How it ends escrita por Mardybum


Capítulo 9
Capitulo 9


Notas iniciais do capítulo

Heey! Obrigada a todos que comentaram!
Novo capítulo, espero que gostem! bjss



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Ferdinando estava arrasado. Não sabia o que pensar. Desde que soube da presença de Viramundo na casa dos Falcão ficou com receio de que se aproximasse de Gina, com sentimentos de que não se orgulhava muito, que ele nunca havia sentido e nunca imaginou que sentiria. E agora, soube que tinha razão em temer. Abominava sequer lembrar no que Milita havia dito, mas aquilo, para seu desespero, não saia de sua cabeça. Não se lembrava nem de como tinha se despedido da venda de seu Giácomo, mas já estava a caminho de sua casa. Pensar naquilo doía, e como doía. Conforme caminhava, observava o sol se pondo. O céu estava em um tom de laranja que lhe lembrava os cachos de Gina e quando olhava o trigal da fazenda de seu pai, não podia deixar de pensar nela. Sentia as lágrimas descendo pelo seu rosto e conforme as secava, pensava que essa dor havia de passar.

Entrou dentro da casa e ouviu sua madrasta o chamar para jantar. Mas não estava com fome. Não sentia vontade de nada além de estar perto de Gina.

–Não to com fome Catarina, aliás, não estou com cabeça pra nada agora...- Disse quando encontrou a madrasta no caminho de seu quarto. Ela percebeu a tristeza em sua voz. Era difícil não reparar nisso, embora ele tentasse de toda forma esconder.

–O que ocê tem Nando, o que foi que te dexo com essa cara?– Perguntou.

–Ieu não tenho nada Catarina, apenas não to me sentindo bem.–Respondeu, tentando disfarçar. A madrasta sabia que estava mentindo, mas resolveu deixar para perguntar mais tarde.

–Intão ocê descansa ai, eu falo pro seu pai isso... -Disse, desconfiada.

Ferdinando foi para sua cama e deitou. Agora sem ninguém para atrapalha-lo, podia deixar as lágrimas correrem. Tentava de toda forma se convencer a esquecer Gina, afinal, parecia que ela não o queria tanto quanto ele. Mas algo no fundo de seu coração o proibia disso. Pensava que Gina merecia ser feliz, mesmo sem ser ao seu lado. Mas ele sabia que nunca poderia ser feliz sem estar junto dela. Aquilo havia doído mais do que esperava, era a dor mais forte que havia sentido.

Escutou alguém bater na porta. Quanto tempo havia passado? Ele não tinha noção. Enxugou as lágrimas e abriu a porta, era Catarina.

–Nando, eu deixei ocê ficá aqui mas eu percebi que ocê vorto aborrecido pra casa, num adianta negá. O qué que foi que ando acontecendo co cê procê ficá assim? - Perguntou.

–Sabe Catarina, hoje lá na venda do seu Giácomo eu ouvi que a Gina tá namorando outro, aquele violeiro. Aquilo doeu como não era pra ter doído. Muito mais do que eu imaginava. - Confessou, tristonho.

–Pois eu já te disse isso Ferdinando, ocê devia í lá e confessá. Falá com ela, olhando nos zoio...pergunta pra ela se isso é verdade. E se precisá, ocê beja ela.

Ferdinando pensou e chegou a conclusão de que era isso mesmo que deveria fazer. Já havia desistido de muitas coisas na vida, mas sentia que a Gina não podia estar inclusa nisso. Precisava lutar.

–Pois sabe Catarina, é isso mesmo que vo faze. Amanhã ieu vô lá conversar com a Gina.

Depois do conselho da madrasta, ele se sentiu mais tranquilo. Adormeceu perdido nos pensamentos de se reencontrar com a amada.

*

Estava de frente ao lago quando a viu. Ela corria com os cabelos soltos e eles balançavam com o vento. Corria ao seu encontro. Quando se encontraram, ele a abraçou e pode sentir seu cheiro, passou a mão por seus cachos e olhou em seus olhos. Seu cheiro se confundia com o cheiro das flores, que estavam mais perfumadas do que nunca. Voltou a abraçar e observou uma das flores mais lindas que já havia visto. Deixou ela e correu para apanha-la, para entregar a sua amada. Quando conseguiu pegá-la, se virou e viu uma cena que lhe cortou o coração: Ela estava com Viramundo, que estava lhe dando uma flor quase igual a que ele havia achado: "Uma flor para a flô mai bunita i cherosa qui eu já vi. A minha flô." Após dizer isso, a abraçou. "Não!" "Nãããão!", começou a gritar mas ninguém o ouvia e aquela cena não terminava.

*

Ferdinando abriu os olhos e sentiu que o que havia lhe acordado foram seus próprios gritos. Então voltou a deitar e se lembrou do que havia sonhado. Por mais terrível que fosse, não iria deixar isso acontecer na vida real.

Gina estava em seu quarto ouvindo a Professora Juliana ler, mas seus pensamentos estavam longe. Admirava sua felicidade por, enfim, estar amando Zelão de verdade e no fundo gostaria de poder estar sentindo a mesma coisa, estar junto de Ferdinando. Mas pensava se sua mãe não estaria certa, se seria mais feliz com um rapaz como Viramundo. Na mesma hora, ouviu a porta bater:

–Pode entrá!

–Fia tem gente querendo falá co cê...– Disse Dona Tê.

Bastou Gina ouvir o nome "Ferdinando" para se levantar e correr para a sala. Não conseguia esconder a felicidade de poder o encontrar. Estava a sua espera, abaixo da escada.

–Oi Nando...– Cumprimentou, percebendo só depois que havia o chamado pelo apelido.

–Oláá Giina.– Disse Ferdinando, sorrindo. Mas ao perceber que Dona Tê observava tudo escondida, resolveu dizer: - O que ieu tenho para lhe dizer eu prefiro dizer lá fora. - Ferdinando estava achando cada vez mais estranha a reação da mãe de Gina cada vez que o via. Sempre fora tão simpática com ele, mas agora parecia que preferia não vê-lo em sua casa.

–Pois ieu prefiro falá aqui dentro mermo! - Disse Gina. Mas resolveu enfrentar seu receio em ficar sozinha com Ferdinando. - Mai já qui ocê insiste, vamo... -Completou, para a felicidade dele e a decepção de Dona Tê.

Foram em direção do trigal, que sempre deixava Ferdinando satisfeito em ver que seu trabalho não foi em vão, e claro, em se lembrar das horas que passou junto com Gina naquela fazenda. Se arrependia de não ter descoberto seu sentimento antes.

–Gina o que eu quero lhe dize... - Começou, olhando em seus olhos.– É que ieu gosto muito do cê.

–Ara mai ieu também gosto do cê. - E não era mentira, gostava até demais do engenheiro. - I si é só isso qui ocê tem pra mi dize, eu já poço vortá pra dentro di casa. - Gina já estava ficando nervosa só de olhar para seus olhos azuis.

–Gina... ieu preciso dize que lhe amo. - Declara Ferdinando. - Ieu num consigo lhe tirá da cabeça, demorei muito pra percebe isso mas eu lhe tenho amô. I a simples ideia de ti perde pra'quele "zé ninguém" me doi dimais.

Gina estava deixando se levar por cada palavra que Ferdinando dizia. Mas a última frase lhe tirou do transe.

–Ara mai que besterage é essa qui ocê tá dizendo? - Disse, se afastando.

–Tá vendo? Eu venho aqui lhe dize tudo isso e ocê sempre responde a merma coisa ara!

–I o que qui ocê qué qui ieu lhe diga?

– Que me ama também pombas!

–Isso eu num posso lhe dize... - Disse Gina, se lembrando de tudo que sua mãe dizia. Conforme Gina se afastava, Ferdinando se aproximava até ela parar numa árvore e ele conseguir, enfim, voltar a ficar perto da ruiva. Ela respirava ofegante e isso estava o deixando maluco.

–Mai isso...– Disse, pegando em seu rosto. - Ocê pode me mostrá. - Completou, juntando seus lábios e a beijando com todo o amor que sentia. Gina havia sido pega de surpresa mais uma vez, uma parte sua queria resistir ao beijo, mas foi tomada cada vez mais por outra que o desejava mais do que tudo naquela hora. Ela foi cedendo aos poucos até corresponder, o beijando e dando passagem para sua língua. O primeiro beijo que havia recebido de Ferdinando já tinha sido bom, mas a sensação desse estava sendo incrível. Já não conseguia pensar mais em nada, somente nos lábios de Ferdinando. Ele, enfim, conseguiu beijar a ruiva e para sua surpresa, ela estava correspondendo. Os dois estavam matando toda a saudade que sentiam um do outro e quando o beijo se cessou, Ferdinando voltou a juntar seus lábios, dessa vez sem demorar. Os dois ficaram algum tempo abraçados, com os olhos fechados e sorrindo, Ferdinando dava pequenos beijos no rosto da amada, que se permitiu dar um sorriso. Mas logo percebeu aonde estavam e saiu de seus braços, sem olha-lo.

–Ara mai o que foi, meu amor? - Disse Ferdinando, se aproximando de Gina novamente, que estava de costas para ele.

– O que foi é que nois num divia di te feito isso. - Respondeu, gaguejando. - I... Ieu num quero mai vê ocê si for pra continuá com esses atrevimento!

– Mai ocê também mi bejô Gina...Ieu adorei o seu beijo...I ieu sei que ocê também gosto. - Disse, baixinho em seu ouvido. Gina se virou e o olhou, pela primeira vez após o beijo.

–Ara! Mai ocê largue de bestage!– Disse, indo em direção de sua casa.

Ta bom Gina, ieu lhe vejo depois! - Disse Ferdinando. Gina voltou a se virar e o viu, sorrindo, lhe mandar um beijo. Depois se voltou para casa e não conseguiu deixar de sorrir. Subiu as escadas, sem se importar com Dona Tê e suas perguntas sobre o que estavam fazendo tanto tempo lá fora. Deitou em sua cama, e fechou os olhos, com as lembranças daquele beijo ainda vivas.

Ferdinando entrou e não encontrou Gina, então saiu daquela casa o mais rápido possível. A última coisa que queria, com o tratamento hostil que Dona Tê o recebeu naquela casa, era que desconfiasse de algo. Saiu de lá com uma felicidade que não cabia dentro de si, pois agora tinha certeza de que Gina, em nenhum momento, deixou de ser sua.


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Notas finais do capítulo

Passei a noite escrevendo esse capítulo com carinho, ainda mais inspirada depois das cenas de hoje, mas com mta raiva da Dona Tê hahahaha.
Espero que tenham gostado, comentem!! beijooooos.