Charlotte caminhava e mexia no cabelo enquanto rumava até a sala onde teria seu primeiro dia de treinamento. Mas parou de caminhar bruscamente quando viu o filho de Hulk conversando descontraidamente com a filha de Thor.

A morena cerrou os punhos instintivamente, sua respiração acelerou e ela encostou-se á parede escondendo-se dos dois.

–Ciúmes Barton? –O loiro parou em frente á ela.

–Mas é claro que não. –Encarou-o.

–Você quer arrancar a cabeça dos dois, não é? –Continuou, ignorando a resposta negativa da morena.

–Eu disse que não. –Colocou a mão na cintura.

O loiro aproximou o rosto no da morena, uma proximidade perigosa.

–Quando você estiver lá dentro atirando as suas flechas, apenas visualize os dois em cada obstáculo e atire. –Desencostou e saiu andando.

–Vou lembrar-me do seu conselho... Luke. –Falou alto chamando a atenção dos outros dois amigos.

O loiro olhou para trás, sorriu e assentiu com a cabeça.

–Posso saber o que foi isso? –Thomas estava visivelmente bravo.

–Pode... Não. –Apertou o botão e entrou na sala.

O homem do dia antecedente havia trocado o terno por uma calça jeans, blusa de malha e tênis.

–Podemos começar? –Charlotte colocou a mão na cintura.

–Não olhe para mim assim menina, eu não sou para o seu bico. –Arqueou a sobrancelha.

–Nem se acha. –Riu.

–Com licença. –Certo loiro abriu a porta. –A chefinha mandou chamar você. –Dean assentiu e saiu.

–Pode se mandar. –A garota pegou o arco, posicionou e atirou. Errado.

Luke riu, caminhou até ela.

–Deixe-me lhe ajudar. –Falou próximo á ela.

O loiro posicionou os braços dela da maneira certa, depois colocou as mãos na cintura dela, Charlotte prendeu a respiração.

–Mire. –Falou perto do ouvido dela. –Atire. –Beijou o pescoço dela.

Ela errou.

–Mas o que você está fazendo? –Virou-se irada.

–Te ensinando a atirar certinho e com distrações. –Sorriu de lado. –Vire-se e faça de novo. –Ela o fez. –Mire. –Repetiu do mesmo jeito. –Atire. –Repetiu o antigo feito.

Ela respirou fundo, atirou e acertou.

–O que você realmente quer de mim? –Virou-se de frente para ele.

–De você nada, só não gostei do jeito que você me tratou e ver o jeito que você ficou agora... Foi divertido. –Arqueou a sobrancelha.

Antes que ele pudesse sair, a morena colocou a mão no pescoço do rapaz e quase o beijou.

–Assim é mais divertido, não acha? –Sorriu arrogantemente.

–O que está acontecendo aqui? –Thomas parecia furioso.

–Ela tentou me agarrar, eu não fiz nada. –Luke piscou para ela e saiu.

–Você me conhece Thom, não consigo resistir. –Riu.

–Concluiu a tarefa bem rápido. –Disse observando o alvo.

–Está bravo comigo? –Colocou o arco no chão.

–Só um pouco. –Respondeu.

–Eu só tenho você agora. –Abraçou-o.

–Faço de minhas suas palavras. –Beijou o topo da cabeça da menina.

–Me faça esquecer essas coisas ruins. –Pediu.

–O que você quer que eu faça? –Afastou-a um pouco, o suficiente para encara-la.

–O que você quer fazer agora? –Encarou-o com firmeza.

Thomas olhou dentro dos olhos amendoados, sentiu coração pulsar mais rápido por dois segundos, engoliu á seco. Ele não estava acreditando que o que ele mais quis esteve ali todo o tempo, mas ele não percebeu.

Mas ela estava tão frágil que seria covardia beija-la e sem lembrar que quando ele chegou ela estava prestes a beijar outro. Ele não era um pneu reserva, ela não era a garota mais certinha do mundo e ele sabia disso, mas não iria ceder tão rápido.

–Para ser sincero, tudo o que eu quero fazer agora é comer. –Afastou-se dela e saiu andando. –Você vem? –Chamou.

–Não, ela vai treinar. –Dean entrou novamente.

–Até mais Char. –Saiu.

–O que houve aqui? –O arqueiro perguntou.

–Quem disse que aconteceu alguma coisa? –Retrucou.

–O filhotinho de vilão me tirou daqui com uma mentira idiota e caí direitinho. Se ele mentiu para ficar sozinho com você, ele queria alguma coisa. –Arqueou a sobrancelha.

–Queria encher a minha paciência. –Charlotte pegou o arco do chão. –Vamos treinar. –Sorriu.

Thomas estava sozinho no refeitório, tudo o que ele queria no momento era beijar alguém para descontar tudo o que estava sentindo.

–Banner. –Alguém o chamou e ele levantou o olhar.

–Nathalia. –Sorriu.

–Que cara é essa? –A ruiva sentou-se ao lado dele.

–Você não acreditaria se eu te contasse. –Tombou a cabeça para o lado.

–Se você me contar quem sabe. –Thalia começou a descascar o esmalte da unha.

–Se eu te beijasse o que aconteceria depois? –Foi direto.

–Só pagando para ver. –Provocou.

Thomas puxou-a para mais perto, sorriu de lado, e beijou-a.

Alex vinha caminhando olhando para o nada e tomou um grande susto ao ver a ruiva se atracando com o cara mais detestável a face da terra, ao menos era assim que ele pensava naquele momento.

–Está de coração partido? –Luke chegou do nada e assustou o rapaz.

–Por que a tocha está se atracando com a coisa verde? Claro que não. –Deu meia volta.

–Eu não sei o motivo, mas de todos esses projetos de heróis, você e a minha priminha são os únicos que eu vou com a cara. –Luke seguiu-o. –Se quiser falar. –Deu espaço. –Confie em mim, não tenho nada a ganhar com isso. –Garantiu.

–Está sentindo falta de alguém para conversar filho de Loki? –Alex perguntou.

–Na verdade eu estou sim. Minha mãe, Sif, era ótima mulher. Gostava de conversar com ela, mas ela morreu. Meu pai sempre esteve lá por mim, acho que eu sou a melhor coisa que ele fez, mas ele está morto. –Meneou a cabeça.

–Minha mãe é uma mulher extraordinária, meu pai um cara extraordinariamente ocupado e eu sou o filho mais velho. –Revirou os olhos.

–Você tem irmãos? –O loiro perguntou.

–Minha mãe ia contar para a meu pai no dia que ele foi sugado e ela sequestrada pela SHIELD. –Contou.

–Nossas famílias são um caos. –Luke sentou-se no chão.

–E eu ainda me interessei na pessoa mais improvável do mundo. –Fez o mesmo.

–Romanoff? –O loiro perguntou.

–Não. –Negou. –É uma garota. –Disse.

–Que bom, se fosse um garoto eu iria sair correndo. –Sorriu.

–É uma boa garota. –Um pequeno sorriso bobo brotou nos lábios do garoto.

–Conte-me sobre ela. –Recostou a cabeça na parede.

–Não. –Recusou-se.

–Então me fale sobre Nathalia Romanoff. –Pediu.

–Ela é aquele tipo de garota que é notada sem querer ser. Quando ela aparece é impossível não parar e observar. –Sorriu de lado. –Mas é louca, mas tem seus motivos. A vida dela é uma bagunça e ela sempre foi apaixonadinha pelo Banner e ele quebrou o coração dela e agora acho que ela se esqueceu disso. Ela sempre está certa e é aquele tipo de pessoa que você seguiria onde ela fosse. –Meneou a cabeça depois de entender o que havia acabado de dizer.

–Já disse isso á ela? –Luke questionou.

–Na verdade, eu quis dizer ontem, mas eu vi tanta dor nos olhos dela que preferi me calar. –Encostou a cabeça na parede.

–Eu vou te dizer uma coisa, você está tendo essa chance agora de mostrar á ela que você pode levar ela a mundos diferentes, mas a escolha é sua, ninguém pode ir lá e esfregar na cara da ruiva que tudo o que ela quer é alguém que fale dela da maneira que eu acabei de ouvir você falar.

–Aconselhou.

–Eu não gosto dela, e mesmo que gostasse. –Fechou os olhos. –Talvez seja cedo demais ou tarde demais. –Levantou-se.

–Cedo ou tarde. –Começou. –Você só percebe que errou quando a sua chance passa, se é cedo ou tarde não vai mudar nada. Um homem que não luta pelo que quer não merece ser vitorioso. –Disse sério.

–Você fala de uma maneira como se já houvesse amado. –Alex riu.

–Um dia eu conheci uma garota espetacular, mas ela não pertencia ao meu mundo e quando ela se foi eu percebi que eu havia cometido um erro terrível. –Suspirou.

–Que erro? –Perguntou.

–Eu não lutei por ela e deixei-a ir sem o menor esforço. –Levantou as sobrancelhas.

–Faz muito tempo? –Perguntou curioso.

–Eu era uma criança, e hoje eu percebi que eu ainda sinto falta daquela menina e que se eu tivesse a chance de lutar por ela, eu lutaria e eu morreria para protegê-la. –Disse.

–Como é o nome dela? –Perguntou.

–É ridículo, mas eu costumava a chamar de beija flor. –Revirou os olhos.

–Ela deveria saber que foi tão importante. –Alex disse.

–A Romanoff também. –Retrucou.

–A tocha me odeia. –Afirmou.

–E se não odiar? –Perguntou.

–Ela me diz isso todos os dias. –Deu de ombros.

–Às vezes nós dizemos coisas da boca para fora, apenas por não saber como agir com a pessoa. –Disse.

Segundos depois Thalia vinha falando sozinha e parecia estar brava.

–Nathalia. –Thomas segurou o braço da ruiva.

–Eu não quero falar com você sua coisa verde. –Puxou o braço.

–Coisa verde? –Thomas olhou incrédulo para ela.

–É. –Cruzou os braços.

–Você amou beijar a coisa verde. –Provocou.

–Na verdade a coisa verde beija mal e é a última vez que eu cometo esse erro nojento. –Fez menção de vômito.

–Você é louca. –Gritou.

–E daí? –Saiu andando.

Depois que os dois se dispersaram, Luke e Alex se olharam e começaram a rir.

–Ela é demais. –Alex sorriu.

–Ficou todo feliz agora não é? –Luke riu. –Corre atrás dela. –Incentivou.

–Você bebe? –Revirou os olhos.

–Na verdade... –Deu de ombros.

–Você é um grande idiota. –Estreitou os olhos.

–Luke hora do treino. –Juliette passou por eles.

–Sim senhora. –Levantou-se e a seguiu.