O dia amanheceu muito cedo.

Sentia dores por todo corpo. Anne insistiu para mim ir a enfermaria, pedi apenas alguns analgésicos. E desci para o café, só depois de prometer que se as dores aumentassem iria ao médico.

Tudo estava como de costume. O café delicioso, com um novo doce brasileiro, goiabada.

Hoje como era segunda, teríamos aula com Silvia. Mas fomos liberadas graças ao ataque.

O ataque.

Deixou tudo bagunçado no palácio, mas como de costume hoje de manhã tudo estava em seu lugar.

Giovane não estava no café.

Maxon tinha um encontro com Kriss.

Aspen não o vi em lugar algum desde de ontem.

E eu não estava com muito apetite naquela manhã. As dores no corpo estavam fortes. Por fim, resolvi dar uma volta pelo palácio, mais especificamente no jardim.

Deveria ter ido a qualquer outro lugar menos ali. Onde Maxon e Kriss estavam abraçados, deitados em uma grande toalha. Quando finalmente sai do transe de olhar Maxon ali, com uma das únicas amigas que tinha aqui dentro, dei meia volta o mais rápido que pude.

Então colidi com.. Giovane. Ele não estava do jeito que eu pensei que fosse ficar. Ele estava muito, muito melhor do que minhas expectativas.

Caímos no jardim, perto de uma arvore ( uma figueira). Rimos tão que chamamos a atenção das duas pessoas que eu menos queria ver no momento.

—America? - Maxon chegou perto de mim, o suficiente para deixar Kriss me olhando de uma forma sinistra. - Giovane?

—Maninho? - Por Deus, Giovane não se cansava de ser irônico?.

Maxon estendeu a mão, para me ajudar.

—O que vocês fazem aqui? - A voz de Maxon era uma mistura de ciúmes e preocupação.

Tomei fôlego para dizer a verdade, mas fui interrompida por meu querido amigo irônico.

—Viemos dar um passeio. Assim como você e adorável senhorita Kriss.

As dores estavam ficando mais fortes.

—Isso é verdade, America? - Dessa vez a pergunta foi diretamente para mim.

Fui interrompida, de novo, adivinhem por quem.

—Claro que é verdade. Eu também posso ter encontros com as selecionadas, esqueceu maninho? E pelo o que eu me lembro America é uma selecionada.

Estava de queixo caído.

Então, Kriss surpreendeu a todos.

—Bem já que estamos todos aqui, que tal um piquenique de casais?

Aquilo doeu. Ela e Maxon já eram um casal? Mas eu e Giovane não. Maxon parecia estar pensando a mesma coisa que eu.

—Por que não? - Giovane disse - O café que me trouxeram no quarto não estava lá essas coisas.

As dores no corpo estavam extremamente fortes.

—Tudo bem. - Disse por fim.

Maxon apenas sacudiu a cabeça, em sinal de concordância.

Então fomos lá nós quatro, para a grande toalha, que a pouco era usada para o abraço do "casal". 

Andamos lado a lado. (N/A:: Da direita para a esquerda. ) Giovane, eu, Maxon e Kriss.

Percebi que enquanto caminhávamos Maxon tentou pegar minha mão, mas Kriss, de algum jeito tropeçou e ele foi ajuda-la. Revirei os olhos. Giovane percebeu e riu discretamente. Sorri também.

Quando chegamos ao lugar do piquenique, sentamos e em questão de segundos estávamos devorando tudo o que tinha na cesta. Acho que ninguém comeu bem no café.

E o silencio reina. Deixando todos constrangidos.

—E então senhorita America, senhorita Kriss, - Giovane falou de repente. - O que estão achando de mim?

Senti o rubor em minhas bochechas, se estalarem por todo o meu rosto em questão de segundos.

Kriss, por sua vez, parecia calma. Respondeu da forma mais formal possível.

—Príncipe Giovane, não tive a oportunidade de ter uma conversa com você, então não posso dizer muito a seu respeito.

—Vamos mudar essas palavras, senhorita Kriss.

—Assim espero, príncipe Giovane.

Foi impressão minha ou Kriss e Giovane se deram "muuuito bem"?

—E você America? - Dessa vez quem perguntou foi Maxon.

Não poderia dar uma resposta parecida com a de Kriss, Giovane e eu já passamos tempo o suficiente juntos para eu formar uma opinião a seu respeito. Estava em um beco sem saída. Não poderia magoar nenhum dos dois a minha frente. Maxon meu amor, Giovane meu meio amigo. Os dois pareciam aflitos por uma resposta, então dei a resposta que achei mais apropriada.

—Você Príncipe Giovane? - Tentei fazer a voz mais inocente possível, tentando ganhar tempo. 

—Eu mesmo, senhorita America. - Para meu azar Giovane sabia que jogo eu queria jogar. 

Se saísse correndo, alguém perceberia? 

—Você ganhou certa admiração minha. Não só por ter salvado minha vida, - Acrescentei quando vi a expressão conformada de Giovane - Mas por vir para esse mundo, de reis, rainhas, festas etc.. - Eu gesticulava muito com as mãos, possivelmente mostrando que estava muito nervosa. - Mesmo sem experiência alguma. 

De certa forma fui sincera. Mas faltava alguma coisa, eu sabia. Só não sabia o que.

Os olhares de todos eram indecifráveis.

As dores de repente sumiram. Então senti um arrepio em minha espinha. Só não entedia por que.

Foi ai que senti de novo. Giovane passava uma de suas mãos em minhas costas, me olhando com aprovação? Como um pai faz com uma filha quando ela tira notas altas na escola. Mas aos olhos de Maxon e Kriss aquilo não era um simples toque. Era uma demonstração de afeto, que eu estava recebendo de um dos dois príncipes que escolheriam uma esposa.

Tentei tirar da maneira mais delicada possível a mão de Giovane de minhas costas, pegando um copo de suco do outro lado da toalha.

—Bom acho melhor entrarmos - Maxon disse, com um certo sorriso nos lábios. - Já está quase na hora do almoço. 

Que fome teríamos? 

—Com toda a razão, maninho . - Giovane não pareceu se abalar por eu recuar a seu toque.

— Eu a acompanho America. - Senti um novo arrepio - Assim Giovane e Kriss podem se conhecer melhor.

Com essas palavras nos levantamos e seguimos para dentro do castelo.