A Noiva escrita por Felipe Melo


Capítulo 4
Capitulo 4


Notas iniciais do capítulo

- Eu agradeço a todo apoio dos meus amigos, e a vcs que comentam dando sugestões. Esse capitulo reflete um pouco as minha emoções. Todo autor coloca algo de si em seus personagens. Elsabeth é minha versão feminina. Quase igual a Mim. Conhecendo Ela, vcs me conhecem também. Bjos & Bjos espero que gostem...



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Capitulo Quatro

(Sabe-se que Adão e Eva deram origem ao pecado. O amor é puro, as mulheres são submissas)

– A Nova Ordem Poemas e Canções

Minhas costas doem. Ouço sussurros, mas não consigo abrir meus olhos. Por alguma razão tenho medo de abri-los. Minhas pernas agora não doem tanto. E posso senti-las. O travesseiro está duro como pedra. Sinto um lapso de memória e lembro-me de lindos olhos azuis me encarando pela última vez. Por alguma razão gosto de ter esses olhos em mente.

– Elisabeth Smith – diz uma voz masculina.

Será que é seguro abrir meus olhos? Finjo que não escutei.

– Querida – sussurra minha mãe – sabemos que já despertou. Você esta segura.

Tento ao máximo me manter calma. E aos poucos abro meus olhos. A luz forte do sol inunda as janelas ao meu redor. Tento ofuscá-las, mas não consigo. Vejo um homem com uma farda azul e uma estrela, e consigo ler em letras garrafais a palavra Nova Ordem. Meu estômago começa a dar voltas.

– A senhora veio acompanhada por dois rapazes, que achamos ser simpatizantes. A senhora se lembra disso?

Simpatizantes? Tento lembrar. Mas a única coisa que lembro é de olhos azuis e uma voz tão calma. Lembro-me de ser pisoteada e de gritos, mas não me lembro disso.

– Não me lembro – digo eu. Minha voz está rouca. E minha garganta dói.

– Tem certeza? – diz o policial se aproximando mais de mim e cravando seus olhos claros nos meus.

– Policial Diego – diz agora outra voz masculina entrando na sala – é normal ela não se lembrar de nada. Elisabeth foi pisoteada. É um milagre que tenha sobrevivido. Porque em vez de fazer perguntas a ela, - não às faz a mim?

Reconheço que esse deve ser o doutor. Ele é baixo e meio gordo. Ele me lembra um biscoito de polvilho gigante.

– Pois muito bem doutor – diz o policial – ela foi internada nesse hospital por dois rapazes. Achamos que eles são simpatizantes.

– Realmente eles a internaram. Um deu o nome de Julian e o outro de Felipe. Graças a Deus Elisabeth mesmo inconsciente estava com os documentos e podemos interná-la.

O policial pareceu refletir. Eu realmente estava confusa. Não me lembrava de nada. Tinha sido trazida por dois simpatizantes? Humanos selvagens?

– A senhora Amanda recebeu ligações. Eles avisaram que ela estava internada aqui?

Minha mãe estava nervosa. Ela transmitia medo e aflição. Mas mesmo assim respondeu:

– Ligaram. A principio pensei ser um trote. Mas logo depois eles disseram o nome do hospital e vi que era o número de minha filha, - então corri imediatamente para cá.

– Eles disseram os nomes?

– Os mesmos que o doutor acabou de lhe dizer. Desculpe-me, mas não pareciam simpatizantes.

Eu encarei o policial e algo me disse para não comentar nada. Apenas observava tudo. Como estava Camila? E Melina? Será que já sabiam que eu estava internada?

– Bom então é isso. – disse o policial – deixarei o inquérito em aberto. Vemo-nos mais tarde.

Depois de todo aquele rebuliço policial e eu ver que estava totalmente ferrada nesse hospital. O doutor declarou que eu tinha que repousar. Estava sozinha agora e no meu quarto não tinha nem ao menos uma televisão. Isso me deixava nervosa. Minha mãe prometeu providenciar meu Ipod, mas mesmo assim me sentia sozinha. Parecia que eu estava em uma bolha e todos ao meu redor continuavam normais e eu apenas me estrepava.

Olhei ao redor e minha sala parecia um manicômio. O quarto era todo branco. Pensei que daqui a pouco pessoas com camisas de força entrariam ali e ficariam comigo. Mas estava apenas tentando me distrair com alguma coisa. Há muito tempo vinha me sentindo sozinha. Por mais que Mel e Camila estivessem sempre comigo, - o sentimento de que estava mudando e eu não conseguia acompanhar me torturava. Fechei meus olhos e pensei em algo que me tirasse dali.

– Liz? – sussurra a voz de Tia Helena.

Me desperto do sono sem sonhos e sorrio para o rosto em forma de coração de minha tia.

– Vejo que está péssima querida – diz ela rindo – mas vamos mudar isso. Trouxe seu celular e seu Ipod. E alguns livros.

– Obrigada. E tia, onde está meu pai?

Tia Helena se senta ao meu lado na cama. Preparo-me para a revelação.

– Joseph e Amanda foram regularizar seus exames. Não parece, mas você ficou desacordada por três dias. Seus exames são na semana que vem. E a prova de vestido também.

Aquilo me atinge como ferro em brasa. Tento me acalmar, mas parece que o ar se tornou tóxico. Tornou-se nada. Os aparelhos começam a apitar.

– Acalme-se – diz ela – você sabe o que tem que fazer.

– Não – digo eu – eu não sei. Eles tiram vidas tia. E vão tirar a minha se eu tentar fugir.

– Se você está viva – diz ela gesticulando para mim – é porque tem um propósito. Mas antes de eu contar o que tenho para contar, quero ver se você será diferente. Quero ajudá-la, mas você precisa ter coragem.

Os aparelhos param. E me sinto mais calma. Olho para ela e balanço a cabeça em forma de sim.

– O Castelo Da Ordem fica na capital – diz ela – e Thomas Salazar é muito correto com as normas. Afinal seu pai governa esse país.

Ela para e me olha atentamente.

– O que tenho a lhe dizer é que ele não tolera jovens que não tenham bons modos. Você sabe e já viu o que a Ordem faz quando alguém não respeita as normas.

– Está dizendo para que eu respeite as normas? Quer que eu me case?

– Não pequena – diz ela – estou dizendo para que ache brechas e aos poucos faça com que Thomas se sinta perdido. Todo grande homem tem um calcanhar de Aquiles. Lembre-se dessa frase e ela mudará sua vida: È muito cedo para se dizer para sempre.

Olho para ela tentando repensar naquela frase, mas ela não me explica. Dá-me um beijo na testa e me deixa ali. Fico imaginando o que para sempre significa. E fico pensando se esse para sempre abreviará minha vida, ou prolongará o que chamo de adolescência.

Estou em uma sala rodeada de espelhos. Cada espelho é maior que o outro. Estou virada de costas e de repente minha imagem aparece, - e estou em um lindo vestido rosa. Ele cai por meu corpo em lindos babados rodeados de filetes e flores. Minha pele negra nesse vestido fica bem. Sinto-me uma princesa. Meu cabelo está arrumado em um lindo coque. Sorrio e não reconheço aquela desconhecida que me encara no espelho.

– Você está linda – sussurra uma voz masculina.

Sinto a impressão que já ouvi essa voz antes. Viro-me e me deparo com Thomas Salazar. Seus olhos castanhos me encaram. Sua pele morena reluz no traje em azul que usa. Ele está bonito. Não sei por que, mas por alguma razão não consigo sentir raiva dele momento.

– Obrigada – a palavra sai de meus lábios e sai sincera. Ainda não consigo acreditar.

– Vamos? O país nos espera.

Eu sorrio e o acompanho até uma varanda enorme. Olho lá embaixo e milhões de pessoas acenam e reverenciam-se. Todas ajoelham. Fico grata e ao mesmo tempo deslocada.

– Obrigado por mudar meu modo de pensar – sussurra ele em meu ouvido – os EUA agora é livre.

Meu sorriso é sincero. Beijo-o e nem me importo com as pessoas ao meu redor. Sinto-me inteira. Minha missão está completa.

É quando um estampido nos tira a paz. E lá em baixo vejo um menino que me chama a atenção. Seus olhos ardem de desejo e raiva. Olho para ele tentando reconhecer quem e. Ele grita:

– Acorde Liz...

Acordo assustada. Esse sonho foi terrível. Eu sonhei com Thomas Salazar. Estava casada com Thomas Salazar. Isso não é possível. Tento me livrar dessa lembrança. Lembro das palavras de Tia Helena, - mas, nem elas me trazem conforto.

Percebo que no meu quarto agora há uma TV em um suporte na parede. Há um controle ao meu lado. Ligo, e mais uma vez vejo que há outra onda de protestos. Aquilo me fascina, mas tinha que me causar medo. Observo aquilo e em especial algo me chama atenção.

Um menino de blusa caqui passa atrás da repórter e ele olha diretamente para a câmera. Espanto-me. Ele é o menino que grita em meus sonhos. Fico atônita, - isso não é possível. Olho para ele e sinto vontade de gritar. Ele pega o microfone das mãos da repórter e começa a falar:

– Liberdade a América – e sua voz é tão melodiosa. Tão certa.

Continuo sem reação. Quero desligar mais não consigo.

– O para sempre, sempre acaba – e sai correndo dando o microfone para a repórter.

Eu observo aquilo passada demais para qualquer reação. Eu sei que isso é loucura. Mas minhas mãos soam. Meus olhos brilham. E meu corpo todo treme. Estou apaixonada. Apaixonada por um simpatizante, que surgiu em meus sonhos. Que é real. E que de certa forma, - não ficaremos juntos. É quando a frase dele embala a minha cabeça.

“O Para Sempre, sempre acaba”.


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Notas finais do capítulo

- Comentem... Vcs fazem de mim mais feliz... Beijos & Beijos...



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