A Ordem dos Nove Reinos - Agents of S.H.I.E.L.D escrita por Jessyhmary


Capítulo 6
Dois a Um


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!! Que deveria ter sido postado há horas, mas a internet não colaborou...

#BoaLeitura! :)



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Coulson seguia a passos largos em direção ao Bus. Sabia que May estaria por lá, em algum lugar. Foi até a cabine como sendo o lugar mais óbvio para ela estar, porém não a encontrou ali. Ele franziu a testa e mexeu nos cabelos, antes de fechar a porta.

– Onde raios você se meteu, May? – ele balbuciou sozinho.

Passou pelo laboratório e ela também não estava lá. (O que, afinal, ela estaria fazendo ali?) Subiu as escadas enquanto procurava algum arranhãozinho sequer na Lola – que estava novinha em folha após uma bateria de cirurgias – e voltou a olhar ao redor, procurando pela piloto. Ele passou em todos os dormitórios e quando chegou ao dela encontrou a mulher sentada na cama, segurando uma fotografia e com os olhos marejados.

Quando o viu, Melinda soltou a foto e colocou os óculos escuros rapidamente, como se ele não tivesse visto a cena. Phil apenas continuou observando-a, esperando que ela o mandasse embora.

– Phil, eu quero ficar...

– Sozinha, eu sei. – Coulson completou, apoiando uma das mãos na porta do dormitório.

A asiática simplesmente admitiu, acenando com a cabeça.

– Mas não precisa ficar.

Ele respondeu cauteloso, ainda parado no lugar em que estava. Melinda pegou a foto que havia largado e deu mais uma olhada nela, tirando os óculos e abaixando a cabeça, cobrindo parte do rosto com uma das mãos.

– Phil – a voz da asiática estava falhando, ela não seguraria o choro por muito mais tempo. – Sinto tanto a falta dela.

Coulson deixou a porta e juntou-se a ela, envolvendo-a num abraço aconchegante.

– Se eu apenas...

Ela desabou em choro antes de conseguir terminar a frase.

Coulson a abraçou forte. May finalmente rendeu-se e o abraçou também, deixando o choro sair quente e alto pela sua garganta. Na foto, a pequena Chloe aparecia ao lado de um boneco de neve, mais ou menos do seu tamanho e usava um gorrinho branco com rosa, estava toda empacotada devido ao frio.

– Eu estou aqui, Melinda. – ele dizia, enquanto acariciava o cabelo dela.

A respiração dela estava pesada. Havia tempos que ela não chorava por causa disso, embora a imagem da filha não tenha fugido da sua memória um dia sequer. Phil sabia que aquilo era difícil para ela em vários níveis diferentes. Ele só a apertava contra seu peito, sabia que ela choraria tudo e depois acabaria dormindo.



– x -



Skye fez uma xícara de chocolate quente antes de se dirigir ao escritório de Coulson. Não havia ficado tão bom quanto o que ele fizera no café-da-manhã, mas dava pro gasto. A garota adentrou a sala e começou a caça. Vasculhava o escritório de Coulson, procurando o fichário dos novos agentes que se juntariam à S.H.I.E.L.D. Abria uma gaveta e outra, o armário dos arquivos, outra gaveta, mas não o encontrava em lugar algum. Chateada, jogou-se na poltrona e ficou mexendo nos objetos de decoração da mesinha.

– Não precisava esconder os arquivos, A.C.

A garota falava para o vão, brincando com uma miniatura da Lola que ela achara em uma das gavetas.

– “Não toque na Lola!”

Ela imitava a voz de Coulson, rindo sozinha enquanto girava a miniatura sobre a mesa. Tomou um gole do seu chocolate antes de lembrar-se de onde estavam os arquivos.

– Ah! O cofre!

Skye levantou-se da cadeira de um pulo e foi até o cofre dos arquivos pessoais. Coulson os tinha guardado lá e ela havia esquecido completamente. Colocou seu polegar sobre o leitor biométrico e abriu o cofre, retirando os arquivos que estavam dentro e colocando todos em cima da mesa.

– Uau – disse com os olhos arregalados – Alguém aqui terá algum trabalho para avaliar esses documentos – afastou-se um passo para observar a enorme pilha de papéis – Okay... Por onde eu começo?

Ela começou empilhando os arquivos dos novatos. Coulson havia dito que ela fizesse uma avaliação prévia deles e era isso que ia fazer: novatos de um lado, veteranos do outro. Estava nos vinte primeiros fichários quando viu o arquivo completo da May em algum lugar daquela mesa bagunçada. Ficou encarando os papéis, tentada a abrir e vasculhar tudo.

– Não, não foi isso que eu vim fazer aqui.

Skye colocou o arquivo de May embaixo de todos os outros, para evitar cair na curiosidade. Na pressa em esconder o arquivo, um dos papéis se desprendeu dos outros, caindo no chão. Ela inclinou-se para pegar o documento e guarda-lo de volta, mas a imagem de uma garota asiática lhe chamou a atenção.

May deveria ter no máximo dezoito anos naquela foto. Estava sorrindo como uma hiena, os cabelos negros batiam no ombro e uma enorme mecha cobria parcialmente um dos olhos. Estava com uma camiseta azul marinho, com o emblema da S.H.I.E.L.D do lado esquerdo. Atrás da foto, uma letra miúda e inclinada explicava o motivo daquele sorriso. “Minha mais nova agente da S.H.I.E.L.D” May tinha acabado de se tornar uma agente nível 1.

Skye observava os traços da garota, seu sorriso era contagiante. Seu rosto era completamente simétrico, claro e sem sombra de acne. Ficou imaginando onde havia se escondido essa garota dentro da May que ela conhecia. Aquele sorriso, pra ser mais exata. O mais perto que ela chegou de ver isso foi quando Coulson entregou o chocolate quente a ela.

– Skye?

A voz de Coulson assustou a garota, que ainda estava com a cabeça distante.

– A.C. – ela virou-se sem perceber que deixara a foto cair. – Encontrou a May?

– Sim. Ela está dormindo no Bus, agora. – ele disse, sentando-se na poltrona ao lado da garota.

– Foi difícil fazê-la dormir? – Skye apanhou a foto do chão e sentou-se numa poltrona ao lado de Coulson.

– Não. – Coulson olhou rapidamente para a foto na mão de Skye. – Ela chorou até dormir. Ela é sempre assim.

A garota ouvia estática e com os olhos fitos nele.

– Defina “sempre” – ela pediu explicações.

– Quando ela está assim – ele procurava palavras pra explicar melhor – ela só precisa colocar o choro pra fora. Depois ela dorme... Ela sempre foi assim.

– Você fala como se ela vivesse chorando.

– Eu falo como alguém que a conhece há muito tempo.

Os dois passaram algum tempo em silêncio até Skye segurar a foto de May na frente dele e observa-la por alguns segundos.

– Desde esse tempo? – a garota perguntou, virando a foto para ele.

– Desde esse tempo. – Coulson confirmou.

– O que aconteceu nesse dia? – Skye entregou a foto para ele e se acomodou na poltrona. – May está rindo como se espancar alguém fosse terapia.

– May era assim naturalmente.

O diretor sorriu, sabia que Skye ficaria pasma ao ouvir aquilo.

– Naturalmente? – a menina arregalou os olhos.

– Sim – ele confirmou, acenando com a cabeça. – E nesse dia em questão ela havia sido aprovada em todos os testes da Academia de Operações. Foi o dia em que ela se tornou uma nível 1 como você...

A garota estendeu a mão, pedindo a foto de volta. Deu mais uma olhada na garota asiática e pegou sua xícara de chocolate que estava no balcão do lado deles. Coulson esperou a garota aproximar o chocolate da boca para terminar a frase.

– E foi o dia em que a pedi em namoro.

Skye se engasgou com o chocolate, óbvio.

– Dois a um. – Coulson disse, ficando de pé e sorrindo na frente dela.



(...)



Os outros presos riam dele. Ward estava jogado como um cão, depois de ter batido como um louco naquelas paredes que pareciam ser feitas de titânio. Como fora tão estúpido? As lembranças da S.H.I.E.L.D o faziam sentir falta de como ele costumava ser tratado, de como todos sempre se arriscavam uns pelos outros. Sentia falta da equipe. Sentia falta até mesmo da Hill.

Seu coração apertou quando lembrou-se de Fitz-Simmons. Ele não queria mata-los, se importava demais com eles, assim como também não matou aquele cachorro. Por isso lançou eles no oceano, sabia que os dois gênios arrumariam um jeito de sair de lá. Havia sido fraco, achava que sabia por quem estava lutando, mas Garrett só havia somado seus problemas.

Ward era uma mente perdida e confusa que fora destroçada pelo desamor de seus pais e pela crueldade do irmão mais velho. Desde pequeno já conhecia o que significava sofrimento. Seus pais eram dois monstros. Se ele não parecesse tanto com o pai ou seus olhos não fossem exatamente iguais ao da sua mãe, ele poderia jurar que era adotado e que aquele casal trabalhava com exploração de crianças. Não se devia permitir que pessoas como eles cuidassem de qualquer coisa viva.

Como se não bastasse ter duas pessoas dessas como seus pais, Ward tinha um irmão mais velho que mais parecia um projeto de sociopata. Ele, sua irmã gêmea e seu irmão caçula sofriam horrores nas mãos dele. O garoto parecia ter herdado dos pais tudo que os outros não tinham: a maldade, a crueldade e o desprezo pelos outros. Jacob não tinha amor por nada, a não ser por si mesmo.



* Massachusetts, 20 anos atrás.



– Samantha, o que foi que eu falei sobre mexer nas minhas coisas? – O garoto tinha os olhos fumaçando de ódio.

– Desculpa, Jake – a garotinha respondeu assustada, segurando um caderno nas mãos – Eu precisava fazer minha tarefa e o meu caderno acabou...

– Isso não é problema meu. – ele tomou o caderno das mãos da menina empurrando ela com a outra mão.

– Mas a mamãe disse que...

– Não era pra mexer nas coisas do seu irmão! – Andrea adentrou o quarto do garoto, puxando a menina violentamente. – Quantas vezes eu vou ter que repetir isso, garota? Quando o seu pai chegar você vai levar uma surra das boas!

– Não, o papai não! – a garota começou a chorar com a menção do nome do pai.

– O que está havendo? – Grant entrou no quarto do irmão mais velho, segurando na mão do pequeno Taylor que se escondia atrás dele.

– Não é da sua conta! – Jacob passou pela porta, empurrando Ward e derrubando Taylor no chão.

– Olha por onde anda, seu desastrado! – Ward tomou coragem e desafiou o garoto.

Jacob voltou atrás e encurralou o irmão na parede. Samantha havia sido expulsa do quarto, mas ao ouvir o choro do irmãozinho ela correu para acalentar o caçula.

– Vamos, Tay – a garota de enormes cachos dourados pegou o pequeno no colo – Vamos ver como as vaquinhas estão.

Os dois saíram pela porta dos fundos para que a mãe não os visse. Andrea havia proibido os três de sair de casa por uma semana, apenas porque comeram um pedaço de bolo que não os pertencia. No corredor, próximo ao quarto de Jake, os dois garotos ainda se encaravam em ponto de briga.

– O que você disse?! – Jake cerrou os punhos e deu um passo na direção de Ward.

– Eu mandei você olhar por onde anda. – o garoto menor manteve-se firme, mesmo diante do olhar intimidador do irmão.

– Você sabe que pode levar uma surra por isso, não sabe?

– Por que você é tão cruel com a Sammy? – ele tentou argumentar com o mais velho. – Ela apenas queria fazer a lição de casa, Jake!

– Abaixe seu tom comigo! – O garoto aproximou-se mais de Ward, dando um murro no rosto dele. – Por que você tem que ser sempre tão fraco?

Ward colocou a mão no rosto quente, seu nariz estava sangrando e ele ameaçou um choro, tinha apenas dez anos de idade recém-completados.

– Lá vai começar o choro! SEJA HOMEM! – Jacob gritou. – Você parece uma garota! Por isso não te levo na minha escola! Seria uma vergonha se os caras do time vissem que meu irmão é um fracote. – ele disse sem dó do irmão, que chorava calado, apenas olhando para ele. – Eu vou sair. Não quero ouvir seu choro de menininha quando o papai chegar em casa.

Ward foi para o seu quarto onde dormia com Taylor e Samantha e ficou apenas na janela observando os dois brincando com as vacas. Ele enxugava as lágrimas, sentindo uma raiva que descia fria ao seu coração. Eles não mereciam aquilo.

– Eu juro, Jacob – Ward apertou os lábios com força. – Você ainda vai se arrepender por isso.



– x -



Ward levantou-se do chão. Sua cabeça doía. Tudo doía, na verdade. Ele não poderia crer que aquilo estava acontecendo. Tudo o que via era algumas outras celas e um corredor escuro logo à frente. Sabia que ficaria louco se tivesse que viver a vida inteira naquele cubículo, então voltou a espancar as paredes para que aquilo sugasse toda a sua energia e ele capotasse mais uma vez. Ao que parecia, esse seria o seu destino.

– Você é patético – uma voz irônica surgiu detrás dele. – E hilário, também.

– O que você quer aqui? – Ward ficou ainda mais nervoso quando viu que Loki estava sentado no mesmo lugar que na primeira vez que o viu. – Já conseguiu o que queria! Nunca mais sairei deste lugar! Está satisfeito?

– Na verdade não. – Loki pôs-se de pé e ficou parado calmamente na frente dele, enquanto Grant se debatia tentando segurar o pescoço dele. – E poupe suas energias com isso. Não vai adiantar de nada.

– Por que voltou?

– Vim lhe fazer uma proposta.

– Você já fez o bastante, não precisa se incomodar.

– Pense bem, meu caro Ward. Esta pode ser sua única chance de sair daqui.

– Você arruinou minha única chance de sair daqui! – Ward gritou – Agora desapareça!

– Tudo bem. – ele disse, levantando as mãos – Você me chamará uma hora ou outra... Quando estiver começando a enlouquecer nessa prisão... Você gritará para que eu venha socorrê-lo.

– Não conte com isso. – Ward respondeu, sentando-se no chão, encostado na parede.

– Como desejar – Loki prestou reverência a ele e desapareceu logo em seguida.

Claro que ele queria sair de lá. Mas não àquele preço. Não se isso significasse fazer negócios com aquele verme. Ward deitou-se alguns minutos depois, com a cabeça apoiada nas mãos atrás da cabeça, apenas encarando o teto. Quando estava quase adormecendo, ele pensou ter ouvido algo. Sentou-se novamente e aproximou-se da parede, colocando o ouvido na superfície gelada, para tentar ouvir melhor.

– Grant?

Ele reconheceria aquela voz em qualquer lugar do mundo.


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Notas finais do capítulo

Quem é? #Mistério

— O que acharam??

#StandWithSHIELD