Jovens e Heróis II escrita por Gistar


Capítulo 14
Arrependimento


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Desculpem a demora pra postar, tive que viajar e não consegui postar antes. Espero que me perdoem!



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“Olhe em meus olhos,

Eu estou gritando por dentro

que eu estou arrependido. E você me perdoa novamente Você é o meu único e verdadeiro amigo E eu nunca tive a intenção de te machucar.”

O resto da semana também se arrastou e eu só via Edward à noite, antes de dormir, pois ele passara a semana toda treinando para o jogo de sábado.

Ele estava inconformado por não poder me acompanhar na conversa com Charlie, mas ele não podia perder o treino do jogo. Era melhor manter as aparências e não fazer muito alarde.

Na tarde de sábado, nós saímos no carro da Alice, um Porsche 911 turbo que ela ganhara quando entrara na faculdade, mas que ela ainda não havia usado. Como agora não precisávamos mais de muita segurança, ela insistira para irmos no carro dela, sendo acompanhadas somente por um carro à paisana pra não chamar atenção para nós, se bem que a cor do carro dela – amarelo – já era suficiente para chamar a atenção.

A casa de Charlie não era muito longe, levava mais ou menos umas duas horas de viagem.

Quando chegamos, eu desci, mas Alice, Rose, Jess, Ângela e Jane ficaram no carro.

E havia convencido elas de que eu deveria falar sozinha com Charlie e que somente se eu não conseguisse convencê-lo a fazer aquilo, elas iriam interferir.

– Boa sorte, Bella! – elas me desejaram. Eu iria precisar mesmo.

Embora eu tivesse conhecido Charlie há pouco tempo, eu não podia negar que já sentia como se ele sempre tivesse sido meu pai. Na semana que eu e Renée passamos com ele, ele havia sido muito atencioso e realmente parecia arrependido de não ter sido um pai presente pra mim. Mas depois que Luke contara o que ele fizera, eu realmente me magoara muito e não sabia do que sentia mais raiva: se era dele ter deixado o sequestro acontecer; se era dele ter ignorado o fato de James estar envolvido, sendo que ele sabia da ligação de James com o passado de Renée ou se era porque ele sabia de tudo isso e no que eu estava me metendo e simplesmente não me avisara, não impedira que eu fosse para Yale!

Eu queria ouvir tudo dele, queria ouvir as respostas pra tudo isso. Será que ele pensou que os cavaleiros da sociedade não viriam atrás de mim? Ele foi tão ingênuo assim?

As perguntas vinham na minha cabeça todo o tempo.

– Bella! – Charlie gritou assim que eu entrei na casa.

– Oi Charlie.

Ele me abraçou, me deixando mais constrangida ainda ao me lembrar do que eu tinha ido fazer ali.

– Veio sozinha?

– Não, as meninas estão no carro, me esperando.

– Então mande elas entrarem!

– Não Charlie, eu não vou demorar. Só vim porque preciso ter aquela conversa com você.

– Fale Bells! Você me pareceu um pouco nervosa aquele dia no telefone e parece que não dormiu bem.

– Tem razão Charlie! – eu ainda não o chamava de pai – Eu não tenho dormido quase nada essa semana.

– Está com algum problema? Algo que eu possa ajudar? – perguntou preocupado.

– Sim. Será que podemos conversar no seu escritório?

– Está bem, vamos.

Depois que entramos eu me sentei na cadeira de frente a ele e respirei fundo antes de começar a contar o meu drama.

– Eu entrei para a Skull & Bones!

O rosto de Charlie ficou branco e depois passou para rosa, atingindo por fim uma tonalidade escura de vermelho. Então ele explodiu.

– Não! Não pode ser verdade! Eles não convocam mulheres!

Ele ficou me encarando incrédulo, como se esperasse que eu de repente dissesse que era uma pegadinha de primeiro de abril.

– Mas é Charlie! Eu entrei e as meninas e Edward, todos nós! Eu já sei de tudo Charlie, tudo o que você se negou a fazer para eles, tudo sobre o sequestro e sobre James! Luke nos contou tudo. – Cuspi as palavras todas de vez.

– Ele não devia ter feito isso, era segredo da Ordem... – resmungou Charlie.

– Não ouviu o que eu disse, Charlie? Nós agora também somos da Ordem! Por que não me avisou Charlie? Você sabia que eu iria para Yale e não me falou nada sobre eles!

– Eu não sabia que eles queriam vocês Bella, eu não imaginei que eles iriam meter vocês nisso. Vocês são apenas crianças...

– Crianças?! Nós não somos crianças Charlie! Esqueceu de tudo o que nós passamos, tudo o que enfrentamos e fizemos para salvar as nossas vidas e as dos outros? As vidas que você ignorou e que deixou à própria sorte? A vida da sua própria filha? Como pôde Charlie? Como pôde permitir que eles fizessem isso?

Eu já estava de pé e berrando tudo aquilo pra ele. Ele me olhava apavorado, mas eu ainda não via culpa em seus olhos.

– Eu não podia, Bella! Eu seria preso, eu tive medo, muito medo...

– Medo? Medo de quê, Charlie? Medo de perder a sua ética? Medo de perder seu emprego? Mas medo de me perder, você não teve? Não teve medo de arriscar a vida de centenas de crianças inocentes como você nos chama?

– Eu preferia morrer Bella, eu queria morrer, queria que eles me matassem! Preferia morrer do que soltar aquele criminoso, imaginei que eles iriam me matar, como eles faziam com aqueles que não cumpriam os juramentos da Irmandade. Mas aquele James, ele envenenou a cabeça deles e os convenceu a fazerem o sequestro para se vingarem de mim e me fazerem sofrer e temer pela sua vida...

– E mesmo assim, você não fez o que eles pediram Charlie! O sequestro era a desculpa perfeita pra você soltar o Laurent, por que não aproveitou a chance que eles lhe deram?

– Era muita pressão Bella, as coisas não são simples assim. Havia mais gente envolvida, gente que não se importava com vocês. Se nós cedêssemos à chantagem do James, todos os terroristas iriam começar a sequestrar as escolas pra conseguirem o que eles querem. Foi muito difícil pra mim, Bella, saber que você estava correndo riscos e não poder fazer nada. Eu queria morrer todos aqueles dias do sequestro e eu não podia. Se eu me matasse eles disseram que matariam você, mesmo se conseguissem soltar o Laurent. Eu não podia nem acabar com a minha própria vida...

Charlie desabou na sua cadeira e colocou o rosto entre as mãos. Ele estava chorando.

– Me perdoe Bella, eu nunca fui e nunca serei um bom pai para você. Eu sei que você nunca vai me perdoar e eu não mereço seu perdão.

Apesar de estar com raiva de Charlie, me partiu o coração vê-lo sofrer daquele jeito, mas era difícil perdoá-lo, mesmo sabendo que ele queria morrer e não fez isso por minha causa. Era difícil perdoá-lo, sabendo que todas aquelas mortes poderiam ter sido evitadas se ele tivesse sacrificado a sua carreira e Jacob e Mike ainda estariam vivos. Eu respirei fundo e tomei coragem para fazer o pedido que precisava.

– Eu não sei se um dia eu vou conseguir perdoá-lo Charlie. Eles não nos convocaram para a Ordem somente por causa do sequestro, eles têm um plano.

Quando eu disse isso Charlie levantou a cabeça e me olhou confuso.

– O que está dizendo Bella?

– Eu estou dizendo que eles ainda não desistiram de libertar Laurent e pediram pra mim convencê-lo a fazer isso.

– Foi pra isso que você veio aqui?

– Foi pra isso e pra ouvir a verdade de você, já que eu não confio no Luke. Eles nos ameaçaram Charlie, eles sabem onde James está e disseram que vão mandá-lo atrás da mamãe e de mim se você não fizer isso.

– Aqueles desgraçados! Como podem ameaçá-la? Você não tem nada a ver comigo, isso é entre eles e eu.

– Não interessa Charlie, você precisa fazer isso ou eles vão cumprir as ameaças que fizeram e se você realmente se importa comigo, você vai fazer isso!

Eu sabia que estava jogando baixo, mas eu estava com muito medo de James e era tudo ou nada!

– É claro que eu me importo com você Bella!

– Então faça isso Charlie, termine logo com esse sofrimento todo.

– Eu vou fazer Bella, eu prometo! Não importa as consequências, eu devo isso a você.

– Eles lhe deram o prazo de uma semana Charlie.

– Eu vou cuidar disso, não vou permitir que eles toquem em você, Bella.

– Acho que era isso. Eu já vou.

Eu me levantei e abri a porta para sair.

– Se algum dia puder me perdoar Bella, eu vou estar esperando. Eu sei que fiz tudo errado, mas eu acho que já paguei por tudo e mereço uma segunda chance.

Eu me virei pra responder antes de sair.

– Você já teve sua segunda chance, Charlie, e eu não sei se poderei perdoá-lo de novo. Adeus.

Eu fechei a porta atrás de mim e saí para a rua, mas senti que estava deixando uma parte de mim para trás.


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