Os Seguidores De Anúbis 3. escrita por Nath Di Angelo


Capítulo 25
Tutorial de como ser banida.


Notas iniciais do capítulo

OIIIIIIIII GENTE!
FALA A VERDADE, VAI! EU NEM DEMOREI O/
Eaaai meus lindos, cheirosos, e gostosos leitores! Como estão?
Eu estou otima, mas ninguém liga né, então vamos pular essa parte!
Beeeeeem, SDA começa a chegar em seu final! É gente, a trilogia está acabando #Cry
Maaas, não vamos desanimar, Okay? Mandem reviews e façam a festa porque 1) Já passamos dos 100 reviews (AHEOOO) e 2) a fic está acabando, então vamos comentar bastante para que mais pessoas a conheçam e que ela nunca caia no esquecimento!
Bem, acho que é só isso. Obrigada a todos pelos reviews ♥ e boa leitura.
Ahh, desculpem qualquer erro, e não exitem em me contar, criticas construtivas sempre são bem vindas!
PS: Não me matem, Okay? Eu tenho um roteiro! MUAHAHAHAH-mentira.



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PDV HÓRUS.

Inspirei fortemente, grunhindo ao soltar o ar de meus pulmões. Eu estava parado no meio de um portal, atrás de mim estava meu quarto em meu castelo e a minha frente a porta do salão dos deuses.

Quando Kebechet sumiu em seu portal uma inquietação infernal me tomou. Eu não conseguia ficar parado fantasiando oque estaria acontecendo naquele momento na festa de Nut. Estava tão aflito que quando vi já estava aqui, vestido a caráter, confuso o suficiente para ter vontade de bater minha cabeça na parede. Eu não sabia oque fazer; não sabia se podia encarar aquela luta de frente... E se eu traísse Kebechet? E se eu traísse Natália? Eu tinha mais anos do que podia contar, mas agora tudo oque eu conhecia parecia estar preste a ruir. Se eu escolhesse Kebechet viraria o inimigo, e se eu escolhesse Natália... não, não depois do que ela fez.

—Porcaria.-Cerrei os punhos, saindo de meu portal, colocando as mãos nas grandes maçanetas de ouro das portas duplas do salão dos deuses. Abri a porta com determinação, sentindo um vento frio me atingir, fazendo surgir em mim um sentimento de arrependimento, quase instantâneo.-Céus...-Lamentei. O salão dos deuses estava um perfeito caos. Não havia uma festa como eu achei que encontraria aqui; pelo menos, não mais. A decoração estava acabada, dezenas de armas se espalhavam pelo salão e o chão estava coberto por sangue. A maioria dos deuses batiam boca entre si, gritando ofensas e outras coisas; Rá parecia estar em uma intensa discussão com Tot, Geb e meu pai, Osíris, e Nut chorava em seu trono, sendo consolada por minha mãe e Néftis. Senti falta de Anúbis, não vendo o deus dos funerais, nem Khonsu, em nenhum lugar no meio daquela bagunça toda.

Se existisse mesmo um inferno aquela seria uma representação justa, porém, não foi aquela baderna que fez meus olhos se arregalarem.

Nefertum estava de braços abertos na frente de Natália, que estava desacordada no chão. Me perdi olhando aturdido para seu corpo, que destacava-se em tons e proporções. a longa saia roxa estava no meio de suas pernas, o cinto dourado que se encaixava perfeitamente em seus quadris, agora estavam tortos e com algumas pedras caídas. Haviam saltos altos jogados perto do corpo da garota, oque me fez supor que eles estavam em seus pés antes. Natália estava mesmo perfeita, se não fosse, é claro, pelo sangue que escorria do corte em sua barriga e pelos recentes danos em sua produção. Kepri e Hapi se encontravam na frente de Nefertum, que protegia a Ramsés com seu próprio corpo, em uma espécie de escudo humano.

—Como tem coragem de protege-la depois do que ela fez?!-Questionou o deus do Nilo.-Essa... essa praga é a causadora de todo mal que caiu sobre nós! Ela não é uma salvadora, é uma maldição!-Acusou Hapi, apontando furiosamente para Natália.

—Ela salvou você.-Cuspiu Nefertum, incrédulo.

—Detalhes, ela estava nos enganando!-Justificou Hapi. Kepri deu uma risada rouca. 

—Ela é como uma serpente que hipnotiza sua presa antes de mata-la.-Observou o deus escaravelho. Nefertum virou-se indignado na direção do deus.

—Natália é uma parte de Rá, assim como você. Como pode dizer isso dela?!
—Sou um deus de milênios de anos enquanto ela é uma menina que mal completou 20. Rá pode ter se enganado na escolha de sua favorita. Acho que ele mesmo acha isso... É só pegar os acontecimentos recentes e comparar.-Dei uma rápida olha em Rá, que ainda discutia com Tot e Osíris. 

—Temos que prende-la. Temos que julga-la! Essa garota amaldiçoada matou um deus,,, um não, três deuses!-Me virei para Hapi, arregalando os olhos. Como assim matou um deus?!

—Kebechet...-Murmurei  temeroso, e sem pensar caminhei em direção a eles. Empurrei Kepri e Hapi, me colocando na frente de Nefertum. O deus dos perfumes olhou-me surpreso, enquanto eu revezava um olhar irritado entre os deuses na minha frente.

—Oque aconteceu?!-Questionei. Hapi semicerrou os olhos, enquanto Kepri caia na risada.

—Como ousa...-Hapi olhou-me de cima abaixo.-Deus da guerra, ex- faraó do Egito... Como pode decair tanto, Hórus?

—Responda!-Exigi. 

—Nossa querida salvadora do Duat, Hórus, acaba de matar  Amón.-Um peso enorme saiu de meu coração.

—Amón está morto?!-Indaguei.

—O "exército de Rá" acaba de levar sua cabeça decapitada  e o resto de seu corpo para o embalçamento. -Kepri fez aspas com os dedos.- Aquelas crianças um exército... Isso só pode ser uma piada.

—Cale a boca, Kepri!-Ordenou Nefertum. Respirei fundo, cerrando os punhos.

—Oque...-Comecei, mas fui cortado quando o exército de Natália adentrou o salão, tão sujos de sangue quanto o chão. Os cinco se curvaram vacilantes na frente de Rá; Mel apoiou-se em Piatã, parecendo que iria vomitar a qualquer minuto.

—Sr. Rá... nós... terminamos.- Anunciou a menina, fazendo uma careta.

—Ah, oque foi? Não gostaram de levar o corpo de Amón para a mumificação? Pensei que o queriam morto...-Comentou Kepri, olhando entretido para os cinco. Max lançou um olhar irritado ao mesmo, virando-se novamente para Rá. O deus do sol parou sua briga, virando-se para o grupo friamente.

—Eu já falo com vocês...-O mesmo se virou para Nefertum, apontando com o queixo para Natália.-Leve-a daqui. E assegure-se que ninguém chegue perto de seu quarto.-Ordenou o Faraó dos deuses. Nefertum assentiu, lançando um ultimo olhar mortal a Kepri e Hapi, pegando com cuidado o corpo de Natália do chão. A garota pendeu-se mole ali, e não pude deixar de segui-la com os olhos enquanto Nefertum a levava para fora do salão.

—Hunf... Isso é broxante. Nossa salvadora quase morreu ao invés de matar Kebechet. Isso está um pouco errado, não?-Indagou Kepri.

—Ela tentou!-Protestou Arthur.-Ela lutou! Estão se esquecendo da facada?

—É claro que não, rapaz! Mas convenhamos, se fosse mesmo para ela matar Kebechet não haveria uma facada.-Argumentou Hapi.

—Ela só levou uma facada porque vocês forçaram isso! Estavam brincando de destino e tentaram adiantar a guerra! -Retrucou Max. Piatã o encarou intensamente, como se o mandasse calar a boca com o olhar.

—Já chega!-Gritou Rá. Max se estremeceu, porém, a carranca irritada em seu rosto não desapareceu.  O deus do sol fulminou as crianças por alguns segundos antes de passar as mãos pela cabeça, soltando um suspiro cansado. Rá parecia ter envelhecido alguns anos desde a última vez que eu o vi. Na verdade todos ali pareciam mais cansados que o habitual.- Vocês conseguiram chegar no limite de vocês.-Murmurou o deus.- Acabaram de esgotar cada gota de paciência que eu tinha.

—Mas senhor, a culpa foi de Amón, ele que nos atacou.-Alegou Piatã.

—Não quero ouvir nenhuma desculpa vinda de vocês. Perceberam oque fizeram?! Vocês foram desleais, quebraram  uma ordem que eu dei e me omitiram coisas! Não quero mais ouvir falar da noite de hoje, entenderam?! E ordeno que não pronunciem mais o nome de Amón neste lugar!

—Oque há de errado em falar o nome de um traidor? Mudaria alguma coisa?-Questionei. Rá virou-se para mim, os olhos dourados brilhando intensamente, como se pudesse me fulminar a qualquer momento, mas não podia. Não graças a minha divindade.

—Está desafiando uma ordem do deus dos deuses, deus da guerra?!-Questionou Hapi. Abri a boca para rebate-lo, porém, Tot se meteu na conversa, arrumando os óculos de aro no rosto nervosamente.

—Rá tem razão. Não estão sentindo? O ar está mais rarefeito... Perdemos mais uma divindade. Maat está mais fraca do que nunca esteve!

—O ar parece perfeito para mim...-Resmungou Max.

—Mas não está! Apesar de tudo que se passou Amón ainda era uma parte muito importante. Um deus primordial está morto, estamos muito mais longe de restaurar a lei e a ordem no duat.-Explicou o deus dos conhecimentos.

—Parte muito importante?!-Indagou Nut.- Tudo oque aquele homem fez foi estragar um dos momentos mais felizes de minha vida!-A deusa do céu se levantou, sendo amparada por Ísis.-Rá, como pode mentir daquele jeito para mim?!

—Tudo oque fiz foi preciso, Nut!-Respondeu Rá.

— Preciso?! Tudo oque fez foi me enganar, me iludir! Natália... Céus, aquela pobre garota refém do egoísmo de vocês... Ela sim estava me dizendo a verdade desde o início! Ela... ela se machucou tentando salvar vocês, como podem trata-la desse jeito?

—É apenas o trabalho dela, não é? Ela nasceu com o destino pronto, Nasceu para nos servir!-Protestou Hapi. O encarei enojado.-Ou será que não é? Por isso que ela falhou...

— Ela não é um brinquedo.-Falou Geb.-Eu a conheço desde que matou Apófis... Aquela garota tem uma vida! Uma família! Sentimentos!

— É oque tentamos dizer a eles desde que chegamos aqui.-Resmungou Mel.

— Não se metam!-Vociferou Rá. Mel grunhiu baixo.- Não protejam mais Natália. Por causa dela é que estão nessa situação. Se tivessem me contado que sabiam que Amón era um.. um traidor, não estariam nessa situação! Quero que vão agora para a casa da vida e só saiam de lá quando eu ordenar!

— Mas, senhor... Natália....-Começou Heitor, mas foi calado por Rá.

— Ela vai ficar bem logo. Vocês são o exército de Rá e não o exército de Natália. Aquela garota... ela terá oque merece quando acordar. Até lá eu ordeno que fiquem longe dela, ou será pior para vocês.-Ameaçou o deus. Osíris comprimiu os lábios ao lado do deus, enquanto Tot respirava fundo, murmurando algo como "É necessário" repetidas vezes.-Tot, acompanhe as crianças a casa da vida. E... conte a Amós oque decidimos.

—Sr. Rá, por favor, reconsidere.-Pediu Osíris. Rá dispensou seu pedido com um aceno de mão, sentando-se pensativo em seu trono. Tot assentiu.

— Me acompanhem, crianças.-Mandou o deus do conhecimento. Mel olhou para mim.

—Por favor, Hórus... nos deixe informados.-Pediu a garota em um sussurro, antes de seguir os outros para fora do salão. Senti meu coração se apertar, cerrando os punhos.

—Eu não posso.-Respondi baixo, mas a menina estava longe demais para ouvir.

—Finalmente, Rá. Já estava na hora dessas crianças saberem seus devidos lugares.-Falou Kepri. Rá se virou para ele.

—Não preciso de seus comentários, Kepri.-Grunhiu Rá. Hapi pigarreou.

— Tenho certeza que em será justo em seu julgamento, sr. Rá. Só tenho que o lembrar de Anúbis e Khonsu, não se esqueça deles.

—Oque?! Porque está metendo meu filho nisso?!-Questionou Néftis.-Ele não tem mais nada haver com essa... menina Ramsés!

—Oras, será que são cegos?! Eu o vi entregando uma espada a Natália quando a mesma estava desarmada. Ele a ajudou mesmo que a luta fosse contra sua própria filha! Não podemos confiar em alguém assim... Lembrem-se, a profecia cita um traidor dentre os favoritos de Natália, e que eu bem me lembre Anúbis é um dos favoritos dela... se é que me entendem. Sem falar de Khonsu, o próprio pai foi morto e ele não está para para prestar o luto. Prefere fugir e ficar ao lado daquela loirinha mortal que ele chama de namorada, outra cúmplice da Ramsés, se querem saber minha opinião.

—Cale a boca antes que eu mesmo cale.-Grunhi. Osíris e Ísis se viraram surpresos para mim.-Anúbis não é o traidor. - Eu sou, completei mentalmente.-E muito menos Khonsu. Ele não está prestando luto a Amón, pois o mesmo não merece uma gota se quer da lágrima de alguém aqui.

—Meu filho, se acalme. É óbvio que Anúbis não é o traidor!-Falou Ísis.

—Não permitirei que levantem qualquer suspeita contra meus filhos.-Falou Osíris. Rá bufou.

—Quero saiam daqui. Me deixem sozinho.

—E sobre a Ramsés, Rá? Não é possível que a deixará como está após matar Amón.- Lembrou Kepri.-Oque vai fazer? Isola-la do mundo, dessa vez?

—Você saberá amanhã de manhã.-Respondeu Rá.- Assim como todos vocês... Quero todos aqui para uma reunião. Inclusive você, Hórus.- Olhei para o deus do sol, trincando o maxilar. Meu pai lançou-me um olhar  cauteloso, pedindo-me para não contradizer Rá.- Enviem essa mensagem aos 4 cantos do mundo... Quero todos os deuses aqui amanhã. - Engoli em seco, sentindo um gosto amargo invadir minha boca.

—Eu estou indo.-Anunciei, virando-me para trás.

—Hórus!-Chamou minha mãe, mas eu não podia ficar mais tempo naquele lugar. Tinha que me encontrar com Kebechet.

(...)

As viagens de portal demoravam apenas alguns segundos, mas aquela pareceu durar horas.

Minha cabeça estava cheia de pensamentos; pensamentos de ódio, de dor, de frustração... Tudo misturado em um único ser: eu. Tudo por causa de, também, um único ser: Natália.

Enquanto eu viajava para o esconderijo de Kebechet, malditas lembranças invadiram minha mente. Me lembrei de cinco anos atrás, quando Natália levou uma facada de Apófis. Eu havia ficado nervoso; havia sentido medo de perde-la e raiva de Anúbis por não protege-la. Hoje a mesma situação se repetirá. Natália levará uma facada de seu inimigo, mas eu não estava nervoso, não senti medo de perde-la, até porque eu já não a tinha mais, e estava também com certa raiva de meu irmão, não por ele não ter protegido Natália e sim por ele ter feito. Anúbis havia se entrometido na briga de Kebechet e Natália. Sacrificou qualquer chance da filha o perdoar ajudando a Ramsés. Anúbis tinha feito tudo oque eu deveria fazer. Era eu quem devia estar do lado de Natália e ele ao lado de Kebechet, mas... acho que nossos papéis foram trocados pelo destino.

Sai do portal e assim que meus pés tocaram o chão senti que algo estava errado.

—Kebechet?!-Chamei alto. Primeiramente eu não ouvi nada, até que comecei a ouvir um ruido baixo, parecido com o miado de gatinhos.-Kebechet!-Sai correndo pelo lugar procurando pela deusa, percebi que estava no caminho certo  quando respingos de sangue apareceram, fazendo uma trilha até onde a deusa estava e quando cheguei lá tive certeza que aquilo era pior do que eu imaginava.

Kebechet estava caída no chão, tentando se arrastar fracamente e sem sucesso. Uma espada ensanguentada estava ao seu lado e sua perna estava ferida gravemente. Corri para a mesma, pegando-a pelos ombros, deitando-a de barriga para cima. Kebechet grunhiu alto, em uma mistura refinada de dor e agonia. -Kebechet! Keb, oque houve?!

—Hórus...-A deusa tinha os olhos perdidos, então puxei seu queixo para que a mesma pudesse me ver. Lágrimas longas rolaram de seus olhos, enquanto a mesma soluçava tão fortemente que seu corpo inteiro tremia.-Natália ela... me machucou cruelmente...-A deusa engasgou. -Faça parar de doer.

—Shhh, tudo bem... Fique calma.-Pedi.- Eu vou te ajudar. Vou fazer um curativo, logo sua perna estará boa, okay?!

—Não...-Kebechet comprimiu os lábios.- Não é ai que dói...- Kebechet balançou as mãos, procurando algo no ar. Eu exitei, mas peguei uma de suas mãos, e ela a apertou a ponto de conseguir quebra-la. Ela colocou minha mão em cima de seu peito, ao lado esquerdo do corpo,-Porque dói tanto?!-Indagou. Suspirei pesadamente.

—Eu... sinto tanto, Keb...-Murmurei. -Sinto tanto que tenha que ser assim...- A garota retirou sua mão da minha, e por um momento achei que ela fosse gritar comigo, me mandar embora ou outra coisa, mas ela não o fez. Kebechet puxou-me pelo braço, abraçando-me, escondendo o rosto em meu peito. Senti sua respiração fraquejada contra minha pele, sentindo um solavanco estranho em meu coração.

—Por favor, Hórus...-Implorou.-Por favor... Não me deixe. - Senti um aperto invadir meu peito.- Eu não tenho mais Amón, nem minha mãe e nem meu pai... É o único ser que me resta... Jure para mim... Por favor.

—Eu...-Me soltei do abraço de Kebechet, olhando-a nos olhos. A deusa ainda chorava, estava com os olhos inchados e o rosto pálido. Eu ainda via Anúbis em seus olhos cada vez que olhava pra ela, mas eu precisava fazer aquilo, eu precisava esquecer aquela garota.- Juro que não irei te abandonar, Kebechet. Até o fim dessa guerra te ajudarei e não sairei do seu lado-Prometi, antes de puxa-la mais para mim, beijando-a com ardor, e depositando naquele beijo todo amor que eu ainda tinha por Natália Ramsés.

PDV NATÁLIA.

Senti minha consciência voltando ao barulho do toque de meu celular. Desejei que ele parasse mas o mesmo continuou a tocar incansavelmente pelo que me pareceu horas. Quando finalmente consegui abrir os olhos ele ainda estava tocando, mas demorei alguns segundos para raciocinar e pega-lo para atender.

—Alô...-Murmurei e minha voz saiu mais como a de um travesti do que a minha própria voz.

—Natália?! Pelos deuses! Sabe a quanto tempo estou tentando falar com você?!-Questionou Rakel do outro lado da linha.

—Espera...-Pedi, olhei para a tela de meu celular que marcava 35 ligações perdidas.-35? Deuses, quem morreu?

—Você! Quer dizer... Quase.-Falou a garota.- Estava tão preocupada. Mas achei melhor sair dai... Khonsu não queria ficar.-Contou Rakel. Me lembrei dos fatos devagar, soltando um gemido. Céus... Eu havia cortado a cabeça de Amón na frente do próprio filho.

—Merda. Rakel, diga a Khonsu que eu...-Comecei, mas a mesma me cortou.

—Não... Ele não está te culpando. Só está... chateado por não ter contado a ele que seu próprio pai era um traidor.-Falou. Suspirei, sentando-me na minha cama, devagar. Um pequeno desconforto instalou-se em minha barriga, oque me fez levar a camiseta que usava, vendo um corte, que já estava fechado, porém, ainda avermelhado.-Como você se sente?

—Acabei de lembrar que levei uma facada.-Respondi.- Acho que estou até que muito bem, diante desse fato.

—Me admira estar viva ainda..,Sua sorte é o que o poder de Rá estava te protegendo.-Falou Rakel. Assenti, mesmo ela não podendo ver.

—Nem me diga. Eu deveria agradece-lo?

—Não pense nisso, tenho certeza que com a re...-A frase de Rakel foi cortada por um pigarreio em meu quarto. Assustei-me, retirando o celular da orelha por um segundo, olhando na direção do som, dando de cara com Nefertum. O deus me encarava intensamente, oque me fez arquear uma sobrancelha, temerosa, voltando a colocar o celular na orelha.-Natália?

—Oi, estou aqui. Rakel, tenho que desligar... Nefertum está falando comigo...

—Falando? Não estamos falando.-Retrucou o deus dos perfumes.

—Mas estaremos logo.-Sorri sem graça.- Você quer gritar comigo, não quer, Nefertum?

—É oque eu mais quero.- Concordou Nefertum, encarando-me por cima dos olhos. Rakel bufou pelo telefone.

—Certo. Ele te contará a novidade. Nos vemos logo, Okay?

—Okay. Tchau. - Desliguei o celular, olhando para o deus em minha frente. - Tudo bem, Nefertum, oque foi?

—Oque foi? Tem coragem em me perguntar oque foi? Prometeu para mim que não ia se machucar!

—Oque queria que eu fizesse? Não podia imaginar que Kebechet ia esconder uma faca e me atacar.-Protestei.- Não fique assim, veja -Toquei a bariga sem exitar.-Nem dói tanto... eu estou bem.

—Bem? Ah, queridinha, oque você não está nesse momento é bem! Só não está pior pois o poder de Rá estava em seu auge e o corte nem era tão profundo assim. Além do mais estou nesse quarto desde ontem a noite, atendendo quase todo adorável deus desse duat que bateu nessa porta ou para acabar com você ou para pedir sua mão em casamento.

—Pedir minha mão em casamento?-Questionei, soltando uma risada. Nefertum olhou-me indignado.

—Não ria! Essa é uma pequena minoria. Eles ainda querem te matar!

—Deixe que eles tentem, Nefertum. Não podem fazer nada. Eu os salvei de um traidor e só não acabei com Kebechet pois não era a hora.

—Deuses, como pode estar tão calma?!

—Não estou calma... Apenas estou aliviada. Essa facada em minha barriga poderia ter me matado, mas não me matou porque não era a hora disso acontecer. Provei a eles que estava certa... Provei a que estava certa. 

—Não fique tão feliz, Rá está furioso! Você virou toda essa droga de lugar de cabeça pra baixo.- Resmungou, cruzando os braços.

—Como se eu não tivesse feito isso antes.

—Dessa vez é diferente... Você matou Amón, um dos favoritos de Rá.

—Eu não o matei por que quis, o matei porque ele ia matar a Mel. Eu só a defendi de um traidor.-Retruquei.- E que eu saiba, eu sou a favorita de Rá.

—Os deuses não estão pensando desse jeito. Nunca os vi tão furiosos... Temo oque vai acontecer.-Falou Nefertum. 

—Por exemplo?-Indaguei.

—Tenha calma, você vai descobrir daqui a pouco.-Falou o deus dos perfumes.

—Daqui a pouco? Oque tem daqui a pouco?

—Rá convocou um conclave e você vai participar.- O encarei.- Você é o tema da droga da pauta.
(...)

Parei na frente das portas do salão dos deuses por um momento. Nefertum aproximou-se de mim, colocando a mão em meus ombros, em um gesto companheiro.

—Apesar de sua pouca idade vai ficar com rugas se continuar a franzir a testa desse jeito.-Avisou Nefertum, tentando esticar minhas sobrancelhas franzidas, mas sem sucesso. Continuei a encara-lo com raiva.

—Nem tente.-Cortei, fazendo-o fazer um biquinho.

Eu não podia acreditar no que Rá tinha feito...  Um conclave para me julgar?! Como se eu fosse uma espécie de criminosa?!

—Vamos, não fique tão nervosa. É só uma reunião... Só que nessa você será julgada.

—Não acredito que estão fazendo isso mesmo.

—Relaxe. Vai dar tudo certo... Rá não seria capaz de fazer algo contra você. Provavelmente é só mais uma bronca.-Falou Nefertum. -Apenas... mantenha a calma e a soberania.-O mesmo pegou meu queixo, empinando-o.- Levante o queixo e prove para eles que você não se arrepende de nada, e que estava certa no que fez.

—Mas eu estava!-Protestei. Nefertum apontou para as portas.

—Então vamos lá. Só não irrite mais Rá, okay? Por favor?

—Não posso prometer isso...-Falei, abrindo as portas do salão.

—Natália!-Protestou o deus dos perfumes, mas eu já havia entrado. Respirei fundo, tentando não transparecer meu nervosismo. Uma estranha onda de tensão caiu sobre mim, eu nunca fiquei receosa em estar no meio de tantos deuses, mas alguns olhares mortais em minha direção fez-me repensar se Nefertum não estava um pouco equivocado em pensar que tudo daria certo; porém, mesmo assim, fiz  oque ele mandou, e apenas caminhei determinada no meio daquelas divindades todas.

Assim que notaram minha presença os deuses se calaram. Se ontem isso aqui estava cheio, hoje não estava diferente. Todos estavam aqui; Bastet, Sobek, Serkhmet, Taweret... E todos me seguiam com o olhar como se estivessem assistindo minha caminhada para a guilhotina.

—Olhe só quem chegou...-Anunciou Kepri, irônico. O ignorei, continuando a andar. Vi Nefertum sentar em seu trono, parando por um instante logo depois. Anúbis e Hórus estavam ali também. Olhei para o deus do funerais, que retribuiu meu olhar, comprimindo os lábios. Eu queria agradece-lo por ontem. Se ele não tivesse jogado aquela espada para mim eu estaria morta agora.

—Natália...-Sussurrou Nefertum, acordando-me de meus devaneios, antes que eu pudesse fazer algo. O deus fez um gesto para mim continuar a andar e eu obedeci, após Anúbis balançar a cabeça para mim. Enquanto andava, tentei buscar o olhar de Hórus mas o mesmo apenas desviou os olhos dos meus todas as vezes que eu tentei.  O encarei, incrédula, sentindo a tensão em meus ombros aumentar.

—Hórus...-Sussurrei.

—Natália.-Virei-me para a frente, percebendo que eu já estava a beira do trono de Rá. Pisquei algumas vezes, tentando esquecer Anúbis e Hórus por um tempo, focando-se apenas em minha situação atual. Tomei fôlego, semicerrando os olhos para Rá.

—Um conclave?-Questionei. O deus do sol me avaliou com o olhar.-Pode me responder se quiser, eu não irei me curvar, se é oque está esperando.-Um burburinho alarmado se espalhou pelo salão. Nefertum choramingou, enquanto Hórus se arrumou em seu trono.

—Essa garota... Como ousa falar assim com o deus dos deuses?!-Questionou Hapi. Abri a boca para responde-lo, porém, Rá me impediu, fazendo todos se calarem com um aceno. O deus do sol levantou-se calmamente.

—Iremos começar nosso julgamento. -Falou o deus em alto e bom som.

—Está me ignorando?-Questionei. Mas Rá se quer olhou para mim.

—O motivo de estarmos aqui hoje é pela morte do deus Amón, assassinado pela suposta salvadora do duat, Natália Menezes Faust Ramsés...

—Suposta?!

—...Como nosso habitual Juiz, Anúbis, se negou a reger esse conclave, escolhemos Tot para atuar dessa vez.-Um sorriso sarcástico formou-se em meu rosto.

—Vocês só podem estar brincando...-Tot levantou-se de seu trono, indo até Rá.

—Hm... bem... Vejamos.-O mesmo analisou alguns papéis em sua mão.-Natália Ramsés, sabe o porque de estar aqui?

—Acho que pelo fato de ter matado um traidor!- Esbravejei.

—Você matou em deus!-Acusou Hapi. Virei-me para ele.

—Isso não o faz menos traidor.-Murmurou Khonsu, que estava tão quieto que eu mal notará sua presença. Não evitei olha-lo com pena.

—Khonsu... Me desculpe...- O deus da lua forçou um sorriso para mim.

—Não tem culpa nenhuma, Natália... Eu acredito em você, esqueceu?

—Como pode dizer isso?! Essa garota matou Amón!

—Ah, pelos céus, será possível que não o viram ao lado de Kebechet? Que não o viram tentar matar Mel?-Indaguei.

—Então... Está dizendo que a vida de uma mortal é mais importante que a vida de um deus?-Perguntou Kepri.

—Se esse deus for um traidor... Se esse deus atentar contra a vida de quem estou tentando proteger, sim.- Respondi.

—Veja só essa menina...-Murmurou Sekhmet.

—Pobre Natália...-Murmurou Taweret.

—Silêncio!-Pediu Tot. Bufei, indignada, passando a mão pelos cabelos.-Natália, nós votamos antes de chegar aqui... Porém, daremos a você uma chance de se... redimir. Por favor, proteja-se.

—Me redimir?!-Olhei para Rá.-Não acredito que está me submetendo a isso... Tudo oque eu fiz nesses 5 anos não foi servi-los? Não foi protege-los?! Vejam -Apontei para meus braços nus, levantando a camiseta até a altura do umbigo.- Acham que ganhei todas essas cicatrizes atoa? Acham que gosto de ter a frase "Set esteve aqui" escrita em minha pele?!

—Ela está certa!-Falou Nut.- Esse conclave não tem fundamentos! Amón é o verdadeiro vilão. Natália sempre serviu vocês. Primeiro foi com Anúbis, não foi, chacal?-Todos se viraram para o deus dos funerais, que manteve-se firme, apesar da aparência fragilizada.

—Fui o deus de Natália durante metade de sua vida como seguidora... Posso afirmar que ela sempre fez tudo para nos ajudar.-Murmurou Anúbis.

—Ah, e olha quem estamos ouvindo, outro traidor!-Disse Hapi.- O deus que se envolveu com com uma mortal, o deus que se virou contra a própria filha, que baniu sua esposa e que agora está protegendo uma mentirosa!-Anúbis rosnou e meu sangue borbulhou junto. Oque aquele deus idiota do Nilo estava pensando?

—Não meta Anúbis nisso!-Vociferei.-Como pode ser tão ingrato? Se não fosse por mim você estaria morto também!

—Está me ameaçando, garota?!-Indagou Hapi, incrédulo.

—Não!-Exclamei. -Pelos deuses...-Olhei par Rá, em busca de alguma coisa, mas o deus estava calado, apenas assistindo tudo.

—Você não é capaz de matar Kebechet... Não é? Pode assumir querida, estamos vendo suas fraquezas...

—Fraquezas? Natália matou Set, Apófis e Amón!  Isso é ser fraca? -Questionou Nefertum.

—Ahhh, então assume que a mesma matou Amón de propósito?!-Questionou Hapi.

—E isso não estava claro a todos vocês?!-Questionei.- Amón é um traidor, qual parte ainda não entenderam?! Eu sabia a tempos que Amón era um traidor. Escondi para protege-los, e ia entrega-lo quando Kebechet fosse embora. Mas ele ameaçou ferir Mel, eu não tive escolhas.

—Porque não me contou?-Indagou Rá. Voltei-me a ele.

—E o senhor acreditaria em mim?-Questionei.- Acreditaria se eu contasse que um dos deuses mais queridos do Duat é um trairá?

—A quanto tempo sabe?!

—Antes mesmo dele chegar aqui.-Respondi. Rá inclinou-se em minha direção.

—E você não confiou em seu deus? Não confiou em mim?-Neguei com a cabeça.

—Não.-Respondi, friamente. Rá respirou fundo, levantando-se de seu trono. Tot engoliu em seco.

—Está na hora de um veredito.-Anunciou ele.

—Oque?-Rá olhou-me duramente.

—Natália, eu quero que saia daqui...

—Não, eu não vou! Não irei para meu quarto, novamente. Não ficarei trancada, eu não tenho 12 anos! Pare de me tratar como criança, e olhe nos meus olhos e diga que acreditaria em mim se eu contasse.

—Você não me entendeu... Quero que saia do Duat. Quero que saia daqui e nunca mais volte.-Franzi o cenho, enquanto Rá andava em minha direção.- Eu, Rá, deus do sol, senhor de todos os deuses, estou te banindo para sempre, Natália Ramsés.- Sentenciou o Rá, antes de arrancar meu colar de iniciada de meu pescoço. Arfei, olhando-o assustada. Anúbis levantou-se de seu trono, juntamente com Nefertum e Khonsu. Hórus arregalou os olhos, olhando-me fixamente pela primeira vez naquele dia.

—Sr. Rá, oque está dizendo?  Por favor, não pode fazer isso!- Pediu Nefertum.

—Eu... eu sou a seguidora de Rá, sou a garota da profecia, não pode me expulsar daqui...-Comecei, mas Rá me interrompeu.

—Uma iniciada é temente a seu deus, uma iniciada não desafia seu deus como você faz comigo, ou como fazia com Anúbis. Cometemos um grande erro quando te trouxemos para cá, e chegamos a conclusão que você não pode ser a garota da profecia.

—Céus... do que estão falando?!-Questionei aflita.-Eu sou a garota da profecia... Eu matei Apófis. Eu matei Set!

—Rá estava com você todas as vezes. Você só teve sorte, criança.-Murmurou Tot, estranhamente nervoso.-Sinto muito.

—Desculpe, mas... como podem chamar isso de sorte?! Depois de cinco anos, como podem duvidar?!-Questionou Khonsu.

—Vocês estão loucos... Isso não é possível.-Falou Hórus, enfim, levantando-se de seu trono. O mesmo me encarou e oque era para ser algo que me desse confiança me deixou ainda mais abalada. Hórus estava vestindo uma camiseta de linho branco, com a gola em V. Seu pescoço estava totalmente amostra, amostra o suficiente para eu ver marcas de chupões ali.

—Oque...?-Eu recuei alguns passos, encarando o chão.-Se isso foi algum tipo de castigo, por favor, já chega!

—Não é nenhum castigo... Eu cometi um erro e agora estou pagando por ele.-Encarei Rá, sentindo meu peito se apertar.- Que fique claro a todos aqui, principalmente a Nefertum, Khonsu, Hórus e Anúbis que está terminantemente proibido o contato com Natália Ramsés a partir de hoje. Qualquer ato que vá contra isso será visto como traição.

—Não pode fazer isso!-Gritou Anúbis, mas Rá não o deu atenção.

—E a você, Natália, que fique claro que não é mais considerada em nada. Nem a casa da vida, nem nenhum nomo, nem nada que faça parte desse mundo poderá te abrigar ou te ajudar. Esqueça oque viveu até agora.

—Não!-Gritei.-Como posso esquecer? Estão loucos, por acaso?!- Senti um vento forte soprar atrás de mim, vendo que um portal se abrirá ali. O mesmo começou a me puxar para dentro dele, mesmo contra meu desejo. -Parem!

—Não sabem o grande pecado que estão cometendo! O duat ruirá sem essa menina aqui! Esta escrito na profecia!-Protestou Ísis.

—A profecia não é dela! Estou procurando em todos os nomos uma nova iniciada!-Retrucou Rá.- Avisei a Amós e ele está me ajudando... Natália definitivamente não é oque precisamos.- Tentei firmar meus pés no chão, olhando para Nefertum em busca de ajuda. O deus tentou vir até mim, porém, Kepri se colocou em sua frente.

—Saia!-Ordenou Nefertum. Kepri riu.

—Hoje não, deus dos perfumes.

—Sr. Rá, faça isso parar!-Implorei, mas o forte vento continuava a me arrastar cada vez mais perto do portal. Os deuses que estavam ali assistiam sem interferir. Nut comprimiu os lábios, desculpando-se em silêncio, juntamente com Geb. Osíris correu para perto de Rá, tentando argumentar, mas nada que dizia dava certo. Anúbis deu um impulso para frente, mas Hórus o segurou. Khonsu foi o próximo a tentar vir até mim, mas dessa vez Hapi interferiu.

—Está desonrando seu pai!-Repreendeu.

—Que se dane!-Minha nuca começou a formigar e minha visão do salão começou a sumir. Rá não olhou para mim. O deus apenas deu as costas e saiu do salão com Tot em seu encalço.

—Natália!-Chamou Anúbis, mas eu não pude ao menos vê-lo por uma última vez. Fui sugada pelo portal e minha visão tornou-se embaralhada. Senti algo duro bater contra mim, derrubando-me no chão.

—Não...-Murmurei, enquanto o farol de um carro me cegava. Levantei-me do chão, reconhecendo o centro do Brooklyng ali. Xinguei, tentando abrir um portal, mas mesmo sentindo o poder correr nas minhas veias eu não conseguia. Eu realmente havia sido expulsa do duat.


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Notas finais do capítulo

Eai? Gostaram? Acho q não né, mas mesmo assim deixem seus reviews! Me contem oque acharam e eu prometo enche-los de amor e carinho 'Huhsuahsuahsuahsuahsuahs
Beijos e até o próximo, queridinhos!