Você Me Bagunça escrita por AnaShipper


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Postando pela terceira vez na semana porque acho que enrolei até demais pra postar esse capítulo. Mas enfiiiiiiim, tá aí, espero que curtam!



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Os dias se passavam vagarosamente. Jonas estava sempre criando situações que envolvessem Megan e Davi nos mesmos projetos e, era visível o esforço dela para se dedicar, enquanto Davi se esforçava para não ser vencido pelos seus desejos a qualquer momento do dia.

Logo, ela conheceu Herval. Ia à Plugar sempre que podia, se enturmou com as crianças de uma forma encantadora. Herval costumava dizer que ela fora uma "surpresa boa". Certa vez Davi ouviu dele a seguinte frase: "Sorte dela não ter o sangue do Jonas Marra, ela não é como ele." Davi teve que concordar. Seus planos de esquecê-la foram por água abaixo, até porque, ficavam juntos o dia inteiro. Mas de vez em quando ele procurava ficar sozinho dizendo que precisava de concentração para criar. Precisava mesmo era ficar longe dela, seria melhor. Ela disse que tinha medo de como iria sair daquele jogo, e era isso que mais preocupava o rapaz, não queria que ela sofresse. Entendia que ela, na sua tentativa de ganhar a atenção do pai, se unira a ele. O que Davi não sabia era que estava perto de saber a verdade...

Numa manhã como todas as outras, ele chegou na empresa, tomou um suco enquanto mantinha os olhos grudados na tela do tablet. Estava atolado na finalização de alguns de seus testes que há dias estava criando e se dirigiu para sua sala que também era ocupada por Megan. Eles estavam tentando manter uma relação de coleguismo, apenas. Ao chegar em frente a sala, estranhou por não vê-la lá dentro, pois estava chegando cedo, mais até do que Jonas. A garota e o pai estavam sozinhos em casa há dias, pois Pamela teve que ir a São Francisco cuidar de Jack, doente. Porém Davi sabia que os pais estavam escondendo de Megan o verdadeiro estado do avô dela, pois Pamela lhe pediu mais uma vez que cuidasse da filha antes de viajar.

Ao entrar, percebeu a garota sentada no chão encostada na parede, abraçando as pernas, chorando. O celular estava ao seu lado, parecia desolada. Ele largou o tablet sobre a mesa e correu até ela.

–O que houve, Megan?

Ele não esperava que ela o abraçasse forte, repentinamente. Mas não hesitou em aconchegá-la em seus braços enquanto ela chorava em seu ombro.

Grandpa is dead! Ele morreu, Davi!

Ele suspirou fundo. Sabia por Pamela que Jack tinha tido um derrame, mas até ele se chocou com a notícia. Tinha conhecido o homem na California e gostado dele, parecia ser um homem forte, e por quem todos tinham verdadeira adoração. Ele fez com que Megan olhasse em seus olhos, segurando seu rosto. Falou calmamente, procurando tranquilizá-la:

–Eu sinto muito! Mas olha só, o seu avô foi um homem extraordinário! Ele era inteligente, forte. Só que chega um dia em que as pessoas precisam ir, Megan. Mas ele conseguiu fazer o que todo mundo devia tentar enquanto passa pela vida, deixar boas recordações para as pessoas se lembrarem.

–E como isso pode ser bom?- Perguntou, enquanto ele enxugava uma lágrima de seu rosto.

–Fecha os olhos... -Ela obedeceu -Qual é a lembrança mais marcante que você tem do Jack?

–Ok... Eu... vejo uma cena de quando eu tinha uns 6 ou 7 anos, no jardim da minha casa. Ele estava colocando flores no meu cabelo-ela começou a sorrir- ele era muito ocupado na época, mas mesmo assim, quando estava comigo, era like, a children.

–Tá vendo? Isso foi melhor do que eu imaginava. Não só você tem boas recordações dele, mas seu avô também devia ter muitas de você.

Ela sorriu em meio às lágrimas.

Thanks, Davi. Você é muito bom em consolar pessoas!

–Eu acho que tenho prática nesse assunto. Perdi meus pais muito cedo e... ultimamente eu tenho perdido uma pessoa que eu amo demais. Bem, acho que você devia ir pra casa. Seu pai já sabe o que houve?

–Deve saber. Dorothy dever ter ligado para ele também.

–Então vai. –Ele mesmo a abraçou novamente, não conseguiria dizer a frase seguinte olhando para ela. –Me procura sempre que precisar, tá? Eu vou estar sempre aqui... pra você.

Podia ouvir a respiração suave de Megan batendo contra seu pescoço. E, sem que percebesse, ele começou a acariciar os cabelos loiros.

Ela saiu do abraço e sorriu pra ele.

–Talvez a gente passe alguns dias longe, eu vou pra San Francisco.

–Hm... claro... isso... era previsível. Mas tudo bem, vou tentar segurar as pontas aqui. –Sorriu fraco.

Ela se levantou sendo seguida por ele.

–Você pode ficar bem aqui sem mim, mas eu já não tenho tanta certeza se fico bem sem você...

Assim ela saiu, deixando-o completamente sozinho.

–Nada é igual sem você por perto, Megan... –Ele disse baixo, sabendo que ela não poderia mais escutar.

*** *** ***

~Dias depois

Após o enterro de Jack, Jonas decidiu ficar mais uns dias na Califórnia. Ele não estaria ali se não fosse por Davi, que o convencera a ir quando, ao entrar em seu escritório no dia da notícia, viu seu abalo. Sensibilizado com as palavras dele, Jonas se convenceu que seria impossível deixar Pamela e Megan passar por tudo sozinhas, e teria que dar adeus ao seu velho amigo.

A grande novidade era que agora Pamela detinha o completo poder na Parker. E Megan, dividia as ações de Jack na Marra com a mãe, o que foi considerado uma loucura por Jonas. Na verdade, Jack não esperava que fosse morrer tão cedo, mas Megan entendeu o porquê dele ter lhe pedido que se interessasse pela empresa. Se sentia perdida em ser agora a terceira maior acionista.

Ao voltar ao Brasil, passou pelo menos uma semana sem ir trabalhar, apesar de estar louca de vontade de rever Davi.

–Megan, suas coisas na empresa estão acumulando! –Jonas lembrou, ao chegar numa noite, muito estressado.

Ela não queria discutir, tentou ser o mais complacente possível, pois o que ia dizer necessitava vir acompanhado da calma do pai.

–Dad, estive pensando nisso. Eu agoro preciso mais do que nunca me interessar pela Marra, right?

–Naturalmente.

–Posso dar opiniões em algumas decisões, não é?

–Claro!
–Pois eu quero dar uma agora mesmo.

Jonas achou engraçado.

–Vá em frente.

–Ok, eu vou dizer ao Davi para reapresentar o Projeto Júnior dele aos outros acionistas.

A expressão de Jonas mudou.

–Impossível! Eu já vetei esse projeto, isso não vai acontecer.

–Mas pode, se eu mamãe quisermos.

–Megan!
–Dad!

Ele passou as mãos pelo rosto, eu sinal de irritação.

–Tudo bem, você está dizendo que vai passar por cima da minha ordem?

–Eu estou dizendo que o projeto é muito bom. Eu e mamãe como acionistas podemos tomar decisões também!

–Desde quando você se interessa por esse tipo de coisa?

–Desde que você me empurrou para isso!

Jonas começava a se irritar mais.

–Megan, discutir negócios com você é demais pra minha cabeça. Talvez você devesse ir pra alguma das suas festinhas hoje. –Ele disse se retirando da sala.

–Talvez eu faça isso! –Ela gritou. Jonas nada respondeu.

Ele sempre se sentia péssimo quando brigava com a filha. Embora concordar com ela naquele negócio fosse bom para seus planos, ele não iria dar o braço a torcer numa decisão já tomada.

*** *** ***

Davi arrastava caixas para o canto da parede. Finalmente tinha se mudado. Era um pequeno apartamento, perto da casa da tia, mas se sentia realizado. Como tivera que se mudar à noite, só iria arrumar tudo no dia seguinte. A casa tinha alguns poucos móveis. Deitou na cama e procurou ler um livro, mas não conseguia assimilar uma só palavra. Seus pensamentos se dirigiam a uma só pessoa e a falta que ela fazia.

Nesse momento a campainha tocou, e ele atendeu achando que fosse Dante ou Matias trazendo mais alguma caixa. Porém se enganou.

–Droga, força do pensamento! Megan?

A loira estava bem ali em sua porta.

Hi Davi! Me disseram na sua casa que você se mudou. Posso entrar?

–Ahn... claro... tá tudo uma bagunça, mas...

–Tudo bem. Eu vim... Você se importa se eu... passar a noite aqui?

–Hã? Mas... por quê? -Ele estranhou.

Ela sentou no velho sofá.

–Eu briguei com meu pai. Disse a ele que vinha a uma festa, quero que ele continue pensando assim.

–E porque você não foi realmente a uma festa que tanto adora?

–Sinceramente? I dont’t know, posso ou não?

–Tá, tudo bem. Você... pode ficar com a cama, eu durmo aqui.

–Tem certeza?

–Claro, sem problema.

Sorry, Davi. Thanks!

Assim ela se dirigiu ao quarto e depois de olhar em volta, apenas se deitou.

As horas se passavam, mas o fato de estar na cama de Davi enquanto ele dormia naquele sofá duro não lhe deixava dormir. Foi até a sala e chamou baixo.

–Davi, está acordado?

Ele sentou-se.

–Tô... eu to sem sono.

–Não quer dormir do meu lado?

Ele engoliu a seco.

–Não, Megan. Não acho que seja uma boa idéia.

–Vem, Davi. I promise, não vou te atacar, anda!

Assim ela o puxou pela mão e se deitou primeiro. Meio hesitante, ele fez o mesmo, ficou de lado, dando as costas para ela. Sussurrou um "boa noite" para ela, fechando os olhos, tentando não obedecer seus instintos. Não devia estar na mesma cama que ela.

O silêncio da noite era perturbador, Mais tarde, quando achou que ela tivesse dormido, se virou, mas encontrou seus olhos ainda abertos. Não devia ter ido dormir ali, era impossível continuar sentindo aquele cheiro tão perto dele.

–Também não consegue dormir, Davi?

–Não, eu realmente não sinto sono.

–O que está perturbando você? Aliás, faz muito que sinto você incomodado com algo...

Davi respirou fundo.

–Eu me apaixonei por alguém que não posso ter! -Suas palavras o traíram.

Talvez não devesse, mas era a hora de dizer o que já não aguentava mais guardar. A voz dele não passou de um sussurro muito baixo no meio da noite que atingia em cheio o coração de Megan.

–Sim, eu estou falando de você. Eu percebi que te amava logo depois que te beijei quando nós dançamos. Não foi uma bobagem, ou uma conclusão precipitada. Não! Eu te amei naquele dia e venho te amando cada vez mais, numa intensidade que me assusta.

–E porque... você... não pode ter...

Ela perdeu o controle do português e do inglês.

–Você aceitou entrar no jogo do Jonas, Megan. E isso pode ser o meu maior defeito, mas eu sou orgulhoso demais pra te aceitar assim. Não, assim eu não quero...

Megan podia perceber a perturbação dele.

–Você vai começar com esses enigmas de novo? Eu não te entendo. Juro... -Ela tentou se levantar, mas Davi puxou seu braço, fazendo com que ela caísse sobre ele.

–Você disse que não me quer!

–Eu te quero demais!

–Então prova! Me deixa te beijar! -Ela pediu.

Os olhos castanhos de ambos se encontraram criando uma linha imaginária de um para o outro.

–Megan...

A tentativa dele era de impedir que ela continuasse, o que não aconteceu, pois no segundo seguinte, sentiu quando a garota beijou-lhe vagarosamente o pescoço, depois ele sentiu os lábios dela tocando suavemente os olhos, as bochechas, passeando por seu rosto. A cada toque, os batimentos de ambos aceleravam. Só a boca... ela poupou, queria ser beijada, e conseguiu.

Não aguentando mais aquela tortura e vendo seu autocontrole ir embora como areia se esvai pelos dedos, Davi usou de sua força para inverter as posições. Agora, sobre ela, ele lhe deu o beijo que tanto sentiam falta, demostrando todo o amor que seus lábios acabaram de confessar, mostrando que era um sentimento maior que qualquer orgulho. Os dois desejaram que aquele momento nunca tivesse fim. O sabor do beijo era melhor do que eles lembravam, doce, quente, envolvente. Mesmo extasiada com o beijo, Megan fez com que ele se afastasse para, pela primeira vez em sua vida, se declarar. Davi ainda mantinha seu rosto bem próximo ao dela.

–Por mais que você não acredite, por mais que esse seu orgulho idiot não te deixe enxergar: I Love You Too! Eu Também Te Amo! Foi por esse amor que eu briguei com meu pai, por causa do Júnior, por causa de você. Foi por ele que eu seria capaz de...

–Espera... -ele interrompeu -Você brigou com seu pai por causa do Júnior?

–Sim, não só por você, but, pelo que aprendi na Plugar too, você e aquela ONG se tornaram very importants pra mim! -Enquanto ela falava, Davi só conseguia sorrir.

–E toda aquela história de ficar comigo só pro teu pai ter mais poder na Marra?

–What? A única razão por eu querer ficar com você é porque te amo, imbecil! Que história é essa?

Davi se deu conta de tudo, num estalo.

–Nada, esquece! E pode me chamar de imbecil, sim, porque é isso mesmo que eu sou, um imbecil! Mas eu te amo, mesmo com toda essa bagunça...

Ela franziu a testa.

–Que bagunça?

Ele riu.

–Ahn... essa do meu quarto...

Como lhe explicar que a bagunça de que ele falava era aquele rebuliço de emoções que ela lhe causava? Já sentira por Megan variados tipos de sentimentos, mas nunca um foi tão forte como o que ele sentia naquele momento. E ele recomeçou o beijo, sem conseguir deixar de sorrir, finalmente teria a mulher que queria, sem culpas ou dúvidas.

Aos poucos, com as mãos ele foi conhecendo cada parte do pequeno corpo, explorando, apreciando. Sua pele era delicada e macia, a respiração compassada soava como música aos seus ouvidos.

Megan nem se reconhecia naquele momento, já sabia que Davi era diferente de todos, mas ali se deu conta de que ela também era outra quando estava com ele. Um arrepio percorreu a espinha, suas mãos agora também passeavam pelas costas dele, enquanto seu corpo recebia os toques, os beijos. Aquele momento era a verdadeira personificação do maior e mais forte sentimento do mundo.


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Notas finais do capítulo

Chorei porque tenho medo disso só acontecer na fic (embora os resumos de ontem tenham sido animadores). Gostaram?
Bjs!!