– Quando minha filha, Ane Katherine conheceu Thiago, seu pai, meu marido e eu ficamos muito felizes com a amizade deles. Eram uma família rica e nobre, puro sangue e, naquela época, pensávamos que isso era importante. Como somos puro sangue também, os Potter também queriam a união da nossa família. Porem eles estavam muito interessados na nossa arvore genealógica, e não entendíamos o porquê. Em seu ultimo ano em Hogwarts, Ane Katherine conheceu um homem mais velho. Eu me lembro dele. Era alto, loiro e de olhos castanhos. Eu tinha um mau pressentimento quanto a ele e não permiti que Ane ficasse com ele. Mas ela era uma garota apaixonada e vivíamos brigando por causa desse namoro. Um dia, ela fugiu de casa... – a senhora Gwen parou um momento e Hermione se aproximou dela.

– Sabemos o que aconteceu. E Luisa também. Ela viajou no tempo e escreveu isso para Harry. – a morena tentava imaginar se havia acontecido algo de diferente entre os dois mundos, no passado de Luisa.

– Bem, depois que Ane Katherine voltou, gravida, a família Potter não permitiu que Thiago e Ane voltassem a ser amigos. Eles eram como irmãos e, mesmo sabendo do casamento arranjado entre eles, não permitiriam que a amizade deles acabasse. Eu era uma mulher diferente naquela época. Tranquei Ane em seu quarto, quebrei sua varinha e ela permaneceu conosco até o nascimento de Luisa, quando faleceu.

– Isso não explica muito sobre a senhora ter interceptado as cartas.- Rony disse, refletindo.

– Bem, as famílias que se tornaram amigas por causa da amizade dos nossos filhos acabaram se tornando rivais. Os Potter nos renegavam como sangue puro e nos humilhavam, nos diminuíam perante a sociedade por Ane Katherine ter tido Luisa fora de um casamento e termos quebrado o acordo nupcial. E nós, meu falecido marido e eu, sentindo essa humilhação, saímos daquele vilarejo e tentamos reconstruir nossa reputação aqui.

– Sei bem o que é ter sangue puro e sofrer por algo que não temos culpa.- Rony disse, se lembrando das humilhações da família Malfoy.

– Depois disso, Luisa nasceu. Vivíamos fugindo por causa de Voldemort e um dia ele descobriu que éramos proximos dos Potter e também que Ane Katherine era muito apegada a Thiago. Ela não tinha como se defender porque eu quebrei a varinha dela. Foi terrível. Ele a torturou e eu na pude fazer nada. Estava sem minha varinha. Eles a tomaram de mim, a quebraram e me lançaram a maldição Cruciatus. Não pude ajudar minha filha no momento mais difícil de sua vida, além de ter feito maldades com ela enquanto estava gravida. – A senhora Gwen começou a chorar, e Hermione a abraçou, tentando tranquiliza-la.

Harry se sentiu culpado por tanta gente ser sofrido naquela época. Ele era o garoto da profecia e por isso Luisa cresceu sem mãe.

– A senhora disse que os Potter tinham interesse na arvore genealógica dos Henrickh. A senhora descobriu o porque?- Hermione perguntou.

– Depois de muitos anos, Arthur descobriu que somos parentes dos Potter, e ele acreditava que eles queriam dar continuidade na família e no nome Potter. Também não entendo muito bem, mas acho que há algo mais que apenas isso. Meu marido nunca me disse se descobriu toda a verdade, além do parentesco de Freya e Ella.

– Bem, e como Luisa ficou sabendo que nossos pais foram criados juntos?

– Arthur queria saber o real motivo dos Potter ter se interessado na nossa família. Ele acabou contando a ela, quando era pequena.

– Mas até agora a senhora não disse por que interceptava as cartas. Elas teriam ajudado tanto...- Rony disse, recebendo um tapa na cabeça de sua esposa.

– Olha os modos Ronald.

– Depois que Luisa descobriu que a família de Harry Potter, o menino que sobreviveu, era próxima da nossa, ela quis muito conhece-lo. Então, Arthur a levou a uma viagem em Londres, depois de saber onde ele morava, e o seguiu Harry. Você não deve se lembrar, era muito pequeno, mas Luisa sim. Vocês deveriam ter cinco anos quando se conheceram.

– Em uma carta ela diz isso sim. Mas não me lembro.

– Depois disso, ela e Arthur viviam grudados, como se guardassem um segredo de mim. Eu confesso que depois que perdi Ane Katherine, fiquei super protetora. Não permitia minha neta sair sozinha nunca, nem fazer amigos. Tinha medo dos seguidores de Voldemort estarem á espreita. Sabem, aquela época foi muito triste no inicio. Tínhamos medo até da própria sombra. Mas Luisa não via esse medo. Ela era muito pequena, e quando te conheceu, Harry, ela se apegou a isso. Ela te via como um ídolo, um modelo, alguém que pudesse confiar, mesmo não tendo contato.

– Aos 11 anos, ela ficou extasiada de saber que iria para Hogwarts, estudar com crianças da idade dela e de te conhecer. Mas eu não permiti depois que ela começou a manifestar seus poderes. Dumbledore conversou muito comigo, tentou fazer eu mudar de ideia, mas não podia deixa-la ir. Eu tinha perdido meu Arthur há pouco tempo e de repente iria perder minha neta, que tinha poderes diferentes.

– Entendo. Eu não deixaria minha filha ir pra uma escola com um bando de garotos pervertidos com os hormônios a flor da pele.- Rony comentou, e recebeu um tapa na cabeça de Harry.

– Hormonios á flor da pele? Sua pele é mais grossa que escama de dragão, Rony. – Harry comentou e todos riram.

– Bem, eu... eu só...

– Assim que ela soube que não poderia ir a Hogwarts, ela começou a escrever as cartas. Eu interceptava Prinzessin no meio do caminho, para poder lê-las. Não queria que os poderes de Luisa fossem de conhecimento de ninguém, além das pessoas já envolvidas. Mas depois que Voce-Sabe-Quem foi derrotado definitivamente, eu fiz um feitiço, e mandei as cartas para o único endereço que sabia que era o que você morava.

– Elas foram parar na casa da minha tia. Eu saí de lá no sexto ano.- Harry disse, entendendo o porque de as cartas estarem em Little Whritting.

– Entao senhora Gwen, Sua neta...- Hermione foi interrompida com a chegada de Gina.

– Ela finalmente dormiu.

– Otimo. Acho que devemos ir. Ela está em boas mãos. – Harry disse e eles foram embora. Os quatro encontraram uma pensão no vilarejo e decidiram dormir por la mesmo. No quarto, Harry contou tudo o que a senhora Gwen disse para eles.

– Nossa querido. Que mistério é esse com a família dos Henrickh e dos Potter?

– Não, sei mas temos que descobrir. Isso me intriga. Mas me diz, o que você fez para que Luisa se acalmasse e conseguisse descansar?

– Bem, conversamos um pouco. Nada demais. – Gina estava séria. Harry percebeu e perguntou:

– O que você tem?

– Nada Harry. Só estou cansada.

– Não é isso. Aconteceu alguma coisa. Me diz.

– Bem, eu não queria te mostrar isso antes de descobrirmos tudo sobre a Luisa, mas acho que precisa saber. – Gina andou até sua bolsa e tirou um envelope, sem endereço nem remetente.

– A ultima carta? Você disse que devíamos ter contado errado.

– Harry, antes de ler essa carta, preciso te dizer o que a Luisa me disse.

– Por isso ficaram tanto tempo no quarto. O que ela disse sobre essa carta?

– Bem, Luisa teve uma viagem ao futuro. Ela viu Lilian com você no colo.

– Sim eu me lembro dela dizendo isso em uma carta.- Harry confirmou.

– Ela me disse que sua mãe escreveu uma carta para você Harry.

– É essa que está em suas mãos? – O coração do homem acelerou. Ele ficou nervoso e agitado.

– Sim, mas antes de você ler tem mais uma coisa. Lilian sabia da profecia e acreditava que se referia a você. Ela nunca pensou que pudesse ser sobre Neville. Você se lembra que me disse que, quando soube da profecia ficou em duvidas, por que Neville e você nasceram no final de julho.

– E então?

– Bem, quero que a leia, mas não agora.

– Gina eu não posso fazer isso. É da minha mãe que estamos falando.

– Tudo bem, mas independente do que estiver nessa carta, saiba que o passado não pode ser mudado. Sua mãe te amou muito, e ainda te ama. Só espero que essa seja uma carta que te conforte.- Gina deu alguns passos, indo em direção á porta do quarto.

– Onde vai?

– Acredito que você deva ler a carta sozinho. Volto mais tarde, vou comprar um chocolate quente pra gente.- então os fios de cabelo ruivos passaram pela porta, deixando Harry sozinho com a carta de sua mãe nas mãos tremulas.