Forgotten Faces (jake&nessie) escrita por R-Cullen


Capítulo 3
Jane




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As horas passavam, e eu continuava sozinha na tenda. Não queria arriscar em ir lá para fora com medo que algum vampiro captasse o meu cheiro, por isso entretive-me a reflectir sobre tudo o que se estava a passar.


Duas coisas passavam pela minha cabeça e eu não conseguia deixar de pensar nelas: a primeira – os Volturi desejavam-me; a segunda, e a que me preocupava mais – eles iriam fazer tudo para conseguirem o que queriam, e isso incluía matar toda a minha família. Eu sabia que o meu pai, assim como Carlisle e Alice, sabiam mais do que queriam dizer, ou do que podiam dizer. Eu sabia que eles estavam a esconder qualquer coisa, qualquer coisa sobre mim, o verdadeiro motivo pelo qual os Volturi desejavam tanto levar-me com eles para Itália, um motivo tão forte que os levou a declararem guerra aos seus amigos de longa data, a minha família. Mas por mais que eu pensasse nisso, não conseguia entender, não conseguia perceber o que havia assim de tão importante ou perigoso em mim que fosse tão essencial para eles; afinal, eu não era a única meia vampira que existia! Havia ainda o Nahuel e as irmãs dele, porque é que os Volturi não os quiseram em vez de mim?


Pensei em Jacob, no nosso futuro, na família que podíamos ter juntos. Depois tentei imaginar-me sem ele, em Itália, aprisionada no castelo dos Volturi, a fazer o que eles tanto queriam que eu fizesse, mas doeu demasiado e, logo tentei pensar noutra coisa, numa coisa boa. Tentei pensar que tudo ia correr bem e que, depois de hoje, nunca mais teria de me preocupar com os Volturi. Nunca mais.


Fui tirada dos meus devaneios por um uivo de dor no lado de fora da tenda. Sobressaltei-me, pensando o pior. Será que tinha acontecido alguma coisa? Será que os Volturi me tinham descoberto?


Levantei-me e saí da tenda aos tropeções. Junto às árvores estavam três pessoas, dois vampiros cobertos por mantos pretos que lhes tapavam os rostos pálidos, e um lobo cinzento, que se contorcia com dores. Um dos vampiros era alto e bem constituído, enquanto o outro era baixo e franzino, uma mulher. Jane, pensei. Só poderia ser ela, era ela que estava a fazer com que o Collin se contorcesse com dores no chão. Naquele momento, um espasmo de medo atravessou todo o meu corpo, explodindo dentro do meu estômago. Com a Jane ali, eu não tinha outra opção senão deixar-me levar por eles, pois, se eu lutasse contra eles, morreria e, pior, a minha família morreria.


            - Olha Demetri, olha quem nos deu o prazer de se juntar a nós! – Disse Jane, com a sua voz de criança, levantando a cabeça e tirando o capuz do manto, de maneira a eu poder ver o seu rosto perfeito de mármore. Não pude deixar de notar o significado ambíguo daquela frase e isso só me deu ainda mais medo do que aquele que eu já sentia. Tremi involuntariamente, e ela sorriu. Demetri seguiu-a, retirando também o capuz, e eu vi também o seu rosto lindo, os olhos vermelho-sangue que tanto me aterrorizavam. Notei que ele sorria também.


            - Renesmee Cullen – ele disse, analisando-me dos pés à cabeça – Nossa, o quanto a criança cresceu! – Jane revirou os olhos com aquela constatação, o que não deixou de ser assustador devido à cor das suas íris. Depois, impacientemente, deu um passo na minha direcção, ao que eu me sobressaltei e dei dois passos para trás.


            - Não vais querer jogar à apanhada connosco, pois não, Cullen? – Disse ela, ríspida – Sabes, somos dois vampiros contra uma híbrida e um rafeiro. – Ela olhou para Collin, que estava deitado no chão sem forças para se mexer, sorriu e voltou a olhar para mim – Desculpa, somos dois vampiros contra uma híbrida. Se eu tivesse tempo, até ficava para ver o resultado do joguinho, mas como não é o caso, sugiro que fiques quietinha enquanto eu e o Demetri tratamos de ti.


Inexplicavelmente, uma onda de tranquilidade tomou conta de mim. Eles iam-me matar, era isso que eles tinham vindo cá fazer! Então Aro e os outros tinham decidido que eu era, de alguma maneira, uma ameaça para eles e tinham vindo cá para me matarem, e não para me levarem para Volterra com eles. Era estranho, mas senti-me bem ao perceber o porquê de tudo isto, ao descobrir que ia morrer a qualquer momento. Não, não era estranho. Era bom, porque eu sabia que, se eu morresse agora, não teria de viver uma eternidade sem a minha família, sem o meu Jacob. Eu sabia que eles iam sentir a minha falta, mas também sabia que, com o tempo, eles iam acabar por se esquecer e as suas vidas iriam voltar ao normal. Agora, só queria que eles acabassem com aquilo rapidamente, antes que viesse alguém à minha procura ou ver como eu estava.


            - Não te julgava tão cobarde, Jane. – Disse. O que estás a fazer, Renesmee? Tu devias ficar caladinha enquanto eles te matam depressa, e não a tentar empatá-los! Eu sabia que não os devia provocar, muito menos à Jane, mas uma parte do meu cérebro, aquela que nos permite ser racionais, parecia ter fugido para bem longe daqui. – Dois contra uma. Tst tst, nunca pensei, Jane, não vindo de ti. – Ela não disse nada, apenas sorriu calmamente para mim, e eu sabia o que aquele sorriso significava.


De repente senti uma dor, uma dor tão forte que me fez cair no chão, impotente, fraca. A dor era tão forte que me impedia de pensar, de sentir o que estava à minha volta. Apenas via branco, tudo ao meu redor era branco, dor, sofrimento. E, de repente, tão depressa como começou, a dor acabou, e eu dei comigo deitada no chão, a contorcer-me e a gritar, tal como Collin tinha estado há minutos atrás. Tentei levantar-me, mas a minha cabeça ainda doía demasiado.


Quando os meus sentidos voltaram, quando a dor de cabeça desceu para um nível aceitável, concentrei-me, ainda de olhos fechados, em ouvir Jane ou Demetri, mas estes pareciam estar em silêncio. Se não fosse pelo seu cheiro, eu diria que se tinham ido embora. Antes de abrir os olhos, Jane deu-me um pontapé nas costelas, e eu senti-as partirem-se. Gritei silenciosamente de dor. Não queria que eles pensassem que eu era fraca, apesar de ser consideravelmente mais fraca do que eles. Quando finalmente abri os olhos, notei que Demetri me olhava, mas a atenção de Jane estava voltada para algo que se encontrava na floresta. Levantei-me, apesar do corpo todo me doer, e encarei-os furtivamente, à espera que eles avançassem para me matar. Mas eles nunca o fizeram. Rosnei-lhes, provocando-os – queria acabar com aquilo o mais depressa possível e estava a ficar impaciente, ansiosa, mas não obtive a resposta que queria, eles não me atacaram. No entanto, Jane aproximou-se de mim, tão lentamente que parecia que não estava a andar, mas sim a flutuar no ar, até ficar a centímetros de mim. Então, olhou mais uma vez para a floresta que se erguia por detrás de nós e empurrou-me com força contra uma árvore. O impacto foi tão forte que a árvore foi arrancada da terra e caiu no chão, eu em cima dela. Eu tinha quase a certeza que todos os ossos do meu corpo se tinham partido, e um grito de dor saiu estrangulado pela minha garganta, indo ecoar na imensidão da floresta. Um rosnado alto saiu algures da floresta e, um segundo depois, um grande lobo castanho-avermelhado corria em direcção a Jane.


Tentei gritar, dizer-lhe para se ir embora, para fugir, mas não conseguia emitir qualquer som, o meu corpo estava demasiado fraco. Os únicos órgãos que pareciam funcionar no meu corpo eram os meus olhos e os meus ouvidos, que captavam agora cada som proveniente da pequena clareira onde nos encontrávamos. Tentei mexer-me, mas doía demasiado, então os meus olhos encheram-se de lágrimas, lágrimas de pânico. Pai, pai vem cá! Tens de ajudar o Jacob, pai! Gritei mentalmente, na esperança que o meu pai ouvisse e nos viesse ajudar, mas estávamos demasiado longe, era quase impossível ele ouvir-me a esta distância.


Ouvi Jane a rir-se e, logo de seguida, os uivos de dor vindos de Jacob. Mais lágrimas inundaram os meus olhos, transbordando para a minha face, impedindo-me de ver bem. Com grande esforço, e apesar de não sentir quase parte nenhuma do meu corpo, obriguei-me a mexer. Consegui levantar-me, apenas para segundos depois cair de joelhos no chão, sem força nas pernas. No entanto, agora conseguia ver o que se passava muito claramente: Demetri estava parado, com as mãos cruzadas à altura do peito, diversão e entusiasmo presentes no seu rosto de anjo; Jane estava mais à frente, parada em frente ao grande lobo que era Jacob, com uma expressão de pura diversão e felicidade no seu rosto, que quase parecia loucura; Jacob, por sua vez, estava no chão e contorcia-se de dores. No entanto, alguns minutos depois, não parecia que Jane iria parar de usar o seu poder em Jacob, e este emitia sons estranhos, sons de dor, de sofrimento.


Eu queria ir lá, queria ter forças para me levantar e afastar Jane do meu Jacob. Queria matá-la, queria fazê-la sofrer como ela estava a fazer o Jacob sofrer. Um ódio tão profundo como nada que eu havia antes sentido apoderou-se de mim, dando-me forças para me levantar e caminhar, ainda que lentamente, até eles. Rosnei a Jane, que apenas se limitou a rir e intensificou a dor que infligia a Jacob.


            - Olha Demetri, a miúda pensa que me consegue vencer! – Exclamou ela, rindo muito, o que fez Demetri rir também – Anda, Renesmee, ataca-me! – Eu estava mais do que tentada a fazer o que ela me estava a pedir, mas eu sabia que não tinha forças, eu sabia que não iria tardar para que eu caísse no chão, inconsciente – Quanto mais me provocares, mais o rafeiro aqui sofre. – Disse ela, referindo-se a Jacob. E com aquilo eu estava impotente outra vez, eu nunca iria fazer nada que provocasse sofrimento ao meu Jacob, nunca. – Bem me pareceu.


            - Foi deste cão que o Aro estava a falar, Jane? É ele? – Perguntou Demetri, ao qual Jane respondeu apenas com um aceno de cabeça.


            - Nojento, não é? – Disse ela. Ele concordou – Um desperdício, mas o Aro fez-me prometer que não o matávamos.


Eles não iam matar o meu Jacob. Senti o alivio apoderar-se rapidamente de mim, mas logo o travei. Eles não o iam matar…


            - Mas felizmente ele não disse nada em relação ao uso do meu poder. – Ela disse. – Por isso acho que uma boa dose o fará perceber com quem é que se meteu. – Seguiram-se mais gargalhadas vindas dos dois. – Agora, vamos ao que interessa. Tu – Apontou para mim – vens connosco.


            - Não. – Disse simplesmente. Ela sorriu outra vez, e o Jacob voltou a contorcer-se no chão.


            - Vou repetir apenas mais uma vez. Tu vens connosco, a não ser que queiras que eu, acidentalmente, mate o teu cãozinho de estimação.


            - Porque é que vocês querem tanto que eu vá convosco? – Perguntei. Agora eu queria empatá-los, queria desesperadamente que alguém da minha família viesse ter comigo. PAI! Pai, ajuda-me.


            - Nós não queremos que uma nojenta como tu venha viver connosco! – Cuspiu Jane – Mas o Aro está bastante convencido que tu nos vais ser útil, por isso… vens connosco!


Nesse momento, Jacob tentou levantar-se, mas Jane notou e voltou a atacá-lo com o seu poder, uma e outra vez.


            - Pára! – Gritei – Por favor, Jane, pára.


            - Oh, tão querida, agora ela pede por favor. – Disse Jane, rindo-se da minha vulnerabilidade – Implora mais um bocadinho, Renesmee, isso.


            - Jane, - Interrompeu Demetri – é melhor irmos embora antes que os Cullen venham aí.


            - Tens razão – Disse Jane – Já consigo sentir o cheiro deles, vamos embora.


Ela pegou-me no braço com força, magoando-me, e começou a arrastar-me de encontro à floresta, deixando Collin e Jacob para trás. As lágrimas invadiram os meus olhos outra vez, ao afastar-me cada vez mais do meu Jacob – era como se o meu coração estivesse a ser arrancado do meu peito.


Não muito tempo depois, senti algo embater contra Jane, projectando-me contra o chão. Gemi de dor, novamente sem forças e com os olhos fechados. Segundos depois senti duas mãos geladas no meu rosto, que depois me pegaram ao colo e me levantaram.


            - Está tudo bem amor, está tudo bem. – Aquela voz musical que mais pareciam mil sinos a tocar fez-me acreditar que estava tudo bem, que tudo ia ficar bem agora.


            - Mãe, o Jacob… - Foi tudo o que consegui dizer antes de o meu corpo se render ao cansaço e à dor. De repente era tudo preto, silencioso, e então eu desmaiei.


 


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Notas finais do capítulo

Olá meus amores aqui está o cap 2 espero que gostem comentem muito para eu postar o próximo rápido, sim?

beijos,
R.Cullen



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