Leo's P.O.V

Acordei, como sempre, bagunçado... Sempre que eu dormia, acordava esparramado na cama.

Mas dessa vez, eu não me esparramei sozinho...

Calipso estava abraçada comigo. Ou o que você pode chamar de abraço, já que ela estava esparramada em cima de mim e eu estava esparramado na cama de barriga para cima. O rosto dela estava contra meu peito e eu não fazia a menor ideia de como ela fazia para respirar... Seus braços estavam jogados ao redor do meu pescoço. Parecia que eu era o colchão dela. Com um travesseiro em forma de ursinho. (N/A: Por que ursinho?) (N/L: Porque ela gosta de ursinhos.) (N/A: Se ela gostar do Jason você vai gostar também?) (N/L: Vai se ferrar, autora!)

Ela se moveu. Parecia ter acordado e começou a sair de cima de mim. Eu a abracei forte.

– Não... Fica...

– Leo. - Ela disse com a voz sonolenta. - Estou te esmagando.

– Não está não. - Ainda abraçando-a, virei de lado, deixando-a de frente para mim.

– Você sempre consegue o que quer... - Ela se aconchegou em meus braços.

– Quase sempre, Destruidora de Mesas... Às vezes não tem como discutir com você...

Ela riu. Mas seu riso falhou três minutos depois.

– Estou com medo...

– Vai ficar tudo bem... - Segurei seu queixo, fazendo com que ela erguesse o rosto para me olhar nos olhos. - Estou aqui, não estou? Eu amo você...

– Eu também amo você... - Ela sorriu e me beijou.

– Me diz uma coisa...

– O que é?

– Como uma garota pode ter uma pele tão clarinha passando mais de três mil anos presa em uma ilha tropical?

Ela riu.

– Pergunte uma coisa que eu sei como responder...

– Como você consegue me enlouquecer até mesmo quando acaba de acordar?

– Você cai fácil em meus encantos, Valdez...

Ficamos abraçados por mais dez minutos, até que ouvi um estampido, seguido de gritos de surpresa e um rugido de Festus...

Nos levantamos na hora. Estávamos tão apressados que Calipso vestiu uma camiseta minha, enquanto eu peguei por acidente uma blusa do Bob o Construtor. (N/L: Quié? Nunca tiveram infância?!)

Saímos correndo. Os outros já haviam saído. Nico estava estranhamente ferido e mancava.

Nota mental: Perguntar o que Nico e Thalia aprontam de noite!

No meio do convés havia uma... Mulher. Era linda. Tinha longos cabelos ruivos que batiam na metade de suas costas. Usava um vestido de seda da cor rosa. Seus olhos eram verde-esmeraldas. E pareciam cintilar.

Calipso continua mais bonita! Essa aí é muito magra! E aposto que não chegaria nem a dois centímetros de um punhadinho de terra!

Ela sorriu quando nos aproximamos. E eu podia jurar que seu sorriso foi mais para os garotos do que para as garotas.

– Olá, semideuses... Me chamo Giselle. Vocês são?

Nico foi o primeiro a se pronunciar. Sua voz soando ameaçadoramente desconfiada...

– Sou Nico...

Os olhos verdes de Giselle brilharam ao vê-lo. Ela pareceu sentir um cheiro que lhe agradou.

– Nico? Que nome mais lindo... É lindo como você...

Thalia, que já estava tão vermelha que eu podia jurar que iria explodir, praticamente se jogou sobre Nico e quase o estrangulou quando abraçou seu pescoço.

– Oi, vac... Quer dizer, Giselle, eu sou Thalia Grace. A NAMORADA do Nico! Ele é lindo sim e é MEU namorado! E eu amo ele demais! Eu já disse que sou a NAMORADA dele?

Segurei um riso diante da demostração de ciúmes de Thalia. Não esperava que fosse tão ciumenta a ponto de deixar o namorado mais pálido que o comum de tanto sufocá-lo.

Ele se desvencilhou dela e envolveu sua cintura. Depois beijou seu pescoço e sussurrou tão baixo que eu levei um trabalhão para ouvir. (N/A: Curioso!) (N/L: Não enche!)

– Ciumenta... Saiba que só existe você. E só porque ela me chamou de lindo, não quer dizer que eu esteja interessado, não é?

Giselle pigarreou.

– E vocês outros? Como se chamam?

– Não devemos nomes a uma garota que aparece do nada em nosso navio! - gritou Travis, visivelmente frustrado e desconfiado.

Ela pareceu ofendida.

– Sim... Está certo. Não devem nomes a uma estranha. - Ela sorriu diabolicamente. - Mas eu não sou tão estranha.

Ok, aquilo já estava me dando medo!

Fiquei com mais medo ainda quando as mangas do vestido de seda de Giselle se transformaram em longas asas de couro. E seu corpo aumentou de tamanho, ganhando uma coloração cinzenta da mesma cor das asas. De seus dedos cresceram longas garras. A parte de baixo das asas ligava-se aos seus tornozelos. Seus pés aumentaram de tamanho.

Basicamente falando, uma morcega ruiva gigante!

Nico tirou sua espada e colocou-se prontamente à frente de Thalia. Jason sacou seu gládio. Percy destampou sua caneta e Annabeth sacou a espada que ganhou de um gigante no Tártaro...

Um bom momento para se ganhar um presente...

Tirei uma espada do cinto e a entreguei para Calipso. Ela fez que não com a cabeça e sacou uma adaga.

Desde quando ela sai por aí com uma adaga?

Travis tirou sua espada e Katie tirou uma espada também.

– Estratégia? - Perguntei.

– Matar a morcega gigante. - Disse Nico. - Eu acho que sei o que ela quer.

– O que ela quer? - Perguntou Thalia.

Nico a olhou. Quando ouviu o berro da morcegona se colocou mais à frente de Thalia.

– Você. É você que ela quer. Mas para te pegar, ela vai ter que passar pelo meu cadáver! - Ele a beijou e virou-se novamente.

– Se quiserem me levar, não vou ficar aqui bancando a donzela em perigo. Vou lutar, porque eu não sou fraca.

– Eu não acho você fraca. Só... Tenho medo.

Ela sorriu e o beijou.

Aff, a gente no meio de uma luta, e eles querendo se beijar!

– Que gracinha! - A voz da mulher soou monstruosa. - O mestre ficará feliz ao saber que você é forte e não se entrega sem luta! Seria fácil demais para ele se você fosse fraca!

– Então venha! Vamos ver o que vai sobrar de você para avisar ao seu mestre que eu não estou afim de virar uma morcega enrugada!

Giselle deu um berro de raiva e investiu sobre Thalia. A única coisa que conseguiu foi um belo de um corte no tornozelo. O que a fez guinchar de dor e raiva.

Invoquei uma bola de chamas e lancei no rosto enrugado e cinzento de Giselle, o que fez com que sua atenção se voltasse para mim.

– Parece que tenho que cuidar de vocês primeiro, não é? Que bom... Eu já estava com sede!

Ela avançou em minha direção com as garras afiadas estendidas à frente. Prontas para rasgar meu rostinho lindo. (N/A: Narcisista! Tá se achando!) (N/L: Recalcada!)

Desviei à tempo e cortei fora um de seus dedos usando a espada.

– Eca... - Falei segurando o dedo, que se contorceu até voltar à forma de um dedo humano, depois virou um osso, depois virou pó.

Ainda com nojo, limpei a mão e a ataquei. Festus rugiu e abocanhou sua asa direita. Ele ia cuspir fogo, mas Giselle saiu do caminho e o fogo atingiu minha camiseta.

E lá se vai o pobre Bob o Construtor!

– Cuidado comigo, amigo!

Corri até Festus e me preparei para subir nele, mas a morcega cinza -como prefiro chamar- voou em minha direção e me acertou com um chute, fazendo com que eu caísse e batesse com força a cabeça no mastro. Minha visão ficou embaçada e senti meu sangue descer pelo local em que o chute me acertou. Na têmpora.

Ela voou até mim e segurou meu rosto com força. Pude ouvir Calipso gritar, mas soube que não havia como atacar Giselle sem me atacar.

Tive nojo ao sentir ela lamber o sangue do meu rosto. Tanto que podia jurar que vomitaria.

– É bom... Muito bom...

Minha visão continuava embaçada. Não via nada com clareza. Mas tive força o suficiente para invocar uma bola de chamas.

– Experimente isso...

Lancei a bola de chamas em seu rosto. Ela gritou e recuou. Seu rosto assustadoramente carbonizado me encarou com raiva.

Nico aproveitou sua distração e investiu contra Giselle, abrindo um talho profundo em seu tornozelo. Ela gritou e agarrou sua garganta antes que ele pudesse recuar.

– Você só está vivo porque o mestre quer cuidar pessoalmente de você, senão eu já teria me banhado com seu sangue.

– Que pena... - A voz de Nico saiu sufocada. - Que você não vai voltar para avisar ao seu mestre que eu sou um incômodo para você...

Ele atravessou Giselle com sua espada negra de ferro estígio. E rasgou a lateral de seu corpo ao puxar a espada para o lado. Ela gritou e o jogou no chão.

Quando Giselle ia atacar de novo, uma raiz se prendeu em seu braço. Depois, outra raiz se juntou à primeira, prendendo-se em seu outro braço. Giselle tentou se desvencilhar, mas as raízes eram fortes. Sombras se ergueram do chão e prenderam-se aos seus pés.

Para distraí-la, Percy lançou contracorrente, que atingiu em cheio seu peito ossudo. Ela berrou mais uma vez. Minha visão começou a falhar e minha cabeça latejava.

Por fim, uma raiz deslizou pelo chão e passou por uma sombra, unindo-se à ela. As duas deslizaram e amarraram firmemente o pescoço de Giselle. Nico olhou para Katie e eles assentiram ao mesmo tempo. Fecharam suas mãos como se segurassem algo invisível, depois fizeram um movimento brusco, puxando essa coisa invisível bruscamente em sua direção.

As sombras e raízes trabalharam juntas e cada uma puxou Giselle para uma direção. Esquartejando-a e fazendo com que eu sentisse enjoo quando a cabeça caiu ao meu lado e se dissolveu. Deixando um grito estridente para trás...

Minha cabeça latejou novamente. Calipso correu até mim e se ajoelhou ao meu lado. Ouvi vozes, mas não pude saber o que diziam. Não conseguia diferenciá-las porque pareciam falar ao mesmo tempo...

Pude ouvir Calipso gritar meu nome.

Foi a última coisa que ouvi antes de apagar.