“Edward eu não vou parecer normal!”reclamei com Edward,enquanto dava um laço no cadarço do meu tênis.

Carlisle tinha decidido no mesmo dia da visão de Alice que tínhamos que levar uma vida normal,não levantar desconfianças. Isso queria dizer que Carlisle ia voltar a trabalhar. E que eu voltaria as aulas.

Ótimo.

“Você está linda como sempre esteve. Não vão ver diferença nenhuma!” Edward argumentou,bagunçando o meu cabelo com um cafuné,enquanto ele pegava as chaves do Volvo.

“Tirando o fato que estou com presas,branca que nem um papel e olheiras em volta dos meus olhos eles vão cair que nem um patinho!”exclamei,pulando delicadamente os degrais,segurando minha mochila com os dedos apertados.

“Você está muito aflita.”Edward voltou a dizer,abrindo a porta do carona para mim.

“Não me diga!” ri ironicamente.

Ele sorriu,aquele belo sorriso estampado em seu rosto bonito. Ele parecia rir de algo. Se ele estivesse rindo de mim,ele ia ver.

“Do que o senhor está rindo?”perguntei,rodando o grande anel de noivado no meu dedo.

“Você não devia ficar preocupada com isso. Devia se preocupar com nosso casamento.”ele disse,sorrindo,segurando minha mão que rodava o anel.

“Ah Meu Deus! Eu tenho que ver o vestido!” falei,fechando os olhos,tentando organizar as coisas que tinha que fazer. AI DEUS!

“Alice já cuidou disso,fique tranqüila.”Edward riu do meu desespero.

“Você já viu o meu vestido?”

“Não.Não!”ele advertiu-me,seus olhos se arregalando ante a possibilidade de eu estrangulá-lo por estragar uma surpresa. Ele já havia experimentado da minha força. “Alice só  faz sudoku mental agora. Não agüento mais.”

Ri de Edward,afagando sua mão enquanto o carro deslizava pela estrada meio escorregadia até La Push. Era tão estranho discutir meu casamento... Achava que iria casar com 20 e tantos anos. Estava casando com 16,afinal.

Não que isso importasse. Era com Edward que eu estava casando.

“No que você está pensando?” ele perguntou,vendo minhas feições.

“Pensando que estou casando com 16 anos...”respondi,com um sorriso reprimido.

“Ah,por favor... Não faça igual sua mãe que demorou dois anos para me responder se queria ou não se casar comigo por que achou que era muito nova...”ele começou a falar,mas o impedi.

“Não estou reclamando,Edward.Só comentando. É engraçado,sabe? Nunca pensei que iria me casar tão nova. Nem pensei que iria te conhecer. Isso era além da minha imaginação. Isso só acontece em sonhos...”falei, tamborilando alguns dedos na janela.

“Então eu faço parte dos seus sonhos?”ele perguntou,com um sorrisinho esbanjado.

“Não mais.”

Os olhos de Edward se arregalaram,sua boca abriu um pouco. Ele não estava preparado para isso.

Obviamente.

“Eu não durmo mais,Edward.”completei meu pensamento,vendo sua feições se acalmarem. Ele deu um sorrisinho e continuou dirigindo,procurando algum lugar para parar e eu poder pular.

“Ei,vai dar tudo certo,meu amor.” Edward falou,seus olhos brilhando. “Fica tranqüila.”

Olhei para a escola de tijolos marrons através da janela,o amontoado de pessoas na calçada,os jogadores de futebol e as líderes de torcida. Os nerds, os esquisitos e minhas amigas. Vi Aleezah ao longe sorrindo para um cara forte e moreno,que brincava com uma bola de futebol americano. Ela ria e apoiava a mão no ombro largo do jogador. Ela ia me contar sobre isso.

Saí do carro,meus dedos rodando o anel de brilhantes,pisando pé ante pé,cobrindo meus olhos lotados de olheiras escuras com meu rayban. Me dirigi ao grupo onde Aleezah estava,mantendo a cabeça baixa. Os cheiros eram tentadores e podia sentir a surpresa deles com minha aproximação. Estava lotada de confusão e choque,sentidos pelas outras pessoas. Podia escutar as vozes se cessando,virando murmúrios fracos. Lógico que Aleezah percebeu a mudança em torno de sua bolha e se virou. Seus olhos pousaram em mim chocados e um grito escapou de seus lábios:

“Amanda Black! Achei que você tinha morrido!”

E pensar que eu colocaria um Cullen no meu nome...

“Bem,estou aqui!” falei baixinho,dando um abraço apressado nela. Como era bom ter minha amiga de volta.

“Por que você está toda encapotada? Que exagero...E o óculos?Está nublado,Amanda!” Aleezah exclamou,puxando os óculos com a mão.

O silêncio que ficou em volta de nós foi extremamente mórbido. Parece que eu tinha caído dura no chão sem cabeça. Tá,a piada foi péssima.

“Parece que você não tem tido boas noites de sono... O Cullen tem te deixado acordada?” Adolpha perguntou,caminhando em passos largos,a saia de líder de torcida balançando conforme o movimento de seus quadris,suas capangas andando passo pós passo. Pode parecer clichê,mas como essas líderes de torcida conseguem ser tão demoníacas?

“Eu só estive preocupada...” respondi tentando evitar um possível contato visual.

“Sei...” Ela falou com um ar desdenhado,sua boca se contorcendo em algo parecido com um sorriso. Mas ela não sorri. “Alguém quer falar com você!” ela disse empurrando um cara alto e bonito para a frente.

Sloan. Sloan Davis.

Ficamos nos olhando por algum tempo,sua cara envergonhada virando choque e em seguida tristeza. Vi seus olhos arderem de raiva, sua mãos fechando de tensão.

“Sloan,escuta.” Comecei a falar,mas ele me interrompeu.

“Como você pode fazer isso,Amanda?” ele falou,seus olhos procurando meu rosto. “Você me traiu! Achei que aquele negócio de esperar o momento certo era verdade!”

Ele estava insinuando que eu...?NÃO!

“Eu não transei com Ace,Sloan!” Exclamei,fechando os olhos. Adolpha ia morrer. Certeza. “Eu só fiquei com ele!”

“Era verdade então,Amanda? Você traiu Sloan com Ace?” Aleezah perguntou,seus olhos se tornando maiores.

Ótimo.

“Eu...eu...merda...eu...” Gaguejei,olhando para Sloan e Adolpha. Adolpha levantou uma sobrancelha,o sorriso estampado em seu rosto. Mas ela não sorri.

“Eu traí o Sloan com o Ace. Satisfeita agora? Todo mundo sabe!!” exclamei apertando uns passos para ficar em frente a ela. Meus olhos estavam apertados, a minha visão ficando vermelha.

“Muito.” Sua voz saiu cantada,seus braços tomando os braços de Sloan. “Viu Sloan?Eu te disse que ela era uma vadia!”

Vadia? Ela me chamou de vadia?

“Você me chamou de vadia?”perguntei largando a mochila no chão. Os olhos de Aleezah se arregalaram mais,suas mãos tentando me conter.

“Amanda,a raiva não leva lugar nenhum!Por favor!” Aleezah implorou,suas mãos buscando um modo de me segurar.

Nada ia me segurar agora.

“Ai Meu Deus! Amanda vai me bater?Ou só vai contar até 10 e ir embora?” ela riu,junto com o colégio.

Eu sabia o que devia fazer. Tinha que controlar a minha força,se não eu ia matar a criatura. E eu não pretendia matar. Só quebrar o narizinho ‘mamãe-me-levou-ao-cirurgião-plástico’.

“Não.” Respondi sua pergunta retórica, retirando as luvas,o casaco e o cachecol. Odiava lutar com muita roupa.

“Vai fazer um strip,então?”ela perguntou,se aproximando de mim.

Sorri,fechando meus olhos e deixando meu corpo sendo tomado pela adrenalina.

“Não. Eu quero ver se você é forte o bastante para me bater.” Respondi com um sorriso,ajeitando meu vestido.

“Por que eu iria te bater?” ela perguntou com uma cara de cansada.

“Porque eu vou contar para todo mundo que você, Ace e Tony já fizeram...bem...um ménage juntinhos na sala de física,enquanto você estava tendo um caso com o professor antigo de artes,professor Jones.” Cartada final. Eu estava guardando essa para quando eu precisasse. Sempre no lugar certo na hora certa. Incrível.

Sussurros encheram  meus ouvidos e as emoções de Adolpha também. Ela estava fula. Muito fula.

“Briga!Briga!Briga!Briga!” o coral começou a aumentar,as vozes ecoando.

Então eu vi Adolpha correndo. Com meus sentidos,ela era bem mais lenta que o resto dos vampiros. O tempo de eu processar tudo que ela faria era um décimo do que o necessário. Eu podia pensar trivialidades enquanto ela me atacava. Pessoinha lerda.

Sua mão bateu com um eco em minha face. Todos olharam para mim,esperando minha cara ficar vermelha,ou virar para o lado,ou começar a sangrar. Mas não aconteceu nada.

E eu dei um soco nela. O que eu faria? Ficasse todo mundo esperando eu chorar de dor sendo que eu não senti nada. Eles iam me achar a maior aberração. Por isso eu dei um soco. A atenção da platéia agora estava voltada para o nariz sangrento de Adolpha.

“Mas que meda! Você quebou o meu naiz!” ela falou anasalado,apertando o nariz com força. Nossa,como ela praguejava!

“Amanda,você está legal?” Aleezah me perguntou,segurando meu rosto preocupada,enquanto o amiguinho dela ficava soltando exclamações sobre como eu ‘quebrei o nariz da piranha bonito’.

“Estou sim,obrigada!” sorri,colocando as luvas desnecessariamente. Aquele frio para eles era um calor para mim.

“Senhoritas Black, Stewart e Brock!O que está acontecendo aqui?”escutei o diretor Mullray berrar,seguido pela vice-diretora Keener e o Sr. Hutcherson,o professor de Educação Física e ex-fisiculturista.

Ele parou em frente à Adolpha com uma cara esquisita,sua careca ficando vermelha.

“Oh Meu Deus! Sr Hutcherson,por favor,leve a senhorita Brock para a enfermaria enquanto chamamos uma ambulância.” Ele, então, olhou para mim e Aleezah.

“Ok!Stewart,Black. Quem quebrou o nariz de Adolpha Brock?”

Merda.

Foi isso que eu pensei enquanto Carlisle e o diretor Mullray conversavam na sua sala. Eu também tinha pensado que o diretor poderia pintar a secretaria de uma coisa que não pareça vômito. Mas isso não vem ao caso.

O caso é que eu estava perdida.

Muiiiito perdida.

“Dr. Cullen,obrigado por nos ter dado esse tempo!” Diretor Mullray falou, apertando a mão de Carlisle.

“Sem problemas,diretor. Obrigado por nos ter informado. Creio que estamos entendidos?” Carlisle falou,se aproximando de mim.

“Claro que sim,Dr. Cullen! Bom Dia!” Mullray acenou para nós que saíamos da secretaria.

“Para o senhor também!” Carlisle desejou,fechando a porta atrás de si.

Ele se virou para mim,as feições sérias. Era agora. Merda.

“Você vai continuar aqui. Não foi suspensa,por um valor digno de dinheiro que será usado na biblioteca da escola. Por favor, se comporte agora. Eu sei que você anda estressada por causa do casamento e da batalha,mas tente ser menos explosiva.” Ele pediu, suspirando. Eu sabia o que aquele suspiro queria dizer.

“O que aconteceu,Carlisle?” perguntei o mais baixo possível,suficiente para Carlisle escutar.

“Esme...Não sei se eu deixo ela...” ele começou,mas o sinal interrompeu-o. Ele sorriu para mim e partiu com passos largos.

A multidão de pessoas avançou pelo corredor,a profusão de vozes ardendo em meu ouvido. Aquilo devia ser tortura.

“Amanda?” Aleezah perguntou,parando na minha frente com o altão bonito do seu lado.

Ai,lá vem.

“Olha,desculpa por não ter te contado...”

“Amanda?” ela voltou a falar. Eu tinha que continuar. Essa poderia ser a minha ultima tentaiva.

“Eram as circunstâncias... Eu entendo se você não quiser mais falar comigo...”

“Amanda?”

“Eu sinto tantooo!” resmunguei,olhando para o chão. “Mesmo e ...”

“AMANDA!” ela gritou. Levantei meus olhos,encarando seus olhos verdes.

“Você é minha melhor amiga! Eu nuca ia te abandonar!”

Olhei para seus olhinhos úmidos,sua mão apertando a mão do bonitão e aí me lembrei de perguntar:

“Ei,quem é esse aí?”

Ela sorriu e falou com uma vozinha fininha:

“Esse é o Tom.”

Tom sorriu para mim e falou com uma voz grossa,quase cavernosa.

“ Apoio o que ela disse. Além do mais,você tem um soco fantástico!”

Ri do comentário meio nada a ver e coloquei minhas mãos na cintura.

“Eu estava aqui pensando... Você já pensou em ser dama de honra?”