As Cicatrizes Mentem escrita por Sereia Literária


Capítulo 20
Capítulo 20 - Um Sequestro, Uma Descoberta




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(Marina)

Estava sentada na borda da cama quando ele entrou no quarto. Nem o olhei, mas ele começou a falar mesmo assim:

–Quando foi levada por Cinco e quase morreu, entrei em desespero. Por vezes, cheguei a pensar que não a veria mais... Isso me perturbava noite e dia. Eu não dormia nem comia, apenas me preocupava... Mas saber que a magoei... Isso doi tanto quanto...

Como não disse nada, ele continuou.

–Marina, eu... Não aguento mais ficar longe de você...

–Eu também não...-murmurei, então ele se teleportou, apareceu de joelhos a minha frente e segurou minhas mãos entre as suas.

–Me desculpe... –disse ele, e logo depois depositou um beijo em cada mão. Beijos lentos e cheios de súplicas.

Ergui um pouco meus olhos, e vi os seus olhos verdes lindos me fitando. Assim que eles encontraram os meus, um brilho os iluminou, e logo um sorriso torto surgiu em seu rosto. Ergui o canto da boca e logo depois, ele se ergueu e me beijou. Finalmente, depois de tanto tempo, estávamos bem. Estava completa novamente. Ele passou as mãos pelos meus cabelos e eu agarrei sua camisa, o trazendo para mais perto. Então, uma explosão sacudiu a casa inteira, e um pedaço do quarto desabou. Gritei, mas ele me protegeu, rapidamente nos tirando de lá.

–O que houve?-perguntei, aos berros.

O olhar de Oito ficou sombrio quando o nome do traidor que tentou nos separa sai de seus lábios, um sussurro mórbido, baixo e letal:
–Cinco.

(Alex)

Com um golpe de telecinesia, ele joga Nove para o outro lado, quebrando uma das paredes e fazendo parte dos andares de cima desabarem, quebrando algumas das poucas lembranças e quadros que me restaram com a minha família. Cinco vem até mim, os olhos amendoados agora negros como os de um predador sangrento. Dou-lhe um soco que o faz rir. Meu pulso é torcido com todas as suas forças, um ´clock`horrível percorre meu braço enquanto lágrimas rolam de minha bochechas e um grito surdo escapa de minha garganta.

–Calma, querida... Não irei lhe matar agora. Quero que ele veja e sinta.

Então, me jogou no chão. Senti um clock e uma dor fulminante começou a emanar do meu tornozelo. Nove vem correndo e começa uma luta frenética contra Cinco. Logo depois, os outros aparecem. Todos lutando. Marina então se aproxima e me cura rapidamente. Levanto-me e pego a arma que eu achei mais rapidamente: minha sapatilha de ponta. Eu achava que seria fácil derrubá-lo, afinal, éramos todos nós contra ele, mas ele se mostrou muito eficiente. Do bolso se seu sobretudo de couro negro, Cinco pega uma pedra amarela e coloca-a sobre a testa. Um segundo depois, todos os lorienos estavam sem poderes, mas isso não os faz parar de lutar. Faziam de tudo, mas ele era forte e rápido. Em um golpe forte, ele juntou as mãos e as separou com muita força e todos nós fomos jogados com um golpe violentíssimo contra paredes, janelas, criados mudos e qualquer coisa que estivesse atrás de nós. Fiquei zonza por um tempo e o mundo girava, enquanto os Gardes inutilmente tentavam detê-lo. Sempre que algum chegava perto, ele os jogava contra outras coisas da casa ou mesmo um contra os outros.

Por um segundo, cheguei a pensar que aquilo era um sonho. Achei que acordaria e que essa era a sensação conturbada de quando se sai de um sonho... Então, quando coloquei a mão direita no chão, senti uma coisa; uma arma. Nesse segundo, voltei a realidade. Aquilo que se desenrolava a minha frente e era real. A guerra era real. A invasão, iminente. Meu amor por um alienígena? Há, isso também é real. Com um sorriso sarcástico que aprendi muito bem com a minha mãe e aperfeiçoei com Nove, pego a arma e foco a visão. Mirei e atirei em seu ombro (era pra ser no coração, mas digamos que eu estava zonza e mesmo que não estivesse era muito ruim com a mira).

Cinco grita e me fuzila com o olhar, e antes que um segundo tiro o atinja, sua pele se transformou em aço. Arregalei ainda mais os olhos quando ele ergueu vôo. Nove veio correndo e se colocou entre nós, e quando Cinco se distraiu com Marina, Malcolm o acertou com um canhão mog, e isso parece ser a única coisa que faz efeito, pois repercute no aço, como se dando um choque em tons de vermelho vibrante. Ele grita e contrai os músculos, e então, cai no chão, desmaiado. Um silêncio toma conta enquanto nos aproximamos dele com cuidado. Sua pele voltou ao normal e ao lado de suas mãos estão duas esferas; uma de aço e uma de borracha.

–É com elas que ele pode virar aço e borracha-diz Sam.

Mais que depressa, digo:

–Então vamos tirá-las de seu alcance! – me abaixo para pegá-las, em um ato de desespero e burrice ao mesmo tempo.

–Eu não acho bom...-mas antes que Nove pudesse terminar o movimento de fechar os dedos ao redor de meu antebraço, os olhos de Cinco se abrem e ele agarra meu pulso com uma força descomunal. Em menos de segundos, ele levantou vôo, me levando junto.

–NÃO-Nove grita, enquanto me puxa pelo outro braço, mas com o poder de telecinesia, Cinco o joga contra a escadaria, e ele cai com um baque.

–NOVE!-Grito, esticando a mão livre e inutilmente tentando soltar a outro enquanto subimos. Vi que com o seu poder, Cinco começa a fazer a casa desmoronar e desabar, como em uma implosão.

(John)

Assim que ele sai da casa, ela começa a desabar. Paredes, candelabros, tudo caindo sobre nós. Seguro Sarah pela mão e começo a correr. Felizmente, Cinco se afasta rápido, então nossos Legados são ´reativados`.

(Oito)

Logo que meus Legados voltam, pego Marina e a teleporto para fora. Volto para a casa e ajudo a levar os outros do mesmo modo, e em poucos segundos, estamos todos a salvo.

Do lado de fora, vemos a casa enorme que nos abrigou desabar, como a autoconsumir-se. Fumaça e fogo tomam conta do local, enquanto vemos nosso único ponto de apoio sucumbir.

–Vou pegar as arcas e as coisas mais importantes antes que a polícia chegue-disse John, correndo para a casa em chamas.

Poucos minutos depois, John volta com as nossas arcas, alguns computadores que não foram tão danificados e algumas comidas. Assim que entramos na van e ligamos o motor por telecinesia, ouvimos sirenes e helicópteros se aproximando, e então aceleramos, entrando na ciclovia e logo depois e nos juntando aos carros na rodovia.

{Em um bar no Caribe, algumas horas depois}

–A casa está em chamas e estas são imagens de primeira mão. Era a casa do empresário Edgar Vancouver, sua mulher Olive e seus dois filhos, Alexandra e Jamie. A família está desaparecida a anos, e a polícia já havia cessado a busca. Mas por que a casa foi explodida após tantos anos? Qual o motivo de tal brutalidade? Mais notícias após os comerciais- e desfocaram a repórter, terminando com imagens da casa.

Engoli um pedaço do sanduíche e comecei:

–Tem mais coisa aí...

–Luna...

–Não! Tem mais coisa aí, você sabe disso!-fiquei de pé e apontei o dedo na cara dele.

–Você e suas teorias de conspiração...-diz Jonas, levando a mão à testa.

Fico indignada.

–Pense comigo! O colégio em Ohio, o convento na Espanha, o prédio em Chicago, o avião que pousou do nada! As testemunhas dizem que as moças e o cara tinham poderes!-digo, gesticulando, enquanto todos em volta me olham provavelmente pensando que eu sou louca... Ou simplesmente por parecer uma americana mimada que queria mais queijo e menos molho no sanduíche.

Jonas ergue os olhos incrédulos. Chego bem perto dele e falo cara a cara.

–Você pode não acreditar, mas uma coisa muito grande está para acontecer, e eu tenho a impressão de que será decisivo, não para nós, ou para ocidentais ou orientais, mas para o mundo inteiro. E eu não vou ficar parada aqui enquanto todos pensam que eu sou louca.

Viro de costas e começo a andar, saindo do bar. Estamos no Caribe, em uma de suas muitas ilhas, passando as férias. Sento-me no deque, na parte em que posso molhar meus pés na água, e me deito, com os braços debaixo da cabeça, olhando o céu e suas estrelas. Perto daqui, uma boate aberta está acontecendo, com show de luzes e holofotes que riscavam o céu. Então, alguma coisa passou no céu, de modo que a luz verde batesse e voltasse. Era uma coisa de metal, mas era pequena e rápida demais para ser um avião. Era grande demais para ser um satélite. Levei um susto, mas logo peguei meu celular e quando uma luz azul bateu, tirei uma foto. Dei o zoom máximo e levei um susto ao entender a imagem:

Era um ´homem-de-ferro`, levando pelo pulso o que pareceu-me ser uma pessoa! Levei a mão a boca e fiquei em choque por alguns segundos. Claro, a imagem estava muito ruim, mas quem prestasse atenção, podia ver claramente duas formas humanas. Era a prova de tudo! Rapidamente, me levantei e corri até o bar, mas Jonas não estava mais lá. Corri até a garçonete e perguntei de seu paradeiro.

–Fué a la fiesta-respondeu ela, apontando para o lugar da balada aberta.

–Gracias-respondi, com meu espanhol de meia boca e meio enferrujado. Saí em disparada e fui a festa aberta. Estava mais para um luau moderno, com música eletrônica e luzes a laser, mas ainda assim um luau. Nada de ´vulgar` estava acontecendo, então foi fácil achar meu irmão, que estava de conversa com uma caribenha muito bonita.

–Ei-cheguei, cutucando ele, que a princípio me ignorou, mas como não saí de perto e a moça já havia me visto, ele me deu atenção

–O QUE?

–Uma coisa muito importante aconteceu, você precisa saber.

–Não dá pra ser mais tarde não maninha?-disse ele, se virando novamente para a moça. Mas agarrei seu braço e o virei bruscamente.

–Não, definitivamente não. – Logo depois de dizer isso, dei um zoom na foto. Ele tomou o celular de minhas mãos e seus olhos se arregalaram gradativamente. Logo, ele olhou para o céu, depois para mim e logo se virou para a moça, se desculpou rapidamente e saímos juntos, para um lugar mais privado, onde, desesperado, ele perguntou:

–O que você acha que é isso?-meus olhos se iluminaram. Agora ele acreditava.

–Bom, eu acho que ela é um membro da família Vancouver, e que, por acaso, é uma alienígena.

–Ah, por favor...

–Sim! Nada faz mais sentido! Ligue os pontos! Por qual motivo além desse a família desapareceria? Será que foi isso mesmo ou seu desaparecimento tem haver com o fato de eles quererem sumir?!

Ele pensou um pouco, e eu logo peguei minha caderneta de anotações, que estava mais para um livro. Logo abri suas páginas.

–Olha, eu acho que temos dois tipos de alienígenas aqui: os de pele muito branca e clara e os que tem poderes. Ambas as raças se misturam com a nossa!

Folheei um pouco as páginas até chegar a uma foto de John Smith, ao lado com fotos da escola destruída.

–Este é um dos que tem poderes. Tenho certeza de que eles são os bonzinhos. Esta-disse, apontando para uma espanhola de olhos azuis-Também é da mesma raça deles, assim como esses. Já estes –disse, apontando para os outros-É da parte dos maus.

–Tá, mas onde se encaixa este?- perguntou ele, apontando para a foto do meu celular –Ele tem poderes, mas, se a família Vancouver era dos bons, por que ele a estava levando?

Pensei um pouco.

–Uhm... Pode ser um traidor... A única coisa que eu sei agora, é que temos de achar um jeito de encontrar ele-disse, apontando para John Smith.

–Por que ele?

–Tenho certeza absoluta de que ele é um dos mocinhos, e devem os estar procurando.

Jonas faz que sim.

–Vamos então.


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