A Dama da Névoa escrita por Karina Saori


Capítulo 3
As sombras


Notas iniciais do capítulo

Dessa vez foi inspirado em um fato real, ocorrido com a minha mãe kkk E adivinhem? A sombra veio do meu quarto Ç___Ç



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Quando levantei, ela estava aqui. Atrás de mim, acariciando meus cabelos e sussurrando algo que não entendi.

Ela estava... Sorrindo.

— Lina?!

A última coisa de que consigo me lembrar foi ouvir meu nome na voz desesperada de Rafael. Quando percebi a presença daquela mulher, meu corpo simplesmente enfraqueceu e caiu, antes mesmo que eu pudesse olhar para trás. Senti Rafael me segurar e gritar meu nome, um pouco antes de eu perder a consciência.

Acordei no meu quarto com olhares preocupados em cima de mim. Sentei na cama e ainda sentia que meu corpo estava fraco, vazio.

— Lina! Que bom que acordou! O que aconteceu? Você está bem? Quer alguma coisa? Está com fome? Está passando mal? Quer mais uma coberta? Quer uma cházinho quente?

Eu mal acordei e minha tia já começou a metralhar perguntas — Calma, tia! Eu juro que já estou bem.

— Mas o que aconteceu com você? Rafa disse que você caiu do nada, mas antes disso, disse que queria voltar pra casa. O que houve? Você estava passando mal?

— Sim... Eu me senti fraca, por isso quis voltar. Acho que a minha pressão caiu...

Eu não queria falar com eles sobre aquela mulher. Pela reação do Rafa, percebi que... apenas eu conseguia enxergá-la, e isso fazia com que meu corpo estremecesse. Comecei a suar frio.

— Mas já está tudo bem? — Rafael passou a ponta do dedo indicador na minha testa, afastando uma mecha de cabelo.

— Sim, está. Obrigada e desculpe se preocupei vocês... E ah, obrigada, Rafael, por ter me trazido até aqui.

Percebendo que eu ainda estava apavorada, aquele menino de olhos verdes persistiu mais um pouco e só foi embora quando repeti inúmeras vezes que já estava tudo bem. Ficamos sozinhas, eu e minha tia, quando meu tio também saiu do quarto.

— Lina, agora que estamos sozinhas, me conte apenas a verdade. O que está acontecendo com você?

— Já te disse que não aconteceu nada, tia... Eu só não comi direito essa manhã, então minha pressão deve ter caído...

— Lina, chega. Pare de mentir para mim — minha tia era sempre tão risonha e carismática, mas fechou-me a cara naquele instante — Eu sei que algo está acontecendo com você. E eu preciso saber o que é.

— Por que diz isso, tia? Eu estou bem. Só preciso descansar um pouco.

— Chega! Não minta! Eu sei, porque ontem, quando fui até o seu quarto... eu vi uma sombra parada diante da sua cama.

Meu corpo paralisou — Sombra? Como assim?

— Bom, você sabe... Por toda minha vida aqui nesta casa, eu vejo algumas sombras pelos corredores. Mas elas estão sempre nos cantos das paredes, nunca se mexeram e nunca me fizeram mal algum... Mas ontem, quando entrei no seu quarto, havia uma sombra. Três, para falar a verdade: uma estava no canto da parede e as outras duas, parada diante da sua cama, mas eram claras. Mas quando eu entrei, as que estavam na sua frente sumiram. Eu não queria te falar nada, para não te assustar, mas preciso saber da verdade... O que está acontecendo com você?

Nunca me senti tão apavorada na minha vida como agora. Eu sabia que a minha tia via coisas que as outras pessoas não podiam ver, mas saber que são sombras e que elas estavam no meu quarto ontem?! Levantei da cama, tremendo, e senti a extrema necessidade de sair imediatamente daquele quarto. Desci desastradamente a escada e fui parar na sala, com o cobertor nas costas; sentei no sofá e abracei as pernas.

— Lina?! Você está bem?

Eu não consegui proferir sequer uma palavra, só consegui sussurrar. Ela correu pra cozinha e colocou na xícara o chá que fora feito há meia hora. Por causa do frio, ele já estava praticamente gelado. Enquanto eu tomava, ela ficava passando a mão nas minhas costas, murmurando algo que me pareceu uma reza. Aos poucos, fui me acalmando.

— Lina, agora me conte exatamente o que aconteceu na noite passada. Que sonho você teve para gritar daquele jeito?

O sonho estava vago na minha cabeça, mas contei exatamente tudo que eu conseguia lembrar. Ela apenas balançava a cabeça, como se já tivesse entendido tudo, o óbvio: não fora um sonho. Depois contei cada detalhe da aparência da tal mulher estranha que havia chegado na cidade na manhã anterior. E o fato de que apenas eu consegui enxergá-la.

— Hoje acabei desmaiando por causa dela. Eu estava na montanha e a vi, mas Rafael não. Em um instante, ela foi parar atrás de mim. Em seguida, senti uma fraqueza... E bem, cá estou eu.

Minha tia apenas ficou calada, olhando para o chão como se estivesse procurando soluções, tentando achar algum encaixe para tudo aquilo.

— Essa noite... durma no meu quarto. Farei seu tio dormir no seu quarto e eu dormirei com você. Está bem?

— Sinto-me bem mais aliviada assim... Obrigada, tia.

Depois dessa conversa, ela escondeu o rosto risonho embaixo do semblante preocupado, permanecendo assim até o anoitecer. Como combinado, dormimos no quarto dela.

Acordei com as pálpebras cansadas, pesadas. Olhei para a janela e ainda estava escuro lá fora; olhei para o relógio, que marcava 3:40. Minha tia estava ao lado, roncando de barriga pra cima. Saí do quarto em busca do banheiro, quase que de olhos fechados por causa do sono. Acendi a luz do corredor e passei diante do meu quarto; só se ouvia o ronco profundo do meu tio; o banheiro ficava um quarto depois do meu. Na volta, um pouco mais atenta, fiz o mesmo caminho de volta, enquanto olhava despreocupadamente para o andar de baixo. Quando voltei o olhar para frente, vi algo saindo do meu quarto.

Uma sombra.

Meu corpo paralisou e senti uma queimação no estômago. Queria gritar, mas parecia que me faltava ar. Aquela figura sem face fazia gestos com a mão, me chamando para que eu entrasse no quarto. Aquilo não podia ser real... Sem chance daquilo ser real! Não querendo acreditar, esfreguei meus olhos com as mãos, desesperadamente. Devagar, voltei a olhar para o meu quarto e, para o fim do meu desespero, aquela mancha escura não estava mais lá. Suspirei, aliviada por ter sido só a minha imaginação ou a interferência causada pelo sono.

Mas, quando passei em frente do quarto, quase que correndo, alguém segurou o meu braço e me puxou para dentro.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler *3*