A Razão do Rei escrita por Andy


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Cara, como eu estou feliz... Opa! Primeiro, oi, ne? Hahaha! Como vocês estão, leitores lindos? Haha! Gente, eu estou muito feliz, sério mesmo... Não sei nem como agradecer a todos vocês! O último capítulo foi, de todos, o que mais recebeu reviews! Eu estou encantada com o número de ex-leitores-fantasmas que apareceram para manifestar seu apoio no último capítulo! Sei que ainda há muitos deles (se todas as 66 pessoas que estão acompanhando comentassem, eu seria a ficwriter mais feliz deste planeta), mas mesmo assim... Muito obrigada a todos os que apareceram e comentaram no último capítulo! Vocês são o máximo! ♥
E como se isso não bastasse, a fanfic ainda recebeu mais duas recomendações essa semana! Eu estou pulando de felicidade aqui, sério! ♥3♥
Agradecimentos especiais à LWinchester (eu não esqueci de você não, viu? Sua recomendação chegou aqui 3 min depois de eu ter postado o último capítulo! x3x) e à Just Pietra por suas lindas palavras! Obrigada! Saber que vocês gostam tanto da minha fanfic a ponto de querer que outras pessoas leiam é incrível! Não tenho palavras para agradecer tanto carinho!
Ok, quietei! Aproveitem o capítulo novo, galera! No final, tem uma coisa bem divertida... ;3
Até semana que vem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/500297/chapter/16

“Mestre Elrond viajou na frente com as lebres de Radagast, que prometeram (ou assim me pareceu, pelo barulhinho que elas fizeram quando eu falei com elas) levá-lo para Greenwoods tão rapidamente quanto haviam me levado a Valfenda. Enquanto isso, eu fiquei para trás para receber os cuidados dos elfos médicos, pois havia comido mal e sofrido alguns pequenos arranhões no caminho para lá. Na manhã seguinte, Lady Arwen e eu partimos, carregadas em liteiras e protegidas por uma guarda considerável, em direção à Floresta Verde.

Eu não posso dizer que estava tranquila durante a viagem, mas estava pelo menos consolada. Porque embora meus pensamentos se perturbassem constantemente com especulações e angústias sobre o que poderia ter acontecido a Thranduil, eu tinha pelo menos a certeza de que tinha feito tudo o que estava ao meu alcance para salvá-lo. E Lady Arwen era uma ótima companhia, sempre conversando comigo, contando histórias e cantando canções alegres que enchiam meu coração de esperança.

Os elfos de Valfenda se apressaram tanto quanto podiam, e ao fim de alguns dias nós finalmente avistamos os muros de Greenwoods. Os guardas, que obviamente esperavam nossa chegada, nos receberam com grande alegria e assim que entramos Airetauri e Alassëa vieram correndo em minha direção, sem se importarem por estarem saindo de forma sem permissão:

– Que bom que chegou, minha senhora! – Alassëa tinha um sorriso enorme estampado no rosto.

– O príncipe acaba de acordar! – Airetauri completou.

– O quê?! – Eu praticamente gritei, sentindo como se um peso enorme houvesse sido retirado do meu coração. Comecei a correr na direção da ala médica, mas parei, lembrando-me de Arwen. Olhei para ela, não conseguindo tirar aquele sorriso bobo do meu rosto. Ela apenas riu e fez sinal para que eu continuasse, que não me preocupasse com ela.

Eu me virei e já ia começar a correr de novo, quando ela recomendou, numa voz risonha:

– Mas sem correr! Cuidado com o bebê!

Eu ri e desacelerei o passo só um pouquinho. Os dois guardas iam a meu lado, parecendo tão felizes quanto eu. Pareceu demorar uma eternidade até que chegamos à ala médica. Oropher e Mestre Elrond estavam lá, conversando alegremente. Quando me viu, porém, Oropher franziu o cenho e trincou os dentes. Ele veio em minha direção:

Você! – Ele apontou para mim, e eu parei, surpresa. Os dois guardas ficaram sem saber o que fazer. Airetauri levou a mão ao punho da espada, sem jeito. Oropher parou à minha frente. – Você desobedeceu às minhas ordens, desrespeitou minha lei, pôs a sua própria vida e a do meu neto e herdeiro em risco... – Ele parou, como que para tomar fôlego. Eu esperei por uma onda de broncas, mas ele sorriu e me abraçou. – Obrigado! – Ele se afastou para olhar o meu rosto e riu de minha expressão. De repente, lágrimas começaram a escorrer dos cantos de seus olhos. – Muito obrigado! Eu serei eternamente grato, Syndel!

Eu fiquei sem reação, e por um instante até me esqueci de Thranduil, tão consternada que fiquei ao ver o grande Oropher, que eu havia temido a minha vida inteira, chorar daquele jeito. Mestre Elrond se aproximou de mim, sorrindo, e pôs uma mão em meu ombro:

– Ele ainda está muito fraco, mas está fora de perigo. Ainda precisará de muitos dias para se recuperar, mas provavelmente estará completamente bem quando seu filho nascer. – Ele baixou os olhos para minha barriga e sorriu. – Acho que eu posso esperar aqui até a ocasião. – Ele fez uma pequena pausa. – Vá vê-lo! Ele acabou de acordar.

– Obrigada! – Sem nem pensar no que estava fazendo, eu o abracei. Percebi dois segundos tarde demais. Eu o soltei depressa, e senti meu rosto queimando de vergonha. – Ah, pelas estrelas! Me perdoe...

Ele riu:

– Não se preocupe com isso. Vá lá!

Eu sorri constrangida e me apressei em direção ao aposento em que Thranduil estava. Afastei a cortina de uma vez, e meu coração falhou uma batida ao vê-lo. A rainha estava com ele, sentada na beira da cama, falando-lhe alguma coisa em voz baixa enquanto acariciava seus cabelos. Ele ainda estava muito pálido e parecia ter emagrecido nos últimos dias, mas fora isso estava tão lindo quanto eu me lembrava... E, para o meu choque, seu rosto estava perfeito, como se nada houvesse acontecido antes. Mestre Elrond parecia ter operado um milagre ali. Eu via com meus próprios olhos, mas não podia acreditar. Então seus olhos, mais azuis que qualquer outra coisa neste mundo, me encontraram:

– Syndel...! – Ele sorriu.

– Thranduil! – Eu corri, e a rainha se afastou dele, abrindo espaço para mim. Eu me ajoelhei ao lado da cama, já recomeçando a chorar de alegria e alívio.

– Você é completamente louca! – Ele chorava também. Devagar, como se o esforço lhe custasse muito, estendeu o braço e o pôs sobre meus ombros. Eu fechei os olhos e encostei meu nariz ao dele, rindo de leve em meio à minha felicidade. – Você podia ter morrido, no que você estava pensando...? Você não sabe andar na floresta sem trilhas, você... Eu te amo! – Ele me puxou em direção a ele e beijou minha testa suavemente, fracamente.

– Eu não poderia sobreviver sem você. –sorri, me afastando de leve para olhar para ele. Acariciei o lado direito de seu rosto com a ponta dos dedos e ele fechou os olhos, sentindo meu toque.

– E você falou para eu não fazer nada idiota. – Ele abriu aquele sorriso torto, sem abrir os olhos.

– Você nunca se esquece de nada, não é mesmo? – brinquei. Ele riu, e meu coração pareceu saltar de alegria ao ouvir aquele som. Bem nessa hora você chutou, Legolas, e eu tirei a mão do rosto de seu pai para levá-la à barriga.

Thranduil abriu os olhos:

– E com o bebê? Está tudo bem? Você não se machucou na floresta, não é? E você tem se alimentado direitinho? Ouvi falar que você tentou fazer o caminho daqui a Valfenda correndo, você perdeu o juízo?

Eu ri de leve:

– Ele está ótimo! Está aqui comemorando que o pai dele está bem. – Eu sorri e peguei a mão de Thranduil, levando-a à minha barriga. E não sei se você sentiu, Legolas, mas você se mexeu de novo, com ainda mais força. Chegou até a doer um pouquinho. Thranduil olhou para mim, e seus olhos brilharam. Foi a coisa mais linda que eu já vi em toda a minha vida.

– Eu te amo tanto...! – Ele sorriu e começou a acariciar minha barriga suavemente. – E você também. Eu te amo tanto, Legolas!

– E você insiste em que vai ser Legolas... – brinquei. – Pode ser uma menina.

– Legolas. – Ele insistiu. – Eu tenho certeza.

Eu sorri. Àquela altura, de alguma forma, eu também tinha certeza. Eu me abaixei e o beijei de levinho, roçando meu nariz no dele.

– Descanse, tá? Eu e Legolas vamos comer alguma coisa e já voltamos.

– Tudo bem... – Ele sorriu, e eu já ia me virando para sair quando ele chamou de novo: – Syndel! Espere.

– Hnn? O que foi?

– Seus pais... Eu realmente sinto muito. Eu não queria... – Ele parecia estar tendo dificuldades em encontrar o que queria dizer, mas havia dor em seus olhos. – Quando o dragão me atacou, eles se puseram à minha frente para me proteger e me empurraram para o lado. Foi por isso que o fogo só atingiu o meu rosto e parte da minha perna. Mas eles...

– Shh... – Eu passei os dedos pelos cabelos dele. – Eu sei. Oropher me contou. Foi ele quem matou o dragão. Ele ficou enlouquecido quando viu o que tinha acontecido a você.

– Quando viram que o dragão ia me atacar, seus pais correram em direção a mim. Mas não foi o meu nome que eles gritaram. – Thranduil engoliu em seco. – Foi o seu. – Os olhos dele se encheram de lágrimas. – Eu sinto muito, Syndel. Eu nunca quis que eles se sacrificassem assim. Se eu tivesse prestado mais atenção...

– Ei, não... Não fale assim... – passei o dedo para secar uma lágrima dele que tinha escorrido. – Não foi culpa sua. Eu estou feliz por você estar aqui. Nunca, jamais, repita isso. Está bem?

– Certo. – Os olhos dele ainda me pediam desculpas. Com cuidado, eu me abaixei e beijei sua testa.

– Descanse agora, meu amor. Eu volto logo.

Eu disse aquilo para acalmá-lo, mas assim que saí do quarto, precisei levar a mão à boca para abafar um soluço. Oropher entendeu de imediato e veio me abraçar. Eu fiquei surpresa, mas retribuí o abraço.

– Eu sinto muito, Syndel... Um memorial será construído em homenagem a eles na praça central, está bem? Eles sempre foram dois de meus melhores guardas.

– Obrigada...

Lady Arwen também veio me abraçar, e eu aceitei de bom grado, feliz por ela estar ali. Ela se tornou a minha melhor amiga, como você sabe. Mestre Elrond se aproximou de nós, e eu perguntei:

– O que você fez com o rosto dele, meu senhor? Está...

– Você é muito perspicaz, minha jovem. – Ele pareceu um pouco triste. – Infelizmente, os ferimentos provocados pela chama de um dragão são de difícil cicatrização. Eu fiz o que pude para salvá-lo e consegui, mas as marcas permanecem profundas em seu rosto. Restou-me, portanto, ocultá-las com magia, como você parece ter sentido. – Eu assenti. – Eu sinto muito, mas é o melhor que eu posso fazer.

– É muito mais do que poderíamos lhe pedir, meu senhor. Thranduil está... Lindo. Como sempre. – senti meu rosto corando, mas não me importei. Mestre Elrond sorriu. – Mais uma vez, muito obrigada. Eu jamais serei capaz de agradecer o bastante. – Eu fiz menção de me curvar, mas ele me impediu.

– Não há necessidade de agradecimentos, nem de reverências. – Ele fez uma pausa. – Agora, o que vocês me dizem de jantarmos, e depois eu dar uma examinada nessa criança aqui? – Ele sorriu para Oropher.

– De acordo. A mãe dele é muito inconsequente. Ele vai precisar de todo cuidado disponível.

– Ei! – eu fingi estar contrariada, e todos riram.

– É uma honra tê-lo aqui conosco neste momento tão especial, Mestre Elrond.

Quando Legolas fez uma pausa para beber mais água, todos estavam sorrindo, até mesmo o carrancudo Boromir, contagiados pela alegria da narrativa.

– Mestre Elrond ficou lá até você nascer? – Frodo perguntou.

– Sim, ficou. Ele ajudou no meu parto e ajudou a tomar conta de mim e de minha mãe nos primeiros dias. – Legolas respondeu, e em suas palavras podia-se ouvir claramente a admiração e o respeito que nutria por Elrond. – Eu nasci algumas semanas depois daquilo. Minha mãe disse que eu vim em muito boa hora, porque trouxe alegria ao reino, que estava entristecido pelos guerreiros que morreram na luta contra o dragão.

– E jamais se soube qual era o propósito do dragão? Mesmo? Ele simplesmente apareceu assim, sem motivo, e depois nada aconteceu? – Boromir questionou.

– Exatamente. Depois do dragão, seguiram-se longas décadas de paz, em que apenas alguns orcs apareciam de vez em quando próximo ao povoado de homens, mas eles próprios conseguiam combatê-los sem problemas. E assim, logo Valle foi se fortalecendo.

– E... – Merry parecia não resistir a fazer aquela pergunta, mesmo temendo seus resultados: – E só os elfos ajudaram os homens? Quero dizer... Havia anões nas montanhas, não é?

Legolas olhou para Gimli, mas não havia nenhum tipo de raiva ou ressentimento em seus olhos ao fazê-lo.

– Havia. Os anões da linhagem de Durin já haviam se estabelecido na Montanha Solitária e já haviam avançado muito na construção do reino que um dia se chamaria Erebor. Já começava inclusive a surgir um comércio entre ele e Valle. E é óbvio que os homens pediram seu auxílio. Mas os anões se negaram, temendo que isso pudesse atrair o dragão para o tesouro que começavam a encontrar sob a montanha. – o elfo respondeu, por fim, e todos os olhares se voltaram para Gimli.

É difícil afirmar com certeza, mas para Frodo pareceu que o anão corou um pouco atrás dos pelos de sua barba.

– Ah... Bem... – Ele limpou a garganta, evitando os olhares dos outros. – Eu nunca ouvi falar de dragão algum, antes de Smaug. Não sei desse aí, não.

– Não acho que suas lendas falem dele... As canções de anões parecem sempre deixar de fora aquilo que não lhes convém. – Legolas provocou. Mas para sua surpresa, não houve resposta, pois em seu íntimo, Gimli se sentia deveras envergonhado. Ele tinha dificuldades em acreditar que seus antepassados tivessem sido tão covardes.

– E... – Sam começou, num tom de voz baixo, meio acanhado. – E foi essa a razão de Thranduil? Como os anões de Durin se recusaram a ajudar com o primeiro dragão, ele se recusou a ajudar com o segundo?

– Oh, não, mestre Hobbit... Faz sentido, mas não. Thranduil teve outra razão, maior que essa.

– E qual foi? Hein? Ora essa, fale de uma vez! – Gimli fingiu se impacientar, ansioso por que Legolas voltasse a sua história e desviasse as atenções daquele momento constrangedor.

O elfo o encarou por um instante e depois voltou os olhos para a fogueira, suspirando longamente antes de começar:

– Eu jamais me esquecerei de quando os clarins de Oropher soaram, convocando todo o povo para a praça central. Meu pai e eu discutíamos quais seriam as melhores formações de esquadrões para diferentes tipos de combate e ficamos surpresos, pois não havíamos sido informados, como capitães da guarda, sobre nenhuma convocação iminente.

"– O que foi isso? – Ele franziu a testa, olhando para mim como se tivesse sido eu a soprar os clarins.

– Não faço ideia. – Eu já me levantava. – Mas acho melhor irmos para lá. Agora. – Ele assentiu em concordância e nós dois nos apressamos.

Minha mãe nos encontrou no meio do caminho, com uma cesta de flores frescas nas mãos:

– Legolas! O que está acontecendo?

– Eu não sei. Vamos!

Nós três nos juntamos à multidão que caminhava para a praça, e muitas pessoas nos perguntavam o que estava acontecendo. Minha mãe e eu tentávamos responder como podíamos, mas meu pai simplesmente os ignorava e seguia em frente decidido. Logo chegamos à praça. Lá, Oropher esperava sentado num trono improvisado, no palco que havia sido montado às pressas. Meu pai foi correndo até ele:

– O que está havendo, meu senhor?

– Vão para seus lugares. – Ele olhou para nós. – Todos vocês.

Nós obedecemos, e ele se levantou. Ele estava sério e parecia preocupado. Esperou até que o povo sossegasse e o silêncio se fizesse completo. E então ele fez aquele discurso:

– Tempos sombrios se apresentam ao mundo. Por centenas de anos, nós temos ignorado o mal fora de nossas fronteiras e temos vivido em paz dentro de nossos muros. De dentro de nossos limites, assistimos à ascensão e queda de Morgoth e à primeira mudança do mundo. Por centenas de anos, Greenwoods se manteve afastado da guerra que acontece no norte e no oeste. No entanto, nós não podemos mais permanecer entocados aqui. Nossos parentes do norte nos enviaram mensagens de apelo. E Greenwoods irá responder! – Ele fez uma pausa, em que todos aplaudiram. Eu olhei para meus pais, que se entreolhavam, parecendo nervosos. – Os guerreiros de Greenwoods não fogem à luta! E se os nossos precisam de nós, nós estaremos lá para eles! Por isso, eu preciso que cada guerreiro capaz de lutar em nome de seu rei se arme e retorne a este local dentro de duas horas. Nossa missão é marchar em direção a Angmar e apoiar nossos parentes, que lá lutam contra o Rei Bruxo, aliado de Sauron. É a ele que devemos destruir! Partiremos ao pôr-do-sol!

O povo se agitou imediatamente, gritando palavras de bravura e de apoio à decisão do rei, enquanto muitos já partiam para se preparar para a guerra que se abatera sobre nós tão subitamente. Mas meu pai e eu ficamos preocupados, assim como minha mãe.

– Tem certeza disso, meu senhor? – Meu pai se aproximou dele.

– Não seria melhor ao menos esperarmos até amanhã, para podermos nos organizar adequadamente e pensar numa estratégia? – Minha mãe completou, se aproximando também.

Quando Oropher ergueu a cabeça para nos olhar, ele parecia mortificado. Também não lhe agradava em nada aquela situação:

– Não há mais tempo, Syndel. Fornost* caiu. Os dúnedain** foram expulsos. Eles precisam de nós.

– Quais de nossos parentes nos chamaram? – Meu pai perguntou.

– Valfenda. E Glorfindel.

– Não há nenhuma outra força aliada lá? Outros homens, além dos remanescentes dos dúnedain? – perguntei. Em minha mente, eu tentava pensar em alguma estratégia de última hora. Ao mesmo tempo em que estava ansioso por me testar numa batalha daquelas dimensões, como sempre desejara a minha vida inteira, estava preocupado, porque sabia que eu estaria no comando de todo um esquadrão. Eu não ia repetir o erro que meu pai havia cometido quando era jovem.

O rei olhou para mim, e eu pude ler em seus olhos que ele preferia estar sozinho:

– Os anões de Durin estão lá.

Legolas olhou para Gimli, com uma interrogação no olhar. O anão compreendeu tudo rapidamente:

– Sim... Sim... Eu me lembro de canções sobre a Batalha de Fornost. O próprio Thror estava lá! Ele era jovem, ainda. Thrain era pouco mais que uma criança.

Legolas assentiu.

– Eu me lembro dele. Muito bem. Como se ele estivesse aqui à minha frente, neste exato momento. – Uma hostilidade mal disfarçada apareceu na voz do elfo ao dizer isso. Para Aragorn e Boromir ficou muito claro que ele desejava que Thror estivesse ali, à frente dele, naquele exato momento...

– Havia arqueiros do Condado nessa batalha também! – Merry, que não havia percebido nada, comentou alegremente.

Isso distraiu a todos. Legolas e Gimli, ambos, olharam para o hobbit, erguendo uma sobrancelha.

– Sim, uma porção deles! – Pippin emendou.

– Os mais altos hobbits que havia no Condado, isto é, os mais altos depois do velho Urratouro Tûk, é claro! – Até mesmo Sam se empolgou.

– Claro, ninguém jamais foi mais alto que o meu tatara-tatara-tatara-tataravô.

Legolas inclinou a cabeça para o lado, franzindo as sobrancelhas, tentando se lembrar se havia visto algum hobbit no campo de batalha, ou se já havia ouvido alguma coisa sobre aquilo antes. Ele olhou para Frodo, o único que não havia dito nada. Mas mesmo o hobbit de olhos azuis sorria, se divertindo. Ao perceber que Legolas olhava para ele, ele deu de ombros:

– É o que se diz nas canções do Condado.

– Ah, o Canto dos Arqueiros Hobbits é um dos meus preferidos! – Sam comentou.

E os quatro hobbits se puseram a cantar alegremente, fingindo tremer um pouco ao final, zombando com o Bruxo da letra da canção:

Sobre os pôneis a marchar

De arcos em punho e sangue a ferver

Vão os hobbits para a sombria Angmar

Fazer o Rei Bruxo nas bases tremer!

Os quatro explodiram em gargalhadas, no que foram imitados por Gandalf e Aragorn. Os outros três pareciam ainda não acreditar na história. Legolas e Gimli se entreolharam, e o anão balançou a cabeça em negativa discretamente. Ele também não se lembrava de ter ouvido falar de hobbits na Batalha de Fornost, ou em qualquer outra batalha, por sinal.

Quando as coisas se acalmaram, Legolas chamou a atenção de volta para si, um tanto constrangido. Ele preferiu se abster de comentar sobre os hobbits:

– Bem... Então, como eu dizia... Oropher nos convocou para a guerra, e vendo que não havia nada a fazer a respeito, nós nos dirigimos a nossos aposentos para nos prepararmos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Fornost, o último reino remanescente dos dúnedain do norte, tomada pelas forças do Rei Bruxo de Angmar.

**Dúnedain, os homens de Númenor que haviam permanecido fiéis aos Valar e, por isso, foram poupados da destruição de Númenor. tendo Como agradecimento, eles receberam uma vida estendida, bem maior que a dos outros homens da Terra-Média. Aragorn descende deles.