“Observava o largo sorriso nos lábios da esposa, não lhe era estranho vê-la sorridente, já que aquilo fazia parte de sua personalidade, porém a mesma parecia radiante, o largo sorriso chegava aos olhos e sua aura brilhava, Sasuke a olhou de modo confuso, tirou a gravata, cansado de ter passado o dia inteiro confinado no escritório, sentou-se no sofá negro que havia na sala.

– Aconteceu alguma coisa, Sakura? – fez sinal para que a mesma sentasse ao seu lado, ela prontamente obedeceu.

– Fui ao médico hoje... Ele confirmou minhas suspeitas, - os olhos esmeraldinos brilhavam com as lágrimas neles alojadas, a Uchiha tocou o rosto do marido delicadamente. – Eu estou grávida Sasuke, grávida! Isso não é maravilhoso? Poderemos iniciar a família pela qual tanto esperou. – o moreno arregalou os olhos levemente e deu-lhe um sorriso, pequeno, apenas um curvar de lábios, mas Sakura soube o quanto ele estava feliz, levou a mão do homem à sua frente ao seu ventre. – Aqui está sendo gerado um futuro Uchiha. – Aproximou-se dele e o beijou, ele a abraçou apertado, como nunca havia feito antes, sua felicidade era imensa! E a esposa sabia disso, por mais que o mesmo não pudesse demonstrar de forma mais espontânea, ela sabia o quanto ele estava feliz.

– Obrigado Sakura, - ele afundou seu rosto na curva de seu pescoço, sentindo o cheiro de cereja que ela exalava, igual ao seu nome. – Obrigado... – Não sabia quanto tempo ficara abraçando a esposa, mas aquilo não importava, por que ela havia lhe dado a melhor notícia de sua vida, seria pai! Era o que ele mais desejava no mundo, ter um pequeno ser que ele ajudara a criar para dar e receber amor, sempre fora repudiado por seu pai, não sabia bem motivo, mas o patriarca Uchiha sempre teve olhos apenas para seu irmão mais velho, aquela era a chance que tinha para oferecer todo o amor paterno que não tivera, àquela criança que estava crescendo no ventre da mulher à sua frente.

– Você prefere: menino ou menina Sasuke? – Sakura separou-se do marido, olhando-o nos olhos e vendo toda felicidade que neles haviam acumulado-se.

– Não me importo com o sexo... Contanto que seja saudável, estarei feliz. – Fechou os olhos, quando sentiu sua esposa passar a mão em seu cabelo.

– Eu também não me importo, contanto que seja igualzinho a você. – Sasuke curvou os lábios em um meio sorriso, ainda de olhos fechados.”

Acordou sentindo o cabelo de sua franja sendo puxado levemente, deu um suspiro divertido, desde que sua filha começara a estudar, nunca mais havia precisado de despertador.

– Pai! Nee, papai. – Além de sentir os fios de cabelo sendo puxados, sentiu pequenos e macios dedos dando pontadas em sua bochecha. – Pai, acorda! Hinata-sensei vai estar aqui em breve!

Suspirou novamente, dessa vez amargurado, por que sua filha tinha que ter nascido com a personalidade tão parecida com a de Sakura? Hana Uchiha era uma garotinha tímida e introvertida, com todos que a rodeavam, menos com o pai, Sasuke conhecia um lado da filha que ela não mostrava pra mais ninguém, era determinada, além de não sair do seu lado quando o mesmo estava em casa, questionava tudo e era obsessiva como a mãe, e isso tudo com apenas quatro anos!

– Papai, levanta! – Agora a moreninha puxava sua bochecha. O Uchiha apenas virou-se para o lado, fugindo das mãozinhas da filha. – Já faz uma semana que estamos aqui sozinhos, eu quero ver a Hinata-sensei no aeroporto, nee, papai, vamos buscá-la.

Isso era uma coisa ruim, ouvira um tom choroso em sua voz, e ela também era chantagista e manipuladora, como todo Uchiha, que combo perfeito era sua filha! Sentou-se na cama, irritado, mas não abriu os olhos, sentia que morreria se o fizesse, dormira apenas durante duas horas naquela madrugada, antes que sua filha viesse desempenhar a sua magnífica tarefa de despertador. Estava cansado, durante aquela semana se sustentara de energético e café, somado a pouquíssimas horas de sono diárias. Abriu os olhos vagarosamente, esquecendo sua irritação e cansaço ao ver aqueles lindos olhos verdes sorrindo para si.

– Bom dia pra você também, Hana. – Olhou severamente para filha, a mesma lhe deu uma risada e passou os finos bracinhos em volta de seu pescoço e dando-lhe um beijo estalado na bochecha, que deveria estar vermelha de tantos beliscões.

– Bom dia papai! – o Uchiha apertou um botão que havia no criado mudo ao lado de sua cama. Logo houveram batidas na porta e uma das empregadas da casa irrompeu a porta do quarto.

– Sim, senhor Uchiha. – A mesma curvou-se respeitosamente.

– Leve Hana, dê-lhe um banho e a arrume com roupas casuais.

– Mas papai! Eu já estou pronta! – argumentou a filha, olhou divertido para a mesma, ela estava usando um vestidinho rosa com babados em lilás, porém não estava abotoado, dando uma visão estranha dele, os longos cabelos negros estavam emaranhados e presos nada simetricamente em um rabo de cavalo, e a pequena ainda estava descalça!

– Não, não está. Espere-me na mesa do café, daqui a pouco desço.

– Hai. – Arrastou-se até a empregada e deixou que a mesma a guiasse de volta ao seu quarto.

Sasuke caminhou até o banheiro tirando os shorts e a regata preta que usava, odiava dormir vestido, porém, desde que sua filha havia adquirido o costume de lhe acordar todas as manhãs, dormia de roupa para evitar acidentes. Vestiu uma roupa simples, camisa polo azul-marinho, calça jeans, um relógio com pulseira de couro preta e tênis, decidira não trabalhar naquele dia, já que seria o primeiro dia da tutora de sua filha na casa, os empregados se encarregariam de ajudá-la a habituar-se à casa, mas queria ver de perto como a Hyuuga iria reagir a mudança, se estava realmente apta a cuidar de sua filha, de fato, durante as primeiras semanas estaria com um tempo sobrando, indo apenas visitar as instalações da nova empresa, que ainda estava sendo construída, por isso estava trabalhado em casa, cuidando de papéis e analisando currículos que sua equipe mandava para as admissões dos novos funcionários.

Foi em direção à varanda da casa, lugar onde tomava café com a filha todas as manhãs, naquela primeira semana no país vira como seria difícil lidar com Hana e com a nova empresa, mesmo que ainda estivesse em construção, estava tomando conta dos negócios somente à distância, preferindo ficar com a filha naquela semana, que estava sendo difícil para a Uchiha. Chegando a varanda, viu a filha devidamente arrumada, com os cabelos escovados, com uma tiara adornando-os e estava usando um vestido diferente, branco com bolinhas pretas, nas pernas uma meia calça preta e uma sapatilha branca. Sentou-se e observou a filha comer o conteúdo que lhe fora posto silenciosamente, enquanto ele mesmo tomava o café preto à sua frente, não estava com fome, já estava tão acostumado a tomar apenas café e energéticos que a comida não lhe parecia necessária, sabia que aquele hábito era ruim para sua saúde, mas tentava não se preocupar com isso.

– Terminei, pai! Podemos ir? – Olhou para o lado e viu que sua filha não estava mais sentada na cadeira, franziu as sobrancelhas e deu um último gole no amargo café. Era bom que aquilo acabasse logo, ele tinha muito que fazer.

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Olhou para o relógio de pulso, pela décima vez em dez minutos, o voo atrasara! E eles já estavam naquele aeroporto havia mais de uma hora, sua filha estava sentada ao seu lado em um dos bancos do aeroporto, quieta, ela sentia que o pai não estava de bom humor. E não teria razão para isso! O encarregado de pegar a Hyuuga no aeroporto seria o motorista deles, mas Hana havia insistido para que fossem ao aeroporto pessoalmente, alegando que estava com saudades da professora, agora tutora, fizera manha, coisa que o pai não suportava, ela sabia disso, mas aquela ocasião era tão especial para a moreninha que ela sentiu que tinha que tentar a qualquer custo convencer o pai... E havia conseguido! Mas agora, ao sentir a aura perigosa que emanava dele, perguntava-se se realmente deveria ter insistido tanto.

Ouviram uma voz feminina ecoar o aeroporto, indicando que a nave do voo pelo qual esperavam, havia acabado de pousar, levantaram-se e foram em direção ao portão de desembarque indicado, quando param em frente ao local designado, Sasuke sentiu alguém puxando sua blusa e quando olhou para baixo, era Hana, com uma cara pidona, o Uchiha suspirou e carregou a pequena, para que ela tivesse uma visão melhor dos recém-chegados. A primeira coisa que viram fora uma cabeleira prateada e arrepiada, Kakashi havia auxiliado a Hyuuga durante a mudança e estava acompanhando-a, Sasuke soltou a filha que estava inquieta em seu colo e observou a mesma indo em direção à morena de olhos claros que vinha atrás do advogado, foi a primeira vez que o Uchiha a vira fora do uniforme da instituição na qual trabalhava, usava um vestido branco, de alças grossas, justo no busto, e com terminação de camadas de tecido fino e transparente, sobre o forro, usava um óculos de sol, provavelmente para esconder as olheiras, já que fora um longa e cansativa viagem, e usava um salto bege escuro e uma bolsa de couro azul-marinho com detalhes da mesma cor do sapato, era uma visão realmente diferente e atraente da professora de sua filha.

Hinata olhou Hana correndo alegre em sua direção e seu coração se aqueceu ao ver o sorriso da menina, aquele sorrisinho puro era a razão de estar cometendo a loucura de desembarcar naquele avião, ele estava convencendo-a, naquele momento, a não comprar uma passagem de volta para onde viera, a partir do momento em que entrara no avião com aquele homem estranho ao seu lado, teve vontade de desistir, pela primeira vez desde que assinara o contrato. Abriu os braços e carregou a menina que se jogava contra si, abraçando-a fortemente, aquele calor era a razão de estar ali, e naquele momento, prometia a si mesma que não ia fraquejar. Que venha o Uchiha!, pensou.