Anjo Pecador : A Volta Do Anjo escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 21
Viveme - Parte 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/490641/chapter/21

POV Maria Fernanda

Talvez eu cobrasse de mais, talvez eu esperasse demais dela. Mas foi e ainda é dessa forma que ela me olha. Ela sempre quer o maior e extraordinário resultado de mim, mesmo ela já sabendo que eu sou coberta pela maldade. O meu mundo era esse, minha diversão era destruir as pessoas e meu sorriso sempre era de felicidade pela infelicidade dos outros. Mesmo eles me amando eu gostava de machucar cada um deles.

Eu tinha vontade de sumir, porque assim metade desses problemas sumiriam junto á mim. Se eu nunca existisse tudo acabaria com Maria e Estevão sendo ‘’felizes para sempre’’. Na verdade, Maria só queria que eu me espelhasse nela. Por isso ela sempre chora quando eu repito que nunca serei boa e que me impressiono com as pessoas...

Eu não preciso de frases nem de conselhos. Não preciso que ninguém diga para que eu seja forte. Eu preciso de alguém que me abrace e com esse abraço eu me sinta completa. Preciso que alguém me fale que sempre dará tudo certo, que me mostre as cores do verdadeiro céu. Necessito de alguém que se preocupe comigo por extremo, que se preocupe até com o que penso. Mas por mais que eu procure eu não acho ninguém que me entenda.

Amor? Não, isso não me serve no momento.

Ódio? De quem e de que?

Esperança? Todas morreram com a minha infância.

Compaixão? Não sei o que isso significa.

Bondade? Se destruiu com o tempo.

Eu não sei mais quem sou, não sei mais quem serei. Estou com a minha alma em chamas toda vez que lembro que nunca serei feliz. Eu quero ser feliz, mas sempre há algo ou alguém que me impede de ser. Minha mente esta despedaçada, minha alma em chamas, meu coração agora só pulso o sangue que contem egoísmo e maldade.

–Se sente ameaçada, querida? –Escuto uma voz masculina e me viro. –È horrível criar a sua própria prisão. –Christiano fala e eu fico zonza. –A mente é confusa.

–E você é desagradável. Quem te chamou aqui? –Pergunto com raiva por ter a sua presença.

–A sua mente. –Fala e eu suspiro pesadamente. –Você esta tão péssima que até seus filhos perceberiam.

–Me conte como é ser um bom pai ou boa mãe, senhor. –Falo com os olhos acirrados. –Seus filhos são um bom exemplo.

–Primeiro terá que me falar como é ser uma boa mentirosa. –Fala. –Você é igual a Victória, um cofre fechado com a sua chave perdida no oceano.

–Eu não vou cometer o mesmo erro dela. –Falo olhando para ele. –Não serei boa como todos querem.

–Boa? Ninguém é santo. –Fala parecendo me entender. –Mais se você não quiser ver as verdadeiras cores do céu sua vida sempre será repleta de tempestades. –Fala e eu me surpreendo com ele. Ele me entendia de alguma forma.

–Você encontrou a chave do meu cofre no enorme oceano? –Pergunto irônica e sinto seu rosto se aproximar do meu.

–Eu já sabia qual era a chave. Apenas não encontrei a mente a qual ela pertencia. –Fala se aproximando mais perto de mim.

–Então não a perca. –Falo. Logo sinto seus lábios no meu. Logo sinto o que ele realmente sentia.

Mesmo sendo proibido eu gostava. Aquela era a minha vingança por não ter a minha felicidade. Aquele era o momento mais perfeito. Parecia que com ele eu me sentia completa, me sentia a pessoa mais doce e inocente de todas. Parecia que havia uma esperança dentro de mim, e que ele havia descoberto em frações de segundos.

–O que deu em você? –Pergunto interrompendo o beijo.

–A julgada julgando o julgador? –Pergunta cínico e me beija novamente.

–Realmente não há pior cego do que aquele que não quer ver. –Escuto a voz de minha mãe. –No meu caso fui cega duas vezes.

–Mamãe...

–Você como sempre sabe as fraquezas dos outros. –Minha mãe olhando para Christiano de uma forma bem furiosa. –Quando falam que nossas famílias vão se unir querem dizer que sua filha vai se casar com o meu filho. Não que você vai se aproveitar da minha filha. –Minha mãe fala deixando o clima tenso. –Alias meu filho nem deveria ter se casado com a sua filha.

–E anos atrás estávamos preste a fazer a mesma escolha. –Christiano fala a deixando brava.

–Já parou para imaginar que ela poderia ter sido sua filha? –Minha mãe pergunta com a sua mão perto do meu rosto. –Imagine agora eu beijando o seu filho.

–São casos bem diferentes. –Christiano fala com medo do que ela ainda iria falar.

–O casamento dos nossos filhos acabou de acontecer. –Ela fala andando perto dele. –Mas meu filho poderá enviuvar amanhã. –Minha mãe fala me dando medo. –Ou eu poderia matar a minha própria filha para não ter o mesmo destino que o meu.

–Você não mudou. –Christiano fala me deixando confusa. –Continua manipuladora como sempre.

–Não se surpreenda agora, querido. Maria Fernanda será igual ou pior. –Fala dando um sorriso estridente. –Coração de mãe não engana...

(...)

Aquela conversa que tive com a minha mãe e Christiano depois que eu e ele nos beijamos me deixou muito aflita. Minha mãe estava me dando medo todo momento que me olhava, ou ate mesmo que sorria para mim.

–Não quer dançar ,irmã? –Fernando José pergunta irônico e eu sorrio.

–Com quem deixou sua esposa? –Pergunto me levantando da mesa.

–Com a sogra. –Ele fala e eu percebo que em fim minha mãe se ocupou com algo que não fosse me olhar torto. –Vamos? –Pergunta. Logo aceito dançar com ele em meio ao enorme salão. A música que estava tocando era Viveme , a letra da musica me lembrava muito Maria a Estevão. E assim que olho ao meu redor percebo que eles também dançavam.

–Eu sempre quis dançar com você porque...Na sua festa de quinze anos não me permitiram. –Fala assim que começamos a dançar. –Até hoje me pergunto como fui me apaixonar pela minha própria irmã.

–Até parece que não somos irmãos. –Falo olhando em seus olhos. –Parecia...

–Mas em breve você poderá se tornar a minha madrasta. Fala sorrindo e eu o olho surpresa. –Acha que não percebo o olhar apaixonado do meu sogro em você? –Pergunta perto do meu ouvido.

–Ele apenas me achou bonita. –Falo suspirando pesado.

–Esqueça...

–E quando meu sobrinho nasce? –Pergunto me lembrando da gravidez de Catharina.

–Em breve. –Fala e apoia sua cabeça no meu ombro e eu sorrio. O certo seria eu apoiar a minha cabeça no ombro dele. –Seja mais velha que eu hoje. –Pede esquecendo que eu sou a mulher, e que a mulher sempre apoia sua cabeça no ombro do seu par.

–As pessoas estão nos olhando estranho. –Falo percebendo os olhares de espanto. Fecho meus olhos e dançamos a musica conforme seu ritmo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Anjo Pecador : A Volta Do Anjo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.