Rede de Mentiras escrita por Gaby Molina


Capítulo 15
Capítulo 15 - A única exceção


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por voltarem a comentar, significou muito :3

E MUUUUUITO OBRIGADA À CORINGA PELA RECOMENDAÇÃO GATOSA S2 Esse cap vai para você.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/514272/chapter/15

Yeah, I know your love is not real

But that's not the way it feels

That's not the way you feel.

And, yes, I let you use me from the day that we first met

But I'm not done yet

Falling for your fool's gold.

Fool’s Gold, One Direction

Fletcher

Ouvi o barulho de alguém subindo no telhado e comecei a me preparar para a conversa e possível discussão iminente, porém não foi Clarissa que se sentou ao meu lado.

— Olá — disse Elena, afastando o cabelo louro do rosto.

— Oi. O que a traz aqui?

Ela encostou a cabeça em meu ombro.

— Não sei. O que o traz aqui?

— Um incessável desejo de fuga.

— Acho que compartilho desse desejo. O que você fez para a Clarissa?

Ergui uma sobrancelha.

— O que eu fiz?

— É por causa dos seus pais?

— Em grande parte.

— Ela tinha boas intenções, você sabe.

— Disso o inferno tá cheio — ficamos em silêncio por um minuto. — Eu só não entendo.

— O quê?

— Ela não é tão bonita. Nem tão inteligente. Ou engraçada. Ou estável. Eu não entendo por que tem que ser ela. Tem tantas pessoas melhores que ela.

Elena me encarou, e eu soube que estava prestes a levar um sermão bem-feito que colocaria meu rabo entre as pernas.

— Sim, há pessoas melhores que ela. Há pessoas mais bonitas, mais inteligentes, mais afortunadas, mais gentis. Mas a vida sempre vai ser assim, e você não deveria se importar com isso, porque o que você não percebeu é que também há pessoas melhores que você. E, ainda assim, ela te escolheu.

O seu cuzão estava provavelmente implícito no final da frase.

Ethan

Eu gostava de Clarissa, mas ela estava insuportável.

—... E estamos todos destinados ao esquecimento, e essas merdas, então não é como se qualquer coisa que fazemos realmente fizesse qualquer diferença no encaminhamento mundial a nível...

— Eu beijei a Elena — falei, pois julguei ser a única coisa que calaria a boca dela.

Clarissa continuou falando; demorou alguns segundos para compreender o que eu havia dito. Ela franziu o cenho e ficou em silêncio por um momento.

— Quê?!

— Elena me beijou. Eu a convenci a jantar comigo ontem, e ela me beijou.

— Oh — ela murmurou. — Isso... Que bom! Hm, felicidades.

— Calma. Não é como se estivéssemos casados nem nada do gênero — me recostei no sofá, rindo um pouco. — Mas é. Estou feliz.

Ela ficou em silêncio por mais um tempo.

— Fico feliz que tenha dividido isso comigo.

— É — falei, pois não sabia direito como responder.

A campainha tocou. Levantei-me, já acostumado a atendê-la, e abri a porta. Eu só não esperava ver Veronica ali. Fazia muito tempo que eu não a via. Tinha lá seus 40 anos, mas parecia mais nova, com os cabelos louros brilhantes e olhos verdes.

— Querido! — ela me abraçou.

— O que... O que está fazendo aqui?

Ela me soltou, franzindo o cenho.

— Oras! Vim visitá-lo, é claro. Quem é a sua amiga?

Fitei Clarissa.

— É a Clarissa. Clarissa, esta é minha mãe, Veronica.

Clarissa apenas acenou, tensa pela minha postura exasperada.

Fletcher

— Teresa disse que é hora da sua sessão — Elena me disse ao entrar no quarto.

— Não, minha sessão é só daqui a uma hora.

— Ela falou para você ir agora.

Franzi o cenho.

— Certeza?

— Se estou falando, Kingston.

— Está bem.

Fui desconfiado até o consultório de Teresa. Bati na porta e, a seu sinal, entrei e sentei-me no sofá.

— Ah! Olá, Fletcher! — ela sorriu.

— Oi... Agora não é a sessão da Clarissa?

— Não, diminuí as sessões dela. Uma por mês agora.

— O quê?! Não pode fazer isso — encarei-a, sério. — Clarissa não está bem, ela continua mentindo para cacete sobre as coisas mais idiotas, tipo onde está a pasta de dente, ou quem comeu o último pedaço de bolo...

— Fletcher.

—... Não pode tratá-la como se o trabalho estivesse finalizado, porque...

— Não vou dispensá-la de Carmen Hallow, Fletcher.

— Não é isso que quero dizer. Quero dizer que ela não está bem para poder ficar cortando consultas.

— Terminou? — ela ergueu uma sobrancelha. Assenti. — Ótimo. Você tem que entender. Que não há cura para o problema de Clarissa. Há tratamento. Não é como depressão, ou bulimia. Nada que eu, nem ninguém, faça vai fazer com que ela pare de querer mentir o tempo inteiro. Clarissa não vai ficar melhor do que está agora. Ela está sob controle.

— Sob controle?! Ela mal sabe o que fala.

— Você sabe o que é a mitomania, Fletcher? — Não respondi. — É um tipo de pseudologia fantástica.

— O que isso quer dizer?

Ela hesitou.

— Já falei demais. Sabe que não posso discutir fichas de outros pacientes com você. Mas então, como vocês dois estão?

— Hã...

Elena

— Ele está me punindo — disse Clarissa. — Por ter chamado os pais dele. Sei disso.

— O que ele fez?

— Não é importante.

Ergui uma sobrancelha.

— Parece bem importante.

— Tem certeza que não quer descer e falar com a mãe de Ethan?

Soltei um riso.

— Não. Definitivamente não. Vai que ele contou para ela que estamos apaixonados e vamos ficar juntos para sempre. Sei que tenho que esperar esse tipo de coisa vindo dele.

— Sei lá, ele me parece bem equilibrado.

Franzi o cenho.

— Você não sabe?

— Sei o quê?

Balancei a cabeça.

— Deixa para lá.

— O que houve entre Ethan e a mãe dele?

— Eu não sei — admiti. — Nunca fomos exatamente confidentes, não é?

— E quem deve saber?

— Ethan.

— Não posso perguntar a Ethan.

— Esse é o seu problema, sabe? — esbocei um sorriso. — Você nunca faz perguntas à pessoa que sabe as respostas. É como se quisesse a verdade, mas ao mesmo tempo quisesse espaço para duvidar dela, já que ela não foi confirmada pelo dono da história.

Clarissa

Aquilo me atingiu com força. Não era verdade. Fletcher dissera aquela coisa e eu continuava duvidando. Mas talvez ele fosse a exceção. Talvez ele fosse o verdadeiro manipulador, em vez de mim. Eu me sentia idiota, mas o tipo que idiotice que eu não queria que passasse.

A campainha tocou, e usei-a como desculpa para sair do quarto. Quando cheguei à sala, vi de esguelha Ethan se levantando da cadeira da cozinha para ir atender a porta. Ele e a mãe conversavam, pareciam estar se dando bem, o que me deixou feliz.

— Deixa — esbocei um sorriso. — Eu atendo.

Ethan assentiu e voltou a sentar-se. Caminhei até a porta e a abri, deparando-me com uma mulher alta de cabelos negros vestindo roupas sociais.

— Boa noite — franzi o cenho, confusa. — Posso ajudar?

— Meu nome é Christina Blackery — ela se apresentou, um pouco recua. — Conhece meu filho? Ethan? Eu gostaria de vê-lo.

Paralisei. Olhei de relance para a cozinha. Não era possível. Era?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!