Assim que Haru pousou em terra firme, longe do viking maluco, os dois piradas o desmontaram. Haru bateu asas e pulou, começando a voar logo em seguida.
Ignis fitava o dragão de distanciar. Ele desviou o olhar do réptil e fitou a pirata abrindo um sorriso sacana. Ice estava de cabeça baixa, seus olhos pareciam estar longe e as mãos fechadas em punho.
– Docinho... digo, Ice, olha, o Haru já foi, mas eu posso chamar o...- porém, o pobre pirata não terminou sua fala.
Ice o olhou com raiva e correu na sua direção. Ignis se afastou um pouco temendo o que aconteceria. A capitã Aaron pulou pisando na coxa do pirata e lhe dando um chute no rosto. O rapaz tombou para trás.
– Ice...
O jovem capitão tinha os braços esticados procurando algo para se segurar. Ice segurou seu braço, apenas para logo depois lhe dar um chute na canela e rodar o corpo do Caelum no ar, o fazendo cair de costas no chão.
– Isso foi por ter forjado a própria morte- Ice bradou se ajoelhando ao lado dele- Vou me arrepender disso depois- sussurrou.
A garota segurou o rapaz pela gola do sobretudo. Ignis tinha certeza de que ela iria lhe dar um soco no nariz e depois cortar fora seu pescoço, entretanto, o que a garota fez a seguir o surpreendeu. Ele fechou os olhos esperando pela surra, mas, segundos depois, sentiu pequenos lábios se enlaçarem aos seus.
Ignis sentiu como se todos os seus problemas tivessem se esvaído de sua vida, como se onde eles estavam não tivesse mais guerra alguma. Ele sentia que era apenas eles dois, ali, juntos dando o primeiro beijo que os dois um dia pensaram que dariam juntos- sim, eles já beijaram outras pessoas, mas não um ao outro.
Ignis se preparou para puxar a garota para mais perto dele, mas, como sua mãe mesma dizia, tudo que é bom dura pouco.
Ice se separou do capitão e o jogou no chão, levantou-se e limpou a boca com a manga do sobretudo.
– Eu falei que me arrependeria- murmurou para si mesma.
– Por que fez isso?- questionou o garoto ficando de pé.
– Isso foi por salvar a minha vida, mas não pense que muda algo entre nós dois, porque não muda.
A Aaron deu as costas para Ignis e começou a se distanciar. Ignis teve certeza de vê-la abrir um pequeno sorriso ao ficar de costas para ele. Uma esperança invadiu seu peito.
Ele correu para alcançar a menina e a puxou pelo braço, fazendo com que ela se virasse para ele.
– O que está...
– O amor é uma fraqueza, e eu sei disso. Acontece que, nesse exato momento, estou olhando para a minha fraqueza- Ignis começou. Ice tentava se soltar dos seus braços- Você mesma dizia que amor era uma fraqueza.
– E é. Minha mãe morreu porque amou demais, Angélica quase morreu varias vezes porque amou demais e depois veio a falecer porque amou. Agora, largue-me, Caelum- Ice tinha o tom sério- Ignis, me solte.
– Não- o tom de voz dele era ríspido. Ice segurou a vontade de estremecer ao ouvi-lo- Olhe nos meus olhos, capitã Aaron, e diga que eu não sou sua fraqueza.
– Ignis, me sol...
– Diga, Ice, diga olhando nos meus olhos. Se disser isso, que juro que, quando essa guerra acabar, eu nunca mais vou chegar perto de você. Juro que assim que sairmos desse lugar onde estamos agora, não vou lhe chamar de docinho ou coisas assim. Mas para isso, você precisa dizer, olhando nos meus olhos, que eu não sou sua fraqueza.
Ice engoliu em seco. Os olhos dela queriam se encher de lagrimas, seu corpo pedia para que ela deixasse de ser cabeça dura e o abraçasse, mas ela não permitia que nada disso acontecesse. Segurava as lagrimas, fazia esforço para não se soltar do braço do garoto e o abraçar, e fazia esforço ainda maior para não gritar ali mesmo o que sentia.
– Eu... eu...- ela não estava conseguindo olhar para os olhos azuis esverdeados.
– Nos meus olhos, Ice- mandou.
Que seja, pensou a capitã deixando todas as suas forças caírem.
– Sim, Ignis Caelum, você é e sempre será a minha fraqueza. Foi por sua causa da sua morte que eu me segurei não surtar após ver seu corpo no chão e, mesmo assim, falhei. É por sua causa que sou fraca e eu, nesse momento, não tenho medo de admitir que eu amo você, Caelum. Feliz?
Ignis abriu o maior sorriso do mundo.
– Não sabe o quanto estou feliz por saber disso. Você também é minha fraqueza e eu também amo você, Aaron