Insignificantemente, você escrita por Amanda


Capítulo 2
Capítulo um




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Horas e até mesmo minutos atrás, um turbilhão de feitiços eram lançados, paredes caiam a cada explosão, os vidros de todas as janelas, jaziam em pedaços estilhaçados no chão empoeirado. Vários corpos enfileirados no gélido concreto, adultos, adolescentes e crianças inocentes viram o lampejo verde antes do fim. Algumas lamurias e gemidos como fantasmas, ainda ecoavam gradativamente pelo o que restara dos corredores do castelo. Agora, o trio de ouro estava reunido e completo do lado de fora, aspirando o ar empoeirado, que de certa forma limpava a respiração pesada. Harry esboçava o melhor sorriso que podia em uma circunstância como aquela, e Ron acariciava o rosto de Hermione, procurando por qualquer sinal de ferimento.

Tudo estava bem, muitas vidas foram perdidas durante a batalha para que a paz voltasse a se instalar sobre o mundo bruxo. A morte levou familiares e amigos, separou casais e deixou crianças sem os pais, mas o que importava, era que todos, cada alma imortal, se tornaria um eterno herói. As lágrimas não podiam ser contidas, e a esperança de que rostos machucados e pálidos tomassem a cor natural e o brilho dos olhos aparecesse era incontrolável.

Após alguns meses de trabalho árduo e pesado, o castelo de Hogwarts estava reconstituído, os quadros foram pendurados em seus devidos lugares e os fantasmas já percorriam o lugar, assombrando os corredores escuros com o som de suas correntes sendo arrastadas. As cartas foram devidamente enviadas, a tempo para compra dos materiais necessários.

Na Toca estava tudo calmo em demasia, tranquilo como nunca esteve. Após a morte de Fred, seu irmão gêmeo, George, entrara em estado de depressão, evitava sair do quarto escuro, e por todo ou qualquer espelho que passava, era como se toda a sensação de dor e sofrimentos do momento em que viu o corpo do gêmeo caído, sem vida, voltasse à tona. O silêncio era devido aos jovens que aproveitavam a refrescante lagoa próxima a casa. Dentro da água, Gina brincava com Harry, enquanto Rony debruçado na beirada observava atentamente Hermione lendo seu livro, com as pernas movimentando o líquido em sua pureza. Um belíssimo dia de verão, o sol brilhava e irradiava calor, o jardim da casa velha, porém modesta, estava seco e pela primeira vez em anos, desgnomizado.

—Vamos lá Hermione, deixe o livro aí e entre um pouco! —O garoto ruivo continuava a insistir. Adorava ver o rosto corado da garota quando tirava a camiseta larga e deixava suas curvas delineadas à mostra com o comportado biquíni azul marinho, detalhado em turquesa. Hermione respirou fundo, evitava entrar na água, mas relutante acabou cedendo depois de dezenas de tentativas falhas do ruivo. Posicionou o livro em baixo de uma toalha, ao lado de sua varinha, a camiseta foi puxada lentamente, uma tortura aos olhos do rapaz. Assim que terminou de se despir, foi puxada para o colo de Ron, seu toque percorreu desde o peitoral sardento até a nuca, juntamente com o cabelo ruivo molhado. Aquele contato visual, castanho no azul esverdeado deixavam-os paralisados, e com essa distração, não perceberam Gina puxando o namorado pela mão, para fora da água. Deixando-os a sós.

—Tem certeza de que não vai voltar para Hogwarts? —Hermione perguntara pela terceira vez naquela semana, seria difícil voltar para onde tudo começou sem seus amigos. Pela primeira vez seria apenas ela a encarar os olhares de curiosos a de maneira inusitada, fãs. A atenção seria redobrada e com certeza não lidava tão bem quanto Harry.

—Eu não posso, o curso de auror vai começar e eu preciso estar lá, você sabe que está sendo difícil. —Acariciou o rosto da morena com o polegar, afastando a franja. —Mas teremos os feriados e vou escrever sempre que possível. —Acariciou novamente o rosto delicado, tentando memorizar cada traço e textura. Sorriu fraco e continuou a olha-la com desejo. Colocou para trás de sua orelha a ponta da maldita franja perdida e percorreu os dedos até seu queixo fino. —E pense só, quando começar a fazer o curso de auror, poderei pela primeira vez te ajudar. —Ambos riram da situação, durante anos sempre fora Hermione quem lhe ajudara nos deveres e trabalhos, mas futuramente as coisas tomariam um rumo completamente diferente.

E então os dias passaram em uma velocidade extraordinária, como um pavio recém aceso de uma dinamite pronta para explodir. Quando se deram conta, teriam de embarcar e por ora esquecer do verão e acontecimentos. Gina se embrenhara por entre os alunos e familiares na estação, deixando novamente o casal a sós, mas com o intuito de aproveitar os últimos momentos com Harry. Ronald com a mão direita segurava a cintura esguia de Hermione, enquanto a esquerda segurava um livro grosso. A garota na ponta dos pés juntou seus lábios rapidamente, e com um sorriso tímido no rosto, despediu-se, com um aceno da janela do vagão encontrou Harry sorrindo apaixonadamente para a ruiva ainda fora do trem.

A viagem como prevista fora de total excitação para todos, a ansiedade dos finalistas em ver como ocorrera a reconstrução e o nervosismos dos primeiranistas ao entrar pelas enormes portas.

Como em seu primeiro ano, vestiu a capa preta antes de todos, a camisa branca perfeitamente passada, a gravata escarlate e dourada com um perfeito nó, a meia esticada até um pouco abaixo do joelho e a sapatilha preta bem afivelada ao pé. Assim como no primeiro ano, sentia aquela vontade inexplicável de caminhar pelo trem e fazer amigos, conhecer as pessoas com as quais estudaria, e analisá-las, mas não o fez. Permaneceu enfurnada em sua cabine até o trem parar e todos começarem a desembarcar.

Uma por uma, as carruagens começaram a se encher e levar os alunos. A visão do castelo era esplendorosa, era Hogwarts e mesmo depois das diversas mudanças, continuava a ser a escola com estilo vitoriano que sempre considerou seu lar. Depois da seleção das casas, a nova diretora, Minerva McGonagall recitou um longo e emocionante discurso, e após algumas lágrimas da maioria dos alunos e até mesmo dos funcionários, o banquete foi servido. Hermione ainda não conseguia comer, em função das lágrimas de minutos atrás, a garganta ainda estava embargada de lástima. Apenas beliscou uma porção de purê de batatas e ervilhas. Mais algum tempo depois despediu-se dos amigos e saiu pelo corredor, acenando para Nick quase sem cabeça e o fantasma do Frei gorducho. Sem que percebesse, caminhou até o sexto andar e parou em frente ao memorial da segunda guerra bruxa. As fotografias mostravam os sorrisos já não mais existentes. Ajoelhou-se e com um delicado floreio da varinha, conjurou alguns crisântemos, passou os dedos pela foto de Fred, que ria bagunçando os cabelos ruivos e revoltos, em gesto que sempre lhe chamara atenção. Sorriu para a foto, imaginando Fred sorrindo para ela, abaixo, alguns pergaminhos com homenagens dos amigos, a ultima carta trocada.

—Eles mereciam mais, não acha? —Virou-se assustada, enquanto guardava a varinha encontrando Draco Malfoy, com as mãos nos bolsos e o cabelo loiro — agora sem o gel — desgrenhado. Seu olhar sem expressão alguma, como sempre fora. Quase se esquecera de como era a insensibilidade do garoto.

Hermione voltou o olhar tristonho para o ruivo sorridente na fotografia em movimento, soltou um sorriso igualmente sem jeito.

—Realmente. —Suspirou e colocou-se de pé, ainda sem encarar o garoto, ignorando sua presença com mais facilidade do que um dia imaginara que teria. —Todos eles mereciam estar aqui, andando pelos corredores. —Foi elevando a voz e com fúria encarou o garoto com o mesmo olhar inexpressível. Os punhos cerrados ao lado do corpo, o rosto avermelhado de raiva. —Eles deveriam estar aqui comemorando o final dessa estúpida guerra e a queda de Voldemort.

Draco agora estava surpreso, nunca em momento algum ouvira Hermione pronunciar o nome do Lorde das trevas, mas entendeu que aquele era um momento de fúria e que agora, ninguém mais temia aquele ridículo nome que se transformara em cinzas. Perdido em pensamentos, mal percebeu quando a castanha saiu rebolando com o nariz arrebitado.


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