Até o fim escrita por Isabella Cullen


Capítulo 22
Não há nada




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Tudo aconteceu realmente muito rápido, Charlie avisou a Ho e Xiaoli que eles estavam voltando e rapidamente eles voltaram para se despedir. Na verdade, a casa dos filhos deles não era muito longe dali. Foi uma despedida emocionante e Charlie a encurtou alegando pressa. Ela jurou voltar e eles falaram que iriam sentir a falta dela, a tradutora terminou seu serviço e também se despediu. Edward e a mãe apareceram mais que depressa depois de algum tempo, Charlie já estava com Isabella em uma ambulância e Edward insistiu que Charlie fosse com sua mãe.

O aeroporto não ficava muito longe e Isabella estava muito nervosa apesar de Charlie falar que isso foi mais uma medida preventiva do que outra coisa. Quando chegaram, a ambulância os deixou perto do jato particular estacionado e já com as portas abertas. Charlie e Esme ficaram cuidando da burocracia, mas depois de alguns minutos foram liberados. Edward teve permissão para embarcar com Isabella antes que eles conseguissem chegar e ficou admirado com o interior. Dentro estavam dois médicos e duas enfermeiras que levaram Isabella para um quarto no interior do jato, lá ela foi recolocada no respirador e analisada rapidamente. Edward ficou atento quando o monitor cardíaco deu alguns apitos, mas os médicos logo ajustaram aquilo. A cama parecia confortável e grande. Eles fizeram perguntas para Isabella e viram alguns exames que Edward trouxe do hospital. Ele estava nervoso, não podia saber como Isabella iria suportar uma viagem, mas o jato era muito grande e confortável, Charlie com certeza tinha providenciado o melhor. As enfermeiras pediram para todos saírem para trocarem Isabella, ela ainda estava com uma roupa de hospital, elas acharam melhor colocar algo mais confortável. Edward saiu um pouco a contra gosto e foi andando para um outro ambiente, ele passou pelos corredores sem ao menos observar o que estava ao redor, reparou em Charlie e sua mãe conversando tranquilamente numa poltrona confortável e bebendo água.

– Viu? Nada para se preocupar. – Disse Charlie um pouco arrogante.

– Vamos ver, ainda não decolamos. Quantas horas de viagem?

– Vamos dar uma pequena parada em Paris e depois seguimos para a Califórnia. Não se preocupem com nada.

–Como está Isabella? – Esme perguntou afastando o clima pesado entre Charlie e Edward.

– As enfermeiras estão trocando a roupa dela, elas acharam melhor colocar uma camisola. Ago mais confortável.

– Claro! Isso será ótimo. – Esme disse satisfeita.

– Charlie o que você pretende fazer? Vamos chegar na Califórnia e dizer a todos exatamente o quê?

Edward ainda estava em pé olhando para eles.

– Sente-se, a viagem é longa e Isabella está em boas mãos. Vamos comer alguma coisa, estou com fome e vocês?

Foi algo unânime, as comissárias de bordo logo trouxeram um prato e Charlie pareceu o tempo todo despreocupado e muito feliz. Esme e ele ignoraram o fato de estarem fugindo e de todos pensarem que Isabella estava morta. A tranquilidade dele realmente irritava Edward, comeram em silêncio e Charlie depois de satisfeito ficou mais aberto a conversas.

– Eu contei a Sue que ela está viva.

Esme e Edward olharam surpresos para Charlie, ele quebrou o silencio da pior forma pensou Esme.

– Como ela reagiu?

– Quase da mesma forma que você. Primeiro ela achou que era mentira, depois ficou calada por uns minutos e depois veio a raiva. Disse-me uns desaforos e depois perguntou por Isabella. Quando contei o que estava acontecendo ela falou outros desaforos, gritou e me xingou algumas vezes.

– Você sabia que ela ia à casa no aniversário dela todo ano? Que ela chorava no quarto dela vendo tudo ainda intacto? Que ela entrou em depressão depois daquilo? – A voz de Edward estava começando a aumentar, Esme tocou a mão de Edward e olhou para a direção do quarto de Isabella. – Você não tem ideia do estrago que fez nas nossas vidas seu lunático.

Edward não conseguiu encarar Charlie e ele, por fim, também se sentiu envergonhado. Não que se arrependesse do tinha feito, ele só ficava mexido com tantas histórias. Sua determinação em matar James ofuscou tudo ao redor e ele agora avaliava os estragos.

– Todos nós sofremos Edward.

– Mas você sabia que ela estava viva, você sabia que ela não estava morta no enterro. Meu Deus eu me lembro de você chorando!

– Era sincero, eu estava mandando ela para muito longe, para um futuro incerto. Eu também a perdi, acredite.

– Isso vai ser difícil de acreditar. Guarde isso para ela, ela já te perdoou, eu não.

Isabella dormiu a maior parte e na parada em Paris Charlie se despediu e disse que iria depois. Sua família precisava dele por um motivo desconhecido e Edward achou que ele estava fugindo de Sue e de todos que iriam olhar para ele de cara feia quando chegassem na Califórnia.

– Edward, o que vamos fazer com ela quando chegarmos na Califórnia? – Esme perguntou quando anunciaram que iriam pousar e algumas horas.

– Charlie disse que está tudo arranjado, não sei sinceramente o que ele quis dizer com isso, saiu fugitivo desse avião.

– Edward...

– Mãe, vamos ver. Vamos ver.

Edward ficou imerso em seus pensamentos e preocupações que até então não havia tido tempo nem cabeça para aquilo. Giana estava processando ele, a firma deveria estar um caos completo e tinha a ONG. Sua cabeça doeu só de mencionar esses nomes, e Isabella. Ainda havia Isabella que não sabia de nada, que estava frágil demais para conseguir entender tudo. Ela com certeza se preocuparia com Giana, riu ao pensar em Tânia e ela na praia, o que ela faria quando soubesse que ele decepcionou mais alguém? O que eles fariam agora? Eram oito anos... uma vida se passou desde o acidente, ele era um homem e ela um fantasma. Quanto mais perto de sua realidade mais medo sentia de um futuro incerto como o deles. O felizes para sempre estava ainda bem longe, Giana ainda não tinha terminado seu escândalo e quando soubesse de Isabella... Como ele ia explicar Isabella?

Chegaram no aeroporto e havia um ambulância esperando por eles, os médicos e enfermeiros logo colocaram Isabella dentro dela com muito cuidado e sob a supervisão de Edward. Ele não foi na ambulância dessa vez, Isabella percebeu um ar estranho nele e não comentou nada devido a movimentação. Dentro de um taxi também já preparado havia um homem de terno que entregou aos dois, certidões de nascimentos e outros documentos de Isabella em um envelope.

– O que é isso?

– Os documentos dela. Vocês vão precisar para a internação. – o homem respondeu.

– Como isso é possível? Oficialmente ela morreu há oito anos, como uma pessoa que morreu tem até plano de saúde?- ele disse vendo alguns papéis.

– Fácil, ela estava sobre um programa de proteção a testemunhas. O pai dela era um contrabandista muito conhecido, sua fortuna e seus bens foram construídos em cima da venda ilegal de armas pesadas para facções e milícias pelo mundo. Ela foi colocada como testemunha de um processo.

– Ela nunca conheceu o pai!

– Conheceu e conversou com ele diversas vezes, temos tudo gravado.

– Foram só um mês depois que ele descobriu a existência dela para o acidente. Como assim vocês tem gravações?

– Ele era monitorado de muito perto.

– E nunca prenderam o desgraçado? Esperaram ela se matar para isso?

– Não é tão fácil assim, o envolvimento dele era muito grande com governos de muitos países. Ele tinha conexões perigosas, uma atitude errada e tudo poderia se tornar uma guerra. Demorou, mas conseguimos.

– Isso é um absurdo!

– Vocês tem os documentos e a história que justifica tudo. Agora lidem com o que vier.

O homem alto e forte saiu do taxi e faz sinal para um carro que já estava esperando do outro lado da rua. Esme ficou sem fala e seguiu sem dizer nada para o hospital. Os médicos do hospital deram alta depois de horas de exames e avaliações, ficou decidido que ela teria que ter a supervisão de uma nutricionista, uma enfermeira para a constante falta de ar e de uma fisioterapeuta. O fato dela não querer ficar mais em um hospital ajudou na decisão, Esme achou que iria deixar ela ainda mais nervosa ficar ali naquele ambiente e na casa dela, Isabella poderia se sentir melhor. Ela ligou para Charlie e ele concordou. Mais uma vez Edward não foi com ela para casa e Isabella tinha medo de pensar nos motivos, o caminho familiar de volta para casa a deixou nervosa, apreensiva e pensou que Edward poderia estar assim, depois de tantos anos quais seriam suas chances? O que seria dele?

Com ajuda ela foi colocada em um dos quartos maiores da casa, Carlisle não disfarçou sua surpresa ao vê-la, ela realmente era um fantasma. E estaria voltando para assombrar a todos? Estaria voltando para que exatamente? Conforme a agitação da casa foi diminuindo tudo pareceu tão estranho e desconfortável como nunca foi, nem no churrasco, nem quando Edward a apresentou a todos ou em qualquer outra situação. O fato de Edward ter sumido não ajudou, não iria perguntar nem iria cobrar nada. O noivado... Meus Deus ele poderia estar casado agora! Se fosse assim ela não poderia atrapalhar nada, mas não percebeu aliança nos seus dedos... Ele poderia ter tido a delicadeza de ter tirado. Esses pensamentos a tomaram e ela não quis nem pensar nas consequências da volta dela para ele, a realidade é que eles não eram mais tão jovens e muito tempo havia se passado e ela não fazia mais parte de nada, não havia nada ali para ela.

“E se o que faz o amor sobreviver for justamente a falta de convivência e rotina? Quem apostaria num amor apenas idealizado? E se a nossa situação for mesmo a melhor conselheira e não merecer ser desprezada? E se nossas lembranças nos traírem? E se casamento nenhum for mais importante do que um único encontro?” Martha Medeiros – Coisas da vida


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