Amores de Guerra

Capítulo XIX:

Ano Novo, Vida Nova.

— Qual a necessidade da roupa ser branca? — confuso Sasuke tinha uma sobrancelha arqueada. Desde pequeno via as pessoas usando branco na passagem de ano, e sua mãe sempre o fazia vestir algo desse tipo. Mas nunca havia entendido o porquê da questão.

— Para dar paz ao novo ano, Sasuke. — Naruto respondeu fechando os botões da camisa, presente de Natal que ganhara de Ino. — Até eu sei disso, depois ainda me chama de idiota, Teme.

— Cale a boca! — resmungou, fazia uma careta inconformada. — Não tenho culpa se tradições não são a minha praia.

— E nem garotas, a Hinata caiu do Céu para você, por que do contrário... - a louro revirou os olhos, logo após sentiu sua cabeça doer com o impacto do sapato do moreno. — Ai...

— Menos Naruto, bem menos. — riu baixo da expressão de descontentamento de seu melhor amigo, voltando-se novamente para sua imagem refletida no espelho. — Tem certeza de que não vai comigo hoje?

— Absoluta. — respondeu enquanto esfregava a nuca, tentando diminuir o lateja mento. — Vou passar a virada de ano com a Ino e família dela, o Iruka-sensei vai comigo também.

— Ah, sim... — a palavra saíram por seus lábios entre suspiros estava um pouco nervoso com o que aconteceria naquela noite.

O toque de leve em seu ombro o fez acordar dos pensamentos, se voltando para o Uzumaki. Não só um amigo, mas também um irmão. Deixou um sorriso se formar em seus lábios brancos, este que se desmanchou pouco tempo depois, com o soco recebido no rosto.

Limpou o sangue que escorria pelo pequeno corte, de primeira não entendendo a ação do menor, e, logo após, retribuindo o golpe no estômago do mesmo, sem nem cogitar o uso de Chakra.

Ficaram nessa mesma brincadeira por em média dez minutos, ou melhor, até ouvirem a campainha da casa tocar, sendo obrigados a parar. Quando a interrupção aconteceu um segurava a gola da camisa do outro, tinham os punhos cerrados para acertar algum lugar da face, não era hora para visitas.

Entreolharam-se e entre revolta e irritação o louro desceu para abrir a porta, deixando o Uchiha no quarto, sentado na cama. Voltou o olhar para o teto, tentando imaginar quem seria e por que seria, e a única pessoa que passava por sua cabeça era Hinata. Se bem que não pensava em ninguém que não fosse ela.

Cinco minutos se passaram e nada, atiçando a curiosidade e a preocupação do rapaz. Levantou-se, começando a andar em passos calmos e silenciosos até alcançar a sala, e de quebra a porta, onde o melhor amigo de prostrava em pé conversando com duas pessoas... Sakura e Kakashi.

— O que vocês estão fazendo aqui? — a primeira reação do jovem de cabelos negros fora perguntar, mesmo sendo um pouco grosso. Grosso até demais.

— Nossa, é assim que recebe seu professor que tanto te ama? — Kakashi respondeu, fingindo estar ofendido ou magoado. — Se é assim, pode dizer que nós vamos embora.

— Sério? — trazia um sorriso irônico, recebendo outro. — Então até logo. — com uma mão afastou Naruto da porta, e com outra simplesmente a fechou.

Com a ação feita ele deu as costas ao louro que resmungava algo, e também aos protestos vindos da rosada do lado de fora. Deu ombros para tudo, sem se importar com nada. Isto é, até a Haruno arrombar a por na base dos socos.

Sua cara de tédio a fazia relembrar os velhos tempos da infância, mas nem por isso deixaria que passasse ileso por tudo, certo?

— Sasuke-kun, desgraçado! — berrou de punhos cerrados. — Como ousa agir dessa maneira com uma dama?

— Uh? — a jovem de cabelos róseos havia se desacostumado com essa mania do companheiro de equipe, nem tão cedo isso pareceria normal. — Não vejo dama nenhuma, só uma garota na TPM.

— O que? Maldito! — não pode evitar rir, nem em sonhos conseguiria espancar o Uchiha, por quem outrora fora apaixonada, e por quem ainda tinha alguns sentimentos. — Eu sou uma mulher forte e de respeito, então menos se não quiser apanhar! — levou umas das mãos a cintura, fazendo pose.

— Se fosse eu já teria apanhado... — no canto, meio depressivo, o Uzumaki resmungou. Como Sakura podia continuar sendo tão boazinha com Sasuke e não com ele? — Sakura-chan, você é má!

Ela não pode evitar rir baixo, achando a atitude dele um tanto idiota. Passou uma mecha do cabelo curto para trás, olhando bem se podiam ver os lábios dela decorados com um batom vermelho escuro, que para Sasuke não combinava nem um pouco com o vestido branco.

— Kakashi-sensei, vamos? — chamou o adulto, puxando seu braço. — Acho que esses dois devem ter compromissos para esta noite, usem camisinha, meninos! — piscou, percebendo um leve rubor nas bochechas dos amigos. — Até, e feliz ano novo! — saiu do mesmo jeito que entrou rápido, sem deixar pistas de sua presença ali.

Os amigos se entreolharam, dando de ombros logo depois. É aquela noite de trinta e um de dezembro estava sendo cada vez mais estranha.

O maior olhou para o teto, tentando visualizar sua chegada ao Clã Hyuuga. Realmente queria saber se Hiashi iria lhe matar quando tocasse na mão de sua filhinha. Ah, que ele pudesse beijar sua dama!

— Acho que... Acho que é melhor irmos. — a sugestão de Naruto foi dada ao se aproximar, passava a mão pelas roupas completamente amassadas, com certeza Ino surtaria por conta disso. — Se não só vamos comemorar o ano novo na páscoa.

— É pela primeira vez na vida tem razão, Dobe. — falar sem ironia numa hora dessas? O Uchiha nem pensava nisso.

Ver o louro fazer certa não tinha preço. Tê-lo como amigo então? Nem se fala! Se não fosse pelo Uzumaki não estaria indo em direção ao seu futuro amor, a mulher que queria viver ao lado até o fim de seus dias... Mas espera? Que melosidade toda era aquela, Uchiha Sasuke?

— Qual é, Teme? Vai praticar Bullying com seu amiguinho que é quase seu irmão? — levou a mão ao peito, parecia estar magoado. Só parecia. — Porra, você vai mesmo me humilhar logo hoje? Vai acabar tendo um ano de merda.

— Se eu tiver que ver a sua cara todo o santo dia já vai ser uma grande merda. — retrucou, recebendo um olhar de rendição.

— Tá bom, tá bom! Você ganhou seu filho duma Mikoto. — deu uma tapa de leve na nuca do moreno, apenas para irritar. Pegou as chaves da casa e algum dinheiro que tinha guardado.

Antes de saírem Naruto deu uma última conferida no relógio, oito e quarente e três, devia estar na residência Yamanaka há pelo menos dez minutos. Suspirou, já imaginando a surra que levaria.

Trancou a porta quando os dois se encontravam do lado de fora, voltando-se para Sasuke em seguida, não podendo evitar um sorriso, leve, sincero, alegre. Um novo ano se iniciaria dali poucas horas, e mesmo que não estivessem juntos no momento da virada, ficariam juntos por todo o tempo que se seguiria depois, como verdadeiros irmãos. Não de sangue, mas de consideração.

— Você é o irmão que eu escolhi Sasuke. — dizendo isso tocou no ombro do Leonino, que retribuiu o gesto do Libriano, curvando os lábios. — Feliz ano novo. — começou a andar, seu destino ficava ao lado contrário do outro.

— Digo o mesmo, Naruto. — mesmo estando um pouco afastado o louro podia ouvir estas palavras. — Feliz ano novo, maninho. — virou-se, mirando a direção do Clã Hyuuga. Aproveitaria tudo o que estava por vir, junto das pessoas que lhe eram importantes.

[...]

Hinata levantou seu rosto delicado para encarar a Lua cheia que se encontrava naquele imenso Céu azul e estrelada. Na varanda de seu quarto a moça sentia o vendo levar suas longas madeixas e acariciar seu rosto. Fazia baixinho uma prece para que tudo desse certo, para que seu pai aceitasse Sasuke de uma vez.

Ao ouvir alguém mexer na maçaneta se virou, ajeitando o vestido de renda que trajava. Viu Hanabi esgueirar-se pela entrada, com um sorriso brincalhão e puxa-la para fora, mas claro, sem correr, se não derrubaria a irmã do salto — do qual não estava nem um pouco acostumada —.

Chegaram ao andar de baixo, onde Hikari as aguardava. Educadamente fizeram uma rápida reverência, preparando-se para ir ao salão principal, onde a maioria dos membros as aguardava. Contudo, antes de fazer qualquer movimento, a princesa sentiu um toque em seu ombro, voltando-se para a adulta.

— Mamãe? — sibilou ao sentir os braços da mulher lhe envolverem num abraço terno. Mas o que?

— Ah, minha menininha linda está crescendo... — apertava a filha contra seu corpo, à alegria que pulsava dentro de seu coração tornava-se cada vez maior. Ainda mais por saber que a azulada estava feliz. — Está pronta?

— Pronta? — Hinata perguntou ao separar, tinha uma expressão confusa em sua face serena. — Pronta... Para o que?

— Ora bobinha, logo o Uchiha-kun vai chegar, certo? — ouvir o tratamento de sua mãe para com Sasuke se tornava um pouco estranho, mesmo o conhecendo há um dia parecia já ser íntima do garoto.

— Sim. Só espero que ele não demore muito. — murmurou baixando a cabecinha. Lá no fundo tinha medo. Medo de tudo. — Do contrário papai vai ficar todo irritado, sabe bem como ele é em relação à pontualidade.

— Se for assim então o Uchiha sequer deveria vir, já que são nove e dez. — Hanabi interferiu, avisando a mais velha do horário.

Por um minuto a flor branca pareceu pasma, sem saber com agir diante daquilo. Definitivamente era um atraso, tolerável, mas um atraso. Respirou fundo, tomando uma postura mais decidida.

— Bem, ainda está dentro do tempo, nosso combinado foi às nove horas, ou seja, pode ser que não chegue muito tarde. — deu um passo a frente, caminhando em direção ao salão principal. — Agora, vamos? Temos que receber nossos companheiros! — sorriu docemente, vendo as outras duas fazerem o mesmo.

Sasuke ia chegar, tinha absoluta certeza disso.

[...]

No portão de entrada do Clã principal, o rapaz de cabelos negros olhava apreensivo para seu relógio de pulso. Se Hiashi não o matasse Hinata o faria. Deu algumas voltas em círculos, tentando pensar numa boa desculpa pata ter demorado, chegou a cogitar a alternativa de culpar Naruto, porém sabia que a perolada jamais acreditaria.

Estendeu a mão para bater, recuando-a sem concretizar o ato. Hesitou um pouco, dando uns passos para trás, o levando a trombar com uma pessoa, quase caindo.

Este pode ouvir os palavrões sibilados pelo garoto, certamente não conhecia a todos que lhe foram dito.

— Você não olha por onde anda e fica xingando? É isso? — demorou um pouco, mas reconheceu a voz, já que olhando nunca a conheceria. Os cabelos soltos a tornavam diferente.

— TenTen? O que faz aqui? — foi a primeira que lhe veio a cabeça, nem tentou ser gentil.

— Comprar melancia. — sua ironia fez com que o mais novo revirasse os olhos, entediado. — O que queria que eu fizesse? Vim dar um 'oi' para a Hinata antes de ir ao hospital.

— Hospital? — parando para refletir pode se lembrar de Neji, o único deles que continuava internado. — Ué, ele não vai vir para cá?

— Claro que não, Neji ainda não teve alta. — a amendoada arqueou uma sobrancelha, como se o menino tivesse feito a pergunta mais idiota do mundo. — A Sra. Hikari ia ficar com ele, mas o besta insistiu que não precisava isso e aquilo, bla, bla, bla... Entendeu?

— A-acho que sim... — gaguejou. — Você... Vai entrar?

— Vou sim... Mas o que está fazendo aqui do lado de fora? — o leonino coçou a nuca, meio sem graça, levando a Mitsashi a gargalhar. — Oras, com vergonha, é? — pegou sua mão, começando a puxa-lo para dentro. — Vem logo!

[...]

A carranca de Hiashi não era nada amigável, principalmente depois de ver o moreno se aproximar. Vinte minutos e treze segundos atrasado. Franziu o cenho quando rapaz lhe estendeu a mão, apenas o ignorando. Por outra parte, foi totalmente cordial com Tenten, dando a informação de onde estava sua filha mais velha.

É, ele definitivamente não gostava de Sasuke. Mas isso era importante? Não muito.

Seguiram os dois jovens até o salão principal, que não ficava muito longe da mansão Hyuuga, apenas precisaram andar em média cem metros e atravessar um pequeno jardim ao fundo, onde se podiam observar alguns brotos de onze horas.

Ao notar a aproximação do namorado e da amiga, Hinata não pode deixar de esboçar um sorriso harmonioso, se deslocou até eles, dando um abraço apertado na Mitsashi.

— Oh, faz tanto tempo! — a perolada exclamou quando se separam. Olhou em volta, percebendo que o moreno se escondera atrás de um balcão. — Ei, o que faz aí? Venha para cá! — falou ao chama-lo com a mão, este que, por sua parte, negou com a cabeça.

Nem tão cedo iria afastar-se de onde estava. Depois de ter visto sua dama, daquela maneira, naquele vestido, com os cabelos preso para o lado e adornado com flores, mais lindo do que nunca. Sequer conseguia evitar o formigamento que sentia em partes baixas. Não podia sair dali assim.

— Pelo jeito o visual de alguém agradou, não é? — TenTen indagou com zombaria, levando cobrindo a boca com a mão para gargalhar da situação. Viu o Uchiha enruberecer com o comentário.

Enquanto isso a menor dos três mantinha-se com um semblante interrogativo, sem entender a malícia nas palavras da amendoada. O rapaz murmurou uma entre várias ofensas, enfurecido com a brincadeira.

A Kunoichi das armas deixou a cabeça pender para o lado, metade dos palavrões pronunciados nunca nem havia escutado na vida. Mas quem se importa? Com boa educação se despediu da Hyuuga, e ao passar pelo menino no caminho para fora lhe bagunçou os cabelos negros, unicamente para irritar outra vez.

Sasuke, sem ser capaz de sentir o membro voltar ao normal, ficou onde estava recebendo um encarar confuso de sua namorada. Continuou ali por uns três minutos, quando finalmente sentiu o 'amiguinho' voltar ao normal. Para isso precisou se acostumar com a aparência divina da flor branca.

— Diga-me, — comentou ao vê-lo vir em sua direção — o que fazia lá atr- — os lábios quentes e molhados da garota a impediram de continuar, a fazendo ser pega de surpresa. Surpresa esta que desapareceu completamente quando o gaiato repousou a mão sobre sua cintura, levando a outra as madeixas lisas. Entregou-se completamente ao beijo.

Enfim realizou seu desejo de toca-la sem pedir. E o melhor de tudo era o fato da moça ter gostado da ação repentina.

Xingou o ar em pensamento quando separou-se obrigatoriamente. Maldito oxigênio que inventava de falar num hora dessas! Todavia, nem por isso afrouxou sua mão da cintura amada. Ah, as curvas de Hinata ainda o fariam surtar!

Os olhares do jovem casal se cruzavam, sentia como se pudesse ver todo o universo dentro dos orbes brilhantes da parceira. O desejo de ficar abraçado com a menina a noite inteira se tornava maior a cada segundo passado. Entretanto, infelizmente Hanabi não o deixaria.

— Irmã, Uchiha. Estão demorando demais. — a pequena resmungou, chamando a atenção dos pombinhos. — Com todo esse atrevimento meu pai vai te matar.

— Acho que vou me arriscar. — a resposta soou irônica e desafiante. Definitivamente a pessoa certa para a herdeira Hyuuga.

— Vai acabar sendo enterrado antes de tomar as liberdades, Uchiha. — com uma mão no quadril mantinha uma pose digna de seu Clã. Os outros, porém, ruborizaram com o comentário. — Que foi?

— H-Hana-chan... Não fale coisas desse tipo... — a Capricorniana repreendeu, recebendo como resposta um dar de ombros. — D-desculpe, Sasuke-kun...

— Ah, não ligue! Foi só uma brincadeira! — beijou a bochecha gorda da moça, arriscando uma leve mordida. Resultado? Um grito abafado e um tapa na cara acidental.

Ela se virou, acariciando a área que recebera a 'demonstração de afeto'. Não acreditava naquilo. E acreditava menos ainda no fato de ter batido em Sasuke. É, um relacionamento mudava mesmo as pessoas.

Enquanto isso Sasuke pensava em como uma menininha tão delicada podia bater tão forme. Mas bem, isso não importava agora. E sim que, daqui algumas horas, se iniciariam um novo ano. Um ano em que viveria ao lado da única dama que o faria feliz naquela remota vila.

Sua vida definitivamente ia mudar.