Em algo tão distante

Como se eu fosse humano

E estou negando

Esse sentimento de desesperança

Dentro de mim, dentro de mim.

Michonne pensou em voltar para o seu grupo assim que percebera que o sol já havia se posto. Mas havia dado passos demais e acabou se perdendo. Em meio à noite, por onde olhava não enxergava nada a não ser a escuridão. Tentou colocar a palma de sua mão em frente ao seu rosto, todavia não foi capaz de observá-la.

Com um pesado suspiro forçou suas pernas doloridas a andar mais, avançando o breu. Poderia se perder mais como também poderia estar se aproximando de seu objetivo.

“Que chatice. Só me falta o Daryl dar sermão...” Resmungou para si mesma.

Enquanto caminhava, teve a vaga sensação de ter visto alguém pelo canto do olho. Voltou-se para o lado e por entre as muitas árvores, notou que lá no fundo se encontrava a estrada de asfalto rachado. Estreitou os olhos numa tentativa de forçar sua visão a enxergar melhor. Pareciam-lhe duas pessoas, talvez agarradas, talvez lutando... Com passos precisos se aproximou, ignorando aquela voz que dizia que o tempo passava rápido.

Agora, de mais perto e escondida atrás de um tronco de árvore, conseguia distinguir um garoto quase homem e uma mulher. Ela de cabelos castanhos escuros apenas por causa da noite e com algumas tatuagens. Ele de cabelos levemente espetados, segurando um revólver na cabeça da mulher.

“Eles quem?” Ela quase gritou, quando se livrou da mão dele que um pouco antes tampava sua boca.

“Os errantes oras!” Sussurrou, porém fez como se fosse gritar de volta se não fosse um motivo desconhecido de Michonne para ele falar baixo. O rapaz prendeu a mulher novamente, colocando um dos braços no pescoço dela; num golpe denominado ‘gravata’.

“Solte-me ou explodo sua cabeça com a minha espingarda!”

“Cale a porra da boca dona!” Ele parecia estar impaciente.

“Eu não recebo ordens de ninguém seu pedaço de merda!”

Michonne não fez nada a não ser observar silenciosamente aquela discussão que não levaria a lugar algum. Não se importava em ver os dois se matando ali mesmo.

Ouviram-se grunhidos, antes um, depois se multiplicou. Logo avistaram, os três, uma horda de errantes saindo da floresta do outro lado do asfalto. Cambaleando e fedendo a carniça.

O jovem acabou tendo que soltar a mulher e já apontar a arma para as cabeças dos errantes. Ela primeiramente ficou sem reação, só entendendo o que acontecia ao seu redor depois. Sacou sua espingarda, ficando de costas para o outro.

“Olha o que você fez!” Rosnou o rapaz. A mulher nada disse, a não ser estalar a língua dentro da boca, provocando um barulho insignificativo em meio aos sons dos tiros que vieram em seguida.

Michonne se sentiu tentada a correr ali com a sua Katana e começar a ajuda-los.

Não Michonne. Pensou consigo mesma. Eles estão por conta própria. Você já faz muito tentando ajudar a si mesma.

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O grupo estava começando a se preocupar com Daryl e aquela sua obsessão de ficar acordado a noite toda; esperando. Tyreese segurava agora Judith em seus braços. Balançando levemente para que a criança continuasse naquele seu sono profundo. Enquanto suas próprias pálpebras pesavam o dobro de antes.

Carol acordou de uma soneca de cerca de uma hora e a primeira visão que teve fora a do arqueiro. Suspirou pesarosamente antes de se levantar e ir falar com ele. Mais uma vez... Todavia mal se levantara quando alguém do grupo gritou:

“ZUMBIS!”

Carol e Daryl se viraram rapidamente e viram que era verdade. Uma horda de errantes chegava. Judith começara a chorar. Mais criaturas eram atraídas...

“CORRAM! CORRAM!”