O Informante escrita por Jessyhmary


Capítulo 31
Vôo 98JOK


Notas iniciais do capítulo

Olá amores! Estou aqui na luta para atualizar as Fics! kkk

Aproveitei que hoje aqui é feriado na minha cidade e terminei mais um capítulo de "O Informante" para vocês! *_* Espero que curtam tanto quanto eu ( e eu vou parar de falar antes que eu acabe dando spoilers do capítulo... kkk)


#BoaLeitura!



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* República Popular da China, 10 anos atrás.



– Já terminou de comer?

May lavava a modesta louça do almoço de costas para a russa faminta que ainda arriscava mais um sushi.

– Pensava que você era chinesa. - Natasha respondia de boca cheia, sinalizando que ainda havia fome circulando seu estômago.

– E eu sou. - Melinda retrucou sorrindo, colocando o último prato na lava-louças. - Quer dizer, pelo menos metade chinesa.

– E você faz sushi?

– O quê? - May a olhou com uma expressão quase cômica. - E só porque eu sou meio-chinesa significa que eu não posso entender de culinária japonesa?

– Olha – Romanoff limpava a boca com um guardanapo com descuidado. - Não é por nada não, mas eu já comi sushis melhores.

– Você está reclamando da minha comida? - May repousou uma flanela sobre o ombro e encarou a ruiva com incredulidade. - Não era você quem estava morrendo de fome quinze minutos atrás?

– Exatamente. - Natasha levantou-se e seguiu com seu prato até a pia. - Minha fome foi o melhor tempero. Não me leve a mal, mas como cozinheira, você é uma ótima lutadora.

– Obrigada. - May respondeu com sarcasmo. - Mas você não está tão errada. Meu marido diz a mesma coisa.

– Tá vendo só? - Natasha bateu palmas, vitoriosa. - Se eu não tivesse passado nove horas escondida naquela trincheira eu não teria comido tanto.

May fez uma cara de desgosto e Natasha ria em deboche, jogando o guardanapo em algum lugar da cozinha. Aquela havia sido uma madrugada e tanto.

A S.H.I.E.L.D. tecnicamente enviara as agentes para desmantelar uma organização terrorista que contrabandeava objetos potencialmente perigosos, mas chegando lá, a ruiva e a asiática descobriram que não se tratava apenas daquilo. Eles contrabandeavam pessoas. Pessoas com um histórico suspeito e geralmente sem família ou instrução. Pessoas que eram avaliadas todos os dias e enjauladas como animais. Natasha descobrira o local e May se encarregou de eliminar os seguranças. As duas conseguiram libertar alguns cativos – em sua maioria estrangeiros – mas tiveram de sair de lá antes que acionassem o alarme e toda a fortaleza chinesa se voltasse contra elas.

– Aqueles pobres coitados. - Natasha divagava olhando para a janela aleatoriamente. - Você viu o que estavam fazendo com eles?

– Doentio. - May respondeu simplesmente.

– Tudo bem, não é como se eu fosse a Madre Teresa, caramba. Mas tinha crianças lá dentro daquelas celas. Se tivéssemos capturado aqueles animais antes de chegarem ao alarme, eu teria explodido os miolos deles.

– Espera. - May enxugou as mãos numa toalhinha vermelha e encarou Natasha como se tivesse uma ideia em mente. - E se nós plantarmos explosivos na fortaleza deles? Podemos esperar anoitecer e seguiremos pelo caminho que fizemos ontem a noite. Nós libertaremos os outros prisioneiros e mandamos aquele lugar para o inferno. O que acha?

– Eu acho… Que você leu a minha mente.

– Ótimo – A asiática sorria ao pensar na possibilidade. – Vamos invadir a fortaleza novamente.

– E vamos lá passar mais nove horas naquela trincheira.

– E aí você vai ter fome o suficiente para aguentar minha comida por mais um dia.

– Vai se ferrar, Melinda! – Natasha respondeu sorrindo, enquanto ameaçava socar o braço dela. - Amanhã eu peço comida japonesa de verdade.

As duas sorriram e tiraram brincadeiras antes de iniciar o treino da tarde. A pequena academia no sótão de May era um poço de lembranças boas e ruins. No entanto, depois de tanto tempo, Melinda passou a ver aquele lugar apenas como o lugar onde costumava esmurrar coisas. Sem significados a mais por trás de tudo aquilo.

O relógio corria rapidamente, informando-as de que em breve se iniciaria a missão. Invadir aquela fortaleza Chinesa estava além dos planos que Fury havia definido para as duas, mas Melinda e Natasha estavam determinadas a acabar com aquela pocilga de exploração humana de uma vez por todas. Só precisariam tomar um banho e arrumar os dispositivos de explosão na mala antes de partirem.

– Vai logo, May! Eu arrumo nossas malas.

Natasha empurrava May em direção ao banheiro quando as duas ouviram um som agudo acompanhado de batidas descompassadas na porta.

– Socorro! Socorro!

As duas mulheres viraram-se em direção a porta e viram uma jovem de pele morena e cabelos escuros batendo no vidro. Seus dedos estavam sangrando e ela pedia por misericórdia em um tom penoso. May e Romanoff correram até lá e abriram a porta para a garota.

– O que houve? - May perguntou assim que a jovem já se encontrava dentro de casa.

– Eles! São eles! - ela gritava assustada, agarrando-se a Natasha. - Por favor, me escondam!

– Calma, ninguém vai te machucar enquanto estivermos aqui. - a ruiva se deixou abraçar pela garota, mas olhava confusa para Melinda. - Agora, sente-se aqui e conte-nos o que está acontecendo. Eu vou pegar água para você.

A garota estava com as mãos trêmulas e ensanguentadas, e encarava May desconfiada, quase como se ela a fosse devorar.

– Aqui está. - Nat entregou o copo de água para a mulher e sentou-se ao lado dela no sofá. - Quantos anos você tem?

– De… dezoito. - a garota respondia, enquanto olhava assustada para as portas e janelas da casa de Melinda.

– E de quem você está fugindo? - Foi a vez de May perguntá-la.

A jovem limpava as lágrimas, mas não parecia confiar muito na asiática à sua frente. Por algum motivo, a figura de May a ameaçava de uma maneira que ela não conseguia explicar.

– Não precisa ter medo de falar, garota. - Naty ajudava, percebendo o receio da garota com relação à May. - Estamos aqui para ajudar você.

– Ela não é tão boazinha quanto parece. - a garota apontou para May e se escondeu atrás de Natasha.

– O quê? - May a olhou curiosa e Natasha de ombros, sem entender do que a garota falava. - Do que você está falando?

– Eu estou fugindo dos homens da fortaleza subterrânea. - a garota respondeu, por fim. - Mas essa mulher… Todos eles tem medo dela.

– Eles não tem medo dela por ser ruim, querida. Eles a temem porque eles são os caras maus e ela tem a missão de derrotá-los.

Natasha respondia com o mesmo cuidado com que May havia lidado com ela própria alguns anos antes. Até parecia estar contando uma história de contos de fadas para uma garota de seis anos. Ela conhecia a dor de ter seus sentimentos feridos e olhar para aquela garota em desespero lhe lembrou dela mesma no dia em que perdera seus pais no acidente de avião, e por mais que fosse ingênua a maneira como ela explicava para a situação para a garota, Romanoff preferiu acalmá-la a assustá-la ainda mais.

– Não. Não é por isso não. - a jovem retirou um recorte de jornal do bolso e entregou à Natasha. - Os técnicos descobriram isso hoje pela manhã. Olha a data, o jornal é de hoje. Essa mulher causou a morte dos meus pais! E por causa dela, eu vim parar nesse lugar infernal com esses homens que querem me abrir para descobrir o que tem dentro de mim! - ela começou a chorar e as duas agentes se olharam estranho. - Aqui está a prova!

Natasha desdobrou o papel ainda sujo de sangue e leu as letras garrafais que detalhavam os acontecimentos de um certo atentado aéreo há alguns anos. Justamente o atentado que matara os seus pais. Na manchete, a especificação do vôo quase fez seu coração estancar.

98JOK.

No mesmo dia e hora. O mesmo destino.

– May… Da só uma olhada nisso.

Natasha mostrou o jornal para ela e apontou uma parte bem específica, apontando no papel meio úmido.

O acidente, na verdade foi um atentado proposital às vidas de vinte e dois ex-agentes da KGB e suas famílias, entre elas os notáveis agentes Aleksandr Valcho e Lacey Ivana Romanoff, que estavam retornando à sua residência em Moscou. Lacey Romanoff era Diretora de Operações Financeiras, partindo para o setor de Contra-Espionagem em 1983, sem dúvida a mulher com maior destaque na organização nas duas últimas décadas de sua existência. Hoje, a extinta KGB, se encontra desmembrada, mas seu impacto permanece espalhado por todo o mundo.”

– Leia o último parágrafo, moça ruiva. - A jovem morena pediu com sua voz doce e carregada de suposições.

Nat olhou para a garota e virou a página. Um rosto enorme e familiar preenchia praticamente toda a página, apenas restando um espaço para a explicação de tamanha ênfase dada a foto.

– “A responsável pelo atentado foi identificada como sendo uma das mais exímias agentes da chamada Superintendência Humana de Intervenção, Espionagem, Logística e Defesa, a S.H.I.E.L.D. A Piloto Melinda Qiaolian May, teria forjado a fiação interna e instalado um temporizador no trem de pouso do avião, enquanto este fazia uma escala no Aeroporto de Washington D.C. As imagens coletadas pelas câmeras secretas da manutenção, flagraram o momento exato em que a Piloto agiu, deixando claro o envolvimento dela no atentado. Nossas fontes afirmam que a Caixa Preta já havia identificado o motivo da queda do avião, mas a S.H.I.E.L.D. entrara com recursos para exonerar a piloto da culpa, abafando o caso para evitar uma repercussão internacional.”

Melinda estava estática. A jovem atrás de Natasha a olhava com um misto de ódio e medo, como se tentasse intimidar a piloto. Romanoff levantou-se do sofá bruscamente. Sentia seus músculos enrijecerem e o veneno, que tanto havia escondido dentro de si, parecia querer saltar para fora como jatos de água quente.

– Foi você… - Natasha a olhou com nojo. - O tempo todo.

– Não, Naty, eu não…

– Não me chame assim! - ela gritou, sentindo-se traída e sufocada pela voz de Melinda May. - Agora faz todo o sentido do mundo. Por isso tanta pressa em cuidar de mim… Por isso tanta obrigação de me manter segura e protegida… - a ruiva tinha os olhos lacrimejando e se afastava com a garota em direção à porta. - Era a sua consciência, ou seu resquício de humanidade querendo compensar os danos… E quer saber? - ela gesticulava com os braços, nervosa e inquieta. - Que se dane! Eu estou fora daqui… Fora da S.H.I.E.L.D.

– Mas, a nossa missão? Droga, Natasha! Eu não fiz isso que o jornal está dizendo!

– Ah não? - ela cruzou os braços com ironia. - E que coincidência isso tudo, não acha?

– Exatamente isso! - May tentou se aproximar de Natasha mas ela estava irredutível. - Essa garota entra aqui do nada com um recorte de jornal sobre mim e…

– Acabou, May. - Natasha apertou os olhos e interrompeu a asiática. - Eu não preciso de você para me defender, você sabe disso melhor do que ninguém. Ah, e pensando bem… Eu estou voltando para o Triskelion. É melhor nós nos separamos daqui em diante. Eu não vou sair da S.H.I.E.L.D por consideração ao Fury e porque eu particularmente adoro o meu trabalho. Fury vai me realocar em outro setor. E você não cruze o meu caminho, ou eu terei prazer em fazer da sua vida um lindo e doloroso inferno.

Natasha segurou a garota pelo braço e saiu da casa em estilo oriental, seguindo a passos largos em direção ao quinjet. Seus pensamentos estavam nublados, mas ela não pensava em reconsiderar. Na verdade, quanto mais pensava naquilo, mais ódio ela sentia por ter sido enganada por Melinda todo aquele tempo. Era como ter dormido com o inimigo por muito tempo.

– Para onde estamos indo? - a garota perguntou, sendo praticamente arrastada pela ruiva.

– Para os Estados Unidos. Você é de lá, não é?

– Sim. Minha avó vive em Indiana. Poderia me deixar lá?

– Pode ser, sim. - Natasha respondeu em um tom meio áspero, se esforçando para não descontar sua raiva na garota. - Eu me chamo Natasha, a propósito.

– É, eu ouvi durante sua discussão com a asiática. E por falar nisso… Não queria causar confusão, mas quando eu vi o rosto dela eu me lembrei do jornal e fiquei apavorada.

– Não é culpa sua se ela é uma cretina safada. Você fez certo em me alertar sobre ela. - Natasha respondeu, subindo no quinjet e fechando a rampa. - Pode se sentar do meu lado. Hoje você é a minha co-piloto. Lá na minha base, terá uma equipe médica que vai te avaliar se você precisar. Só farão uns curativos e eu te deixo na casa da sua avó, pode ser?

A garota acenou sorrindo e olhou para as próprias mãos ensanguentadas. Nem acreditava que estava indo para casa.

– Ah, e que descuido o meu… - a morena olhou para a ruiva quando já estavam saindo do chão. - Meu nome é Raina.

– Prazer, Raina. - Natasha sorriu para ela e voltou a encarar o horizonte.

– Amei o seu uniforme, sabia?

– E eu amei o seu vestido florido.

– Minha avó fez para mim.

– Tenho certeza de que ela é uma ótima senhora.

– É sim.

Raina entreteve-se com as nuvens sendo dissipadas pelo enorme pássaro de metal, enquanto fazia perguntas aleatórias para Romanoff. May permanecia na sua própria casa, agora sentindo as antigas lembranças lhe consumirem a alma. E ali, com o rosto enterrado entre as mãos ela chorou amargamente por um longo tempo.


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Notas finais do capítulo

Aiii meu coraçãozinho... Tava LOUCA pra escrever esse capítulo, nossa! rs

Enfim... O que acharam? Alguém tem alguma teria ou dúvida? Deixe nos comentários! É muito importante a sua opinião sobre a fic!

Beijos e até a próxima!

Agent Jessyhmary

#Itsallconnected!



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