Insignificantemente, você escrita por Amanda


Capítulo 10
Capítulo nove




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Durante aquela madrugada, Draco permaneceu ao lado de Hermione que, enquanto dormia, resmungava diversas vezes, na maioria, quando se mexia, e o corte tocava com mais intensidade contra o colchão pouco confortável. Seu horário já havia terminado, mas não poderia deixá-la ali sem amparo, não antes de descobrir como fechar o corte. Encontrara em um livro velho de sua sala, um único método que seria, com certeza, doloroso.

—Por que não foi para casa ainda? —Perdido em pensamentos não havia notado o momento em que a garota acordara. Apenas balançou a cabeça e olhou para o fino feixe de luz que entrava pela porta entreaberta. —Devem estar preocupados com você!

Draco riu pelo nariz e abaixou a cabeça. —Não deve ter ninguém preocupado, porque não existe ninguém me esperando. E eu precisava procurar um jeito de fechar seu ferimento. Sei que seus amigos contaram.

Pode ver um breve sorriso no rosto de Hermione.

—Eles contaram, e vou repetir o que disse a eles: sei que você vai dar um jeito. Sempre arranjou! —Tentou virar-se, mas desistiu assim que sentiu uma pontada. E então, apenas endireitou-se sobre o travesseiro. —Mas é sério, por que ainda não voltou para casa? Existem curandeiros que podem tomar conta de mim, caso aconteça algo.

—Certo, cuidarei disso. Mas agora, você precisa descansar e eu também. —Falou levantando da poltrona de cor clara, e do bolso do jaleco tão branco quando sua pele tirou um frasco, o qual, fez com que Hermione bebesse. Um tanto forçado, mas a fez ingerir as gotículas com aroma adocicado.

Descansar era realmente, em sua mente, a desculpa mais idiota que poderia ter arrumado para sedá-la. Aquela poção duraria até o dia seguinte, horário em que seguiria os procedimentos para curá-la. Praguejava as artes das trevas. Porém, agradecia o que sua mãe lhe ensinara quando mais novo, agora, usaria isso para ajudar uma velha conhecida. Durante toda a madrugada, permaneceu ali, no canto de seu consultório, lendo e relendo as páginas empoeiradas e quase deterioradas por completo.

O livro já chegava ao fim quando os primeiros raios de sol começaram a se embrenhar pelas persianas, iluminando a feição pensativa de Draco que de maneira despojada, continuava sentado na cadeira com uma das mãos no rosto. As feições cansadas uniam-se às olheiras arroxeadas na pele pálida. Levantou-se, vestiu o jaleco branco e saiu de seu escritório, rumando até a sala de funcionários, convocando três de seus empregados. Após explicar-lhes, detalhadamente quais seriam os procedimentos, adentrou o quarto e parou diante da garota.

—Granger? —A morena se movimentou. —Preciso que se vire, vamos cuidar desse ferimento.

Hermione resmungou e voltou a abrir e fechar os olhos.

—Vamos lá Granger, quer ficar aqui o resto da vida? —Insistiu, sacudindo seu braço. —Consegue se virar sozinha?

Ela agora abrira os olhos e o encarava friamente.

—Eu estou mole. —A voz embargada ainda era sinal do sedativo que tomara forçada. —Você me drogou.

Draco riu da forma desajeitada que a garota articulava a fala. —Depois você me bate, mas agora... —Com força, enlaçou-a pela cintura, e lentamente a virou de bruços.

Fez um sinal para os companheiros e ficou ao lado de Hermione, observando-a. O corte foi aberto mais profundamente, e logo gotas de ditamno foram largadas pela extensão.

Draco percebeu o movimento de Hermione, sua mão apertava com força o colchão, deixando o lençol enrugado. As feições doloridas e angustiadas.

—Dá para ser mais rápido, o efeito do sedativo já está passando. —Resmungou enquanto observava-a cair na inconsciência.

—Estamos quase... —A garota de óculos falou enquanto os companheiros fechavam o ferimento com um feitiço simples. —E... Pronto!

—Quem diria que só era preciso um pouco de ditamno? —Um dos rapazes exclamou já se retirando do quarto.

Draco observou o local do corte, onde não havia mais sequer uma marca. Suspirou contente e sentou-se na poltrona ao lado de Hermione. O procedimento não demorara mais que cinco minutos, rápido e — quase — indolor. Apenas aguardou.

Hermione resmungou, o que lhe fez encará-la.

—Como está se sentindo? —Perguntou rapidamente.

Ainda de olhos fechados, questionou-o. —Como sabe que estou acordada?

Draco riu.

—Você sempre se movimenta quando acorda e sua respiração mudou. —Respondeu rapidamente.

Hermione abriu os olhos grandes e castanhos , olhando-o com atenção.

—Foi uma pergunta retórica, Malfoy. —Um sorriso delicado estampava seu rosto. Draco assentiu. —Pode me ajudar a virar novamente?

A garota pendurou um dos braços no pescoço do rapaz, que pela cintura levantou-a, seus rostos a poucos centímetros de distância. Respirações combinadas e sincronizadas. Draco a soltou e afastou-se abruptamente, meio segundo depois Harry e Ron adentraram o quarto com flores e algumas sacolas de papel na mão.

O curandeiro assentiu com a cabeça e saiu despercebido, deixando-os a sós.

Hermione sorria abertamente para os amigos.

—Como está se sentindo? —Harry perguntou enquanto deixava as flores dentro de um vaso vazio perto da janela.

—Muito melhor, ainda está meio dolorido aqui atrás, — Tocou com os dedos delicados a região. — mas vou ficar bem.

Rony suspirou aliviado. —Graças à Mérlin!

Harry e Hermione sorriram.

—Rony não parou quieto um instante, queria ter passado a noite aqui, mas seu médico não deixou! —Ambos os rapazes reviraram os olhos.

—E nem precisava, estou muito bem! —Cruzou os braços sobre o peito estufado.

—Certo Srta. Granger, sabemos disso. —Rony bagunçou os cabelos castanhos da garota, enquanto ria junto com Harry da careta emburrada de Hermione. —Sabe quando vai poder voltar para casa?

—Ainda não, mas acho que em breve! —Sorriu.

Harry e Ron ficaram por mais alguns minutos, com relutância se despediram e voltaram para o Ministério. Hermione permaneceu deitada na cama estreita e desconfortável, lendo um exemplar novo que Harry lhe levará de presente. No fim do dia, já havia lido quase o livro inteiro. Levantou-se e resolveu andar pelo quarto, já que a medi-bruxa havia lhe proibido de sair do quarto até segunda ordem. Parou de frente à janela para observar o pôr do sol que tomava conta do céu claro.

— A vista da Torre de Astronomia era mais bonita! —Hermione virou-se assustada, sorriu. Draco estava escorado na porta, os braços cruzados na altura do peito. Sorria ironicamente. Parecia observá-la há algum tempo. —Se lembra?

Hermione assentiu.

—Claro. —Sorriu, abraçando-se solitariamente. —Sinto falta daquele lugar, de Hogwarts.

Draco caminhou até Hermione.

—E por incrível que pareça dos jogos de Quadribol! —Ambos riram. Hermione não era a maior fã do esporte, mas conhecia todas as regras estipuladas. E sempre que podia, assistia-o. Jogava com seus amigos na Toca, mas nunca exibia-se da forma que Gina, Rony ou Harry faziam assim que seguravam as vassouras.

—Eu também. Faz tempo que não assisto a algum jogo! —Draco comentou. Sorria abertamente, lembrando-se dos anos que passara na antiga escola. O sol já havia desaparecido, dando lugar para a lua brilhar. Por mais algum tempo, conversaram, relembrando-se dos anos que passaram no castelo, até o final do sexto ano. O sorriso desapareceu de seu rosto instantaneamente. —Está na hora de você descansar, amanhã vai poder voltar para casa.

—Sério? —Hermione sorriu como uma criança que ganha doces. Quase abraçou o rapaz quando o mesmo assentiu.

Enquanto a garota deitava-se e se ajeitava de baixo do cobertor azul claro, Draco fechou as cortinas, e logo, sentou-se ao lado da cama. Alguns minutos passaram, até que Hermione se virasse para observar melhor o rapaz.

—Por que não vai para casa? Deve ser desconfortável passar a noite aí. —Comentou, indicando a poltrona pequena onde o rapaz estava jogado da melhor maneira possível. O loiro indignado pelo questionamento repetitivo, simplesmente bufou.

—Já lhe disse, não tem ninguém me esperando em casa. —Seu tom frio e sem sentimento voltara como quando ficava irritado há alguns anos. —Agora faça o favor e tente dormir.

Hermione remexeu-se e fechou os olhos.

A noite se arrastava assim como os lentos ponteiros do relógio. Draco não conseguira dormir, zelando o sono de sua paciente. No mesmo segundo em que os ponteiros encontraram-se no número em romano, indicando três horas e três minutos da madrugada, a garota remexeu-se bruscamente na cama. O medi-bruxo levantou-se e parou ao lado da cama, observando-a melhor. Apenas um pesadelo. Porém, tudo tornou-se mais intenso quando um grito for reprimido pelos lábios rosadas da garota. Hermione se debatia descontroladamente, como se sentisse dor, as feições retorcidas e a força que segurava o lençol mostravam seu desespero em meio ao sono. Draco chamou-a, mas nada. Até que sentou-se na cama e segurou-a pelos ombros, dando-lhe uma leve sacudida. A grifinória abriu os olhos marejados pelas grossas lágrimas, encarou Draco de forma confusa e abraçou-o com toda força, enterrando a cabeça na curvatura do pescoço do garoto. Tudo o que Draco pode fazer, foi abraçá-la, para de algum jeito, tentar acalma-la.

—Tudo bem, eu estou aqui! —Acariciava os cabelos ondulados de Hermione protetoramente. Segurava suas costas de maneira possessiva, sem deixa-la se afastar.

Hermione se afastou e com a manga da camiseta secou o rosto inchado e avermelhado. Agradeceu o amigo — isso se podia chamá-lo daquela maneira — e lentamente deitou-se, mas agora segurando firmemente a mão de Draco, que prontamente entrelaçou seus dedos. Os ponteiros do relógio voltaram a girar, porém, Hermione não dormiu. Encarando os olhos cinza do loiro.

—Era aquele dia, não era? —Perguntou sem jeito, olhando para baixo, mas sem deixar de acariciar a mão da garota.

—Que dia?

Draco levantou o olhar, agora olhando nos olhos castanhos de Hermione.

—O dia em que minha tia te torturou? Na... Na minha casa. —Completou, ainda mais sem jeito e com remorso na voz tremula.

—Sim, eu ainda tenho pesadelos com aquele dia. —Suspirou relembrando-se da situação. —Eu sinto tudo, as dores e o medo.

Draco abaixou a cabeça, como se culpasse a si pelo sofrimento da garota. —Sinto muito.

—Não foi culpa sua, e agora, está tudo bem. —Sorriu apertando a mão do rapaz que sorriu junto.

E entre sorrisos e caricias na pele fina das mãos, ambos adormeceram.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, e obrigada pelos comentários e incentivos!