– Pegaram a Hill.

A voz de Philip Coulson anunciava a sentença sem rodeios, espantando os presentes na sala de reuniões.

– O quê? – FitzSimmons e Skye perguntaram em uníssono.

– May acabou de me ligar do Helitransporte. Levaram Hill no lugar de Alan. May acha que foi um acidente.

– Como assim, um acidente? – Skye descruzou os braços incrédula. – Ninguém sequestra alguém por acidente, Coulson!

– Ela quis dizer que o alvo não era a Hill e sim o garoto. – Uma voz feminina surgiu detrás deles, chamando todas as atenções para si.

– Essa é a agente Bobbi Morse. Ela era parceira de Samantha e uma amiga muito próxima a Hill. Ela tem algumas informações sobre o caso e se dispôs para fazer parte da equipe que ajudará a trazer Maria de volta.

– Wow, wow, wow – Skye gesticulou, pedindo tempo. – “Parceira de Samantha”? Não entendi essa parte...

– Samantha era uma agente dupla, Skye. Ela já estava praticamente se desvinculando da CIA quando foi abduzida.

– Okay – ela arregalou os olhos e voltou para seu acento, meio atordoada. – Isso basta por enquanto.

– Então, agente Morse – Jemma a olhou sorrindo e foi interrompida pela outra mulher.

– “Bobbi”, por favor. – ela pediu igualmente simpática.

– Bobbi – Simmons corrigiu. – Lembro vagamente te tê-la encontrado antes de entrar na equipe de Coulson.

– Deve ter sido na divisão de Ciências e Tecnologia.

– Você era...

– Professora? – Bobbi sorriu com todos os dentes. – Não tive esse prazer. Mas ainda lecionei Introdução à Biologia Celular num curso de férias dos cadetes iniciantes. Foi apenas um final de semana.

– Sim, sim! – Jemma recordava-se. – Mas acho que você estava...

– Ruiva? – ela sorriu. – Estava morena na semana passada. Ossos do ofício. Mas eu sou loira, na verdade.

– Vocês poderiam visitar o facebook uma da outra qualquer dia desses, mas lamento informar que temos alguns assuntos mais importantes no momento.

– Desculpe, diretor. – Jemma desculpou-se levemente constrangida.

– Certamente, senhor. – Bobbi assentiu e o seguiu até seu escritório.

– Skye – ele voltou atrás e encarou a hacker. – Você é boa em procurar pessoas. Crie um novo banco de dados com todas as informações possíveis sobre Samantha, Alan e Hill. Não pode ter sido coincidência.

– Já estou nisso, senhor. – Skye respondeu prontamente.

– Fitz e Simmons, registrem as leituras de calor e comparem àquelas que surgiram no desaparecimento de Samantha e Ward. Bobbi trouxe algumas informações novas no disco rígido. Usem isso para encontrar um padrão.

– Sim, senhor. – os três responderam juntos, direcionando-se a seus postos de trabalho.

– Vamos descobrir o que está havendo com os nossos agentes.

Coulson e Bobbi seguiram para sala, enquanto Skye e Fitz-Simmons trabalhavam nos computadores da base. Simmons colhia os dados da leitura de calor, enquanto Fitz tentava traçar um padrão. Skye vasculhava a vida pessoal dos envolvidos, o que naturalmente, sabia fazer muito bem.

– Gente... Achei uma coisa que talvez possa interessar. – Skye falou, girando na cadeira de escritório. – Aqui.

– Alan é filho único, o pai foi morto em uma missão – Jemma lia o arquivo, com uma das mãos apoiando o queixo. – Coitado do garoto...

– E da mãe. – Fitz acrescentou.

– Exatamente. Vamos colocar os dados que a agente Morse nos trouxe no banco de dados. – ela apontava para o disco rígido ao lado dele.

– Pronto. – Fitz encaixou o dispositivo na porta.

– Agora... Vamos gerar um gráfico preciso com a cronologia dos acontecimentos.

– Usando como base as leituras de calor.

– Isso mesmo, Simmons.

– Gerando gráficos em 3, 2, 1 – Fitz olhava para a tela maior, esperando os gráficos surgirem.

– Primeiro, Ward desaparece. Depois Samantha. Uma semana depois, tentam levar Alan para sabe-se lá onde...

– Skye... O que você está pensando. – Simmons percebeu a expressão da amiga mudar rapidamente.

– Pensem um pouco: Alan é filho de Samantha. Quem quer que a tenha levado, deve querer usar o filho para conseguir alguma coisa dela... E se...

– O que?

– Se sequestraram Samantha porque ela e Ward...

– Não – Fitz-Simmons murmuraram simultaneamente. – Não pode ser...

– Faz todo o sentido do mundo, gente! Os três foram levados com a mesma finalidade!

– Se for mesmo Loki – Fitz começava um raciocínio. – Bem, acho que não quero pensar nessa possibilidade.

– Ele só pode estar planejando algo muito grande e horrendo pra sair sequestrando crianças de Midgard, gente! – Skye balançou a cabeça em negação. – Pobre Alan... Quase caía nas mãos daquele lunático.

– Hill foi no lugar dele... Não podemos esquecer isso. - Fitz lembrava.

– Droga! – Skye deu um murro na mesa, ao lado do notebook.

– O que houve?

– As informações! Estão compartimentalizadas demais! May, Foster e Selvig já conseguiram pistas de como encontra-los... Somos praticamente inúteis aqui!

– Então, acha que nós devíamos...

– Isso já está ficando alarmante. Precisamos ir para o Helitransporte. Podíamos juntar o que sabemos com o que eles sabem. A equipe definitivamente não pode ficar separada num momento como esses. Até descobrirmos isso, quantos outros agentes e familiares precisarão ser sequestrados? Não quero ver você ou Fitz ou Coulson serem levados sem que eu possa fazer nada.

– Então? – Fitz perguntou, dando de ombros e mordendo a ponta de uma caneta.

– Vou falar com Coulson. Precisamos ir para a base E.A.R.T.H.

(...)

– Me. Larga!

A voz de Maria Hill saía trêmula de seus lábios esbranquiçados pelo frio intenso de Jotunheim.

– Estúpida! Não era pra ter sido você, era o garoto!

– O que que-querem com o Alan? – os lábios de Maria tremiam de frio, ela estava mais branca do que um fio de lã.

– Eles a conhecem, poderoso Loki. – Hela tocou o ombro do pai, tentando animá-lo. Eles a conhecem também. Podemos usá-la pra termos o que queremos.

– Não será de todo inútil, minha querida. – ele aproximou-se de Hill e tocou o rosto dela com o dorso da mão. – Já que o garoto não está aqui, vamos usar você mesma.

– Nunca vou ajuda-lo a ter o que quer! – Maria resmungou ríspida, enlaçando o próprio corpo na tentativa de se esquentar.

– É aí que você se engana, meu amor – Loki a encantou de forma que ela parecesse amarrada, mesmo sem nada físico a prendendo. – Você vai colaborar de um jeito ou de outro.

Ele olhou para Hela e a filha tomou a prisioneira, levando-a para um castelo negro e gelado. Maria tentava ficar acordada, mas o ar rarefeito parecia condensar-se dentro dela, enchendo seus pulmões de água. Aquele, definitivamente, não era um bom lugar para uma colônia de terráqueos.

– Mestre, ela não aguentará muito tempo a essa temperatura. – Hela observou, vendo a mulher de cabelos negros ficar cada vez mais pálida, recolhida no chão gélido. – Precisamos leva-la pra outro reino, ou mantê-la aquecida. Morta ela não terá nenhuma utilidade para nós.

– Apenas satisfação pessoal. – Loki corrigiu.

– O que não nos ajudará a conseguir o que queremos. – ela ressaltou, olhando para a mulher com um leve ar de preocupação.

– Terráqueos são coisas tão frágeis – Loki observou, levantando-se de seu trono pessoal e ficou dando voltas em torno de Maria, como se zombasse dela com seu olhar esnobe. – Agora você está vivo, a temperatura cai, agora você está morto. Simples. – ele sorria, vendo a mulher sofrendo, tremendo, quase perdendo os sentidos. – Não me admira que seja tão fácil sequestrar e manipular vocês.

– Senhor – Hela interrompia mais uma vez com sua voz impetuosa, demonstrando não compaixão, mas uma exclusiva demonstração de interesse na sua presa. – Precisamos dela.

– Ela pode ser útil sim – Loki respondia sem hesitação, não demonstrando preocupação alguma, a despeito de sua presa que padecia de frio. – Embora vê-la definhando por ter se colocado entre os meus planos seja igualmente acolhedor.

Ele apenas segurou o cetro chitauri e apontou para a mulher pálida que estava praticamente desmaiada. Em questão de segundos, uma nuvem com pequenos flocos de gelo flutuava ao redor dela e uma espécie de campo de forças térmico ia sendo criado, causando um choque na mulher que sentia o calor retornando ao seu corpo gradativamente. Maria suspirou e abraçou os joelhos, tentando manter-se menos gelada. Respirava com dificuldades, mas estava viva.

– Pronto – Loki a olhou com desdém. – Isso deve mantê-la viva até conseguirmos o que queremos.

– Você... Nunca... Vai conseguir o que quer – Maria ameaçou, ainda se recuperando do evento de quase morte.

– Deveria agradecer por estar viva, sua humana ingrata! – Loki bradou com os dentes cerrados, fazendo sua capa girar em torno de seu eixo. – Mas tudo bem, nada do que disser poderá me impedir. Sua querida irmãzinha não vai me negar absolutamente nada quando souber que você caiu acidentalmente nas minhas mãos.

– Samantha? – Os olhos de Hill se arregalaram e por alguns instantes, ela sentiu o frio voltar com toda força ao seu coração. – Você está com... O que fez com ela seu maníaco, psicopata??

– Nada... Ela só me deve uma coisa. E você vai pagar por ela.

– Eu juro... Juro pela sua alma, se é que você tem uma – Maria pôs-se de pé, apontando o dedo em riste para ele, presa dentro do campo de forças. – Se você tiver tocado em um fio do cabelo dela... Você vai se arrepender pelo resto da sua curta e dolorosa vida.

– Pode continuar ameaçando, amor. – ele sorriu sarcasticamente e deixou Hela de vigia enquanto se dirigia à saída do castelo. – Estou indo contatar os meus compradores... Você ficará muito feliz em revê-los.

– Samantha... Não está sozinha? – Maria agora sentiu o medo e a ira preenchendo suas veias como sangue quente. – Quem está com ela?

– E estragar a melhor parte da diversão? – Loki deu uma gargalhada, dirigindo seu olhar para Hela. – Fique de olho na prisioneira. Vou mudar os termos do nosso contrato.

E desaparecendo num piscar de olhos, Loki tomou o rumo de Asgard, a fim de enviar uma mensagem nada amigável aos irmãos Ward.