Cartas Para Quinn escrita por lovemyway


Capítulo 21
Capítulo 21 — O Tempo e o Coração


Notas iniciais do capítulo

Hey gente!

Tudo bem com vocês?

Esse capítulo demorou um pouco pra sair porque viajei nas férias, e a criatividade ficou por lá ushusahusahusahuash. Em compensação, esse é o maior que escrevi até agora :p, então espero que vocês gostem!

Obrigada por tirarem uma parte do dia de vocês pra ler essa fic, e espero que ela possa botar um sorriso no rosto de vocês, e os deixarem um pouquinho mais felizes por a estarem lendo.

Sem mais delongas, aí vai mais um capítulo :D



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De: Rachel Berry (rachelberry@zwer.com)

Para: Quinn Fabray (qfabray@zwer.com)

Assunto: O tempo e o coração.



Querida Quinn,



Às vezes me esqueço de respirar. Talvez isso seja algo um tanto quanto inusitado de se dizer, mas é a verdade. Eu seguro meu fôlego, mesmo sem perceber, e esqueço de soltá-lo. Só quando meu peito começa a apertar pela falta de ar que percebo que o estive prendendo o tempo todo. O que me faz pensar... A vida não é assim, vez ou outra? Ficamos tão presos em nossas rotinas, em nossos afazeres, que esquecemos de tirar um momento para nós mesmos. Um momento para apenas ser. Estive sentindo falta desses momentos nos últimos meses. Momentos em que apenas existo. Sem medos, estresses, preocupações, responsabilidades. Só eu, o mundo, e meu coração batendo em meu peito.

Sei que já deveria ter lhe mandado este e-mail há bastante tempo, e, sendo bem sincera, não sei porque não o fiz. Cheguei a tentar escrever uma mensagem várias e várias vezes nas últimas semanas, porém as palavras não pareciam fluir. Tudo o que consegui foi encarar a tela do meu computador, sentindo que ela me encarava de volta, zombando da minha incapacidade de me expressar. O que é engraçado, já que não é algo que me costuma acontecer. Sou do tipo de pessoa que fala bastante, o tempo todo. Não estou acostumada a não saber o que falar. É estranho, no mínimo. Ainda mais quando tenho tanto que gostaria de lhe dizer.

Por onde começo, então? Quem sabe me desculpando? Parece um bom jeito (risos). Não pensei que seria tudo tão corrido, tão estressante, e a Universidade não tem sido a única coisa a tirar meu sono. Estive lutando algumas batalhas internas, também, procurando entender alguns sentimentos Bem, não tem muita importância. A última vez que escrevi a você foi em seu aniversário, não é? Meu Deus, acho que nem percebi o quanto tempo voou.

Antes de mais nada, eu gostaria de saber Como você está? Andei preocupada com você esses dias. Não, espere, isso não é verdade. Tenho andado preocupada com você desde o início, porque se há algo que realmente temo é que alguma coisa aconteça com você. E eu tive um pesadelo terrível por esses dias. Nada que valha a pena comentar, porém, isso me deixou apreensiva, com uma dor enorme no peito da qual não conseguia me livrar. Uma dor sufocante. Espero que esteja tudo bem com você, minha rainha. Você está sempre em meus pensamentos, e estou sempre desejando — quem sabe implorando não seja uma palavra mais adequada — à Deus para que ele a mantenha sã e salva.

Ok, vamos lá (risos). Preciso colocar você em dia! Primeiro de tudo, quero que você saiba que tive a pior festa de formatura do mundo. Sim, você leu isso direito. A P I O R festa de formatura do M U N D O. E tudo porque você não estava lá para me conceder a honra de uma dança. Será que estou sendo dramática? Talvez (risos). Tudo bem, não foi ruim. Eu me diverti bastante, e, pasme!, até mesmo consegui um par. Uma das amigas de Kitty das líderes de torcida. Fiquei com medo que ela fosse tão idiota quanto a maioria das garotas ali pareciam ser, mas... Bem, acho que tive uma visão muito estereotipada delas. Tive a oportunidade de conversar com algumas, e cheguei a uma conclusão: as pessoas se escondem atrás das aparências.

Sei que isso pode soar um pouco óbvio. Acho que o que estou tentando dizer é que sempre pensei que as pessoas não fossem elas mesmas por medo de ser diferente, mas acabei percebendo que nem sempre é assim. Às vezes, não são as opiniões de outras pessoas que nos incomodam; aquilo que nos atinge, aquilo que nos faz sermos quem não somos, que faz com que usemos as aparências como escudo, são os medos que temos de nós mesmos. Medo de nossos pensamentos, de nossos sentimentos, da percepção que temos de acerca de quem somos. Ser outra pessoa, tornar-se outra pessoa, pode ser preferível a se olhar no espelho, e não ter certeza do que está vendo. Ao menos é assim que essas garotas pensam. Sendo bem sincera, isso me fez sentir um pouco de pena. Muitas vezes duvidei de mim mesma, fiquei para baixo, tive vontade de desistir — mas sempre que me olho no espelho, tenho certeza absoluta de que sou. Na verdade, foi essa certeza que carrego em minha mente e coração que me impediu de desabar. Eu me conheço. É triste, embora, que algumas pessoas não possam dizer o mesmo sobre si mesmas.

Enfim, acho que estou me aprofundando demais em algo que não tem lá tanta importância. De qualquer modo, a festa foi incrível. Dancei, cantei, gritei, chorei (de alegria, não se preocupe). Acho que nunca me senti tão leve em toda a minha vida. Despreocupada, vivendo somente o agora. Foi mágico, Quinn. Poder olhar para aquelas paredes, aqueles corredores, aquelas pessoas, e não sentir como se aqueles tivessem sido os piores anos da minha vida. Poder olhar para trás e ter coisas pelas quais sorrir. Isso não tem preço. Esse sentimento não tem preço.

Sei que a formatura pode ser assustadora. Agora eu compreendo. Quando temos amigos, memórias, parte de nossas vidas escritas no mesmo ambiente, com as mesmas pessoas, é difícil deixar isso para trás. Começar de novo. Sempre fica aquela dúvida, aquela pulga atrás da orelha. Tememos que a próxima etapa não seja tão boa; que não encontremos amigos tão bons; que os que temos acabem por ser tornar estranhos com o tempo. É um medo válido, acho, mas a vida precisa seguir em frente. Sim, talvez alguns fiquem para trás, mas isso não é motivo para temer. Uma coisa maravilhosa sobre o amanhã é que ele sempre é um novo dia, uma nova chance, uma nova oportunidade. Pode não ser bom, bem como pode ser incrível. E você sabe qual a grande diferença entre o bom e o ruim? Somos nós. As escolhas que fazemos, os caminhos que decidimos trilhar.

Assustador mesmo foi a mudança para Nova Iorque. Nunca fiquei tão nervosa e empolgada em toda a minha vida. Kitty e eu encontramos um bom apartamento, e depois que o arrumamos, ele ficou perfeito. Bem a nossa cara. Nós instituímos algumas regras, você sabe, para não virar uma bagunça — e tudo tem dado bastante certo. Sendo bem sincera, cheguei a imaginar que ela se cansaria de mim depois de um tempo. Não aconteceu até agora, então tenho esperanças que seja uma parceria duradoura (risos). Sei que não sou uma pessoa fácil de se lidar, ainda mais pelas manhãs. Tenho uma rotina bem rígida, que pode ser bastante incômoda. Mas ela me disse, certa vez, que acha nossa rotina reconfortante, então... Bem, estou feliz.

Nova Iorque é tudo o que eu tinha imaginado, e mais! As pessoas aqui são tão mente aberta, Quinn. Ninguém me olha estranho quando digo que tenho dois pais, e não soltam comentários preconceituosos. Vivi tanto tempo na bolha de Lima que cheguei a esquecer que nem todo mundo é assim. É bom viver nessa outra realidade. Claro que não é sempre um mar de flores, e algumas pessoas podem ser bem frias e mal educadas. Mas, no geral, não poderia reclamar.

Kitty e eu estamos tentando encontrar empregos de meio período, também. Há uma lanchonete aqui perto de nossa casa, e estamos pensando em tentar algo por lá. O salário não é essas coisas todas, mas seria um dinheiro exclusivamente nosso. Na verdade, é uma sorte que nossos pais estejam pagando nossas contas, mas desconfio que essa ajuda não vai durar muito tempo. Afinal, não é uma das experiências da faculdade nos ensinar a vivermos sozinhos? Pagarmos nossas próprias contas? Sinto que muito em breve a estaremos experienciando em sua plenitude (risos), mas enquanto isso não acontece, podemos aproveitar.

Muito bem, acho que já enrolei demais, não é? Vamos ao que realmente interessa: NYADA!!!! Quinn, nem em um milhão de anos eu imaginei que seria desse jeito. Quando disse que estava acostumada a viver na bolha de Lima, não me referia somente às pessoas, mas, sim, no geral. E no quadro geral, eu era única. Não quero soar arrogante, nem nada do tipo, mas dificilmente encontraria competição em Lima. Alguém que pudesse estar frente a frente comigo em talento. Obviamente, NYADA não é assim. Por ser uma Universidade tão seleta, todos aqui são extraordinários. Não bons, perfeitos, ou incríveis. Extraordinários. E isso me intimida. Não estava acostumada a ser apenas uma no meio da multidão — não nesse sentido. Não em relação a isso.

E meu Deus, Quinn, há esta professora de dança. O nome dela é Cassandra July, e teve seus quinze minutos de fama na Broadway. Entretanto, todas as suas chances foram para o ralo quando o celular de uma das pessoas que assistiam o seu espetáculo tocou, e ela avançou em cima do cara. Tipo, literalmente. Ela desceu do palco e atacou o coitado. Se você procurar crazy July no youtube, é bem provável que você encontre o vídeo. Deixe-me dizer, embora, que o que ela tem de loucura, tem de talento. Nunca vi uma dançarina tão boa em toda a minha vida. E ela me odeia.

Não, não estou exagerando. Ela me odeia. Eu cometi o erro de confrontá-la no primeiro dia, e ela tem me marcado desde então. Acho que a missão pessoal dela é fazer com que eu desista até o final do semestre. O que a senhorita July não sabe é que encontrou alguém tão teimosa quanto ela. Esse é meu sonho, minha oportunidade. Lidei com bullying minha vida inteira; não é agora que ele vai me fazer desistir. Ainda mais quando sinto que estou trilhando o caminho certo. Cassandra July, prepare-se para o furacão Berry (risos).

Ah, quase me esqueci! Apesar da Cassandra estar me levando a loucura, e NYADA ser muito mais puxada do que pensei que seria, há uma coisa boa em tudo isso. Como eu disse antes, aqui há muitas pessoas talentosas, únicas. Por um lado é ruim, contudo, por outro, acho que é a primeira vez em toda a minha vida que estou cercada de pessoas que realmente compreendem. Compreendem meus sonhos, minha vontade de vencer, o que passei. Pessoas que estiveram em situações semelhantes, e que também tiveram seus momentos de dúvida e medo. Pessoas que me inspiram a lutar com cada vez mais garra e força. Comecei a fazer alguns amigos por aqui. Só espero que sejam amizades duradouras, e que eu possa contar com elas quando precisar. Não quero leões em peles de cordeiro. Quero pessoas honestas, sinceras, autênticas. Como você.

Senti tanta falta disso. Escrever para você. Prometo que não demorarei tanto da próxima vez, embora, você sabe, pode ser que leve um tempo até você responder. Não sei onde você está servindo, e se você tem internet por aí. Espero que tenha. Se não tiver... Bem, sempre tem as cartas, não é? (risos). Mas tenho fé de que tudo vai se resolver, minha doce Quinn.

Já escrevi demais, não é? (risos). Espero que esteja tudo bem com você. Espero que você esteja sorrindo, que esteja dormindo bem, que não esteja sendo atormentada pelos fantasmas do passado. Espero que você esteja feliz.

Com carinho,

Rachel.




*




10/09/2012

Eu fiz. Escrevi para Quinn. Já estava na hora, e acho que meus nervos não iam me permitir enrolar por mais tempo.

A verdade é que gostaria de entender o que se passa em meu coração antes de mandar o primeiro e-mail. Queria entender mais sobre como ela faz eu me sentir, só que fracassei completamente. Estou tão perto de descobrir como me sinto quanto o ser humano está de colocar os pés em outro planeta do nosso sistema solar. E, quer saber?, vou parar de tentar. É como se estivesse travando uma batalha contra mim mesma, e isso não tem me causado nenhum bem.

Tudo o que sei é que sinto a falta dela. Meu coração dói com essa ausência, e não posso mais suportar esse aperto no peito. Fui tão tola. Onde estava com a cabeça para achar que demorar para escrever era uma boa ideia? Só espero que ela possa me responder rápido.

Gostaria de poder abraçá-la. Forte. E nunca mais largar.

Isso só me deixa ainda mais confusa, mas acho que está tudo bem. Talvez a confusão nem sempre seja uma coisa ruim.




*




De: Quinn Fabray (qfabray@zwer.com)

Para: Rachel Berry (rachelberry@zwer.com)

Assunto: Re: O tempo e o coração.



Querida Rachel,

Às vezes eu sinto como se meu coração fosse parar de bater. Como nesse momento em que abri minha caixa de mensagens, e encontrei uma sua. Acho que ninguém avisou ao meu coração que se ele parar de funcionar, não poderei mais lhe responder. Então melhor ele continuar batendo se souber o que é bom para ele (risos).

Confesso que estive esperando por isso há bastante tempo. Sendo bem fraca, tive medo que você tivesse desistido e não fosse mais me enviar mensagens. E como não tinha seu endereço eletrônico, não tinha como enviar uma eu mesma. Você quase me mata de preocupação, senhorita Berry. Por três meses imaginei as piores coisas, e foi a espera mais agoniante que já tive em minha vida. Mas eu compreendo. Sei que só estava sendo paranóica — o que Santana deixou bem claro diversas vezes —, e cheguei a falar com o Sam, que me garantiu que estava tudo bem. Ainda assim... Bem, isso não importa mais.

Atualmente, o lugar onde estou tem internet, o que é uma coisa boa. Porém, não sei por quanto tempo vamos ficar aqui, porque temos nos movido algumas vezes nos últimos meses. Não posso falar muito sobre isso, claro, e também não é algo que importe muito. Só quero que você saiba que pode acalmar sua própria mente inquieta. Estou bem, prometo (risos).

A rotina tem sido um pouco puxada — mais do que o de costume —, e houve uma briga entre dois soldados recentemente, então o clima por aqui não anda um dos mais divertidos. Todos estão mais sérios, mais fechados. O que não é tão incomum para pessoas que estão há tanto tempo longe de casa. Entretanto, o bom humor é o que nos leva adiante. É o que nos faz permanecer fortes. Companheirismo, confiança, respeito. São coisas fundamentais por aqui. Sei que logo tudo vai voltar ao normal, sempre volta. Acho que a saudade de casa deixa todo mundo um pouco na ponta dos pés, mas quanto a isso, não há nada que possa ser feito.

Certo, chega de falar sobre mim. Acho que nunca disse tanto sobre minha vida aqui quanto agora, não é? (risos). Mas prefiro falar sobre você. É um dos meus assuntos favoritos.

Sobre sua festa de formatura... Sinto muito que não possa ter lhe concedido a honra de ter uma dança ao meu lado (risos). Não sou mesmo uma dançarina muito boa, então provavelmente teria pisado nos seus pés, ou coisa assim. Ok, tudo bem, não sou tão ruim a esse ponto (risos), só estou um pouco fora de forma. Fico verdadeiramente feliz em saber que você se divertiu.

Sabe, às vezes eu fico me perguntando se você consegue ver. Eu tenho uma visão de fora, então para mim é bastante claro, porém não tenho certeza que você enxergue. Você tem noção do quanto evoluiu, Rachel? Sei que você sabe que tudo na sua vida mudou, mas não é a isso que me refiro. Você mudou. Não uma mudança drástica que tenha a transformado numa pessoa completamente diferente, contudo, uma significativa para ser bem perceptível a essa altura. Quando eu a conheci, você tentava se mostrar forte. Logo na sua primeira carta você foi me contando sua história, erguendo seus muros, certificando-se de que eu não iria quebrá-los. Lamento-lhe informar que o fiz. Não da maneira que nenhuma de nós duas imaginou, mas o fiz.

Você tentava parecer forte, mas não se sentia assim. Você erguia a cabeça, seguia em frente, e aguentava firmemente todas as pedras que apareciam no caminho. O que percebi é que, apesar disso, por dentro você se sentia frágil, como se estivesse prestes a quebrar. Você levantava suas paredes para impedir que as pessoas atingissem o lugar que realmente podia te destruir, e deixava que eles acertassem todos os outros cantos, porque o seu lugar secreto estava seguro.

Agora, você sabe que é forte. Vejo essa mudança em você. Você não tem medo de se jogar e se machucar, porque você sabe que se acontecer, alguém vai estar lá para juntar os cacos. Você deixou de lado os seus muros, e embora isso te deixe mais vulnerável, também faz com que você seja mais forte. Você permitiu que pessoas entrassem. Permitiu que elas dessem uma olhada naquela Rachel escondida em um canto de você. A Rachel que você não queria dividir com mais ninguém.

Gosto que você a compartilhe comigo. Aos meus olhos, isso torna você ainda mais bonita, mais especial.

Então você pode imaginar que sua felicidade me traz felicidade. Eu vi acontecer. Não estava por perto para ver pessoalmente, mas há outras formas de enxergar uma pessoa. Outras formas de notá-las. E nós encontramos uma delas. A forma das palavras.

Espero que sua acompanhante tenha a feito sorrir. Espero que ela tenha feito sua noite ser especial - porque se alguém merecia isso, esse alguém é você —, e espero que tenha sido uma boa companhia. Confesso que sinto um pouco de inveja por ela poder ter estado ao seu lado o tempo inteiro, quando eu mesma não posso nem ouvir o som da sua voz. Mas cada passo a seu tempo, não é? :)

Também acho triste que algumas pessoas não percebam o quanto são belas, únicas e especiais. Muitas passam um bom tempo procurando alguém que as façam se sentir assim, sem perceber que a única pessoa que tem o poder de fazer isso somos nós mesmas. Se não acreditarmos que somos incríveis, então como outra pessoa - que provavelmente também não consegue enxergar isso nela mesma — vai conseguir? É preciso aprender a se amar para amar completamente outra pessoa. Aceitar os próprios defeitos, e aceitar que todos são limitados. Muito embora algumas pessoas finjam ser perfeitas, elas não são. Um pequeno lembrete importante, o qual costumamos constantemente ignorar.

Agora, veja bem, não estou dizendo que outras pessoas não possam mudar nossas visões de nós mesmas. Claro que podem. Só estou dizendo que o processo não começa com elas, começa com a gente. Se não houver pelo menos uma parte dentro de nós que acredite nessas coisas, por mais ínfima que seja, as chances de sucesso não são lá muito grandes. Apesar de que nunca deve se dizer nunca.

Formaturas são mesmo assustadoras. Lembro da minha como se fosse ontem. É engraçado os medos bobos que carregamos no peito, só para perceber, lá na frente, que não tínhamos nada a temer. É completamente normal, embora. Todos nós sentimos medo de mudanças, do futuro, do desconhecido. Não é esse o motivo pelo qual estamos sempre buscando resposta para tudo? Gostamos de saber, não de ficar perdidos no escuro.

Imagino que tenha sido bem difícil para você e Kitty no começo — a propósito, você pode dizer a ela que Santana está mandando um oi? (Não exatamente nessas palavras, você sabe, é a Santana; todavia, sei que é essa a intenção) —, porque os primeiros passos são sempre os piores. É como andar na bicicleta sem rodinhas pela primeira vez. Você precisa algum tempo para aprender a se equilibrar, e talvez algumas quedas, mas no final, você aprende. Que bom que você encontrou um lugar para chamar de lar. É realmente maravilhoso!

Sei que a faculdade pode parecer assustadora, ainda mais com esse tanto de gente talentosa ao seu redor, mas quero que você me prometa uma coisa. Não duvide de si mesma. Não duvide do que você é capaz. Você disse que é uma escola seleta, com poucas admissões ao ano. Você ganhou uma dessas vagas. Você é uma dessas pessoas incríveis que está começando a trilhar seu caminho para um futuro maravilhoso. Se ajudar, não pense neles como competição. Pense como futuro colegas de profissão. E você nunca será apenas uma no meio da multidão. Não acho que isso seja possível, Rach. Você se destaca em absolutamente tudo.

Ah, e sobre o emprego... Pode ser uma boa ideia. Não digo pelo dinheiro, mas sei que às vezes você vai precisar de um tempo. Um lugar para não pensar sobre os deveres e responsabilidades. Ter um emprego certamente faria isso por você — mas não vá se exceder, ok? Não faça nada que não esteja dentro das suas possibilidades. Além disso, também é importante você ter seu momento de descanso. Tire alguns minutos do seu dia para fazer algo que você gosta. Algo que te faça esquecer de tudo, e que coloque um sorriso no seu rosto. Ajuda bastante, garanto.

Nossa, essa professora parece dureza (risos). Nesses momentos que fico feliz por nunca ter passado por isso... Tudo bem, isso não foi de grande ajuda (risos). Mas é assim que se fala, Rach. Se essa mulher quer transformar sua vida num Inferno, não deixe. Sei que parece mais fácil falar do que fazer... Na verdade, é mesmo mais fácil falar.... Mas o controle está nas suas mãos. Sempre esteve. No final do dia, quem decide se vai continuar forte ou não é você. E você não é do tipo de mulher que desiste a qualquer dificuldade (uma das muitas coisas que admiro em você).

Prove a ela que você é muito mais do que ela imagina. E se ela não quiser enxergar, se ela escolher ser essa pessoa tão amargurada que não consegue se alegrar com a felicidade dos outros, então problema dela. Só espero que ela ao menos seja uma boa professora, e apesar de sua "loucura", faça o seu melhor para que vocês realmente aprendam.

Espero que você encontre amigos verdadeiros aí. Sei que pode ser complicado no começo, mas acredito que vá ficar tudo bem. Que você vai ficar bem.

Senti sua falta, Rach, mais do que palavras conseguem transmitir. Espero ouvir logo notícias suas. Acho que meu coração não aguentaria mais uma espera tão longa quanto essa (risos). Estou sendo dramática, não é? A culpa é toda sua, senhorita Berry (risos).

Até logo!

Com carinho,

Quinn.



*




05/10/2012

Não consigo parar de pensar em meus antigos relacionamentos. Em como não estive apaixonada em nenhum deles, e que aqueles rapazes não foram capazes de fazer o que Rachel faz a mim, e ela o faz só com palavras. Palavras que sequer foram pronunciadas. Não me parece certo eu me sentir desse jeito por alguém que nunca conheci pessoalmente. Alguém que nunca pude tocar, abraçar ou beijar.

Será que meu coração está me sabotando? Não entendo porque de todas as pessoas no mundo, tem que ser ela. Por quê? Como? O que exatamente ela fez para me conquistar assim? Não consigo parar de pensar nela, e quando penso, meu coração começa a bater mais rápido. Eu me sinto tão fraca. Fraca por não conseguir fazer com que esse sentimento desapareça; fraca por não conseguir controlar meus pensamentos; fraca por sequer lutar contra isso. Acho que simplesmente aceitei. O céu é azul, as nuvens são brancas, eu estou apaixonada por Rachel. Como algo que não pudesse ser mudado. Ou talvez algo que eu não queira mudar. Não sei ao certo.

Gostaria de poder conversar com Santana sobre isso, mas não consigo. Ainda vejo dor em seus olhos, e sei a marca que um amor perdido deixou. Não quero ver isso. Não quero ver a dor dela, porque tenho medo de um dia me olhar no espelho, e a encontrar em meus olhos. Tenho medo que também deixe marcas em mim. Tenho medo de sentir essa dor com tanta intensidade quanto Santana sentiu.

Não acredito que Rachel me machucaria de propósito, mas essa é a coisa sobre magoar alguém: às vezes, nós o fazemos sem ter a intenção.

Amor é um risco que não escolhemos correr. Como todos os riscos, ele pode te destruir. Mas também pode acabar valendo a pena.


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Notas finais do capítulo

É isso, pessoal, até o próximo! :D