“{...} Amante?”

–Eu... O que você disse? – Eu digo, com a voz trêmula.

–Não se faça de boba. – Maxon não trazia emoção na voz.

–Que?...O qu...que? - Eu gaguejei. Não havia saída.

–MEU DEUS! AMERICA! SEJA SINCERA UMA VEZ COMIGO, APENAS UMA VEZ! – Ele gritou, exasperado.

Suspirei.

Não tinha nada a ser dito. Se ele sabia de Aspen, eu estava em suas mãos. Se eu estava... Aspen também! Uma raiva me consumiu.

–FOI VOCÊ! MANDOU ASPEN PARA OUTRA PROVÍNCIA! – Gritei. Aspen ainda fazia parte da minha história, apesar de ter mentido para mim, ele teve um papel (falsamente) importante. E se Maxon fez alguma coisa com ele, por minha causa, eu carregaria a culpa pelo resto da vida.

–VEJA! – Ele aponta pra mim e bate palmas. – VOCÊ SABE DO QUE EU ESTOU FALANDO.

Reviro os olhos.

–É eu sei. E você sabia que eu saberia. – Maxon arque a uma das sobrancelhas. Ele não queria a verdade? Recupero a calma, respirando fundo. – Você não respondeu minha pergunta.

–Você é inacreditável! – Ele me olhava incrédulo. – Eu estou na sua frente, e você se preocupa com ele assim? Não tem nem a decência de fingir que não liga? É o que uma pessoa normal faria.

–Uma pessoa normal na sua perspectiva! – Devolvi irritada. – De onde venho, se preocupam com quem foi importante, apesar de tudo. Não se dá as costas em um piscar de olhos.

Seus olhos se arregalaram e seu olhar perdeu o foco. Maxon soltou uma risada triste, sarcástica.

–Eu aprendi muito cedo a não dar as costas. – Seria menos dolorido ter tomado um tapa.

“As chibatadas”. – Penso. Mas não vou retirar o que disse. Maxon falou desse jeito apenas para me atingir.

Dei de ombros.

–Você. Não. Respondeu. A. Minha. Pergunta. – Falo pausadamente.

–INFERNO! NÃO, NÃO! – Ele explode, e eu sinto um alívio.- Foi meu pai, segundo ele, não sou capaz de separar os soldados certos.

–Tudo bem.

–Por que? Preocupada em não ter para quem correr depois de sair do castelo? – Indaga. Quase vejo a acidez escorrer por seus lábios.

–Eu irei embora?

–Ainda acha que não? America, você traiu seu príncipe! Me agradeça por não condenar a Aspen e à você. – Maxon vai em direção a porta. – Não era o que queria? Estou dando-lhe seu último desejo no palácio.

Ele pôs a mão na maçaneta e eu soltei uma risada. Maxon se virou, perplexo.

–O que...

–Você não vai me eliminar fácil assim. – Eu o interrompo. – Lembre-se, que essa Seleção não é somente sua.

–Não importa, meu pai também não há quer aqui. – Ele se vira para a porta novamente.

–Cá entre nós, Giovane sabe como dobrar o rei, melhor do que ninguém!

Seus ombros caiem e ele me encara.

–Então não é somente Aspen! Ele entra para a sua lista também? Cada vez você me surpreende mais.

–E você tem feito exatamente o que durante todos esses meses? – Cuspo. – Agora a ficha está caindo. Não era nem tanto pela traição, claro! Você está me “odiando” tanto, porque eu também tenho o benefício da escolha! Esse é seu medo! Não ser escolhido!

#POV MAXON

America me conhecia tão bem! Ela soube do meu medo, antes mesmo de mim.

Porém, eu que tinha a razão aqui. Não me renderia assim.

–Não seja ridícula... – Eu começo, mas ela continua com seu raciocínio:

–Claro, você achava que meus olhos estavam apenas no seu amor. Sendo, que existem dois que também me querem! Quando descobriu sobre Aspen, preferiu me desafiar, se esconder. Para que? Para que eu fosse atrás! Para que eu desse a prova de que realmente escolhia você!

E era a verdade. Eu não queria viver sem ela. Eu não saberia. Não queria dar a ela o benefício da dúvida não porque ela poderia escolher outro – claro, isso também.

Mas talvez, mais porque ela deveria escolher outro.

Veja bem, eu não era tão irônico ou atrevido quanto Giovane. Não era tão fascinado e tão dedicado ao meu trabalho quanto Aspen. E saber que America poderia ver isso, me levava a perguntar:

Por que eu?

–Não importa mais. – Falei mais para mim mesmo. – Se você quer ir adiante com isso, ótimo. Mas saiba que só um príncipe quer a sua mão. E com toda certeza, no momento, não sou eu.

#POV AMERICA

E assim, Maxon saiu batendo a porta.

Suspiro, derrotada. Eu não queria nem um outro. Só ele. Mas, era bom saber que ele tinha um medo em comum comigo.

Suas palavras me machucaram e muito. Meu propósito é maior, sim, eu sei. Isso não me impede de cair no choro, lembrando de tudo o que estou deixando de lado.

Eu queria ir embora, gostaria de fugir para bem longe. Mas eu tinha uma nova onda de energia para começar o dia seguinte. Eu tinha uma nova missão, meio que pessoal.

Receber o brilho de entusiasmo dos olhos de Lucy, de outros olhares. E ganhar mais sorrisos como aquele.

Amanhã é o dia da minha decisão. Amanhã é sexta-feira. Amanhã tem Jornal de Íllea. Amanhã é o dia em que eu finalmente aceito o plano nortista. Amanhã eu entro para os sulistas.