O Mundo de Narem escrita por Beatriz Rozeno


Capítulo 3
Um segredo apenas meu


Notas iniciais do capítulo

Sei que a postagem do capítulo foi bem rápida! Mas é pq eu me empolguei quando estava escrevendo, então decidi postar logo O_O
Tenham uma boa leitura!!



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Sofia abre a porta o mais devagar possível, querendo não ter que enfrentar a situação. Mas só há uma pessoa lá. O menino de cabelos castanhos e olhos negros como o luar, o garoto magricela que nunca conseguia engordar.

– Miguel?

– Sofia! Ai meu deus! Que bom que você apareceu! Eu estava preocupado! – disse ele se aproximando.

– Você estava chorando? – perguntou ela.

– O quê? Claro que não...

– Ah, você estava sim! Chorou tanto que seus olhos estão como dois buracos, bem fundos! – disse Sofia caindo na gargalhada.

– Você não deveria brincar com isso, sabia? Se você tivesse morrido, hein?

– Eu não morri... Estou viva, não estou? Ou você acha que eu sou uma assombração? – disse a garota cruzando os braços. – Cadê meus pais?

– Não estão aqui, quando eu cheguei pra avisá-los soube que haviam saído – explicou.

– Não brinca! Você está falando sério?

– Claro que estou! Acho que foram na cidade comprar alguma coisa.

– Nem acredito! Vou escapar dessa, que sorte! – falou animada. – Você falou pra mais alguém?

– Não. Eu não sabia o que fazer...

– Está bem, está bem! Eu já estou sã e salva, pode ir embora – disse enquanto empurrava o amigo.

– Como assim? Você não vai me contar como foi? Ei!

E fechou a porta na cara dele, trancando-a e subindo as escadas, em direção ao seu quarto.

[...]

Os pais de Sofia chegaram meia hora depois dela, não percebendo nada de estranho. A família jantou e foi se deitar. Mas Sofia não conseguia pregar os olhos, não via a hora de poder voltar à Narem. Como não conseguia dormir, levantou-se e foi até o telhado, era onde ela adorava ficar. Principalmente à noite, pois conseguia ver as mais lindas estrelas de lá.

Uma brisa forte e fria invadiu o lugar. Sofia ouviu um estalo abaixo de onde estava, e deu uma olhadela para baixo.

– Ah... É você!

– Nossa, que animação! – disse Miguel escalando a árvore que ficava em frente de onde a garota estava.

Ele sentou-se bem à sua frente, mas sem chegar onde ela estava, era relativamente perigoso tentar pular para o outro lado.

– Como você conseguiu sair de casa? E nesse horário?

– Eu tenho minhas artimanhas...

– Não consegue dormir também? – perguntou ela.

– É... Não sei direito, eu nunca tive isso antes. Mas, pelo visto você também está com problemas de sono hoje!

– Estou...

– Pensando nas horas em que você ficou lá no mato, perdida?

Sofia sabia muito bem que não era isso. Ela tinha gostado muito de ter se perdido, senão não teria conhecido Narem... Mas não podia contar a ele.

– Sim, exatamente isso!

Ele a encarou por alguns segundos. Mas que droga! Pensou Sofia. Ela sabia que quando Miguel a encarava assim, ele ia dizer alguma coisa...

– Você está mentindo! – exclamou ele.

– Eu o quê? Claro que não! Estou dizendo a mais pura verdade e...

– Está mentindo sim! Eu conheço você a quatro anos, sei quando está mentindo! Aconteceu alguma coisa quando você estava perdida, e agora você não quer me contar!

– Sai daqui seu idiota! Ou eu vou te derrubar dessa árvore! – disse ela se levantando e voltando para a janela.

– Pode até me derrubar, mas eu sei que você está mentindo! E eu vou descobrir o que você está escondendo!

Ela fecha a janela, e logo depois as cortinas. Escuta o farfalhar das folhas, ele deve ter ido embora.

No dia seguinte, a menina estava extremamente animada. Pois iria voltar à Narem depois da aula, só tinha que despistar o melhor amigo. O que era uma tarefa difícil, pois o garoto era insistente... Ela pegou sua bicicleta na garagem, tinha certeza que o amigo trouxera para ela no dia anterior, e seguiu para a escola. Eles forneciam transporte para os estudantes, mas ela e Miguel recusaram, pois sempre ficavam fazendo piadinhas com os dois. Atravessou toda a estrada sozinha, e na curva, lá estava ele, como todos os dias, esperando a garota.

– Então, você vai me contar ou não?

– Já vai começar? O dia mal começou... E eu nem pensei se te conto ou não...

– Então tem alguma coisa não é? Eu sabia! – respondeu com um sorriso metido.

Sofia fechou a cara, sabia que tinha dito demais. Ao chegar na escola, os dois se dirigiram até a sala. Eram da mesma série, estudavam juntos desde que Sofia chegou no vilarejo. A aula prosseguiu normalmente, mas, no recreio, era sempre a mesma coisa.

– Que lindo! O casal sensação tomando café bem juntinhos!

Era ele, o cara mais chato da face da terra, Oliver... Os dois já estavam tão acostumados com isso, que deixaram para lá. Eram solitários na escola, não tinham outros amigos. Todos os achavam estranhos. Enquanto os outros garotos ganhavam forma de adolescente, Miguel parecia um graveto, não era bom em nenhum esporte, o que fez com que ninguém quisesse ser seu amigo. E Sofia era uma garota extremamente diferente das outras, odiava se maquiar, odiava usar vestido, e estava sempre com sapatos fechados, ou seja, não era muito feminina. O que afastava as garotas dela. Mas os dois pouco se importavam... Eram felizes sendo amigos um do outro, não precisavam de mais nada, nem de mais ninguém.

– Um dia, eu quebro a cara do Oliver...

– Sua mão quebraria quando tocasse na cara gorda dele...

[...]

Estavam voltando para casa, pela mesma estrada do riacho, ela só precisava despistá-lo...

Sofia deixa ele passar um pouco à frente... Eles estão a algumas esquinas de sua casa, precisava agir logo. Só não sabia como fazer. Só havia um jeito: o mesmo do dia anterior. Ela para devagar, ele continua pedalando, guarda o mapa do bolso do casaco, e ele continua pedalando, larga a bicicleta e se joga na água. Ao ouvir o barulho do choque com a água, Miguel se vira rapidamente.

– Sua louca! O que você está fazendo?

Ela dá um “tchauzinho”, provocando o amigo. De repente, ele some de sua vista, parece estar carregando as bicicletas para o outro lado. E... Sim, ele fez! Miguel se joga na água, e nada rápido até ela. A garota faz o mesmo, se chegar às raízes primeiro, pode subir e entrar em Narem sem que ele veja.E lá estão elas, as mesmas raízes de antes. Sofia se agarra nelas rapidamente, mas percebe que o amigo vem logo atrás. O jeito é esconder-se em alguma árvore. É o que a menina faz, sem fazer barulho, se esconde e escuta atentamente os passos dele. Mas, só há silêncio. Ela vira a cabeça devagarzinho, e dá de cara com ele.

– Te peguei! – berrou ele.

– Que susto, Miguel!

– Não tente mudar de assunto! Vamos, Sofia! Pode começar a me explicar tudo.

Não havia escapatória. Aquela era a hora de contar tudo ao melhor amigo.


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Notas finais do capítulo

Eu tinha colocado um banner de capítulo, mas não pegou '-' Talvez eu tente outra hora.
Não deixem de comentar o que acharam!! *-*
Até o próximo!!