Os Seguidores De Anúbis 3. escrita por Nath Di Angelo


Capítulo 24
Uma morte horrenda.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, que tal nós fingirmos que eu não estou totalmente sumida do Nyah e começemos as notas iniciais de maneira fofa e amigável?!
OIIIIII GENTE < 3
QUANTO TEMPO MDS, QUE SDDS DE VCS!!! Cara, sinto muito pela demora e estou mega feliz de ter voltado (Agradecam ao papai noel) Maaaas ca estamos com mais um capítulo dessa fanfic q parece q não acaba nunca! E dessa vez com um título de capítulo bem sugestivo HOHOHOHOHOHO
Brinks a parte, desejo a vocês, lindos da tia Natália, um feliz ano novo e que vcs n me abandonem tbm né #cry
Beeeem, boa leitura cats, nos vemos nas notas finais e desculpem qualquer erro! Byee



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PDV NATÁLIA.
Levantei a cabeça, limpando as gotas de suor que surgiam em minha testa, suspirando pesadamente.
–...Você tem certeza que está bem?-Questionou Mel, olhando-me de testa franzida. Assenti, passando a mão por meus braços avermelhados.
O sol queimava minha pele sem dó, trazendo uma leve ardência que me fez ter que levantar caminhando pela areia até a margem do Nilo, molhando os braços na água calma. Piatã ergueu uma sobrancelha, olhando inquisitivo, enquanto os gêmeos derrubavam Max dentro da água, rindo como idiotas.
–Essas águas são mágicas, tenham respeito!-Vociferou Mel, que apenas molhava os pés, assim como Piatã. Apesar do calor infernal, o dia estava estranhamente em paz. O lado mágico do Egito estava calmo, não tendo nenhuma divindade por perto para encher o meu saco. Claro, todos estavam ocupados com os preparativos para a festa de Nut e Geb. A festa começaria em poucas horas, mas nem eu nem meu exército parecíamos estar com pressa, afinal, para nós, aquilo não era exatamente uma festa.
–Hm... Natália.-Murmurou Arthur, apontando com o queixo discretamente para trás. Virei-me dando de cara com Rá, que me encarava duramente de uma das janelas do castelo dourado que se erguia atrás de nós, fazendo meu coração arder mais do que qualquer queimadura de sol. Retornei minha cabeça para frente bruscamente, encarando o horizonte marcado por pirâmides com raiva. Olhei para baixo vendo ao meus pés uma pequena amostra do caos. O óleo de polir armas misturava-se aos grãos de areia, grudando em minha pele e em minhas roupas de uma maneira quase possessiva; As inúmeras espadas, adagas e outras armas estavam enfileiradas em minha frente, e brilhavam tanto quanto o castelo de Rá atrás de mim.
–Então...-Começou Piatã, com os olhos semicerrados por causa da claridade.-É guera...-Falou com um toque receoso na voz. Voltei-me para ele, comprimindo os lábios.
–Não foi minha escolha...
–Nós sabemos.-Reclamou Mel, enquanto Max, Arthur e Heitor paravam de brincar.-Droga... Como podem ser tão burros?! Eu adoro festas... Mas uma com Kebechet parece horrível!
–Cale a boca se não quer ser fulminada!-Protestou Heitor.-Sr. Rá está bem atrás de nós, estamos no castelo dele!
–Mel tem razão.-Retrucou Piatã.-Nem sr. Rá deve mexer desse jeito com o destino. Estão indo contra uma profecia de Tot, estão afrontando Maat!
–Maat não existe a um bom tempo, Piatã...-Falei. O garoto me encarou.-Olhe só para tudo isso... Consegue ver Lei e ordem em algum lugar aqui?-Piatã abaixou a cabeça, enquanto Max bufava.
–Relaxem, manas. Vai dar tudo certo!-Exclamou, saindo da água, sentando-se despreocupado ao lado de Mel, que o olhou com nojo.-Essa paranoia não vai levar a lugar nenhum. Confiem em vocês mesmo, afinal, somos o exército de Rá!-O garoto flexionou o bíceps magrelo, deixando o braço cair ao ver minha reação ao ouvir o nome do deus do sol.-Oh, desculpe.
–Que seja.-Murmurei. Não seria surpresa eu dizer que estava puta com Rá pelo ocorrido de ontem, muito mais puta do que qualquer outra vez. Me sentia desrespeitada e ainda mais irada com tudo isso depois do deus do sol mandar-me me colocar em meu devido lugar, que, sinceramente, eu não sabia qual era. Tudo já estava tão difícil, e essa repentina festa só estava fazendo tudo piorar. Desde a morte de Set eu levei três longos anos longe de todos, aprendendo a me preparar para minha ultima guerra, para no fim das contas tudo acontecer, idiotamente, em menos de 24 horas.
–..você não consegue mesmo manter a boca fechada, não é?!-Questionou Piatã.-Pelos deuses, você tem sérios problemas Maximus...
–Olha quem fala, o senhor " eu sou superior".-Zombou Max, aborrecido.-Pessoas erram, sabia?!
–É, mas existe um limite Max... Você já ultrapassou ele faz tempo.-Falou Heitor, fazendo Max jogar um punhado de areia no mesmo.
–Cale a boca.
–Escutem.-Cortei. -Todos vocês precisam estar atentos hoje a noite.-Murmurei, olhando seriamente para os cinco. -Um passo em falso e já sabem...
–Todos nós morremos...-Falou Arthur com tom de desdem na voz.-O Egito entra em caos... Essas coisas.
–Eu falo sério.-Falei, levantando-me.-Teremos que lutar seriamente hoje... Não é um treino. E tudo oque eu menos quero é que se machuquem.
–Eeei! Oque aconteceu com a história de "os magos mais fortes já nascido na casa da vida em 100 anos?"-Questionou Mel, olhando-me com os grandes olhos verdes questionadores.
–Não está confiando em nós? Pelos deuses, você mesma nos treinou.-Falou Heitor, cruzando os braços.
–Eu confio em vocês... Mas...
–Já disse para relaxar! Vamos dar uma surra em Kebechet, você vai verá!-Afirmou Max, sorrindo otimista. Dei um sorriso de lado, abrindo a boca para responde-lo, porém, fui cortada por uma nova voz no ambiente.
–Pelos deuses, oque fazem aqui?!-Indagou Nefertum, caminhando pesadamente pela areia espeça. O mesmo me encarou de cima abaixo, virando-se para os garotos logo depois.-Esqueceram da festa?!
–E tem como?-Questionou Mel.-Só estávamos dando um tempo aqui...-Resmungou a garota.
–Deram tempo até demais! Vamos, tenho que deixa-los apresentáveis para as pessoas... Não quero que as divindades do baixo e alto Egito os vejam coberto de areia e suor. Vamos, para o banho, os cinco!-Revirei os olhos, voltando a minhas armas espalhadas na areia, enquanto meu exército se levantava de mal gosto, indo em direção ao castelo.-E coloquem roupas tradicionais!-Ordenou Nefertum. Max virou-se incrédulo.
–Você quer me matar, não é? Não usarei maquiagem nem saia!-Exclamou o garoto aborrecido.
–Que diferença vai fazer? Você já parece uma menina sem tudo isso.-Zombou Piatã. Max o olhou fulminante.
–Mel... Por favor.-Pediu Nefertum. A garota assentiu, empurrando os meninos para dentro do castelo.
–Deixa comigo, obrigarei os quatro a tomar banho... Isso será divertido.-Fiz uma careta.-Tudo bem! Nos vemos na festa.-Falou Mel, acenando para mim e para Nefertum em despedida, partindo saltitante, mas antes virando-se em minha direção para gritar.-Vai dar tudo certo!- Forcei um sorriso vendo-a desaparecer pela porta.
Deuses... Como eu queria voltar a ser otimista como meu exército era... Como eu queria voltar aos meus catorze anos e lutar com tanto animo, como eu fazia antigamente. Com catorze anos eu ainda vivia na casa da vida; tudo era tão bom e o máximo de aventura que eu tinha era os treinos com Zia Rashid... Eu, com certeza, estaria eufórica se me falassem que iriamos em uma festa como a de hoje e também, com catorze anos, acharia normal alguém me mandar para meu quarto com tanta rigidez como Rá fizera ontem. Mas, infelizmente, eu não tinha mais 14 anos e sim 20... e eu não estava disposta a passar o resto de minha vida trancada em meu quarto.
–Me questiono; porque caralhos Khonsu te deu um celular novo se não atende essa droga!-Protestou Nefertum, tirando-me de meus devaneios. Larguei uma das adagas no chão, olhando-o cansada.
–Eu estou na praia... Não iria trazer meu celular novo para a praia.-Respondi. Nefertum semicerrou os olhos, passando-os devagar por cada centímetro sujo de areia, e depois de meu corpo.
–Oque raios aconteceu nesse lugar?-Questionou.
–Eu estou me preparando para a festa.-Falei simplesmente. Nefertum colocou as mãos na cintura.
–Jura? E você vai de Rambo?-Indagou, apontando para as inúmeras armas na areia.-Ou será que resolveu renovar seu estoque e vai vender essas dai?
–Oque você queria? Que eu ficasse aqui pintando as unhas ao invés de me preparar para a guerra forçada que vocês armaram?-Perguntei. Nefertum abriu a boca para responder, porém, eu o cortei antes que conseguisse.-Ah, e a propósito, eu também pintei as unhas!-Falei, tambolirando os dedos em sua frente. Nefertum revirou os olhos.-Sei que sou muito eficiente, obrigada.
–Não estou dizendo isso e...vocês uma ova! Saiba que eu não tenho nada a ver com essa ideia maluca de fazer uma festa para atrair Kebechet!-Protestou o deus dos perfumes.
–Aham sei.-Falei sarcástica.
–Olhe... Podemos ter um pouco de esperança? Talvez Kebechet não venha.-Argumentou, enquanto ajudava-me a guardar minhas armas em um baú. Levantei a cabeça por um momento, encarando-o.
–De todos os momentos de nossa vida juntos, esse foi o mais próximo que cheguei de te matar.- Não seja ingenuo, Nefertum! Ela virá... eu sei.-Falei com firmeza. Nefertum pegou uma espada, dando de ombros.
–Ta, tudo bem... Mesmo assim, estaremos preparados!-Disse o deus. Fechei a tampa do baú, olhando-o.
–Claro que estaremos. Vão ter eu e meu exército mortal para lutarmos contra Kebechet para proteger a vidinha eterna de vocês e a ordem cósmica dos mundos.-Ironizei. Nefertum olhou-me entediado.
–Claro que não. Lutarei com vocês se preciso, sabe disso.-Falou Nefertum
–Sabe que não pode. Não pode se meter em minha luta...-Falei. Nefertum encarou-me com pesar.-É o meu destino, minha última deusa... se esqueceu?
–Estarei lá e nenhum destino vai me impedir de ajuda-la se eu puder.-Retrucou o deus dos perfumes. Sorri sem humor, arrastando o baú pela areia.-Ei, onde você vai? Pensei que iriamos nos arrumar juntos!
–Eu tenho umas coisas para fazer antes, Nef... Te vejo na festa.-Falei. Nefertum me seguiu.
–Coisas para fazer? Que coisas?!
–Assunto meu.-Cortei.-Chegarei um pouco atrasada, avise Rá por mim... Não quero olhar em sua cara tão cedo.
–Natália, não pode se atrasar!-Protestou Nefertum.-Precisa estar lá comigo para receber os convidados, para passar confiança para as pessoas!
–Oras, a festa nem é minha.-Aleguei.-Vai ser só alguns minutos, não é como se vocês fossem abrir as portas do salão e Kebechet estivesse esperando. Ela gosta de suspense.
–E se ela estiver? E se assim que chegarmos Kebechet invadir com suas armas em punhos e Apófis e Set em seu encalço?
–Sirva um martíni! -Sugeri, fazendo Nefertum encarar-me nervoso.-Ou melhor, whisky, Set gosta de Whisky...
–Natália!-Reclamou Nefertum. Abri um portal, virando-me para ele.
–Nos vemos na festa. Esteja bonito!-O deus abriu a boca para responder, porém eu adentrei o portal, sumindo com minhas armas, antes que o mesmo pudesse me dizer algo.
PDV HÓRUS.
Adentrei o quarto de Kebechet, parando por um momento na porta. Franzi o cenho enquanto a garota, que não havia percebido minha presença, estava abaixada para amarrar tornozeleira de ouro em uma das pernas, deixando a outra exposta pela fenda na saia comprida.
–Kebechet?-Indaguei, A mesma virou-se para mim.
–Está atrasado...-Falou a mesma se endireitando o corpo, pegando uma caixa de veludo na comoda atrás de si.
–Onde você vai?-Questionei. Kebechet semicerrou os olhos.
–Para o inferno, talvez.-Respondeu irônica.-Onde acha que eu vou?!
–Eu... não parece que você vai para uma guerra. Quer dizer, estas roupas...-Apontei para a mesma.-Como pretende lutar com elas?-Kebechet sorriu.
–Está me subestimando de novo. Minhas lutas com Natália são sempre fabulosas, hoje não será diferente.-A mesma deu um sorriso.-Afinal, é uma festa.-Suspirei pesadamente, encostando-me em uma das paredes do quarto, cruzando os braços. Uma festa... Não, aquilo não era uma festa. Era a coisa mais idiota que os deuses já fizeram em todo esse tempo; e olha que já fizemos muitas coisas idiotas.
Um frio se instalará em minha barriga a cada hora que passava. Era difícil imaginar que daqui a algumas horas Natália ou Kebechet poderiam estar mortas. Que amanhã eu estaria indo no enterro de uma delas. Tudo por causa da pressa de Rá.
–Hórus.-Chamou Kebechet. Ergui a cabeça, vendo-a me encarar, segurando a caixa de veludo já aberta, exibindo um colar.-Me ajude a colocar.-Desencostei-me da parede, caminhando até a mesma. Kebechet entregou-me o colar, virando-se e jogando o cabelo em cima dos ombros. Coloquei o colar cheio de pedras no pescoço pálido da mesma, fechando-o devagar. Kebechet virou-se para o espelho, admirando-se na imagem refletida ali. Era quase impossível acreditar que a deusa estava indo mesmo para uma guerra. Kebechet podia se passar facilmente por um dos convidados para as bodas de Nut e Geb, claro, se ela não fosse ela.
–... Eu realmente estava começando a me arrepender de ter feito uma aliança com você, Hórus...-Murmurou Kebechet, me olhando pelo reflexo do espelho. -Mas até que não é de todo ruim....-A deusa sorriu.-Me avisou antes mesmo que Amón sobre essa festa... Me deu o tempo perfeito para me programar.
–Isso e porque Amón se ocupa demais fazendo da vida de Natália um inferno.-Comentei. Kebechet encarou-me, virando-se para mim.
–E isso ainda te incomoda?-Indagou, fazendo-me fazer uma careta, arrependendo-me de ter abrido a boca. A deusa veio até mim, as joias que acabará de colocar fazendo um tilintar delicado.-Sua sorte é que estou de bom humor, Hórus. Não quero me irritar em uma noite tão importante.-Kebechet encarou-me de cima abaixo.-Estou tão de bom humor que nem irei me questionar o porque de ainda estar vestido assim.-Olhei para baixo, vendo-o minhas roupas. Eu vestia uma camiseta branca simples, calças jeans e sapatos. Não estava com nenhuma roupa especial, muito menos roupas para ir em uma festa do Egito antigo.
–Eu...-Comecei desgostoso, já sabendo imaginando o chilique que Kebechet daria daqui a alguns segundos.-...Eu não vou.-Falei. Kebechet encarou-me por um momento, comprimindo os lábios.
–E... meu bom humor se foi...-Contou a deusa, antes de fechar a cara.-Como assim, não vai?!
–Kebechet....
–Espere, não... Acho que não ouvi direto! Você está brincando comigo, não está, deus da guerra?!-Indagou, irritadiça. Respirei profundamente, negando com a cabeça. -Por todos os malditos deuses desse Duat, por acaso eu tenho cara de idiota?! Está escrito "trouxa" em minha testa?!
–Kebechet olhe... Eu realmente queria ir com você nessa festa, não sabe como eu me odeio por isso mas eu simplesmente não consigo.-Argumentei.-Eu posso viver com o fato de saber que você está indo a essa festa para mata-la mas... ir a essa festa e assistir a tudo sem fazer nada? Posso ser um deus mas eu não de ferro! A um mês atrás eu era absurdamente apaixonado por Natália e agora está me pedindo para ir assistir sua morte! Eu atrapalharia tudo, acredite em mim.-Pedi, olhando suplicante para a filha de Anúbis. Kebechet encarava-me com os olhos semicerrados parecendo extremamente incrédula.
–Eu simplesmente não posso acreditar que você é mesmo o deus da guerra.-Kebechet passou as mãos pelos cabelos.-Não sabe o quanto eu queria te bater nesse momento mas... eu tenho uma guerra para lutar.-Kebechet forçou um sorriso, tocando meu rosto e me olhando como se eu tivesse algum problema mental.-Você sabe o endereço, não sabe? Quando você voltar a ser homem pode dar um pulinho lá, quem sabe.-Abri a boca para responder mas antes que pudesse Kebechet me deixou sozinho, virando-se e saindo marchando com a saia esvoaçando atrás de si, sumindo dentro de um portal, deixando-me sozinho.
PDV ANÚBIS.
Olhei para minhas mãos, vendo-as tremer compulsivamente. As fechei em punhos, tentando não transparecer o nervosismo crônico que se instalará em mim desde que abri meus olhos essa manhã. A todo momento eu olhava para a porta em busca de algum movimento, algum indicio de luta ou de guerra. Natália ainda não havia chegado e não era epenas eu que havia notado isso; Rá estava sentado em seu trono, vestindo sua tradicional roupa de faraó. O deus do sol não tirava os olhos da porta principal e sua expressão dizia algo como " se ela não chegar em dois segundos eu juro que a mato". Nefertum também parecia nervoso, o deus dos perfumes não parava quieto um segundo, tamborilando os dedos na taça de champanhe e olhando para a porta com angustia refletindo os olhos azuis delineados com kohl. Assim como eu, ele vestia um saiote de seda que ia até o chão, e um grande colar que tampava metade de nossos peito, os habituais trajes festivos tradicionais Egípcios.
–Pelos deuses... Senhor Rá vai explodir se Natália não chegar agora...-Comentou Khonsu. Me virei, dando de cara com o deus da lua olhando Rá temeroso. Rakel, que estava vestida como uma princesa egípcia, estava perto da mesa de doces, a mesma parecia estar escolhendo algo para comer, mas eu suspeitava que aquilo era só uma desculpa para não ter vindo com Khonsu até mim.
–Ela seria muito inteligente se não viesse...-Comentei. Khonsu olhou-me com pena, colocando uma mão em meu ombro.
–Anúbis... Independe do que acontecer, lembre-se que tem um amigo aqui.-Murmurou Khonsu.-Rakel pode estar chateada com você, mas ela te ama, e também está com você.-Falou o deus da lua. Tentei achar alguma resposta para ele, porém, não consegui. Oque eu podia dizer? Natália era como uma filha para ele, sua melhor amiga e a mortal que mais amei em minha vida... E Kebechet era minha filha. Ninguém ali tinha um lado. Todos sofreriam independente de quem morresse.
Khonsu pareceu esperar minha resposta por alguns segundos, quando o mesmo viu que eu não tinha nada para falar ele prosseguiu.
–Então... Hórus não apareceu por aqui ainda, não é?-Questionou o deus da lua tentando soar casual.
–Eu não espero que ele venha...-Respondi. Khonsu abriu a boca, parecendo querer retrucar, porém, ele não teve nem tempo. A porta principal se abriu e todas as atenções pareceram se voltar a ela. Natália adentrou o Salão casualmente distraída, mas quando viu que todos estavam a olhando se endireitou, cruzando os braços questionadora.
–Oque...?-Nefertum e Rakel aproximaram-se de braços dados, ambos boquiabertos. Rakel piscou, enquanto Nefertum inclinou a cabeça, como se ainda não tivesse entendido oque estava acontecendo ali. Deuses... Natália estava deslumbrante. Um tecido púrpuro e esvoaçante, pendia entre suas pernas bronzeadas e agarrava-lhe a cintura. Estava sustentado por um firme e esplêndido cinto dourado, que parecia brilhava mais que o próprio sol. Seus seios estavam resguardados por um belo e macio tecido verde enfeitado com detalhes dourados intrincados que lhe subiam pelos ombros, beijando-os. Seu corpo ainda estava enfeitado por várias jóias facilmente desejáveis, assim como seu próprio corpo. Rodei meus olhos pelo Salão vendo a expressão de todos ali. Kepri olhava Natália como se a mesma fosse um cachorrinho bonitinho, fazendo gracinhas para ao mesmo; O exército de Rá sorriam, acenando para Natália que caminhava até eles e Amón a encarava sem pudor nenhum, o rosto endurecido em um sorriso cínico e irritante. Rá levantou-se, um tanto mais calmo, indo até onde Natália estava, murmurando algo para a garota que pareceu não deixa-la feliz, saindo de perto e indo dar os cumprimentos a Nut e a Geb que estavam sentados em um divã no meio do salão, recebendo presentes e a atenção de seus convidados. Natália trincou o maxilar, fechando os olhos por um momento, fazendo-me ver diante daquela super produção como a garota realmente estava. Natália parecia exausta. A mesma tentava manter a postura mas seus ombros estavam tensos e caídos, s não tivesse maquiada tenho certeza que exibiria olheiras. A mesma continuou parada no lugar em que tinha entrado por um momento, ignorando todos os deuses que a cumprimentava. Hapi passou pela mesma com uma expressão desdenhosa, porém, a garota mal ligou, só voltando a si quando foi cercada por seu exercito.
Mel foi a primeira a chegar a Natália, pegando um pedaço da saia de Natália, olhando para ela maravilhada. Os garotos chegaram logo depois, cercando-a por completo.
Respirei fundo, tentando parar de olha-la tão compulsivamente. Mas, eu não podia evitar. Eu sentia que a qualquer minuto alguém poderia surgir do chão com uma adaga na mão e cortar o pescoço da Ramsés na frente de todos. Afinal, porque só eu parecia estar preocupado naquele salão?! Aquilo realmente era uma festa? Sim, parecia. Rá não estava mais tão nervoso, e conversava casualmente com Tot e meu pai; Ísis sorria para Geb e Nut, parabenizando os pais com um pouco de sua magia do amor. Kepri incomodava-se com todos que passavam por ele e por sua garrafa de Whisky, murmurando algo como "Traidores... oportunistas e babacas" cada vez que um deus que não dava as caras por aqui a muito tempo passava por ele. Dentro de toda essa harmonia festiva que se instalará no salão dos deuses havia uma única pessoa que estava fora disso tudo, e esse alguém era Amón. Um rosnado subiu por meu peito e ficou entalado em minha garganta. Como todos ali, ele também parecia ter ficado encantado com a beleza de Natália, mas algo em seus olhos me fazia querer bater a cabeça dele na parede repetidamente até seus olhos claros estarem totalmente irreconhecíveis. O deus dos ventos movimentou a taça em minha direção, movendo-se pela salão logo depois, indo até onde Rá estava. Por um momento cogitei ir até lá e arrancar a cabeça de Amón eu mesmo, mas Khonsu evitou isso, dando-me uma leve cotovelada. Olhei para o deus da lua, vendo-o apontar para a frente. Natália caminhava confiante em nossa direção. Nefertum negou com a cabeça, incrédulo.
–Oque foi?-Questionou Rakel.
–Hoje cedo eu encontrei Natália na praia do Nilo e a mesma estava carregada de armas... Achei que ela viria armada até os dentes, mas... Acho que me enganei.-Falou o deus dos perfumes. Rakel franziu o cenho, enquanto Khonsu suspirava.
–Até parecem que não a conhecem... Natália com certeza tem um plano.
–Um plano que não nos envolve.-Murmurei ao mesmo tempo que Natália chegava até nós. A mesma sorriu, tomando a taça de Champanhe de Nefertum, que permitiu ainda um pouco pasmo.
–Falando de mim?-Questionou a garota, piscando os olhos em minha direção.
PDV NATÁLIA.
Eu podia mesmo acreditar que nada iria acontecer se um arrepio gelado não tivesse subindo por minha coluna.Todos estavam tão felizes naquele salão que eu quase me convencerá que aquilo era mesmo uma festa normal quando cheguei, mas o cochicho rápido e claro de Rá que dizia "Fica alerta" me fez desacreditar totalmente nesse falso aniversário de casamento de Nut e Geb... Céus, eu me sinto mesmo mal por eles.
–Então... Oque...-Comecei, virando-me para meus amigos, dando de cara com quatro seres encarando-me como se eu fosse um ET. -Oque foi? Porque a cara de idiotas?
–Por um momento... você fez minha héterosexualidade voltar.-Falou Nefertum, olhando-me de cima abaixo. Revirei os olhos.
–Ah, cale a boca.-Ordenei a Ramsés.
–Ele tem razão, querida... Você está... linda.-Falou Khonsu. Semicerrei os olhos, olhando-o de soslaio.
–Quem te vestiu?-Indagou Rakel, chocada.
–Minha mãe... É óbvio que fui eu!-Protestei. Rakel me puxou para seus braços, abraçando-me fortemente.
–Estou orgulhosa...-Grunhi, me soltando da garota.
–Qual é? Estão me constrangendo! -Falei. Khonsu riu de minha cara fazendo-me sentir mal por um momento... Eu estava aqui com meus amigos, estávamos juntos em uma suposta festa... Tudo seria perfeito se Kebechet não existisse não é? Se eu fosse apenas mais uma maga normal da Casa da vida ou se meus sonhos adolescentes não tivessem morrido com cada deus que eu matei. Seria bem mais fácil encarar Anúbis agora... Eu tentava olha-lo, mas o pai de Kebechet não buscava meus olhos como antes. Mas... pelo menos ele estava aqui.
Continuei encarando Anúbis por algum tempo, enquanto Nefertum e Rakel continuavam a fazer comentários sobre minha roupa. Khonsu sorria, assistindo a discussão dos dois, movimentando o corpo no ritmo da musica calma que tocava no salão dos deuses.
–Espera, espera espera!-Pediu Nefertum.-Um tempo por favor.
–Se abrir a boca para falar de mim eu juro que você é o próximo.-Ameacei, apontando o dedo para o rosto do deus dos perfumes.
–É justamente sobre isso que eu quero falar, queridinha.-Retrucou Nefertum.-Oque fez com as armas que vi hoje de manhã? Pensei que iria usa-las hoje.- E vou. Pensei, antes de responde-lo:
–Eu tenho meus truques...Confie em mim.-Senti o olhar inquisitivo de Anúbis sobre mim, inflando o peito confiante.
–Truques?-Indagou Khonsu desconfiado.
–Natália, isso tudo foi ideia sua, portanto é melhor que funcione. Senão, mato você antes que qualquer um possa fazer isso.-Falou Nefertum. Sorri para o mesmo.
–Relaxe... Tudo vai dar certo.-Falei com convicção.
–Claro que vai dar...-Concordou Rakel, deixando sua frase morrer. Senti um arrepio subir por minha nuca e todos enrijecerem ao meu lado. Virei-me para trás dando de cara com Amón prestes a me tocar. O deus abriu um de seus sorrisos dignos de propaganda de creme dental.
–A minutos estou ensaiando para falar com você... Mas estava sem coragem. Já deve ter ouvido de todos os cavalheiros daqui o quanto está deslumbrante, mas... Devo dizer de novo.-Falou o mesmo com seu falso bajulismo, como se nós não houvéssemos brigado, como se tudo estivesse perfeitamente bem. Meu estômago começou a queimar, devido ao asco que eu sentia daquele cara, porém, mesmo assim, eu sorri.
–Obrigada Amón...-Agradeci. Nefertum pigarreou enquanto Anúbis permanecia parado, como uma estátua.
–Então... Que tal uma dança?-Indagou o deus dos ventos, estendendo a mão para mim. Olhei os dedos pálidos em minha direção, encarando o salão cheio logo depois.
–Não tem ninguém dançando.-Observei.
–Então seremos os primeiros.-Falou Amón, puxando minha mão e arrastando-me com ele. Anúbis franziu o cenho, enquanto eu virava para eles. Nefertum olhou-me aflito mas minha visão do mesmo foi cortada quando Amón me rodou, segurando minha cintura e juntando meu corpo a ele.
–Seus amigos não vão fugir... Uma única dança.-Pediu o platinado, encarando-me com seus olhos de vidro. O encarei, assentindo. Segurei sua mão em seu braço estendido, pousando minha outra em seu ombro.
–Está bem. Uma dança.-Prometi. Amón assentiu, começando a me conduzir devagar pelo imenso salão, ao som da melodia calma que tocava. Amón não tirou os olhos um só segundo de meus rosto, e isso começava a me deixar perturbada. O mesmo me rodou e na volta apertou-me mais sobre ele.
–Eu já disse o quanto você está linda?
–Já.-Respondi.
–Então irei dizer uma coisa que você não sabe.-Amón me tirou do chão, dando um pequeno giro, em uma performance só dele. Trinque o maxilar, voltando par ao chão.
–Oque?!
–Te acho linda desde a primeira vez que te vi naquele deserto coberto de neve...-Revelou. Tentei manter o sorriso em meu rosto.
–Ah, é?-Indaguei. Amón riu baixo, rodando-me mais uma vez, dessa vez deixando-me de costas para o mesmo. Senti sua boca aproximar-se de meu ouvido.
–É.-Concordou.-Certa vez um alguém me disse que eu poderia me apaixonar por você, sabia? Eu duvidei mas convivendo com você por esse tempo eu vi que realmente podia me apaixonar por você.-Meu coração começou a acelerar, enquanto o deus continuava.- Você é linda... Corajosa e tem oque eu mais gosto em uma mulher... teimosia... audácia. Porém, é uma pena que eu goste de outro tipo de teimosia, uma não tão do lado do bem, entende?
–Eu...-Comecei, mas o mesmo não deixou eu terminar.
–Outra coisa que impede nosso relacionamento, doce Natália, é que eu, terrivelmente, já sou apaixonada por outra mulher... Uma tão audaciosa como você... porém do lado do mal. Ow, deuses... é realmente uma pena que você, com tantos atributos tenha um fim assim...-A mão de Amón escorregou de minha cintura indo para trás do próprio corpo. Grunhi, fechando os olhos por um centésimo de segundo, deixando o poder de Rá fluir pelo meu corpo, acendendo a tatuagem de sol em meu pulso. Rodei dos braços de Amón como se ainda estivéssemos dançando, precisando dar uma cotovelada na barriga do deus para ele soltar e largar a adaga que o mesmo segurava no lugar onde eu estava a segundos atrás. Amón riu, olhando-me por cima dos olhos.
–Você sabia…-Adivinhou surpreso. Ri pelo nariz, olhando meu reflexo em seus olhos quase sem cor. Eu estava como sempre estava quando usava o poder de Rá; uma áurea dourada cobrindo minha pele, os olhos brilhando como duas lâmpadas acesas, mas não foi isso que chamou minha atenção. Atrás de mim, poucos metrôs afastados, meu exército já estava formado, ambos exibindo os colares de Rá no pescoço. Max sorriu para mim.
–Acharam mesmo que eu seria enganada tão facilmente?-Questionei a Amón. O deus riu, divertido.
–Você é mesmo incrível…
–Natália!-Eu e Amón nos viramos para Geb que nos encarava incrédulo ao lado de Nut. Todos do salão nos olhava assim, menos Nefertum, Rakel e Anúbis, que já sabiam de tudo.-Oque acha que está fazendo?!
–Fale para eles, querida.-Incentivou Amón.
–Que brincadeira é essa?!-Indagou Rá, passando os olhos entre mim e Amón. Abri a boca para responde-lo, porém, não tive nem tempo. A porta do salão se abriu, e todo barulho do salão pareceu sumir. A música parou com uma melodia desafinada, alguns copos caíram, e todos se viraram para a recém chegada, surpresos o bastante para não fazerem nenhum ruído. Me virei para a porta abrindo um sorriso. Kebechet ergueu uma sobrancelha, olhando intensamente em minha direção. A mesma, assim como eu, não usava armadura nem nada disso... Apenas uma roupa de festa, como se ela também fosse parte dos convidados.
–Olá...-Cumprimentou a garota, e essa simples palavra foi o suficiente para tirar todos do choque em que se encontravam. Khonsu e Rakel entraram na frente de Anúbis, mas o deus dos funerais mal se mexeu. O mesmo olhou para mim, comprimindo os lábios. Tentei me desculpar com o olhar, porém, não sei se o poder de Rá deixava-me transparecer isso a ele, pois o mesmo desviou os olhos, dando alguns passos para trás.
–Não... Oque faz aqui?! Você não é bem vinda!-Exclamou Nut, chamando minha atenção.-Eu deveria mata-la por entrar assim em minha festa!-Kebechet riu, debochada.
–Não se meta, Nut...-Pedi, oque fez a deusa lançar um olhar acusador em minha direção. Rá rosnou, olhando-me com nervosismo, semicerrei os olhos, voltando-me para Kebechet, ignorando todos os olhares assustados e apreensivos em minha volta. Agora, era apenas eu e ela.
–He-sieh.-Recitei. E num passo de mágica armas e mais armas começaram a aparecer. Mel sorriu orgulhosa, enquanto os deuses arregalavam seus olhos, diante de tancas adagas, facas, machados... tudo espalhado pelo salão.
Eu havia passado aqui mais cedo e escondido todas as armas que eu havia polido com um feitiço. Nefertum suspirou, incrédulo, enquanto um meio sorriso surgia em meus lábios.
–Sempre me surpreendendo, little bitch.-Murmurou Kebechet, olhando fascinada pelas dezenas de armas penduradas nas paredes, nas mesas... onde é que você olhava havia uma.
–Ela é realmente incrível, não é?-Riu Amón, caminhando devagar até Kebechet, colocando sua mão encima do ombro da mesma. Um arfar geral passou entre os deuses, em especial em Rá, que olhou incrédulo para o deus dos ventos. Kebechet sorriu satisfeita, dando alguns passos até uma espada. A mesma a pegou, enquanto eu também tomava posse de uma das armas.
–Uma última vez, que tal?-Questionei.
–Eu irei te matar.-Prometeu, antes de partir para cima de mim. Alguns deuses sumiram em névoas coloridas quando a espada de Kebechet se chocou contra meu machado. Senti a pressão no ar quando a deusa invocou os poderes de Set e Apófis, deixando ambos aparecerem em minha frente.
–Aqui estamos novamente, querida.-Falou Apófis.
–Quando morrer seu corpo será meu!-Rosnou Set. Os olhei com nojo.
–Ah vai?-Indagou Max, pulando em minha frente.-Vamos ver então...-Meu exército cercou Set, Apófis e Amón, começando uma luta só deles.
Assenti, rodando meu machado em cima da cabeça, tentando acertar Kebechet. A deusa esquivou, habilidosa, chutando-me para trás, colando sua espada em meu pescoço. Senti o aço frio fazer um pequeno corte em minha pele. Tentei controlar minha respiração, encarando-a.
–Eu não vou aliviar sua dor... Lute!-Ordenou Kebechet, rodando a espada, tentando acertar minha barriga, desviei, tentando corta-la com meu machado, mas um grito chamou minha atenção antes que eu pudesse faze-lo. Virei-me para trás olhando para quem havia gritado, como todos no salão. Arregalei os olhos vendo Mel caída no chão, segurando o braço e olhando irritada para Amón, que sorria cruelmente para a garota. Max, Piatã, Heitor e Arthur, também pararam suas lutas com Set e Apófis, olhando aterrorizados para a companheira.
–.. E então garotinha... Diga adeus.-Rosnou Amón, pronto para descer sua espada em Mel.
Não..... Eu não poderia deixar isso acontecer.
–Amón!-Gritei, antes de jogar meu machado em sua direção. O deus dos ventos se virou para mim, ao mesmo tempo que o machado chegava até ele, atravessando seu corpo como se o mesmo fosse um fantasma. Trinquei os dentes, não acreditando que nada havia acontecido; Mel conseguiu se afastar sem que Amón esboçasse nenhuma reação; o mesmo continuou me encarando, enquanto um colar de sangue se formava em volta de seu pescoço; um sorriso surgiu no rosto do deus antes de sua cabeça escorregar para o lado, rolando algumas vezes pelo chão. O corpo decapitado tombou para frente, oque fez Mel dar um gritinho enojado, recuando ainda mais.
–Oque...-Arregalei os olhos, ainda olhando para a cabeça sem corpo de Amón. Atrás de mim, Kebechet gritou, como se sua própria vida tivesse sido arrancada.
–AMÓN!-Me virei para a deusa, transtornada, Eu estava desnorteada. Eu acabara de matar um deus;O deus errado! O grito de Kebechet tirava minha atenção do mesmo modo que o olhar horrorizado de todos no salão me fuzilavam como se fossem metralhadoras. -Você!-Acusou Kebechet, cuspindo ódio em suas palavras.-Sua maldita… eu irei te esfolar viva!-Arregalei os olhos quando Kebechet correu para cima de mim numa velocidade impressionante. Minhas mãos estavam vazias, então tudo que fiz foi desviar de sua espada, dando um chute na mesma que a fez rolar para trás. Olhei para os lados sem saber oque fazer, desesperando-me pela primeira vez no dia.
–Armas.-Murmurei, enquanto Kebechet vinha novamente em minha direção, parecendo não ter se abalado nem um pouco com o chute.-Eu preciso de uma arma…
–Natália!-Gritou Anúbis, que era o único que não me encarava como se eu fosse um monstro ou em choque naquela sala; o olhei enquanto o deus arremessava uma espada em minha direção. Peguei-a no ar, parando a espada de Kebechet segundos depois, ficando frente a frente com a deusa.
Kebechet rosnou, lançando um olhar acusador a Anúbis, que pareceu levar uma facada com tanto desprezo exalado pela filha.
–Eu odeio vocês… irei mata-los um por um!-Gritou, tirando sua espada da minha, batendo com cabo em uma de minhas costas. Resisti ao impulso de dobrar o corpo de dor, acertando-a na barriga com o joelho. Kebechet curvou-se para baixo e eu desci minha espada sobre ela, mas parei a centímetros de sua pele. Uma dor ardida instalou -se na altura de minha barriga, e algo gelado se espalhou. Abri a boca, sem acreditar, pensando alguns segundos antes de olhar para baixo. É claro que havia uma arma enfiada em mim. Não uma espada, não uma adaga, mas uma faca normal de cozinha. A mesma não estava inteiramente dentro de mim, mas só sua ponta já fazia uma dor aguda se espalhar por todo meu corpo. Um sorriso sem humor brotou em meu rosto ao mesmo tempo que eu caia para trás, apoiando-me nos cotovelos para não tombar totalmente no chão.
–Disponibilizei tantas armas para você, Kebechet e você insiste em usar como surpresa uma das facas do banquete de Nut e Geb…-Comentei. Kebechet encarou-me com frieza, as lágrimas restantes secando em seu rosto.
–Não serei justa com você… não diminuirei sua dor, sua cadela!-Kebechet levantou sua espada sobre mim, pronta para desferir seu golpe final, mas foi sua vez de paralisar no meio de um golpe. Apesar do ferimento minha espada continuava firme em minha mão, não pensei duas vezes antes de roda-la, ficando sua lâmina curva na perna da deusa. Kebechet gritou enquanto seu sangue espirrava em mim. Arrastei-me para trás enquanto a deusa também desabava , caindo para trás assim como eu. Set e Apofis pararam de lutar contra meu exército, virando-se surpresos em nossa direção. Kebechet gritou frustrada, tentando se levantar, porém, não teve sucesso.
–Não… não….!
A espada em minha mão rolou de meus dedos. Meu corpo começara a formigar. O poder de Rá ainda estava ali, e eu tinha certeza que era por ele que eu ainda estava acordada. Kebechet encarou-me com os dentes troncados e os olhos voltando a lacrimejarem.
–Não era hoje…-Murmurei.
–Eu vou voltar… antes que possa pensar em mim de novo, Natália Ramsés eu vingarei Amón e matarei todos que ama!-Ameaçou.
–EI, seu…!-Arthur deu um passo para frente quando a imagem de Set e de Apofis começou a sumir.
–Guarde minhas palavras todos vocês: eu os matarei um por um! E a culpada disso tudo é dela!-Kebechet apontou para mim.-Vão me pagar caro!-Kebechet desapareceu em uma névoa negra, deixando-me sozinha, estirada no chão do salão junto com o corpo decapitado de Amón. Meus cotovelos cederam, e eu cai por completo, respirando devagar. Minha mão se fechou na faca e eu a arranquei, arremessando-a do outro lado do salão e isso pareceu acordar todos presente.
–Natalia!- Nefertum e meu exército correram para mim, enquanto um turbilhão de gritos e vozes se misturava no salão.
–Essa menina…! É mesmo um demônio!- Acusou Hapi, ao lado de Nut que chorava rios de lágrimas abraçada a Geb. Kepri riu, levantando sua taça em minha direção.
–Garota… você sabe mesmo dar um show! Vocês viram isso?! A garota Ramsés estava certa, não se pode adiantar uma guerra!-O deus escaravelho riu mais uma vez.-Ela estava certa…
–Pelos, deuses, Natália...!-Ísis encarava a cabeça de Amón.-Oque foi que você fez?!
–Vamos tira-la daqui.-Murmurou Nefertum, pressionando o ferimento em minha barriga, mas seus olhos estavam em outra coisa. Os segui, dando de cara com Rá. O deus sol me encarava tão intensamente que minha pele se arrepiou, mas não do jeito bom. Sr. Rá tinha os olhos frios como dois blocos de gelo; Não parecia disposto a mexer um só músculo para me ajudar e com um aceno de cabeça fez minha aura dourada desaparecer. A dor em minha barriga dobrou e minha visão se embaçou, porém, eu continuei o encarando. Pelos deuses… Oque ele queria?! Que a luta tivesse continuado? Que eu tivesse morrido para Kebechet em uma guerra que ele mesmo havia planejado?!
–Tire-a daqui…-Ordenou Rá, não tirando os olhos de mim. Max se encolheu, ajudando Nefertum e os outros a me levantarem.
–Oque foi?!-Indaguei. Rá franziu o cenho, enquando um forte sentimento de indignação se formava em meu peito.-Oque eu fiz não foi o bastante para você?! Talvez se Kebechet tivesse me matado seria melhor, não é?!
–Fique quieta, Natalia!-Apavorou-se Mel.
–... Desculpe desaponta-lo sr. Rá, mas leve uma lição disso tudo; não se metam mais em minha profecia! Ouviram?! Me deixem em paz!
–Leve-a daqui, Nefertum, agora!-Ordenou Rá, cerrando os punhos. O deus dos perfumes tremia, e me pegou no colo tão rápido que minha consciência deu um looping antes de voltar.
–... Agradeçam a Rá pela magnífica festa, pessoal…-Murmurei.
–Já chega!-Rá estendeu a mão para mim, abrindo os dedos como se fosse me estrangular a distância.
–Não!-Gritou Nefertum, antes do deus fechar os dedos, fazendo-me apagar complementamente.


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Notas finais do capítulo

#RindoComOCapeta
Eai gente? Oque acharam do capítulo? Fofo né? Hehehehe
Agora tenho uma coisa muito importante pra falar... Dia 30 agora é meu birthday e eu assim... Queria muito de aniversário uns reviews sabe
.. Sem pressão Hasuhasuhaushaushaus
É isso gente, tentarei não demorar! Até o próximo < 3