Aprendendo a amar escrita por Laura Luchesse


Capítulo 1
Selecionada


Notas iniciais do capítulo

Essa é minha primeira fic e eu não sei se está realmente boa. Acabei de terminar A Escolha e gostei muito da série, então resolvi escrever uma história. Espero que gostem!
Obs: a Ariane será a protagonista, e ela é uma personagem criada por mim.



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- Não consigo dar mais um passo. - Rebeka reclama pela milésima vez.
- Quieta, rainha do drama, estamos quase lá. - eu a repreendo.
É a segunda vez no mês que precisamos roubar comida. Rebeka é minha melhor amiga desde sempre, e também é a garota mais bonita e meiga que conheci. Com seus cabelos na altura dos ombros, tão claros que parecem brancos, e seus olhos verdes e sardas na bochecha. A pele clara e leitosa. Moramos em um vilarejo chamado Monte Safira, do país de Illéa, que já foi chamado de Estados Unidos, pelo que sei, antes da Guerra e da destruição total.
Desde então, o governo de todos os países restantes passou a ser uma monarquia absolutista. E só os nobres, que são a minoria, têm privilégios, e com isso eu quero dizer, que todo o resto é excluído econômico e socialmente. Vivemos na pobreza e com fome.
Muitos de nós morremos de doenças trazidas da sujeira, da falta de saneamento e de assistência médica. Minha mãe é um exemplo. Ela ainda não está morta, mas sem assistência e cuidados, ela irá em breve. É claro que o povo já tentou derrubar o Estado, mas eles reagem com força militar, e o exército deles é muito potente. Eles contam com ajuda de outros países, como Itália, Alemanha, França, Inglaterra, Japão... Entre outros.
Para alimentar meu dois irmãos, eu e meu pai trabalhamos muito. Mas nunca é suficiente. Para Rebekah, é muito pior. Ela tem oito irmãos.
- Ontem Peter perguntou por você, Aria. - ela me diz.
- Seu irmão? Não estou interessada.
- Seria legal vocês juntos.
- Casar significa ter filhos. Ter filhos significa mais bocas famintas para alimentar, e eu já acho suficiente todas que tenho.
Rebeka se cala. Um defeito que minha querida amiga tem: ser sonhadora demais. É óbvio que garotas pobres como nós não teremos finais felizes. Ela é tão iludida que quando vê o príncipe Maxon na TV, se derrete. Será que ela não vê que é culpa dele passarmos tanta fome?
Rebeka conversa com o vendedor enquanto eu vou pela porta dos fundos e escondo as laranjas nos bolsos. Quando saio correndo, ela disfarçadamente deixa o lugar e me encontra na esquina.
- Conseguiu?
- Claro.
Eu passo algumas para ela, e nós dividimos uma no caminho.
Ao chegar em casa, reparo uma tensão no ar. A primeira coisa que penso é: minha mãe morreu.
- Fred, o que houve? - eu pergunto ao meu irmão mais novo. Ele é o mais parecido comigo, fisicamente. Olhos verdes, cabelos ruivos, pele lívida...
- Você vai embora, Aria! - ele me abraça, os olhos marejados.
- O que é isso, Fred? Não vou a lugar nenhum.
- Ariane? - a voz cálida de meu pai me surpreende.
- Papai, o que faz aqui? Devia estar no trabalho.
- Querida, precisamos conversar.
Ele me leva para o pequeno jardim atrás da casa, e começa.
- Recebemos um telefonema real hoje...
- O que?!
- Aparentemente, você foi escolhida para participar da Seleção.
- Não!
A Seleção é um evento extremamente machista em que trinta e quatro garotas são escoltadas ao palácio para que o príncipe escolha uma com a qual irá se casar e que o ajudará a governar o país.
Eu era a única garota no mundo que não queria chegar nem perto do príncipe. Não podia ter sido escolhida... Não...
Depois que eu soube que fui escolhida para fazer parte da Seleção não sabia mais sobre o que pensar, eu teria que me despedir da minha família, e de Rebekah. Quando estava arrumando as minhas malas, pensei em todas as outras garotas que haviam sido escolhidas, fiquei imaginado se elas também estariam tão confusas e desesperadas quanto eu estava naquele momento.
Terminei minhas malas, e fui em direção à cozinha, uma lágrima fina escorreu pela minha bochecha, quando fitei minha família ali, parada na minha frente, meus irmãos, Fred e Joey não se deram ao trabalho de conter o impulso de me abraçar.
Naquele momento ouvimos alguém bater na porta, meus irmãos me soltaram do abraço e me deixaram atender a porta, um homem, vestido com trajes reais adentrou a casa sem pedir licença, apenas fez uma pequena menção para cumprimentar minha família e pediu para que fossemos para sala, segundo ele precisávamos ter uma conversa privada. Fomos até a sala e ele começou a falar imediatamente.
-Perdão –interrompi -Qual é o seu nome?
-Jacob, conselheiro da corte real.
-E por que exatamente está aqui?
-Para lhe dizer o que o palácio irá lhe oferecer, e também te fazer uma pergunta.
-Tudo bem.
-Bom, primeiro, a pergunta. Você é virgem?
-O que?! Quero dizer, que tipo de pergunta é essa? –Perguntei ofendida.
-Uma pergunta como qualquer outra, apenas preciso de uma resposta.
-Bom, sim.
-Ótimo! –Jacob sorriu –E agora, preciso lhe dizer sobre os benefícios que o palácio irá lhe oferecer.
-Benefícios?
-Sim, lhe daremos vestidos e tudo do tipo.
-Por que ?
- Porque é necessário. O príncipe ordena que todas as garotas aceitem os benefícios que o palácio oferecer, principalmente porque ele terá o direito de fazer o que ele desejar com todas vocês até o dia em que ele escolherá uma de vocês.
Isso é mais que machista. Ele ficou mais meia hora tagarelando sobre as regras. Não podemos brigar, nunca devemos desrespeitar um membro da família real. Blá blá blá.
***

Fui me despedir de Rebekah, estava a caminho da casa de Bekah, não sei exatamente o porquê mas eu estava chorando, mas quando cheguei lá Peter abriu a porta, ele sorriu para mim e forcei um sorriso de volta.
-Pode chamar a Bekah por favor? –Perguntei-
-Claro, espere um pouco.
Esperei um pouco, me sentindo um pouco triste por Peter. Rebekah chegou na porta com os olhos marejados, antes que eu pudesse perguntar ela me deu um abraço de urso.
-Bekah, se acalme.
Rebekah me soltou enxugando as lágrimas e se esforçou para sorrir.
-Estou bem, é só que eu soube, que você foi... escolhida.
-Eu queria me despedir, bom, eu não sei por quanto tempo eu ficarei no palácio, talvez não seja tão ruim, não é você que vive babando pelo príncipe Maxon?
-Sim, mas...
-Eu não vou morrer Bekah, está tudo bem. Além do mais, não vou durar mais que um semana, você vai ver. –Disse à ela enquanto lutava contra uma lágrima-
-Apenas... me diga se ele é mesmo bonito quando você voltar. –Ela sorriu me abraçando novamente-
Quando voltei para casa peguei minhas malas, já havia uma carruagem real a minha espera, coloquei minhas coisas lá dentro e me despedi brevemente de minha família, meus irmãos choravam como se eu estivesse indo para a guerra. Tentei ignorar esse fato.
As garotas não conversava muito entre si. Eram todas diferentes, algumas loiras, outras morenas, mas eu era a única ruiva. Algumas estavam mais alegres, outras mais reservadas. Apenas uma delas não calava a boca, só ficava se gabando, o nome dela era Celeste, ela era Dois, e consequentemente, uma esnobe.
Em cerca de poucos minutos já estávamos em frente aos portões do palácio. Era lindo, e muito maior do que parecia na TV. O jardim na frente era tão verde e cheiroso... Muito melhor do que o lá de casa.
Silvia nos mostrou todo o castelo, menos os quartos. Em momento algum esbarramos com um mebro da família real. Eu não fiquei triste por isso.
- Vocês passarão por uma... Pequena mudança no visual, e logo serão apresentadas à família real.
As garotas foram a loucura. Eu não estava nem um pouco empolgada com nada disso. Meu cabelo ia quase até minha cintura, eu nunca deixava ninguém chegar perto com uma tesoura, e odiava maquiagem. Já não bastava aqueles vestidos horrorosos que nos faziam usar?!
Tive que prender a respiração para deixar um homem cortar meu cabelo. Ele não cortou demais, mas fez uma franja. Eu me senti estranha, diferente. Depois aplicaram um pouco de maquiagem, mas ainda bem que não foi muita. Disseram que eu ficaria bonita ao natural.
O vestido não era tão ruim também. Era nude, com cauda de sereia a algumas pérolas enrustadas. Deixaram o meu cabelo solto e fizeram cachos. Enquanto esperávamos no Salão Principal, uma das meninas finalmente dirigiu-se a mim.
- Você está nervosa? - ela era loira e alta, com olhos claros. Me lembrava Rebekah.
- Um pouco. E você?
- Bastante. Nem acredito que vou conhecê-lo. Ele é tão maravilhoso!
Eu forcei um sorriso.
- Seu nome é Ariane, certo?
- Isso. E o seu?
- Marlee.
- Bonito nome.
- Obrigada.
As portas do salão se abriram e lá estavam: o rei, a rainha e o príncipe. Maxon era realmente muito bonito, isso eu não podia negar. Seus cabelos eram castanhos, e caíam levemente sobre sua testa, e seus olhos eram um pouco mais escuros. Mas ele parecia ser superficial, rígido sob o terno. Jamais contaria uma piada. E eu odiava pessoas assim.
Quando chegou minha vez de cumprimentá-lo, eu não estava saltitando como as outras. Fiz uma reverência, disse meu nome, e quase me afastei. Mas ele pegou minha mão e beijou-a. Eu me assustei com o gesto, mas logo sorri. E ele retribuiu. E talvez não fosse um sorriso tão falso.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Por favor comentem o que acharam, o que pode ser melhorado, alguma dúvida ou sugestão... Obrigada por ler!



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