–Emma!- a voz doce invadiu meus ouvidos, mas continuei com os olhos fechados- Emma... Emma... - a voz disse em um tom mais forte e dessa vez me sacudiu na cama- Swan!- a mesma pessoa gritou quando percebeu a minha inércia.

Me remexi na cama e abri os olhos, piscando algumas vezes ao perceber a luminosidade vindo da janela. Depois que minha visão já estava acostumada, vi o homem lindo me encarando. Seus olhos cintilavam entre o azul e o verde, seus cabelos molhados estão embaraçados e o cheiro de seu perfume inundava todo o quarto. Eu estava na presença de um deus grego.

–Killian... - sorri ao perceber que ele olhava atentamente para mim.

Corei por uns instantes ao analisar como a minha fisionomia deveria estar. Olheiras contornando meus olhos, o cabelos desgrenhado, a cara amassada e ainda por cima o pijama de ursinhos que ficava grande demais em mim.

–Meu rosto deve estar um desastre- tampei a face os as mãos.

–Ei!- Ele sentou na cama e segurou minhas mãos fazendo com que eu levantasse o rosto e o olhasse- Você fica linda de manhã cedo, ainda mais com esse pijama de ursinhos.

Eu ri e consegui unir forças para sentar na cama apoiando o meu tronco em meus cotovelos

–Eu os acho bem confortáveis- me arrastei pela cama, para ficar mais perto de Killian. Encostei as nossas testa e esbocei um sorriso. Aquele homem realmente conseguia me fazer esquecer, nem que sejam por um pequeno espaço de tempo, os meus grandes problemas.

–Você está melhor?- ele falou em quase um sussurro. Fechei meus olhos desfrutando de cada segundo. Dei um longo suspiro e finalmente abri os olhos para encarar as íris azuis que eu tanto amava.

–Acho que sim- me movi na cama em desconforto. O assunto não resolvido de Lucy estava vindo à tona.

–Melhor você se arrumar- ele se aproximou mais de mim- Ou a Senhora Lee vai começar a desconfiar de ambas as nossas faltas.

–Tudo bem, então- levantei da cama a contra gosto, calcei as sandálias e dei meia volta para observar Killian novamente. Ele estava debruçado na cama e glorioso, quando ele percebeu que eu o fitava deu um pulo da cama e deu dois passos na minha direção.

Permaneci parada no mesmo lugar, até que senti a mão forte na minha cintura que me puxavam para mais perto. Um segundo depois já estávamos nos beijando, elevei os meus pés para poder alcançar o pescoço de Killian e enlacei meu braços em volta dele. Levei as minhas mãos para a nunca e depois para os seus cabelos ainda molhados. Killian começou a abrir mais a boca, aumentando a intensidade do beijo. Ele segurou minha cabeça com uma das mãos e começou a passar as mãos pelos meus cabelos ainda desgrenhados, dei um gemido abafado e involuntário. Killian se afastou e abriu os olhos para conseguir me observar.

–Desculpe- ele disse ainda tentado controlar a respiração- Eu não consegui resistir.

–Não se desculpe. Isso foi realmente muito bom- passei as mãos pelo seu rosto e cabelo.

–Eu tomei liberdade para tomar banho no banheiro do quarto de hóspedes, não queria invadir a sua privacidade- ele fitou o chão envergonhado.

–Killian!- segurei os dois lados da sua face, o forçando a olhar para mim- Você poderia ter tomado banho no meu banheiro. E não venha com essa conversa de privacidade. Já tive mais intimidade com você do que eu já tive com qualquer outra pessoa.

–É, eu sei- ele deu um sorriso torto que me fez derreter por dentro.

–Acho que eu realmente devo ir- falei ajeitando as sandálias que tinham se desprendido do meu pé.

Caminhei até ao banheiro e fechei a porta. Liguei a ducha e entrei na água morna que lavava a minha alma. Depois, me enxuguei e me enrolei na toalha. Sequei o cabelo e saí do quarto, mas tive uma grande surpresa. Killian não estava mais lá, só as suas coisas. Até o celular ainda estava na cômoda ao lado da minha cama. Entrei no banheiro novamente e me apressei a me vestir. A camisa básica, a calça jeans e a jaqueta de couro de sempre. Passei um pouco de blush e delineei os olhos. Saí do banheiro penteando os cabelos e levei um grande susto ao encontrar Killian parado perto da porta com o saco de papelão na mão.

–Entrega de chocolate quente com canela para Emma Swan- Ele adentrou mais o quarto e tirou o copo de plástico térmico de dentro da sacola.

–Eu não acredito que você foi até o Granny's- falei incrédula.

–O que eu não faço por você, senhorita Swan- ele me entregou o copo e me deu o beijo terno nos lábios.

Tomei a bebida, que desceu quente pela minha garganta. Estava delicioso. Fechei os olhos rapidamente para apreciar o gosto. Os abri quando me indaguei mentalmente que horas já seriam.

–Já estamos quase atrasados- apressei meu passo para chegar até a minha mochila depois de ver as horas no visor do celular. Agarrei o meu copo de chocolate quente e pendurei a mochila nos ombros. Saí pela porta do quarto, apressada após calça um par de botas pretas. Corri escada a baixo com Killian logo atrás de mim. Coloquei água e comida nas vasilhas de Duke e depois caminhei até o porta-chaves. Elevei minha mão até o ganchinho onde a chave do meu fusquinha estava pendurada quando Killian colocou a mão em meu braço me impedido.

–Ei, ei- ele disse revoltado- Será que eu posso levar a MINHA namorada no MEU carro?- ele tirou as chaves do bolso da jaqueta e balançou-as na minha frente.

–Será um prazer andar do seu "bebê", Senhor Jones- falei provocante e ele abanou as mãos abrindo a porta da frente da casa.

O Sol iluminava mais um dia em Storybrooke. Caminhamos até o carro de Killian e ele fez questão de abrir a porta. Um verdadeiro cavalheiro. Deu a volta pela frente e entrou no banco do motorista. Enquanto eu afivelava o cinto, ele ligava o carro.

–Você vai me falar sobre a sua família?- joguei me virando para o lado para observar um Killian atento na estrada. A curiosidade me corroia por dentro e por estarmos em um momento "tranquilo" achei sensato perguntar.

–O quê?- Ele me olhou rapidamente e depois voltou a atenção para a direção.

–Você sabe... Sobre seus pais e sua vida antes de me conhecer- Killian se remexeu desconfortavelmente no banco- Mas só se você quiser.

–Sabe, Swan- ele apertou as mãos no volante- Eu não tenho muito o que falar sobre a minha família.

–Qual é, Jones? Você sabe tudo sobre mim- fechei a cara e me encolhi encostada na porta.

–Tudo bem... - ele deu um longo suspiro- Bem, meus pais morreram em um acidente aéreo enquanto iam para o Havaí de férias.

–Sinto mundo- levei minhas mãos até a sua coxa a fim de passar algum tipo de consolação.

–E tem o meu irmão, Liam, que desde o acidente se isolou do mundo e vive navegando pelos sete mares.

–Então a fascinação pelo mar é algo de família- ri enquanto imaginava Killian navegando seu barco, todo vaidoso e sedutor em seus óculos escuros e regata.

–Na realidade, faz algum tempo que eu não tenho contato com Liam e já depois de um ano de Biologia vim descobrir a sua mania por navegação- ele disse com uma voz triste. Meu coração apertou, eu queria poder ajuda-lo.

–Ei!- Quando percebi que estávamos estacionando chamei sua atenção- Qualquer coisa, eu estou aqui por você.

–Eu sei, Swan, eu sei- Killian levantou os olhos para mim depois do carro estar realmente parado.

Em um ato subto, não aguentei e abocanhei seus lábios. O que aquele homem fazia comigo? Desatei o meu cinto rapidamente para que a distância entre os nossos corpos diminuísse. Apesar do ar condicionado, a temperatura estava se elevando. Killian me prensou mais contra ele e xinguei mentalmente o freio de mão por não me deixar passar as minhas pernas por cima de Killian.

Afastei meus lábios, mas nossas testas ainda estavam coladas. As respirações pesadas era a única coisa audível de dentro do carro.

–Eu nunca vou me cansar disso- Killian disse baixinho e sedutoramente. Seu hálito com cheiro de café preto e hortelã me fez querer voltar aos amassos.

–Acho melhor nós irmos- afastei meu rosto para olhar em seus olhos- Não quero que você se atrase nas últimas semanas.

–Sempre tão preocupada- Killian sorriu me dando um beijo na bochecha.

Abriu a porta para mim e saímos em direção aos armários. Os olhares curiosos no corredor mostravam que provavelmente nós éramos o centro das atenções.

–O que aconteceu?- perguntei no ouvido de Killian ao mesmo que tentava segurar os três grandes livros nos braços.

–Acho que eles já sabem a novidade sobre nós- ele sussurrou para mim.

–Você acha?-indaguei surpresa. Os assuntos correm muito rápido em Storybrooke.

–Swan, posso levar seus livros?- ele perguntou ao perceber a minha dificuldade com o peso do material. Me derreti com seu pedido. Eu era uma garota de sorte. Onde ainda se encontravam garotos que carregavam os livros? Me senti em um filme dos anos 70.

Continuamos a andar pelo corredor dos armários e na direção contrária vi que Ruby e Regina corriam em nossa direção.

–Está tudo bem, Emma?- Ruby falou preocupada.

–Você saiu sem se despedir direito- Regina parou a meu lado- Pensávamos que tivesse acontecido algo com você.

–Está tudo bem- falei e percebi a tensão ir embora- Só alguns problemas com a minha prima.

–Ela está bem?- Regina disse voltando a franzir o cenho.

–Assim eu espero- troquei o peso para o meu outro pé, em desconforto. O assunto tinha vindo à tona e eu já estava começando a pensar nas piores possibilidades novamente.

–Ei!- Killian me abraçou de lado e beijou meus cabelos- Vai ficar tudo bem.

O sinal ecoou pelo corredor e muitos alunos começaram a se movimentar rapidamente para suas salas. Ruby e Regina seguiram seus caminhos depois de nos despedirmos.

Andei ao lado de Killian até chegarmos a uma bifurcação. Ele teria que ir para a esquerda e eu para a direita, mas eu não queria me separar dele.

–Aqui está, senhorita Swan- ele me entregou os livros que outrora estava carregando.

–Obrigada, Killian- sorri e me virei para seguir meu caminho até a sala.

–Você não está esquecendo-se de nada não?- Killian segurou o meu braço e me puxou para que ficássemos de frente e antes que eu pudesse ter alguma reação, ele me puxou para um beijo estalado. O corredor vazio, o silêncio absoluto e seus lábios quentes. Os livros que eu carregava não permitia que nos aproximássemos tanto.

–Com licença, senhores- uma voz masculina fez com que nós nos afastássemos. O monitor estava nos olhando com uma expressão bem humorada- Temo que não seja permitido demonstração de afeto dentro da área da universitária- ele deu um longo suspiro- Eu sei que o amor é lindo, mas são as regras.

–Desculpe, Bob- Killian falou com o seu sorriso irresistível. Ele conhecia o monitor?

–Sem problema garoto, mas da próxima vez pode de ser a Sra. Lee e talvez ela não perdoe como eu perdoei vocês- ele deu uma piscadinha e voltou a caminhar pelo corredor.

Acenei rapidamente para Killian tentando me recompor dos últimos segundos. Primeiro ele tinha me beijado, um beijo muito bom, por sinal. Depois, o monitor chega até nós e eu penso que vamos levar algum tipo de punição, mas não levamos por causa de Killian Jones e seu sorriso que ninguém resiste. Dou um sorriso de lado enquanto corro até a minha sala.

Cheguei ao local e todos ainda estavam de pé. O professor ainda não havia chegado. Como sempre, me dirigi até às cadeiras perto da janela e sentei em uma. Para o meu azar, Regina não estava na mesma classe que eu.

Peguei meu celular e comecei a verificar mensagens. Nada importante. Levantei os olhos ao perceber a presença de pessoas me rodeando.

–Então quer dizer que você está pegando o Jones?- a loira namorado de Nick falou. Eu não sabia seu nome. Ela estava acompanhada por um grupo de mais três garotas e todas faziam o estilo "popular e metida". Eu tinha as visto em todas as aulas, mas nunca trocado uma palavra com elas.

–Eu estou NAMORANDO ele- olhei com desprezo para elas. Aquele não era o tipo de amigas que eu queria ter. Elas se entreolharam.

–Ainda acho que ele é muita areia para o caminhãozinho dela- ouvi uma sussurrar no ouvido da outra. Ela falou muito baixo, mas os meus sentidos de águia de ativaram. Eu conhecia a menina que havia falado isso. Ela estava do meu lado quando Killian deu a "palestra" no primeiro dia de aula, e pelo que eu percebi ela estava praticamente o devorando com os olhos.

–Eu tendo um caminhão grande ou pequeno, ele ME escolheu- soltei sarcástica olhando para a menina, que me fuzilou com os olhos ao perceber que eu tinha ouvido. Antes que ela pudesse falar alguma coisa, o professor entrou na sala e pediu para que todos se sentassem.

Senti-me vitoriosa. Aquela menina tinha que ser posta no lugar dela. Quem ela era pra falar de mim? Mas por outro lado, pensei em não ser o suficiente para Killian. Tantas meninas bonitas e ele me escolheu, mas por quê?

Tentei me concentrar o máximo possível na aula, mas vários problemas inundavam a minha cabeça. Lucy. Meus pais. Tia Helen. Killian. Não ser boa o suficiente.

No final do dia, Killian me levou de volta para casa. O Sol se pondo no horizonte e ele dirigindo gloriosamente com os raios de luz iluminado seu rosto. Encostei minha cabeça em seu ombro e fechei os olhos. O vento batia em meus cabelos e eu sorri por ter pelo menos alguns segundos de tranquilidade.

–Chegamos- Killian disse desligando o carro e o estacionando na frente do meu fusquinha amarelo.

–Então... - desprendi o cinto de segurança e me aproximei mais de seu pescoço- Você quer entrar?-comecei a distribuir leves beijos pela extensão de sua garganta.

–Swan... - ele gemeu meu nome baixinho e eu subi os beijos até seus lábios.

Estava tão quente. Senti o arrepio pela minha espinha quando ele abriu mais a boca. Nossas línguas dançaram juntas por muitos segundos.

–Swan, você está me distraindo- ele disse em meio ao beijo- Eu preciso ir- me afastei e fitei-o decepcionada- Tenho que estudar para as provas finais.

–Eu entendo- falei desaponta.

–Mas ainda temos que terminar essa conversa aqui, ouviu senhorita Swan?- ele disse enquanto brincava com o meu cabelo- E eu não posso esperar para termina-lo- ele me deu um beijo rápido, saiu do carro e abriu a porta para mim. Peguei meus livros e a minha mochila e saí do carro.

–Boa Noite, Swan- ele beijou minha mão.

–Boa Noite, Killian- deu um rápido beijo em seus lábios.

Ele se afastou com um sorriso radiante e caminhou de volta ao carro. Peguei as chaves de casa e acenei para Killian. Ele já estava se distanciando quando o último raio de Sol podia ser visto. Eu estava com um sorriso bobo no rosto.

Voltei a atenção a maçaneta. Estava preste a abrir a porta quando uma mão segurou meu braço. Todo o meu humor tinha ido embora. O meu primeiro pensamento foi de um assalto. Não podia ser Killian, eu conhecia seu toque.

Virei lentamente com o meu rosto totalmente sem cor e me espantei ao ver o rosto familiar. Cabelos castanhos caindo pelos ombros, olhos cor de mel e o rosto com a expressão mais magra e sofrida.

–Lucy?