A Maldição do Tigre escrita por Catarina


Capítulo 26
XXV


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Ren

Caminhei com uma ponta de esperança até o quarto de Kadam. Estava até ansioso, o que me fez pensar o nível de controle que Kelsey tem com meus sentimentos.

Bati de leve em sua porta e esperei o barulho de seus passos, mas nada aconteceu. Bati novamente desta vez com mais força e ele abriu a porta. Ao me ver ele sorriu e me convidou para entrar. Me sentei na cadeira da penteadeira. Fui direto e lhe contei tudo o que aconteceu ontem à noite, tudo o que Kelsey me disse, que ela voltaria para o Oregon

Ele ficou me encarando uns segundos, processando. Ontem mais cedo eu lhe disse que reconquistaria Kelsey, mas agora estou no fundo do poço.

— Ela não gostou de seus modos ontem? - perguntou.

— Ela aparentemente gostou, mas... Ela acha que não a amo, e ainda teve a corajem de dizer que meu amor por ela é fruto da maldição. - passei as mãos no cabelo totalmente frustado. Por um momento as lágrimas quase vieram. Mas segurei. Agora não. - Não sei o que fazer, ela está muito decidida.

Ele suspirou e olhou para suas mãos. Depois olhou para mim com seu olhar paternal.

— Então ela está confusa. Kelsey passou por muitas coisas. Certamente ela quer esquecer sua relação pela raíz, afim de se machucar menos. - ele parou quando eu bufei. - Ou ela esteja apenas deixando você viver sua vida com opção de escolha.

O olhei estufepato. Como assim ele também disse isso? Me levantei da cadeira e andei em círculos pelo pequeno quarto. Kadam me olhava sem dizer nada, apenas observando meus movimentos involuntários. Eu estou completamente perdido! Kelsey não pode ir.

— Dê tempo ao tempo Ren. - continuou. - Talvez seja a hora certa para Kelsey partir. Os dois precisam pensar melhor tudo o que está acontecendo. - ele afagou minha mão - Mas as mulheres são inseguras. Deixe-a ir, todo relacionamento precisa de um tempo para pensar melhor sobre tudo. Espere e verá que tudo vai dar certo.

Ele disse sorrindo e batendo levemente com as mãos na minhas costas. Mas eu não estava satisfeito. Claro que não estava. Isso não entrava na minha cabeça. Mas se ela realmente for, não quero que passe dificuldades. Palpitei algo a Kadam.

— Se ela realmente for embora. Lhe peço que providencie uma casa e uma vaga na melhor faculdade da região. Se puder conseguir uma casa geminada seria melhor, já que os pais dela podem querer ficar por perto. Uma conta no banco para gastos pessoais e um carro... - respirei fundo - azul. Por favor, quero que ela tenha a melhor educação do Oregon.

Ele concordou confuso pela escolha detalhada do carro. Mas eu queria que ela se lembrasse de mim todos os dias. Parece um pouco egoísta, mas não me aguentei. Sai do quarto sem dizer mais nada. Tudo que deveria dizer já fora dito. Entrei no meu quarto e fiquei deitado na cama olhando por teto. O sono não vinha junto com falta imaginação para fazer qualquer coisa para que Kelsey fique aqui, comigo.

Algumas horas passaram e eu finalmente tive uma idéia. Amanhã eu iria mudar os pensamentos de Kelsey, ela não me deixaria tão fácil assim. Eu não a deixaria ir sem lutar por ela.

~*~

Acordei um pouco tarde hoje. Levantei e me arrumei. Depois de me declarar aceitável, peguei minha carteira e desci as escadas, encontrando tudo vazio. Kadam, Nilima nem Kelsey estavam à vista. Estranhei Kadam estaria nesta hora lendo algo na biblioteca. Não comi nada. Deve estar providenciando as coisas que pedi ontem.

Enquanto andava pensava se ela iria gostar ou não da surpresa, e o que eu iria falar na hora. Comecei a andar pelas diversas lojas daquele centro comercial. Tinham tantas lojas e variedades que fiquei perdido. Caminhei mais um pouco quando avistei uma lanchonete/restaurante, não comi nada até agora então entrei.

Quando me sentei, uma garçonete veio ao meu lado com um bloquinho em mãos. Ela pediu para que eu escolhesse no cardápio o que iria comer, um pouco perto demais. Não gosto de mulheres assim, no jantar com Kelsey, entrei no jogo daquela mulher para fazer ciúmes a Kelsey. Mas esta fora de cogitação considerar alguém assim. Escolhi uma sopa de legumes simplesmente, ela anotou um pouco carrancuda pela minha falta de atenção á ela. Alguns minutos depois ela trouxe meu pedido e sumiu atrás da bancada.

Quando acabei pedi a conta, e percebi que a garçonete colocara um papel a mais no bilhete de pagamento. Seu número e nome, que era Yami. Quando ela estava indo embora a chamei novamente, ela voltou toda animada. Com um pouco de vergonha perguntei:

— Herr.. Se estivesse em uma crise amorosa, o que gostaria de ganhar de seu namorado para ele ter chances de reconciliação? - fui direto e um pouco imprevisível demais.

Ela me fitou de um modo estranho.

— Bom primeiro ele não me ganharia fácil com um presente, mas.. Uma jóia ajudaria bastante, toda mulher gosta de jóias.

Eu agradeci e ela foi atender a outra mesa. Paguei a conta e sai do lugar. Andei um pouco até encontrar uma joalheria. Mas logo percebi que não seria muito inteligente dar uma jóia para sua namorada para impedir que ela saia do país. Saí da loja decepcionado, eu não encontrara nada para dar a ela.

Quando estava voltando vi uma loja de artigos indianos. Era a última que entraria. Quando abri a porta um barulho de sinos ecoou pelo local. Isso! Sinos! Eu compraria algo que tenha sinos para que nunca mais precisássemos procurar um em nossas buscas. Fui até o balcão e pedi alguma coisa relacionada, e o vendedor me mostrou uma tornozeleira de ouro com talismãs em forma de sino. Era realmente muito bonito, comprei na hora.

Voltei para casa. Já pensei nas palavras certas. Agora só restava entregar-lhe. Suspirei. Caminhei pelo caminho de pedras até a entrada. Subi até meu quarto onde deixei o embrulho com o presente de Kelsey e resolvi ir até seu quarto. Fui até lá mas ela não estava, então fui até os fundos de casa onde está a piscina. Encontrei Kelsey, mas ela não estava sozinha.

Kishan estava lá.

Conversavam abertamente, mas peguei só a metade da frase.

— ... uma boate numa cidade aqui perto onde se pode jantar e dançar. Pensei que poderíamos dar uma passada la, quem sabe comer alguma coisa, e você poderia me ensinar a dançar.

Como assim? Sai por algumas horas e Kishan já estava aqui em casa chamando Kelsey para jantar, e ainda solicitando que ela lhe ensine a dançar? E o que ele estava fazendo aqui?

A raiva subiu meu corpo, eu queria ir la e destroçar ele, mas só cruzei os braços e fiquei olhando. Kelsey ria, o que fez meu ciúmes ir ao limite. Ela disse que era a primeira vez na Índia e que não sabia nada sobre essas coisas. Kishan só ficou mais sorridente e insistiu. Depois Kelsey argumentou que não saberia o que vestir e Kishan recomendou Kadam para ajuda-la. Ele saiu correndo deixando Kelsey sozinha.

Eu não me mexia, continuei a olhando, sem piscar. Ela parou e ficou olhando para os lados e fixou o olhar em mim. Eu desejava tocar-lhe e pedir que ficasse comigo, sentia minha ligação com ela, cada centímetro de meu corpo querendo ela em meus braços. Eu continuava parado quando ela fechou os olhos e foi embora. Sem olhar para trás. Caminhei silenciosamente atrás dela, a observando até que ela entrou. Depois disso fui para meu quarto onde encontrei Kishan no caminho.

— Oi irmão - falou.

O fuzilei com os olhos. Será que ele tinha consciência que era um babaca? Esbarrei em seu ombro ao passar.

— Quanta hospitalidade de sua parte. Fiz algo para me receberem de mal humor hoje? - ele disse, mas não dei a mínima. - Vi Kelsey na piscina. Vamos sair hoje a noite.

Me virei devagar enfurecido.

— Se quiser ir, Kadam também vai.

O dispensei com um gesto de mãos e entrei em meu quarto. Era por isso que Kadam não estava aqui de manhã. Ele foi buscar Kishan, mas por que não me contou nada? Seria o certo. Deixei isso de lado. Peguei uns papéis e comecei a escrever poemas. Todos relacionada a Ela. Mais tarde, Kadam veio ao meu quarto me chamar para ir à festa, mas eu neguei. Ela pediu espaço e tempo, e é isso que eu vou fazer. 

Fiquei muito tempo remoendo minha resposta. Agora eles iriam comemorar e eu iria ficar aqui, sozinho. Mais cedo eu tinha decicido lutar por Kelsey, e agora a deixei ir livremente assim com Kishan? Em um jantar. Eu sou idiota ou o que?
Coloquei a primeira roupa que me vi e parti em direção á boate. Agora estava mais decidido do que nunca por lutar pelo coração de Kelsey.

Por sorte Kadam dissera o nome da rua da boate. Entrei e o lugar estava cheio, procurei por Kelsey e a achei dançando no meio da pista em uma música lenta, com Kishan. Já tinha controlado minhas emoções no caminho então fui até eles e disse calmo:

— Creio que esta seja a minha dança.

Kishan arregalou os olhos e logo teimou que Kelsey que teria que escolher, por fim ela aceitou e veio atè a mim. Peguei nas mãos dela e coloquei-a em meu pescoço enquanto a outra acariciava seus braços até envolver sua cintura, fiz pequenos corações com os dedos em suas costas antes de puxa-la para perto de mim, ficar assim com ela me fazia ficar sorrindo atoa.

Dançávamos enquanto eu lhe acariciava com o nariz, seu cheiro limpava minha alma. A música terminou e eu a levei para o pequeno jardim do lugar. Ficamos perto de uma árvore e não pude deixar de notar que a lua fazia seu rosto ficar radiante, como uma deusa. Ela olhava para o chão, então levantei seu rosto e ela me olhou relutante nos olhos.

— Kelsey, tem algo que eu preciso lhe dizer. Quero que você fique calada e ouça.

Ela acentiu e eu comecei a falar. Lhe disse que pensei sobre o que ela me disse na outra noite. Toquei seu rosto até seus lábios, e sorri lembrando de nossos beijos.

— Kelsey - peguei em seus cabelos e lembrei de seu cheiro de pêssego com creme e desejei nunca perde-lo -, o fato é que... estou apaixonado por você... já faz um tempo. - brinquei com seus dedos e lembrei da tornozeleira - Não quero que você vá embora. - beijei seus dedos e peguei a tornozeleira. - Quero lhe dar uma coisa.

Lhe exliquei o que era e que eram muitos populares na Índia e que escolhi com sinos para que não tenhamos que procurar mais um. Coloquei-a em seu tornozelo e rocei os sininhos para tilintarem. Respirei fundo e me levantei, peguei em seu ombro e a abracei como se dependesse disso para viver.

— Kells... porfavor - eu estava desesperado, e comecei a beijá-la para que a sensação fosse embora, mas não. - Por favor, por favor. Diga que vai ficar comigo.

Então beijei sua boca, deslizei minhas mãos atè seus braços, mas ela... não reagia. Parei e a olhei nos olhos. Era agora.

— Por favor não me abandone, priya. Não poderei viver sem você.

Ela começou a chorar e uma plantinha de esperança nasceu dentro de mim. Mas morreu na hora em que ela falou que eu tenho que apender a viver sem ela e que existe mais na vida do que ela. Falou que me ajudou a ser livre e que não iria me acorrentar e que eu estava livre para fazer coisas que eu não pude fazer nesses anos perdidos.

— Devo colocar uma coleira em você? Acorrentá-lo para que passe a vida ligado a mim por obrigação? Sinto muito Ren, mas não vou fazer isso com você. Não posso. Por que... eu também amo você.

Dizendo isso ela me beijou e foi embora. Mais uma vez foi embora. Eu fiquei olhando para o nada, pensando em nada. Eu falhei, ela iria embora e me deixaria. Me levantei, arrasado e com o coração partido. Cheguei em casa e já tinham chegado, encontrei Kadam se preparando para dormir. Apenas lhe disse que era para providenciar o que eu pedira, e ele já entendeu. Só me lançou um olhar compreensivo e eu subi. Entrei em meu quarto e fiquei deitado. Em algum momento eu adormeci.

Acordei com o barulho de carro, olhei pela janela e vi Kadam dando partida no carro... com Kelsey dentro. Não! Não, não, não. Eu repetia isso enquanto corria pelos corredores. Não. Pulei a escada e aterrissei agachado lá embaixo. Ainda não! Abri a porta com um estrondo, e me transformei em tigre para correr mais rápido. Por favor não! Vi o carro desaparecer entre as árvores e minha ficha caiu: ela se foi. Eu transbordei e coloquei todo meu ar para fora, um rugido que saia de mim como uma cachoeira de emoções. Eu estava jogado no chão, transformei em homem, com as mãos e joelhos no chão de terra. Ela se foi sem ao menos se despedir.

— Não por favor... - sussurrei para o nada.

Não sei quanto tempo fiquei ali, mas Kishan colocou a mão em meu ombro e eu me assustei, caindo no chão. Ele me olhou perplexo e me estendeu a mão para me levantar. Mas me levantei sozinho, sequei as lágrimas e voltei ao tigre. No quarto simplesmente desmoronei. Kishan veio em meu quarto tentar me consolar, mas não queria que ele me visse chorando, apenas fechei a porta. Estava sendo egoísta? Não sei, mas o que eu sei é que a única coisa que se passa pela minha cabeça é a dúvida.

Será que um dia a verei de novo?

 


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Notas finais do capítulo

Penúltimo capítulo! Se não comentou antes, COMENTA AGORA! Corre que seu tempo ta acabando. Tic tac..
Até a próxima!



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