meio envergonhado.

“Às vezes eu esqueço como você é velho.”disse,meio rindo. “Quer dizer...Você viu o Titanic,a 1ª Guerra, a quebra da Bolsa em 29, a 2ª Guerra, Elvis Presley, os Beatles,Woodstock,a Guerra Fria, a Guerra do Vietnã...Isso é bizarro.”

Ele riu,passando braço em volta dos meus ombros.

“É...eu devo ser meio velho mesmo...”ele riu.

“Decrépito.”respondi,dando uma risada.

Quando entramos na casa,todo nosso humor desapareceu. As figuras eram tristes e mais pálidas do que o possível. Sorri para nossos amigos,voltados em um círculo com fotos em nossa volta. Me insinuei dentro do círculo,puxando Edward,ficando à frente da enorme janela que dava vista para a floresta.

“Caros amigos,estamos aqui para honramos a morte de queridos amigos que se foram para defender uma injustiça. Lida,Ceci,Assua,Garatchi,Vladimir e Stefan se foram,como Collin,Anne,Mark,Sinclair e Lance,transmorfos que não se renderam. As perdas foram significativas em nossos corações e em nossa volta. Ele porém continuarão em espírito e nos levarão boas lembranças para toda a eternidade. Agora,alguns discursos.”Carlisle terminou de falar,quando Zafrina tomou a palavra.

“Ceci,Assua e Garatchi eram boas irmãs e líderes. Eram o símbolo da vila em que vivíamos e com certeza nos farão falta.”Zafrina pontuou com seu estranho sotaque. “ Agora elas estão com Tupã,nosso Deus maior. Elas nos vigiarão e nos trarão conforto. Que assim seja.”Ela disse,abaixando a cabeça. Logo uma voz de sotaque grego entrou em nossos ouvidos.

“Eu e Lida nascemos no fim da era grega. Acreditávamos em todos os deuses gregos e...” a voz de Nico foi se tornando distante,meu olfato ocupado e me tirando da concentração.
Que cheiro que é esse?

Uma ânsia de vômito subiu pela minha garganta,o gosto de sangue surgindo.Olhei em volta aflita quando vi Seth parado na frente da janela espaçosa. Ele tinha os olhos tristes e envergonhados. Quando ele me viu,seus lábios formaram um ‘oi’. Mas eu não pude responder. Eu não conseguia responder!

O cheiro que vinha de Seth era insuportável. Minha barriga dava voltas,o sangue indo em direção à minha garganta. Em um movimento desesperado,tentei respirar mais forte,hiperventilando.O máximo que consegui foi levar minha cabeça para a frente,sangue saindo da minha boca em um jorro.

Pessoas me ampararam pelos ombros,dando pequenos tapinhas na minha costa. A voz de Edward perguntava desesperado em meu ouvido se eu estava bem,se tudo estava certo,se eu queria alguma coisa. Um cheiro terrível bateu em meu nariz,me deixando mais que enjoada. Eu estava vomitando meu pulmão. Daqui a pouco meu fígado ia sair junto.

Braços frios me carregaram escada,o sangue manchando sua blusa azul,seguido por passos aflitos. O cheiro,graças a Deus,tinha passado.

“Carlisle,o que está acontecendo com ela?” a voz de Edward desceu pelo meu ouvido,enquanto eu respirava com força.

“Francamente,eu não sei Edward.”Carlisle respondeu,abrindo a porta do quarto antigo do meu marido.Fui estendida no sofá delicadamente,enquanto observava Alice,Marcus,Rose e Edward, que olhavam aflitos para Carlisle. Olhei para o médico,tentando entender o que ele tirava,quando mais um jorro de sangue saía de meus lábios.

“Eu já disse:ela está esperando uma criança.”Marcus murmurou,olhando para mim com as feições enrugadas.

“Um filho?”Rose perguntou,os olhos brilhando.

“Rose,Carlisle é um MÉDICO e ele tem o conhecimento científico necessário para nos falar se vampiros podem ou não ter filhos.”Edward murmurou,revirando os olhos como se isso fosse óbvio.Eu sentia por baixo de toda aquela atitude blasé uma pontada de esperança.

Rose olhou para Alice,que estava absorvendo toda aquela cena meio alheia. Ela virou os olhos para os outros e falou meio triste:

“Eu não consigo ver nada!”

Carlisle virou-se para mim e falou com uma voz de médico,a que ele usava em situações sérias e tensas.

“Seu batimento cardíaco está mais elevado que o normal. Como você está se sentindo?” ele perguntou,puxando uma seringa de ferro de dentro da maleta.

Foi Edward que respondeu,atônito.

“Ela não conseguiu ficar em pé hoje de manhã,ela caiu ao se levantar. E agora isso...”ele falou meio empolgado.

Carlisle absorveu tudo aquilo por alguns milésimos de segundo.

“Bem,isso é definitivamente estranho para um vampiro. Acho que ficaremos mais tranqüilos quando eu puder provar isso com alguma certeza.” Ele disse caminhando lentamente com a seringa prateada.

A fincada foi simples e o cheiro de sangue percorreu mais uma vez o ambiente. Alice e Rose estavam hiperativas e só Marcus parecia o mais desinteressado,como se já soubesse disso.

“É um exame rápido e simples,só alguns minutinhos.”Carlisle disse enquanto se encaminhava para a biblioteca/laboratório com a seringa.

Vozes começaram a ecoar ao mesmo tempo e emoções me inundarem. Eu estava com a cabeça em outro lugar para ligar para isso. Apoiei minhas mãos em minha barriga.

Será que eu ia ser mãe?

Isso era bizarro. Pensar que eu tinha alguma possibilidade de ver um pequeno ser se originar dentro de mim.

Dei um sorriso meio triste pensando nessa possibilidade. Uma criança era coisa que eu mais queria,e agora ela estava a algumas palavras de distancia.

Não percebi as vozes se extinguindo em minha volta,atenta demais às reflexões dentro de mim. Só senti um braço em volta de mim e mõs pousando em cima das minhas,alojadas em meu abdômen liso.

“Vamos fazer um trato.”Edward falou,um emoção maluca saindo de sua voz.

“Sim...”falei meio desconfiada.

“Se der negativo,me lembre de nunca confiar em Marcus.”ele disse,sorrindo.

“Eu te lembrarei com certeza.” Respondi olhando para a paisagem de céu azul que refletia a nossa pele. “É estranho saber que algo pode estar tão próximo e tão longe...” murmurei brincando com os dedos de Edward.

“Espero que mais próximo do que esperamos.”ele disse,juntando seu queixo em cima da minha cabeça.

“Eu sou muito nova...Não sei se eu darei conta disso tudo...Quer dizer,é uma criança!Uma criança vampira!”exclamei,minha testa juntando em confusão.

“Você estase desesperando antes da hora. Primeiro espere Carlisle nos informar do resultado. Além do mais,eu estarei ao seu lado pela eternidade...Não tem nada com que se preocupar.”

Sorri com a confiança de Edward,absorvendo toda essa informação maluca. Então uma voz veio trás de nós.

“Amanda?Edward?”

O que a voz falou mudou completamente meu sentido de existência. O que a voz falou fez com que meu oração desse um pulo no peito e fizesse os olhos de Edward brilharem com uma intensidade assustadora,mais forte do que o sol.

“Parabéns.”