Insignificantemente, você escrita por Amanda


Capítulo 3
Capítulo dois




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As semanas passavam com velocidade, e as gavetas de Hermione já quase transbordavam de tantas cartas que recebera do namorado. Passava a maior parte do tempo sozinha, na biblioteca ou perto do lago negro, o lugar lhe trazia boas recordações. Uma delas era Vítor Krum se exercitando, enquanto era seguida por milhares de fãs exaltadas. Estava novamente, de baixo do carvalho. A neve molhava sua calça, mas ignorava o ocorrido, apenas o fato de sentir o vento batendo em seu rosto e bagunçando naturalmente seus cabelos ondulados, já a fazia sentir-se melhor. Com a varinha, desintegrava, rachava e explodia algumas pedrinhas para se distrair. Passaria o natal com Rony e Harry na Toca, precisava mais do que nunca do abraço dos amigos e sabia que naquela época, o namorado, mais que qualquer um — exceto George — precisaria de alguém para reconfortá-lo.

A mala flutuava atrás de seu corpo magro e esguio, agora coberto por diversas camadas grossas de casacos e cachecóis. Entregou o malão ao maquinista simpático que lhe fizera um gesto cortês. Não encontrara Gina por lugar nenhum, então, como um cão fugindo do frio, se embrenhou entre os estudantes e adentrou o trem, sentando-se na primeira cabine que encontrou, com a varinha, fechou as cortinas, ficando solitária. Afundada no banco estofado em cinza e azul, lia um grosso livro que pegara para se distrair.

A paisagem se dissipava pela janela, o verde logo se transformou em cinza, juntamente com o pôr do sol rosado misturado ao azul. Passara a viagem inteira sozinha, dentro de seu mundo particular. Pela janela pode ver um ruivo alto de ombros largos, com as mãos enterradas nos bolsos da calça. Pôs-se de pé, jogou a alça da mochila nos ombros e saiu. Assim que pisou fora do trem, não hesitou em correr para os braços do amigo. Abraçou Harry com tanta força quanto no dia da primeira prova do torneio tribruxo.

—Senti sua falta! —O garoto moreno bagunçou o cabelo desgrenhado da garota. Ajeitou os óculos e observou o rosto da amiga, as sardas estavam mais claras, já quase desapareciam. Passou o olhar para Ronald impaciente ao seu lado e fez um leve sinal com a cabeça, indicando o garoto.

Hermione se afastou de Harry, já à procura de sua namorada. A garota analisou o namorado, antes de jogar-se nos braços másculos do ruivo e juntar seus lábios em um beijo terno cheio de saudade. Movimentavam-se lentamente, com carinho e sem pressa nos movimentos delicados e sentimentais. O toque era cuidadoso e cheio de significados, as barrigas coladas significavam a forma possessa em que Ron a segurava, como se Hermione fosse uma boneca de porcelana, que poderia se partir a qualquer segundo. Quando o ar tornou-se necessário, não terminaram com a distância, colaram suas testas com carinho, olho a olho, bochechas coradas e sorrisos largos. E as palavras sussurradas ao vento, "senti saudades".

O clima na Toca estava deprimente, a modesta árvore montada no canto da sala, Molly preparava o jantar com a mais calma que deveria e o silêncio era perturbador. Harry insistiu para que como Gina, Hermione ficasse com eles, no quarto de Rony. Não tinham o que fazer, era o primeiro Natal da família sem Fred, com certeza seria terrível.

Passado o Natal, que levou consigo algumas lágrimas, Gui mandou os garotos jogarem quadribol, ou fazer alguma atividade fora de casa, dizendo que era ruim para Gina e Hermione, passarem o feriado em uma situação perturbadora. Rony teve a ideia de ensinar a namorada a voar, ignorando por completo o que sua irmã faria com Harry. Apanhou duas vassouras perto da porta da cozinha e alcançou a —aparentemente— mais velha para Hermione, talvez pela velocidade ser menor. Pelo menos era o que Hermione esperava.

Ronald ajeitou o blusão marrom tijolo, que agora aceitava com carinho. Hermione segurava a vassoura, e passava seu olhar para o céu diversas vezes, demonstrando seu nervosismo. O namorado montou na vassoura e fez um sinal para que o imitasse. A garota engoliu em seco, se pôs em cima da vasoura, mandou pensamentos positivos para seu cérebro, torcendo para que de alguma forma ajudasse. Apertou os olhos e impulsionou a neve com força. Sentiu a brisa gélida do ar, abriu os olhos, estava se saindo bem, seguindo as instruções do namorado. Mas ao ouvir as palavras “não olhe para baixo”, não conteve o nervosismo.

—Você sabia que falar isso é quase como se me dissesse para fazer! —Olhava fixamente para os olhos azuis de Rony, tentando se distrair e de forma alguma olhar para baixo. Mas em um simples movimento não calculado entrou em pânico e jogou os braços em volta do pescoço do namorado. Rony não pensou duas vezes, segurou o cabo da vassoura de Hermione, antes que ela se desequilibrasse. Em um momento, começou a rir discretamente. Tentava acalma-la, mas de maneira alguma Hermione soltaria seu pescoço sardento. Assim que percebeu que não adiantaria continuar, pediu calmamente para que a namorada se segurasse firme, pois desceria. Como avisado, inclinou o cabo de ambas as vassouras e foi descendo tranquilamente, até sentir seus pés tocando a pouca grama visível sob a neve.

Hermione estava tão contente por poder voltar ao chão que se pudesse beijaria-o, mas fez algo mais normal, jogou o corpo na neve, abrindo e fechando os braços e pernas, no final, formando um anjo na camada fina de gelo. Rony ajudou-a a levantar, e sacudiu os flocos de seu casaco, retirando qualquer resíduo.

—Não foi tão ruim assim. —O ruivo comentou com uma pitada de humor na voz, obviamente não passou despercebido por Hermione frustrada por novamente não ter conseguido ficar muito tempo sobre a vassoura. Prometeu a si que aprenderia, e teria que aprender. Não era bem um requisito para se tornar aurora, mas em alguma situação, poderia ser necessário o uso da maldita vassoura. Rony havia concordado em ajuda-la com a altura e tudo mais, apenas não sabia o que fazer quando a isso.

Hermione já pensara em pedir ajuda para Harry ou Gina, mas faria Rony sentir-se incapaz, ou seja, provocaria alguma briga pela insegurança do namorado. Faria aquilo sozinha. Durante à tarde do dia seguinte, aparatou no beco diagonal, cumprimentou alguns conhecidos e parou em frente à loja de vassouras. Adentrou o local com poucos clientes, observou os diversos modelos de vassouras pendurados nas paredes e expostos na vitrine. Mesmo lendo diversos livros e escutado as longas conversas de Harry com Rony sobre vassouras e quadribol, não fazia a mínima ideia de que modelo escolher. Queria apenas aprender a montar, não iria se tornar apanhadora.


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Notas finais do capítulo

Bem, depois de um longo tempo sem postar —por motivos técnicos—, espero que gostem!



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