Insignificantemente, você escrita por Amanda


Capítulo 34
Capítulo trinta e três




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O dia amanheceu com o sol forte, batendo contra os galhos dispersos. Hermione acordou antes de Draco, sentou-se, apoiando as mãos nas folhas secas em volta de seu corpo. O Sonserino dormia encolhido na relva, o cabelo bagunçado e cheio de folhas, a camisa com os dois primeiros botões abertos, deixando um pedaço do peito pálido à mostra. Hermione sorriu com a imagem. Em outro momento, teria achado a cena encantadora e até mesmo tentadora. O atacaria sem pestanejar, mas as condições eram outras. Estavam perdidos e isolados no meio de alguma floresta. Não poderiam aparatar, e nem sequer avisar os amigos onde estavam porque nem ao menos sabiam. Tentou evitar qualquer som, para não acordá-lo, mas o plano foi para o brejo quando acidentalmente tropeçou em uma raiz saliente. Junto da queda veio um grito que irrompeu por sua garganta.

—Hermione? —O rapaz se levantou rapidamente, correndo em direção à garota. Ao vê-lo, Hermione não conteve o riso. —Por que está rindo?

Aproximou-se e retirou uma pequena lagarta que se grudara no rosto de Draco, soltando o animal — azulado — em um galho alto.

—Está sujo aqui! —Limpou timidamente o rastro da lagarta.

—Olha quem falando em sujeira, parece que dormiu em um chiqueiro! —Deixou-se rir, mais do que achava apropriado numa situação como aquela.

—O que quer dizer com...

Hermione produziu com a varinha uma poça de água, onde vislumbrou o rosto encardido. Olhou seriamente para Draco que ainda ria, sua intenção era mandá-lo calar a boca, mas tudo o que fez foi juntar-se na longa risada.

—Precisamos de um banho! —Disse ainda sorrindo.

—Ótima ideia! Vi um córrego logo ali atrás, vamos! —Pegou o pulso de Hermione, mas perdeu-o quando a garota permaneceu imóvel.

—Separados! —Falou como se fosse óbvio desde o inicio.

Draco permaneceu em silêncio, como se aquela única palavra fosse em outra língua, ou incompreensível. Hermione aproveitou o silêncio e deu alguns passos em direção, sendo paralisada pela voz calma de Draco.

—Hermione... —Virou-se para olhá-lo. —Não pode fingir que nada aconteceu!

—Eu sei que aconteceu, Draco. —Sua voz saíra quase como tortura. —Mas não sei se foi correto!

—Não ouse dizer que foi um erro, não posso suportar isso... Tudo, menos isso, Hermione! —Aproximava-se a cada palavra.

—Não direi que foi um erro, porque não foi! —Hesitou um passo. —Apenas não acho certo que aconteça novamente!

Draco sorriu.

—Se realmente não quer, prove! —Assentiu mais para si, do que para a garota. Em um movimento rápido e gracioso, prensou-a contra o tronco de uma grande árvore, deixando seus rostos tão próximos quanto poderiam. —Isso! Prove que estou errado e nunca mais tentarei nada.

Hermione engoliu em seco, sentindo a garganta se rasgar.

—Nada?

—Absolutamente, nada!

Draco estava com as mãos escoradas no tronco, impossibilitando a distancia de Hermione.

—Eu vou primeiro! —Sorriu como pôde, produzindo na verdade, uma careta estranha.

—O que? —Draco mostrou confusão, mas assim que Hermione flexionou os joelhos, passando por baixo de seus braços, foi que entendeu.

Ela resistiria, aguentaria até o fim. E ele não deixaria a tarefa fácil para a garota.

Após o banho de Hermione, o rapaz demorou-se alguns minutos na água fria. Enquanto observava as costas de Hermione, sentada em uma grande rocha à beira do córrego.

—O que tanto te distraí aí em cima?—Gritou, enquanto ajeitava os cabelos platinados na água cristalina.

Pela demora, podia jurar que Hermione pensava em algo a dizer, ou revirava os olhos com desprezo.

—Em quanto tempo mais vou ter que esperar você sair daí! —Reclamou, voltando-se para a varinha que dançava entre seus dedos.

—Em vez de ficar aí reclamando, por que você não entra aqui e aproveita a água comigo?

Hermione controlou a vontade de se virar e atirar mil e um feitiços no loiro, mas evitou brigas desnecessárias, e apenas respirou. Profundamente.

—Porque recém consegui me esquentar, e quero caminhar e tentar descobrir alguma coisa útil, pois não sei se percebeu, mas estamos perdidos!

A palavra “perdidos” atingiu um tom quase esganiçado, contando o quanto tinha aumentado a voz. Um pouco disso tudo era a insegurança e o medo.

Draco percebeu apenas pela entonação da voz tremula que tinha algo errado.

—Me dê um segundo que nós... Nós já... Você sabe! —Mergulhou uma última vez antes de sair da água e procurar pelas roupas à margem. Penteou os cabelos com os dedos, mas ao ver o quão terríveis haviam ficado, bagunçou-os com as mãos. Desistindo.

Caminhou até Hermione e sentou-se ao seu lado.

—O que faremos?

A garota continuava a girar a varinha entre os dedos.

—Temos que procurar os comensais, eles ainda estão com George e os outros! —Suspirou e girou novamente a varinha.

—Nem ao menos sabemos se estão aqui, podem ter nos soltado no caminho quando perceberam que eu estava junto!

—A ilha proíbe aparatação, é aqui!

—Como sabe que é uma ilha? —Perguntou curioso. Desde que chegaram àquele lugar não haviam saído do meio da floresta.

—Algumas características simples... —Draco demonstrou ainda mais confusão. —Você sabe! As árvores, o cheiro forte do sal... Nada?

Draco negou com a cabeça.

—Os trouxas, estudam desde os seis anos. —Começou. —Aprendemos algumas coisas que não são ensinadas em Hogwarts.

—Sobre ilhas? —Falou em deboche e ainda mais descrença.

—Não! —Riu. —Sobre várias coisas, isso sobre a ilha, eu li em um livro que a professora indicou.

Draco sorriu, abobalhado com a história.

—Você era sabe-tudo desde criancinha! —Fez com que a garota liberasse um sorriso tímido. —Aposto que os garotinhos melequentos caiam aos seus pés!

—Não era tão simples, Draco. Eu não tinha muitos amigos naquela época, na verdade, nunca tive amigos em época alguma. —A varinha continuava a girar entre os dedos longos e finos. —Harry e Rony foram os meus primeiros amigos de verdade, antes disso eu era ignorada. Enquanto as crianças sentavam juntas e desenhavam, eu ficava sozinha, perto da janela, lendo algum livro. Era bem triste!

—Por isso fica mais aqui com os Bruxos do que na Londres Trouxa?

Hermione foi pega de surpresa com a pergunta, nunca parou para pensar naquilo.

—Acho que sim. Aqui eu tenho meus amigos e...

Foi interrompida a pior maneira:

—Parece que os pombinhos não sabem ser discretos! —Um comensal com a capa negra e mascara prateada surgiu de trás de uma árvore.


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Notas finais do capítulo

Olá, espero que gostem e perdoem o atraso!



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