As Cicatrizes Mentem escrita por Sereia Literária
(John)
Ao ver Sarah meu coração pula de alegria... Sinto orgulho dela, e agora que eles chegaram, a batalha que antes parecia perdida começa a ganhar outro rumo... Mas, um segundo: Se Sarah, Sam e Malcolm já saíram, quem estava dirigindo a van? É então que o veículo começa a se mover rapidamente pelo gramado, com a porta traseira aberta, recolhendo todos que estão do nosso lado da batalha. Os Chimaeras se transformaram em animais de grande porte e escoltam a van, impedindo que os tiros dos canhões a detenham. Sarah sobe na van, estica o braço para Nove, e então Oito se teleporta para o lado de Marina e se teleporta com ela para a van. Deixa-a lá surge do meu lado, segura a minha mão e em um piscar de olhos me deixa na van. Ele transporta Seis e Malcolm, enquanto Adam e Sam embarcam nesse meio tempo por si sós.
–TEMOS QUE PEGAR A ELLA!-Marina grita.
–E onde ela está?-Seis pergunta.
Marina leva a mão ao coração, e fica com olhar preocupado.
–Não... Não sei... Pedi para que ela se escondesse... Não sei onde ela se escondeu!
Lágrimas brotam de seus olhos e Oito a abraça. Nessa hora, o motorista dá uma virada forte que derruba a todos nós.
–ERA SETRAKUS RÁ! VOCÊ NÃO SE LEMBRA?-Grita Nove, por cima dos tiros e do som dos pneus.
Todos estamos caídos no chão, e quando começamos a nos levantar, outra virada para o outro lado. Todos gritam.
(Nove)
Depois que saímos do buffet, ninguém nos seguiu... Acho que não tiveram tempo. Estamos na van há quase 30 minutos, e quase ninguém fala nada. O que posso ver é Seis sorrindo pra Sam e Sarah pra Quatro. Marina ainda está meio abalada, e sua cabeça está recostada ao ombro de Oito, que a consola dizendo palavras aos seus ouvidos. Ainda não sei quem dirige, e estamos agora entrando em uma cidade muito pequena e rural. Devem ser 3 horas da manhã, e temos somente um restaurante de beira de estrada ao lado de um posto aberto. É meio deprimente, e está caindo aos pedaços, mas está vazio, e sem ninguém além de uma ou duas garçonetes e um guarda quase dormindo.
–É melhor pararmos para comer-anuncia Sam. Ele e Seis estão lado a lado, de mãos dadas desde que entraram. Ela concorda.
Malcolm faz que sim e acrescenta:
–Alex, vamos parar no restaurante.
O motorista (que parece se chamar Alex) dá uma guinada e estaciona com dificuldade. Parece que ele não sabe dirigir muito bem...
Descemos do carro, todos aos casais: John e Sarah; Marina e Oito; Seis e Sam. Malcolm e Adam descem sozinhos, e então a porta do motorista se abre. Desce então uma moça de uns 17 anos, cabelos muito ruivos, cacheados e compridos, pele clara e com sardas, olhos verde esmeralda.
Estava com um sorriso aliviado no rosto.
Sam largou um pouco a mão de Seis e passou o braço em torno do pescoço de ´Alex`.
–Mandou bem Alex! Tinha certeza que conseguiria!
–Com certeza!-Sarah acrescentou.
Alex sorriu, mas percebeu que todos os outros olhavam para ela a procura de uma explicação. Seis, em especial, parecia se morder de ciúmes.
Sam soltou-a e se afastou um pouco.
–Ah, gente, essa é a Alex.
Ela deu um meio sorriso amarelo e acenou timidamente.
Todos nos entreolhamos, e então Malcolm interfere.
–Vamos entrar, comer, e então eu explicarei tudo.
Trocamos olhares, e ninguém parece gostar muito da ideia, mas todos obedeceram. Meio relutantes, entramos no restaurante.
(Oito)
Marina e eu nos entreolhamos, mas obedecemos. Ela está com o braço no meu pescoço, e eu passo o braço em torno da sua cintura.
Quando entramos no local pela porta de vidro surrada, sentimos um cheiro nauseante de fritura, com ventiladores grandes espalhando o vento gorduroso pelo local. Os balcões estão vazios assim como as mesas, que estão, em sua maioria, sujas. Moscas batem na janela, e uma música que deve ter sido tirada do fundo do caixão toca baixa e desanimadamente.
–Que classe!-comento com Marina. Ela sorri e faz que sim.
Assim que percebe nossa presença a garçonete do balcão levanta a cabeça e arregala os olhos. Isso não deve ter nada haver com a gente; uma moça com um vestido preto todo rasgado, sujo e com um corte na barriga, descalça, ainda por cima; quatro adolescentes com terno, todos sujos de terra, um pouco de sangue e todos esfarrapados; outra moça, de vermelho, com o vestido todo rasgado, descabelada, com o pescoço roxo e um pouco de sangue seco no canto da boca e nariz, e, claro, duas meninas, um homem e um adolescente quase limpos, de jeans e não tão despenteados.
Ela nos encara de cima a baixo, e não contento um riso.
–Ahn, vão pedir o que?-pergunta ela, meio duvidosa e receosa, ainda nos encarando.
–Dez hambúrgueres, dez refrigerantes e, se puder, uns guardanapos e gelo-disse John.
Ela anotou em um bloquinho enquanto mascava seu chiclete ruidosamente.
–Onde fica o banheiro?-Marina perguntou.
A garçonete aponta sem entusiasmo e sem tirar os olhos do bloquinho para um canto do restaurante.
As meninas se entreolharam e foram pra lá. Todas, exceto Alex, que ficou parada timidamente. Eu também me encaminhei ao banheiro masculino, assim como todos os outros homens. Alex apenas se se sentou à mesa e ficou parada, excluída e sozinha.
(Sam)
O banheiro era apertado, mas era mais limpo do que eu esperava. Tinha apenas dois sanitários e duas pias, com um resto de sabão em barra entre elas. Nove e Oito se apressaram a entrar nos sanitários, e, alguns segundos depois, Nove comemora com sarcasmo:
–Uhul! Sem papel!
–O meu tem papel-responde Oito, contando vantagem com um tom brincalhão.
–Mancada.
Oito sai do sanitário e joga o rolo de papel por cima da porta para Nove.
–Valeu irmão.
Oito parou na pia, lavou as mãos e tirou a camisa para lavá-la. Assim como a de John, ela estava encharcada de sangue. Eles começaram a passar água no sangue que ainda estava em seus corpos, e eu entrei no sanitário assim que Nove saiu.
(Nove)
Assim que saio do sanitário, vejo John e Oito lavando a camisa e a si mesmos.
–Que mania de mulherzinha!
Quatro e Oito se viram pra mim com cara de ´tá falando sério?`
–É só sangue meninas!-digo, saindo do banheiro. Não me importo com o sangue, nem com os machucados, nem com a sujeira... Adoro isso.
(Alex)
Não sei bem oque devo fazer. Não conheço ninguém, ninguém me conhece... Estou sentada no canto da mesa, encolhida, esperando o pedido chegar, quando o Garde mais alto, o de cabelos escuros e braços fortes senta na minha frente. Ele tem uma cara meio incrédula, desafiadora e inquietante, mas ainda assim é bonito.
–Então...-ele começa-Alex, não é? Oque você faz aqui? Quem é você?
Engulo o seco... Ele é realmente intimidante.
–Sim, eu me chamo Alex...
–E por que quer nos ajudar, Alex?-Ele pergunta isso com um tom de sarcasmo, como em um interrogatório que se assiste em filmes.
–Por acaso, você é um deles? Uma morgadoriana?
–Não, nunca!-respondo isso rápida e vivamente.
Ele passa o corpo por cima da mesa, chegando bem perto de mim. Eu me encolho, mas as cadeiras são grudadas no chão. Quando ele está perto o bastante para que eu possa ler seus pensamentos, ele diz:
–É bom mesmo. Não hesitarei em matar você-isso soou tão sério, tão baixo e ameaçador, que senti um arrepio na espinha. Mas, por sorte, a garçonete chega com o pedido e começa a dispô-lo na mesa, fazendo com que ele volte ao seu lugar.
Ele pega um hambúrguer e começa a comê-lo vorazmente, e aí começam a chegar os outros, dos banheiros. Primeiro, surge Sarah, e logo depois dela a moça de cabelos negros e um vestido vermelho. Um pouco depois, a de vestido preto.
Do banheiro masculino, vem o indiano de olhos verdes, Sam, o loiro e o extremamente claro, e Malcolm. Todos se sentam a mesa, e todos parecem estar inquietos com a minha presença.
–Esta é Alex... Ela quer ajudar.
–E como ficou sabendo de nós?-pergunta a menina de longos cabelos negros.
–Isso não importa- responde ela, ficando meio constrangida.
–COMO NÃO IMPORTA?!-o Garde de cabelos pretos, aquele mais alto, grita, ficando de pé.
(Sam)
Com a reação de Nove, Alex se encolhe na cadeira, com os grandes olhos verdes arregalados.
Levanto-me.
–Ela matou um morg! E foi com a ajuda dela que conseguimos achar o buffet e sem ela não teríamos achado o trailer.
–Isso não quer dizer nada...
Quando Nove vai andando para perto dela, eu paro ele com o braço.
Ele dá um riso incrédulo.
–Você vai mesmo me desafiar?... Você, contra eu?
–Mas ele não está sozinho-John interfere, com olhar sério.
–Não mesmo-garante Seis.
–Se ele diz que ela é confiável, eu ACREDITO que ela é confiável-diz John, falando sério.
–Eu também-diz Seis.
Nove os olha, com o seu olhar desafiador. Marina então se levanta com Oito, e também ficam ao lado de Seis e John. Sorrio.
–Tá, que seja- ele diz emburrado e meio magoado, por ninguém ter ficado ao seu lado. Ele volta para a sua cadeira, e todos fazem o mesmo.
–Este é Quatro-digo.
O rosto de Alex se ilumina, e ela fica de pé.
–Eu sei quem você é! Você é John Smith, daquela escola em Ohio...
Ela leva a mão à boca.
–Meu Deus, aqueles bichos fizeram aquilo, na escola?!
Nos entreolhamos.
–Sim- afirma John.
Ela se senta, chocada.
–E... Aquele convento na Espanha?...
Marina tem um sorriso chocho e acena meio sem jeito.
–Confirma.
–Chicago?
–Sim...
Nove então parece se concentrar na mesa, e depois olha em volta.
–Ligaram pra polícia.
Olhamos para o guarda, com a arma de choque à postos, as garçonetes com facas de cozinha e panelas nas mãos. É nesse segundo que ouvimos sirenes ao longe. Chegaram.
Nove fica em pé.
–Vai ser moleza-diz ele-Já lutamos contra coisas mais perigosas do que uns cinco policiais com armas de brinquedo e garçonetes nervosas.
É então que as janelas são quebradas por uns vinte krauls, famintos, que vem em nossa direção, ao mesmo tempo que tiros de canhões morgadorianos atravessam as paredes e nos atiram pra longe.
Nove está jogado, todo sujo.
–Esquece oque eu disse.
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