Negociando com o Inimigo escrita por Dani R


Capítulo 9
IX - Poison & Wine


Notas iniciais do capítulo

Oi oi oi oi!!! Depois de um capítulo beeeeem depressivo que nem o anterior, esse não é (tanto). A música de hoje é Poison & Wine do The Civil Wars (www.youtube.com/watch?v=WfzRlcnq_c0) e resume bastante esse capítulo. Ele é bem melosinho no final, então escovem os dentes!



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You only know what I want I you to
I know everything you don't want me to
Your mouth is poison your mouth is wine
You think your dreams are the same as mine

No capítulo anterior...

“Não sei se você lembra daquela minha amiga... Quer dizer, ex-amiga, Jade Brusqué, certo? Pois bem, acho que ela e a sua família não tem não só a ver com o caso de Bellatrix Lestrange, mas também com a morte da tia Ginny.”

Assim que ele ouviu as últimas palavras da sobrinha Dominique, ele a puxou para outro lugar instantaneamente. Embora estivesse triste com a morte da esposa, estava com muita vontade de saber o que acontecera. Harry queria justiça pelo que aconteceu, e ele a teria.

— Dominique, você tem consciência que isso é um assunto sério, certo? — Ele disse assim que parou Dominique em um lugar deserto. A sobrinha assentiu.

— É claro que sei. Nunca iria brincar com uma coisa dessa, tio. Isso é muito sério. — Ela respondeu, com o olhar mais sério que ela poderia dar. Ela suspirou e começou a andar de um lado para outro, completamente pensativa. Harry fez uma expressão estranha ao ver aquela cena.

— Ok, Dominique, você vai contar ou não? — Harry dizia, irritado. Dominique respirou fundo e fechou os olhos.

— Perdão. É que isso era um segredo que ela confiou a mim. Sabe, nós éramos inseparáveis, é meio difícil...

— Conte. Agora.

— Está bem, está bem, calma. — Ela suspirou de novo e assoprou uma parte do cabelo cacheado que estava na frente de seu olho. — Jade, minha ex-amiga, é a neta de Bellatix Lestrange. Acredito que você já sabe até a parte que Bellatrix tinha uma filha, certo? Pelo o que li n’O Profeta Diário.

— Certo, certo. Na verdade eu descobri até o nome dela e o orfanato em que ficou quando era criança, porém Hermione me interrompeu quando me disse a notícia.

— Sim, sim. Pois bem, a Ursula, mãe da Jade, está bem consciente do passado dela e de quem ela é filha. Jade e eu sempre fomos consideradas as “cobras” de Hogwarts, mas ela sempre foi bem mais puxada para as Trevas e eu nunca consideraria ir para esse lado. Confesso que quando ela me contou eu fiquei sem falar com ela por uns dias, mas ela me prometeu que não iria deixar a família dela fazer nada comigo ou com a minha família. E eu ainda acreditei... Ainda tem mais. Momentos antes de Fred invadir o meu dormitório para avisar do desastre que aconteceu, ela estava feliz e dando aqueles sorrisos cínicos, e ainda falou “você vai descobrir logo” quando eu achei estranho toda aquela felicidade.

— Ok, preciso de tempo para processar isso... — Harry massageava as têmporas, tentando pensar no que a sobrinha disse anteriormente. Então quer dizer que a Bellatrix filha poderia ter matado sua esposa? — Dominique, o que mais você sabe?

— Eu... — Ela suspirou e fez uma cara pensativa. — Eu sei que eles moraram na França até Jade completar sete anos e o nome do pai dela é Jacques Brusqué. Agora eles moram em Liverpool e são um poço de sarcasmo, se me permite dizer. Jade tinha a quem puxar.

Harry assentiu. Após toda essa informação, ele pensava e pensava e ficava com cada vez mais raiva. Achava que tudo tinha acabado, mas não. Com muito azar, se a filha de Bellatrix seguir os mesmos passos da mãe, eles poderiam viver outra guerra. E agora seus filhos iriam querer lutar, e ele realmente não queria isso.

Ele queria saber o porquê de Dominique nunca ter falado aquilo antes, afinal ela parecia ter consciência do perigo daquela família. Mas ele olhou para a sobrinha, que estava com uma expressão nervosa e ora roía a unha, ora olhava para o funeral. Embora ela tivesse toda a personalidade forte e “foda-se o mundo” ela parecia ser bem ingênua, desprotegida e solitária. Talvez fosse por isso que ignorou o fato da amiga vir de uma família com um histórico não muito bom.

— Bem, obrigado pela informação, Dominique. Realmente me ajudou e eu com certeza irei investigar ainda mais fundo. — Harry sorriu para a sobrinha, que retribuiu o sorriso e foi de volta para o funeral.

Teria que impedir Ursula Brusqué. Antes que fosse tarde demais e uma Terceira Guerra Bruxa se desencadear.

A Toca; 10 de Dezembro de 2022; 10h06min AM

Quase quatro dias haviam se passado desde o enterro de Ginny. A cadeira vazia que a pertencia n’A Toca era sempre observada por todos. A família inteira tinha a esperança de verem ela descendo as escadas com o sorriso no rosto e logo gritando para James parar de implicar com Albus. Ela era muito jovem, gentil, doce e forte para morrer. Ninguém queria acreditar. Mas todos queriam descobrir.

James descera as escadas com a sua aparência desprezível dos últimos dias: regata suja, calção, cabelo desarrumado e olheiras tão fundas e negras quanto um poço sem água. Quando ele aparecia assim, Dominique engolia em seco e tentava não ir lá cuidar dele. Realmente, era um esforço.

Ela agora não falava com ninguém, aliás. Depois da discussão, sua mãe não dirigiu uma palavra à ela. Victoire ficava o tempo todo com Teddy, então só trocava um “bom dia” ou “boa noite” e abria um sorrisinho amarelo. Albus passava na casa de Scorpius ou ficava desenhando alguns traços sem noção no caderno de desenho e se recusava a falar com alguém. E James... Bem, embora ela tentava falar com ele e orientar ele, ele ou gritava com ela com ficava resmungando enquanto falava. O resto da família nem adiantava; ou estavam ocupados com alguma coisa, ou estavam tristes.

Dominique agora deitava sobre a grama congelada e sentia a brisa fria de inverno; poderia pegar uma gripe básica. Não se importava. Podiam deixá-la sozinha, mas não queria ficar em um lugar onde seria ignorada a todo momento. Que ficasse sozinha por ela mesma.

— Sabe, eu realmente acho que você deveria falar com ele. — Dominique ouviu a voz de Fred e olhou para cima. Ele olhou para ela e deitou-se ao seu lado. A garota balançou a cabeça negativamente.

— Eu tento, mas ele é sempre tão grosso. Eu desisti de tentar ajudá-lo. — Ela respondeu, também olhando para o primo. Ele suspirou.

— Nunca vi ele tão triste. Na verdade, nunca vi nenhum dos três tão tristes. Sabe, James, Lily e Albus. São três poços de alegria se você tirar o Hugo e a Rose. — Ele disse, e Dominique assentiu. Ele voltou a falar. — James sai toda a noite. Bebe tanto que acho que não dou dois dias para ele ter um coma alcoólico. Ele pega uma garota ali, uma garota aqui. Mas pelo jeito elas não o satisfazem, afinal ele sempre volta de mau humor. Ele está tão desolado.

— Verdade. — Ela assentiu novamente, e suspirou. — Acho que vou tentar falar com ele. Mas se essa for outra tentativa falha, vou deixar ele se curar sozinho.

Dominique levantou-se, tirando o gelo do corpo e fazendo seu caminho, mas Fred continuou a falar, mesmo deitado.

— Aliás, ele está no Caldeirão Furado de novo. E por favor, se ele for grosso com você de novo, dê um choque de realidade nele. Ele anda merecendo.

Ela confirmou com a cabeça, e esboçou um sorriso. Domi voltou a andar, até conseguir aparatar.

Caldeirão Furado; 10 de Dezembro de 2022; 13h49min

Ele estava lá. O mesmo bar que dias antes, quando Dominique teve que arrastá-lo de lá para voltar pra casa. Mas dessa vez ele estava em uma mesa com garrafas de firewhisky em sua frente e mulheres, cada uma de um lado, beijando seu pescoço e seu peito. Dominique suspirou, tomou coragem e foi até ele.

— Se você veio aqui para me dar sermão e pedir para voltar para casa, pode ir dando meia-volta. — James disse, curto e grosso. Dominique revirou os olhos e tirou as garrafas de sua frente.

— Isso não faz bem para você.

— Foda-se. Me devolva. — Ele tentava alcançar as garrafas, mas não conseguia. Dominique olhou feio para ele e voltou a falar:

— Vadias. — Ela dirigiu-se às garotas que faziam “carinho” em James, e apontou para a porta. — A porta é ali. Seria bom se vocês saíssem por ela.

Elas olharam feio para Dominique, mas foram até lá. Enquanto andavam, Dominique reparou que elas estavam completamente descobertas. Ridículo. Ela revirou os olhos e sentou ao lado de James.

— Olha, eu sei que isso tem sido difícil para vocês, mas...

— Sim, Dominique. Tem sido muito difícil para mim, e não, você não sabe. Não tem ideia o que é dor. Então seria melhor você me deixar sozinho. — James a cortou, e fez um gesto para o garçom trazê-lo mais uma rodada de bebidas. Dominique balançou a cabeça negativamente e levantou da mesa.

— Eu não tenho ideia do que é dor, James? Você esqueceu o que eu tenho passado por todos esses anos? E sobre aquilo de você querendo mudar?

— Eu estava enganado. Ninguém muda. As pessoas acabam passando por um estágio da vida onde ficam diferentes, mas elas sempre voltam a ser como eram antes. Não existe isso de mudar. Existe a recaída, mas a mudança... Nunca.

Dominique balançou a cabeça negativamente. Não acreditava que estava ouvindo aquilo, quando dias atrás ele estava todo fofo.

— Você prometeu. — Ela disse com a voz raivosa. James soltou uma risada irônica, e ela fuzilou ele com o olhar.

— Você fala como se importasse com promessas, que bonitinha! Você esqueceu de quem era duas semanas atrás, Dominique? Você é uma cobra e sempre será, não importa o que diga ou o que faça.

Ela revirou os olhos e começou a olhar para o lado e para cima, tentando não chorar. Dominique Weasley, em toda a sua vida, nunca pensou que estaria ali, naquele bar sujo, chorando por causa de palavras de James Sirius Potter.

— Ok, você pode continuar a ser aquele cara galinha e arrogante que sempre foi. Mas quando você precisar de mim, pode ter certeza que eu não estarei lá. — Ele queria arrogância? Arrogância ele terá. Dominique pode querer mudar, mas sua paciência nunca irá.

— E você acha que eu me importo? Weasley, eu não preciso mais de você. Aliás, eu estou de saco cheio de você.

— Você é um... Um... Quer saber de uma coisa, James? Sim, pessoas podem mudar. Mas você não. Você sempre será esse cara babaca, arrogante e idiota que sempre foi. Você só se importa com a sua dor, mas e a dor dos outros? Você não foi o único que sofreu com a morte da sua mãe, James! — Dominique começou a gritar no meio do bar, e James começou a interromper.

— Pare...

— Não, eu não vou parar! Você só olha para o próprio umbigo, Potter. Pois saiba que a tia Ginny era como uma mãe pra mim, significava mais do que a própria. Ela era a única nessa família que sempre falou direito comigo, como um ser normal. Então se você acha que é a única pessoa que sofreu com essa morte, você está errado James. Muito errado. — Algumas lágrimas rolavam no rosto de Dominique e sua maquiagem começara a borrar. Ela enxugou-as e voltou a falar. — Só... Adeus, James. Adeus.

E ela foi embora, deixando James arrasado com suas últimas palavras. E isso só fazia-o beber mais e mais. O que resultou nele voltar para A Toca às duas da manhã, deixando todos preocupados. Menos quem ele realmente queria.

**

No dia seguinte, era o dia em que todos iriam voltar para Hogwarts. Os adultos já esperavam os adolescentes com um pote de pó de flu na frente da lareira.

— Então, quem irá primeiro? — Fleur perguntava. Os primos se olharam e deram de ombros. Dominique foi até a mãe.

— Eu vou, quero acabar logo com isso. — Ela disse, pegando um punhado de pó e adentrando na lareira. Ela jogou o pó e gritou: — Hogwarts!

Ela acabou na sala de McGonagall, que lançou um sorrisinho para ela, o qual foi retribuído rapidamente. Dominique foi andando – quase correndo – para o Salão Comunal da Sonserina. Olhou para a cara de Jason, para a cara de Jade e isso a fez ficar ainda mais estressada. Quando chegou ao dormitório, se atirou na cama.

Não, ela não estava apaixonada. Não podia. Não por ele, não agora. Ela pressionou o travesseiro em seu rosto e soltou um grito abafado. Toda a vez que ele se aproximava ela ficava sem ar. Toda a vez que ele a irritava, ela tinha vontade de matá-lo ou de beijá-lo só para calar a boca dele. E os seus olhos... Penetrantes. Não, não não não não. Simplesmente não.

— Starlie? — Sua coruja entrou pela janela sem nem Dominique ver, mas ela começou a bicá-la, e assim ela a viu. A coruja trazia um papel pequeno amarrado na sua pata. Dominique desamarrou, e o bilhete tinha os seguintes dizeres:

“Encontre-me às sete da noite no nosso lugar secreto. É importante.

Xx James”

O seu sangue ferveu. Não sabia se era de raiva ou por outra coisa. Mas ela iria. Se fosse outra humilhação, quem se importava? Ela sempre tinha as últimas palavras mesmo.

Jardim secreto; 11 de Dezembro de 2022; 7h00min PM

Demoraram alguns minutos para Dominique lembrar o caminho certo, mas chegou na hora mesmo assim. O lugar continuava com o chão branco de tanta neve, só que agora estava um pouco diferente: ele estava decorado com algumas pétalas vermelhas que formavam as palavras “me desculpe”. Alguns buquês também estavam na volta também. James estava no meio de tudo, e Dominique fazia uma cara fascinada.

— Estou me sentindo gay. — Ele disse, rindo um pouco. Dominique começou a andar até ele, observando a decoração e a paisagem.

— Não sinta. — Respondeu, balançando a cabeça. Ela olhou para ele e sorriu. — Isso é lindo.

— Que bom que gostou. — James sorriu, mas logo voltou com a expressão séria. Ele começou a andar até Dominique. — Você estava certa ontem. Eu só penso em mim mesmo, só na minha dor e eu nunca pensei na dos outros, principalmente a sua, e você estava tentando me ajudar. Dominique, você passou por tantas coisas e eu fico feliz que eu te ajudei com a pior, anos atrás. Mas mesmo assim, eu me afastei, nenhum de nós se interessou mais. Eu virei um idiota, e você virou venenosa. Nós dois queremos mudar, mas não quero mudar se não é com você.

James já estava tão próximo de Dominique que os dois podiam sentir a respiração um do outro. Ao ouvir aquelas palavras, Dominique olhou nos olhos dele por alguns segundos, e ficou perdida neles. Mas seus olhos desceram até os lábios do garoto, e ela finalmente o beijou.

I wish you'd hold me when I turn my back
(Well) The less I give the more I get back
Your hands can heal, your hands can bruise
I don't have a choice, but I'd still choose you


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Notas finais do capítulo

Entãããão, gostaram? Definitivamente é um capítulo bem diferente dos outros que eu escrevi nessa fanfic. Obrigada se você leu até aqui, e até a próxima xx



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