Destruição | Amor Imortal 02 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 13
Capítulo 13




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/514790/chapter/13

Niffie estava a alguns passos atrás de Ailee e Gate enquanto caminhavam até a loja que alugava carruagens para os imortais que as necessitavam e não possuiam nenhuma. Ela havia se perdido no ritmo dos passos dos irmãos a sua frente quando o chápeu que Ailee a obrigará a usar, para disfarçar um pouco seu rosto, começou a atrapalhar sua vista.

Ele servia perfeitamente bem nela, mas suas abas negras eram muito grandes e se movimentavam de acordo com o vento fraco que dominava a dimensão de Dimitrius. E por mais que o chapéu estivesse tampando sua visão, ele não a transformava em outra pessoa, mas para a alegria de Niffie, aqueles que a reconheciam não eram ousados o suficiente para se aproximar ou ofendê-la quando um tenente estava em sua companhia.

Gate havia aparecido diante de Ailee e Niffie no momento em que elas estavam atravessando a ponte da casa da sua amiga para fazerem o trajeto até o centro da quarta dimensão. A aliquis não demonstrou surpresa, resmungando que era provável que o demônio tivesse passado a noite toda vigiando sua casa para que nenhum homem estivesse entrando em um lugar que não era “bem-vindo”.

Seu irmão discordou prontamente dizendo que não estava lá por aquele motivo, mas não se importaria de se livrar de corpos que estivessem incomodando sua pequena irmã. Ailee o fuzilou com um olhar matador ao ouvir a resposta dele, mas nenhum dos dois entraram em uma discussão desnecessária. E o tenente de Maximus muito menos fez com que Niffie falasse sobre algo que ela estava até mesmo evitando pensar, o que o tornou bem vindo no passeio perigoso delas.

Na verdade, ver Gate a deixou animada, pois o tenente sempre a conseguia fazer rir quando o alvo das suas provocações não era ela. E tê-lo por perto naquele momento em que saíria em publico depois da noticia da sua separação ter se espalhado pelas dimensões, apenas fez com que a angelical se sentisse ainda mais segura.

Naquele momento Ailee e o soldado demônio conseguiram achar um motivo para a primeira discussão do dia e seguiam andando distraídos na conversa que provavelmente os fariam virar a cara um pro outro em questão de segundos. Niffie sabia que eles haviam começado a briga por causa da proteção excessiva de Gate, mas agora ambos discutiam sobre insetos e nada poderia ter a deixado mais perdida do que ouvir dois irmãos brigando por vários motivos que mudavam o assunto em questão de segundos.

Niffie se manteve em silêncio atrás deles, não desejando se envolver em brigas de irmãos quando já havia passado por experiencias terriveis ao se intrometer nas discussões dos arcanjos. Se existia algo que ela não podia esquecer, mesmo eles alegando que a amavam, era o quanto Maximus e Dimitrius se tornaram brutais quando tentou defender seu marido em uma briga.

Meridius, obviamente, havia a defendido dos seus irmãos menores, demonstrando todo o seu orgulho por ela ter o defendido quando não precisava dela para fazer tal coisa. O arcanjo do paraíso sempre se demonstrou encantado quando alguém tomava atitudes que não eram necessárias para ajudá-lo em algo.

Como um arcanjo, Meridius sempre era capaz de fazer qualquer coisa sem precisar de alguém e nada poderia deixá-lo mais intrigado do que ter alguém ao seu lado com pensamentos de que ele não podia agir sozinho.

Niffie suspirou enquanto seus olhos iam em direção das pessoas que paravam nas ruas para observá-la passar. Todas a encarando como se fosse um demônio fugitivo do nível 2 do inferno que precisava ser derrubado no chão e levado para o lugar que pertencia.

Ela conseguiu ignorar todos os olhares, tentando agir de forma natural mesmo quando não se sentia bem usando roupas tão comuns como jeans e blusa. Ailee também a proibira de usar vestidos longos e saltos, alegando que Niffie apenas chamaria atenção daqueles que estavam presentes no centro da quarta dimensão.

No entanto, para a angelical, nada que ela usasse poderia fazer com que deixasse de chamar a atenção dos imortais. Ainda mais quando um tenente andava ao seu lado.

Ter Gate com elas era o mesmo que usar uma placa com luzes dizendo que a imperatriz que foi rejeitada por seu marido estava caminhando pelas dimensões. Além do mais, mesmo que o soldado de Maximus não fosse um tenente, ele continuaria chamando a atenção com sua beleza galenteadora.

Os diversos planos de Ailee para escondê-la se tornaram um fracasso completo em questão de segundos. Mas Niffie havia gostado do chapéu que pertencia a sua amiga, pois suas abas faziam com que o rosto dela ficasse oculto a maior parte do tempo, o que a deixava confortável para continuar andando até o destino principal.

Eles pararam de caminhar quando se encontraram diante da loja que alugava carruagens, olhando ao redor para se certificar de que tudo estava bem, os olhos de Niffie foram para os irmãos diante dela logo em seguida.

— Eu irei entrar sozinha.— Ela falou, não desejando exatamente isso, mas não pretendia ser uma covarde que usava a posição de Gate ao seu favor.— Me esperem aqui, por favor.—
— Eu acho...— Ailee tentou começar algum argumento que provavelmente convenceria Niffie a fazer tudo o que sua amiga desejava, mas Gate aparentemente compreendia o orgulho ferido da angelical e tocou a mão da sua irmã mais nova para que ficasse quieta.

Ela acenou para o tenente em um sinal de agradecimento e logo em seguida puxou a porta de vidro daquela loja para que pudesse entrar.


Niffie foi até o balcão que estava no fundo do local, seus olhos passando rapidamente pelos quadros pendurados nas paredes que mostravam os diversos modelos de carruagens que estavam disponiveis para serem alugadas, pensando em qual seria mais adequada para a sua atual situação, mesmo que sentisse o fracasso próximo dela.

Ela tirou o chapéu escuro de Ailee e ajeitou seus cabelos depois de apertar a campainha dourada que estava em cima do balcão. O lugar estava tão silêncioso que Niffie podia ouvir as batidas do seu coração nervoso.

Podia parecer ridículo, mas a angelical estava com medo do que podia acontecer agora que enfrentaria uma pessoa que já conhecia sua desgraça e que havia a rejeitado uma vez. Por um momento ela considerou ir embora quando a ideia de que não deveria estar ali veio em sua mente. O vendedor já havia expressado sua opinião sobre alugar uma carruagem para Niffie e não parecia fazer sentido estar esperando para discutir com alguém e obter a mesma resposta.

No entanto, a angelical sabia que ao ir embora ou ter aceitado fácilmente a resposta do homem que falou com Alyx, ela estaria fugindo e se conformando com o fácil.

Niffie não podia fazer isso.

Uma mulher apareceu diante dos olhos dela depois que uma porta foi empurrada para o lado, a angelical observou Niffie com olhos frios e de maneira muito debochante.

Naquele instante Niffie soube que saíria daquele lugar sem uma carruagem.

— Olá.— Ela falou de forma educada para a mulher em sua frente.— Eu quero alugar uma carruagem.—
— Esta loja não faz mais negócios com você.— A angelical foi arrogante.
— Por que não?— Niffie quis saber.

A mulher, aparentemente, possuía muitas respostas para a pergunta dela, mas eram fúteis demais para serem faladas sem se considerar infantil, o que a fez ficar em silêncio. E como Niffie imaginava, ela seria rejeitada pela sociedade apenas por ter se tornado a ex-esposa de um arcanjo.

Claro que muitas pessoas apenas a odiavam pelo fato de ter conseguido se casar com Meridius um dia, mas ninguém estava disposto a admitir que sentia inveja dela.

— Vá embora.— Foi a única resposta da vendedora.
— Eu irei pagá-la por isso, não pretendo cometer nenhum crime ou coisa do tipo para estar tão cautelosa em oferecer seus serviços a mim.—
— Eu disse para ir embora.—
— E eu fiz uma pergunta que não foi respondida ainda.— Niffie deixou seu tom educado de lado e usou aquele que Meridius a ensinou para quando precisasse agir como uma imperatriz.

Sim, definitivamente, ela nunca conseguiria sair daquela loja com uma carruagem quando o olhar feroz da vendedora a atingiu.

A mulher em sua frente se demonstrou ofendida e quando a angelical pensou que ouviria seus novos apelidos e ofensas que já eram conhecidas, a vendedora esticou sua mão até que seus dedos enrolassem em volta do pulso de Niffie. Suas unhas longas foram fincadas em sua pele de forma agressiva e isso quase causou um gemido de dor nela.


Mas antes que seu cérebro pudesse processar qualquer sinal de dor, aquela mulher passou a puxar Niffie com força até que ela já não estivesse mais dentro da loja de carruagens. A angelical se sentiu ofendida, mas quando tentou avançar para frente e entrar no lugar novamente para discutir com a vendedora, a porta de vidro foi fechada bem diante dos seus olhos e uma placa que antes anunciava a palavra “aberto” foi virada para o outro lado com o “fechado” a mostra.

Niffie se virou para encarar Gate e Ailee, desistindo de qualquer atitude que envolvesse matar aquela vendedora, pois não pretendia se humilhar ainda mais. Ambos pareciam chocados com a reação da mulher, principalmente Gate que não deveria ter esperado uma atitude tão arrogante quando um tenente estava por perto.

— Eu preciso de férias.— O soldado declarou depois de alguns segundos em silêncioso. Seu humor irônico presente em cada palavra dele.— No último ano está acontecendo muitas novidades que um velho demônio despreparado não pode suportar.—

Niffie concordou com ele mentalmente, mesmo estando ciente de que não podia tirar férias da sua própria vida.


Ailee, que não estava prestando muita atenção nela e em Gate, observava algo por cima dos ombros de Niffie. Seus olhos que sempre eram serenos em uma calma tranquilizante estavam vagos ao mesmo tempo que chamas mortais pulavam deles.

A angelical se virou para ver o que sua amiga olhava com tanta intensidade e no momento que fez isso, ela desejou não ter feito.

Meridius.

Niffie sentiu uma pancada vindo diretamente em seu coração, forte até demais quando não esperava por isso. Obviamente, ela já imaginava que teria que se encontrar com o anjo diversas vezes desde que ele ocupava o papel de seu arcanjo, só não esperava que fosse logo depois dele tê-la expulsado e nem ao menos ter conseguido criar barreiras para se proteger dele.

E nada poderia deixá-la pior do que imaginar a possibilidade dele ter visto o modo que foi tratada pela mulher que trabalhava na loja. Infelizmente, algo dizia a Niffie que o governador do paraíso viu tudo o que aconteceu, ela não deduzia isso por causa da maneira que ele a olhava, já que sua expressão era tão inexpressiva quanto olhar para pedras, mas bastava um olhar para Dimitrius que a angelical conseguia todas as respostas que precisava.

Os irmãos estavam parados um do lado do outro, suas asas brancas se encostavam ligeiramente de maneira que ninguém poderia notar caso não fosse um bom observador e ambos olhavam para ela de maneira penetrante.

Niffie focou sua atenção em Meridius, esperando ver qualquer tipo de emoção nos olhos do arcanjo, mas ela não via nada. E aquele olhar podia ser considerado como o mesmo que ele dava para qualquer pessoa que não participava do seu circulo de confiança.

Dimitrius, ao contrário dele, demonstrava todos os sentimentos que qualquer pessoa que se importava com ela teria naquele momento em que viu alguém que gostava sendo maltratado sem nenhum motivo decente. O arcanjo da humanidade até mesmo ameaçou ir em direção dela, mas foi impedido quando Meridius estendeu sua asa para impedí-lo de se movimentar.

Eles trocaram um olhar sério e que dizia muitas coisas que ninguém além deles podia compreender, mas que foi o suficiente para Dimitrius desistir de ir até Niffie.

— Vamos embora.— A angelical virou para o tenente e sua amiga, sem ter mais o que dizer. Ela colocou o chapéu de Ailee em sua cabeça novamente, desejando que ele realmente mudasse sua aparência para algo irreconhecível ou que ao menos a transportasse para longe.

Ailee foi a primeira a se mover, demonstrando seu total desgosto por Meridius naquele momento, fazendo com que Niffie a amasse ainda mais. Nada poderia ser melhor do que ter uma amiga que a protegia de tal forma, nem mesmo Gate podia pará-la se sua irmã desejasse atacar o arcanjo por ter machucado Niffie.

Niffie olhou para o tenente que esperava por ela para começar a andar, uma atitude que demonstrava seu respeito por ela ser uma imperatriz.

Ela estava ciente que muito comparavam o soldado de Maximus como alguém deselegante por causa das suas brincadeiras que chegavam até mesmo ser cruéis algumas vezes, mas a angelical não conseguia pensar isso de Gate quando ele dava importância para pequenos detalhes que ninguém mais dava. Principalmente aquele de que ela não era mais uma imperatriz e mesmo assim, ele continuava a tratando como tal.

Niffie tocou o braço dele de maneira leve e sorriu quando os olhos escuros de Gate se encontraram com os dela.


— Não sou mais uma imperatriz, Gate.— Ela o lembrou, pois não desejava que as pessoas continuassem a tratá-la como soberana quando uma nova mulher estaria assumindo seu lugar.


O divertimento explodiu nos olhos do tenente de Maximus naquele momento, demonstrando a sua personalidade implacável.

— Mas você ainda é uma dama.— Foi a resposta dele, colocando uma mão na cabeça de Niffie para afundar seu chapéu negro, como se ela fosse uma criança que precisava ser protegida do sol.— De qualquer maneira,— Ele começou enquanto ambos caminhavam juntos.— Eu irei arrumar um jeito para pegar sua fortuna antes que seja tarde demais. Você tem algum lugar para levá-la?—
— Não.— E para dizer a verdade ela nunca tinha pensando nessa parte do plano. Naquele momento, Niffie admitiu para si mesma que era horrivel em criar planos.— Leve para qualquer lugar até que eu possa resolver isso.—
— Você está confiando demais em mim, Niffie,— Um riso malicioso cresceu nos lábios do tenente quando ela o olhou.— Eu posso fugir com toda a sua herança.—
— Para fazer isso, teria que se despedir de Maximus e Dimitrius, algo que não faz parte dos seus pensamentos.—
— Bem pensado, imperatrice.— Ele refletiu.— Eles não poderiam viver sem mim e não pretendo ser o motivo da ruína de dois arcanjos.—

Niffie soltou um pequeno riso, surpresa e feliz ao mesmo tempo por ser capaz de fazer isso ainda. Ela sabia que Maximus havia mandado Gate para ficar seguindo seus rastros a cada segundo que passasse para protegê-la e a angelical não podia ficar mais grata pelo anjo loiro por ter escolhido justamente esse tenente com um humor explosivo para ficar por perto dela. Ela gostava e respeitava de todos os tenentes dos arcanjos, mas tudo o que não precisava era a companhia silênciosa e misteriosa de certos soldados que ainda não foram capazes de se livrar da escuridão que consumia suas almas.

Talvez Gate escondesse seus pesadelos com esse humor tão brincalhão e não fosse tão diferente dos outros, mas ele fazia um ótimo trabalho em não demonstrar qualquer tipo de sombras perigosas em seus olhos marrons claros.

No mesmo instante em que Niffie riu, ela sentiu um toque invadindo sua mente de maneira quase silenciosa. Sem nem ao menos precisar pensar, ela soube que era Meridius.

Por alguns segundos a angelical esperou que seu antigo marido falasse algo, mas sua voz não surgiu em sua mente, o que a fez olhar por cima do seu ombro em direção do arcanjo que governava o paraíso. Ele ainda estava parado ao lado de Dimitrius a observando com olhos vazios e não demonstrou qualquer tipo de resposta do motivo de estar em sua mente quando os olhos deles se encontraram por um breve momento.

Niffie voltou a olhar para o seu caminho, mesmo que não a agradasse o fato de tê-lo em sua mente, também não podia ignorar a opção de que ele estava apenas checando para ver como tudo estava desde que havia se tornado uma imortal sem alma.

Esse foi o único motivo que ela conseguiu pensar como uma explicação coerente já que Meridius deixou claro que não a queria mais. Mesmo que seu coração desejasse que existissem outras opções, Niffie decidiu ignorar seus bons sentimentos pelo arcanjo.

Se ele conseguia fazer isso, ela podia tentar para ao menos não acabar se humilhando em alguma cena em que diversos olhos estivessem presos neles e esperando a destruição dela por completo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Destruição | Amor Imortal 02" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.