A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 25
Capitulo 23 - A partida


Notas iniciais do capítulo

Na Grécia o pavão bate pela ultima vez as suas asas. Enquanto isso Deimos chega ao país nórdico decidido a controlar o país dos deuses do norte. Ele lidera um exército poderoso e mortal, mas Asgard não está tão desprotegida quanto ele pensa. Ao mesmo tempo Seiya parte do santuário acompanhado de um grupo rumo a Alemanha.



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Capítulo 23 - A partida

Em frente a casa de Aries havia um grande batalhão reunido. O exército estava dividido em dois grupos de largas fileiras de guerreiros. Nas linhas de frente estavam os soldados berserkers enfileirados montados em grandes cavalos negros marcados com símbolos vermelhos antigos de força e agilidade. Os cavalos tinham couraças negras feitas de Onyx que cobriam a fronte da cabeça, a lateral do pescoço e as quatro patas. Os olhos dos cavalos eram negros e a íris dos seus olhos eram como chamas vivas. Os soldados montados nos cavalos traziam lanças e escudos em suas mãos. Logo atrás da cavalaria, em maior número, estavam os soldados armados com arcos e flechas. Todos em cima de uma biga e cada uma presa a dois cavalos negros.

Atrás dos arqueiros estavam os soldados armados com espadas e lanças. Todos os soldados berserkers vestiam uma onyx mais simples. Seus elmos tinham chifres encurvados para frente, a face era coberta pela máscara de uma caveira, o corpo era totalmente coberto pelo traje de guerra e no peito da armadura tinha um rosto com olhos arregalados e boca aberta representando que aqueles eram os soldados do exército do Terror. O exército de Deimos. Por último estavam os gigantes de peles acinzentadas que traziam imensos globos de ferros pontiagudos nas mãos. Deviam ter mais ou menos uns três metros de altura. A pele cinza era seca e enrugada. Desprovidos de pelos em todo o corpo, os olhos eram grandes e vermelhos, a boca era repleta de dentes podres e afiados e vestiam trajes de couro grosso com espetos de ferro. São seres bárbaros de notável força e crueldade.

Deimos surgiu saindo da casa de Áries acompanhado de Draco, Hayato e outro berserker que escondia seu rosto dentro do elmo. Atrás deles estava Malkereth de Baal e os outros cinco berserkers. Deimos parou diante da escadaria e fez sinal com a mão mandando Hayato e os demais berserkes. Eles descerem as escadas e subiram em cima das quadrigas. Eram cinco quadrigas com fortes rodas de ferro e cada uma era puxada por quatro cavalos negros.

Draco apareceu logo em seguida ao lado de Deimos. O jovem deus vestia sua onyx verde escamosa, trazia seu elmo debaixo do braço direito e sua espada embainhada nas costas.

— Nosso pai está ficando mais forte a cada dia. — disse Draco. — No momento ele ainda repousa por causa dos danos que sofreu selado. Ele está aguardando a próxima lua de sangue.

— Ele falou algo sobre a guerra? — perguntou Deimos.

— Apenas algumas preocupações. Ordens foram dadas para Phobos cumprir. Quando estivermos indo para Asgard eu contarei tudo. Não vamos fazer expressões diante dos soldados que olham para o seu deus com tanta admiração.

— Oito berserkers, um deus e um bando de soldados. Esse é o exército que vai derrubar Asgard? — disse Phobos, se aproximando de Deimos e Draco.

Deimos olhou para o irmão por cima do ombro e voltou a olhar o exército.

— Não precisaria de tanto, mas não quero fazer desdém do exército asgardiano. Veio se despedir?

— Apenas vim lhe lembrar para primeiro não atacar Asgard, mas tentar dominar através de um...

Deimos levantou a mão mandando Phobos se calar.

— Meu exército, minhas ordens. Querem Asgard sobre o nosso domínio, certo?! Então não importa como isso vai acontecer, a cidade nórdica vai se curvar. E vai ser do meu jeito. — Deimos se virou e colocou a mão no ombro do irmão. — Nos vemos daqui a alguns dias. Vamos Draco!!

Deimos desceu as escadas, acompanhado de Draco, se dirigindo até a sua quadriga. O deus do Terror estralou as rédeas e os cavalos avançaram no meio do exército, se dirigindo ao vilarejo de rodorio. As outras quatro quadrigas foram logo atrás e em seguida todo o exército seguiu marchando. Phobos ficou acompanhando o exército se afastar do santuário seguindo para o vilarejo.

Após o vilarejo estava o porto do litoral onde os navios estavam ancorados esperando a chegada de Deimos.

— Que essa sua idiotice nos traga a vitória. — Phobos trazia em sua mão uma carta com um selo dourado em alto relevo. O selo tinha o símbolo de uma lança, o símbolo de Ares.

Um corvo grasnou enquanto se aproximava do Santuário. Phobos olhou atentamente para a ave e deu meia volta entrando na casa de Aries e se dirigindo para o salão do Grande Mestre. A ave passou por ele e parecia também se dirigir ao salão.

A porta do salão se abriu e Phobos entrou, vestindo o peito, ombro e braço de sua Onyx e uma calça preta de couro que estava ensacada dentro da bota da Onyx. Os olhos azuis do deus, que sempre se apresentam calmos, agora demonstravam preocupação. Na grande mesa que estava no centro do salão tinha um homem sentado comendo e bebendo em uma taça dourada transbordando com vinho. Dionísio parou o garfo para olhar para Phobos e depois voltou a comer.

— Onde esteve Dionísio? — perguntou Phobos, parando próximo ao deus. — Desde o dia em que minha mãe partiu você não aparece mais por aqui. Sempre se mantem em atividades afastadas.

Dionisio pousou o garfo no prato e tomou um gole do vinho.

— Não lembro de ser submisso a você. Não se preocupe comigo. A carta que recebeu de Roma parece que veio do próprio Ares. — respondeu o deus, olhando para o símbolo da carta que Phobos trazia na mão. — Para estar com esse olhar de preocupação, não deve ser nada agradável. Então não venha querer direcionar seus problemas para mim. Que importância eu tenho nisso tudo?! E se não percebeu, o seu berserker está logo ali diante de Anteros... — ele apontou com o queixo. — Você deu a ele uma missão, certo?!

Phobos cerrou a mão, apertando a carta, e se afastou da mesa indo até o trono de Anteros, passando por um berserker que estava ajoelhado diante do trono. Anteros estava sentado trajando as roupas de Grande Mestre, mas dessa vez sem o elmo. Seus cabelos roxos caiam em seu ombro e seus olhos prateados olhavam para Phobos que se aproximava.

— Ele já partiu? — perguntou Anteros.

— Sim. Amanhã pela manhã já deve estar em Asgard provavelmente.

— Temos algumas notícias. — disse Anteros, olhando para o berserker que estava ajoelhado diante dele.

— Hugo de Corvo. — disse Phobos, reconhecendo seu berserker. — Algum sinal do Fênix?

— Sim, meu senhor! — respondeu o jovem. Hugo era um jovem magro com cabelo verde claro curto, olhos dourados e pele pálida. Vestia uma onyx negra simples se comparada a de Hayato. — Senti o crepitar do cosmo de Ikki em dois locais. Primeiro foi na província de Messina, na Ilha Sicília, e depois em Paris, a capital da França. A barreira da Itália não anunciou a presença de Fênix porque ela não se estende até a Ilha Sicília por causa do deus que reside no monte Etna. O Fênix parece estar escondendo a sua presença como se soubesse que está sendo seguido.

— Então ele está mesmo vivo. — Anteros sorriu.

— Fênix não é tolo. Por precaução deve estar escondendo seu cosmo para que não seja encontrado. — Concluiu Phobos. — Ele sabe que iriamos caçá-lo em algum momento. Ele é um homem perigoso enquanto estiver vivo. Uma das ordens de Afrodite é para que Fênix seja morto. Para ela se preocupar assim com esse homem, ele deve ser uma pedra afiada em nosso caminho.

— Fui interceptado na Itália pelos berserkers que fazem a guarda do Senhor Ares e da Senhora Afrodite. Tive que relatar para eles o motivo de minha missão. — Mencionou Hugo. — Quando eu disse que ele estava na França, a senhora Afrodite apresentou uma preocupação maior e reforçou a necessidade de capturarmos o Fênix o mais rápido possível.

— Sendo assim... Guardas!! — chamou Phobos e logo dois soldados entraram no grande salão. — Procurem Enyalios imediatamente! Ikki é um oponente que merece um deus como seu caçador.

— Não seja agora tão impulsivo. — disse Dionísio, ainda sentado na grande mesa. —  Enviar Enyalios para caçar Ikki?! Vai deslocar um deus para matar um Cavaleiro de Bronze?! Eu sei que ele é forte, é protegido pela constelação de Fênix e é irmão do Andrômeda, mas não precisa exagerar enviando um deus para isso. 

— Você está zombando de mim, não é? — perguntou o deus do medo. Dessa vez a calma tinha saído totalmente do rosto do deus e pela primeira vez ele mostrou traços de ira.

Dionisio sorriu.

— Um pouco talvez.

— Ora seu... — Phobos serrou o punho e deu um passo para frente, mas parou ao olhar para os olhos de Dionísio. Os olhos do deus estavam brilhando com um intenso cosmo. Uma energia superior a de Phobos. Era um poder digno de fazê-lo estar entre os doze Olimpianos.

— Melhor acalmar os nervos, Phobos. Parece que quanto mais a forca aperta, mais você perde o controle. Envie um berserker ou um Espírito da Guerra. Acho que você já tem preocupação demais em suas mãos para deslocar um deus daqui para caçar o Fênix. Pense bem.

— Não será necessário, senhor. — disse Hugo.

— E por que não? — perguntou Dionísio.

— A senhorita Afrodite ordenou que deixássemos isso com ela. Que ela vai cuidar do Fênix já que ele está na França. Alguns berserkers estão com ela. Talvez ela ordene a eles que façam o serviço. — Concluiu Hugo — Ela solicitou que o senhor cancelasse essa missão e desse prioridade as demais.

— Muito bem, mas alguma coisa? — perguntou Anteros.

— Não senhor!

— Então já pode se retirar, Hugo! — ordenou Anteros

— Licença senhor. — Hugo fez reverencia e se retirou da sala junto com os guardas.

— Agora conte-me sobre essa tal carta Phobos. — disse Anteros.

Phobos abriu a carta e começou a ler.

"Contento que Atena esteja morta e o Santuário sob o nosso domínio, mas não somos deuses pacificadores. Percebo que Asgard está para ser invadida, mas não devem parar por aí. Em sequência eu quero o domínio de Senkyou, dos Jewels de Vouivre e dos países que são líderes mundiais.

Todas as ameaças devem ser imediatamente aniquiladas, mas soube que o Pégaso ainda está vivo. Não sabia que poderiam ser tão incompetentes. Estou ciente do plano do Cavaleiro de Altar que manipulou essa Guerra Santa, mas isso não importa, pois ele é um humano e nós somos deuses. Somos nós quem damos o último veredito. Não é tolerável que os deuses vivam debaixo dos caprichos de um boneco de barro querendo brincar de deus do destino. Eu exijo a morte do Pégaso e de todos aqueles que se apresentam como rebeldes.

Lembrem-se que os olhos do Olimpo estão voltados para nós. Com Zeus fora do Olimpo, Hades derrotado e Poseidon selado, é Apolo quem governa o monte dos deuses. Aquela criança não tolera falhas, então não falhem. Somos aparentemente a última carta do Olimpo.  — Ares"

—Apolo está mesmo no comando do Olimpo? Quem diria. E pelo visto vocês tem uma lista de matança nas mãos, mas sem nomes, basicamente. Deveria mandar para ele um relatório sobre a morte do cavaleiro de ouro de Libra e aqueles dois cavaleiros de bronze. —  Disse Dionísio. — Talvez isso já acalme ele. — o deus se levantou e logo as criadas apareceram para tirar os pratos da mesa. — Seria uma pena se falhassem. Uma pena mesmo. Licença.

Dionísio sumiu pela porta lateral do salão.

— O que eu menos preciso agora é de um deus despreocupado zombando da situação. — disse Phobos, para Anteros.

— Uma coisa ele está certo. Temos uma lista de mortes, mas sem nomes. — Anteros olhou para Phobos. — O que pretende fazer? Vai atacar Senkyou ao mesmo tempo em que Asgard está sendo invadida?

— Não! Vou fazer em sequência. Após Asgard ser conquistada, irei cuidar do resto. Enquanto isso devemos voltar nossas atenções novamente para Seiya e os outros. Foi um erro não ter deixado Draco ir atrás de Seiya e os outros. Subestimamos eles mais uma vez.

— Um erro nosso é sempre subestimar os humanos. O berserker de Quimera, Alec, Tourmaline e alguns soldados continuam fazendo vistorias na floresta a procura deles. — disse Anteros.

— Intensifique essa busca então por todo o Santuário. Mova até os Cavaleiros de Ouro se for preciso. Se avistá-los, devem matá-los de imediato.

Anteros ergueu uma sobrancelha com uma expressão de dúvida.

— O que te leva a crer que eles vão sair da floresta? — perguntou Anteros.

— Eles não vão passar o resto da vida deles lá. Eles vão querer salvar Atena. Isso é óbvio. Atena foi para o Tártaro e aquele cavaleiro, Delfos, também foi ao ser consumido pelo fogo eterno. Por qual motivo ele faria isso? Nitidamente ele foi até lá para resgatar Atena.

— Bobagem!! — reagiu Anteros. — Mesmo que ele tenha ido nessa intenção, eles não podem sair de lá. Atena ou ele não tem esse poder. É necessário que um deus que domine as habilidades daquele mundo faça isso. Nem mesmo Zeus tem o poder de abrir e fechar a porta do Tártaro. Ainda mais por dentro.

— Não vamos subestimá-los. Apenas estou esperando eles darem mais um passo.

—...—


Floresta sagrada de Atena – Noite de lua nova

— Vamos nos separar! — disse Alec para tourmaline. Eles estavam na floresta, no mesmo lugar onde Seiya e Jake lutaram. O local ainda estava devastado, uma ferida na floresta. — Eu vou para o lado oeste e você vai para o lado leste.

Tourmaline acenou e saiu correndo entre as arvores. Alec ficou parado olhando Tourmaline sumir na floresta até seu cosmo se afastar, o suficiente para ele se quer sentir a sua presença.

— Por que veio até aqui? — Aparentemente ele estava sozinho na floresta, mas Alec se virou e olhou para o alto da arvore. — Desça já daí!

Uma sombra se mexeu e uma mulher saltou pousando graciosamente no chão. Era uma formosa mulher vestindo um vestido branco rodado apertado na cintura. Tinha algumas faixas brancas de curativo no braço e alguns arranhões no rosto. Seus cabelos longos loiros e olhos verdes deixavam ela encantadora mesmo estando tão machucada.

— Se arriscou em vir até aqui. Tourmaline poderia ter notado a sua presença. — disse Alec para a mulher. — Existe soldados espalhados pela floresta.

— Mas você sentiu a minha presença, não foi?! E mesmo assim não comentou nada com ela. — disse a mulher se aproximando dele.

— Não pode esconder seu cosmo de mim...

— Assim como você também não pode esconder seu cosmo de mim... Alec. — A mulher parou diante dele olhando em seus olhos.

— Pavlin...

Os olhos dela estavam cheios de lagrimas. Ela estava feliz em revê-lo.

— O que deu em você? Por que você traiu o seu mestre e Atena? Alec, eu conheço você tão bem quanto qualquer outro. — Ela colocou a mão em cima do peito de Alec. — Eu conhecia tão bem seu coração e nunca vi uma maldade ou ambição. Então por quê?! — lagrimas escorreram dos seus olhos. — Por que nos traiu? Por que você me traiu?

— Pare. — Delicadamente ele colocou as duas mãos no rosto dela. — Eu jamais trairia você. Apenas escolhi aquilo que seria bom para nós.

— Nosso lugar é servindo Atena e não Ares.

— Esqueça Atena! — Alec segurou nas mãos dela e a afastou do seu peito. — Ela está morta e nada podemos fazer.

— Podemos sim! Nós iremos para a Alemanha amanhã de manhã. Iremos falar com Thanatos para que ele abra o Portão do Tártaro. — Pavlin o abraçou. — Eu amo você, Alec. Junte-se a nós. Salvaremos a senhorita Atena juntos e daremos um fim a Ares. Alec!! Por favor...

Ele a abraçou e acariciou os seus cabelos.

— Entendi. Então existe realmente um meio de salvar Atena?! Mas Pavlin...

— Sim? — ainda abraçada ela levantou a cabeça para olhar para Alec, mas arregalou os olhos ao ver os olhos dele mudarem do azul para um laranja claro. Aqueles olhos não eram do homem que ela amava.

— Você é uma tola. — Aquele sorriso também já não era mais de Alec.

O ar ficou gélido. O cabelo loiro dele cresceu e mudou de cor, para um azul acinzentado. O corpo ficou mais forte e a pele mais pálida e fria. A armadura de prata ficou negra e se modelou transformando-se em uma Onyx. Um elmo de leão com chifres de carneiro cobriu a cabeça do berserker, um par de ombreiras com formato de cabeça de serpente cobriu seu ombro e um par de asas abriu em suas costas. Assustada, Pavlin tentou sair dos braços do berseker, mas qualquer esforço mostrou ser em vão.

— Tão tola em vir até aqui ao sentir a presença do seu amado. — disse ele, zombando da confusão que inundava nos olhos de Pavlin.

— Quem é você? — perguntou ela, sem entender o que estava acontecendo.

O berserker segurou Pavlin pelo pescoço e a ergueu para o alto, enforcando-a.

— Sou Anatoleo berserker de Quimera do exército do Medo. — disse ele, com um sorriso maligno. — Assumiu um grande risco vindo até aqui por causa de um sentimento tão tolo como o amor. Não pensei que essa ilusão fosse chamar logo a sua atenção dentro da barreira com tanto sucesso.

Pavlin fez força para sair dos braços de Anatole, então ele a soltou e ela deu um salto para trás.

— Então você queria chamar a minha atenção? — perguntou ela

— Não exatamente você. A de qualquer tolo que sentisse a presença dele e tivesse a idiota ideia de vir até aqui. Eu esperava que o mestre dele viesse, mas você serve, afinal, trouxe para mim uma informação tentadora. — o berserker se aproximou de Pavlin com um sorriso malicioso. Ela não conseguia se mexer, presa pelo forte cosmo que emanava dele. A presença dele estava dando calafrios e a fazia suar mesmo não estando com calor. Garras negras e afiadas cresceram nas mãos de Anatole — O senhor Phobos ficará contente em saber o que me falou.

Pavlin se esforçou para sair da paralisia e correu contra Anatole, saltando e girando no ar para aplicar um chute, mas ele parou o ataque com um dedo e repeliu o golpe lançando Pavlin para trás.

Anatole sorriu.

— Ora essa, que presa mais agitada... — se movendo em uma velocidade absurda, Anatole deu um chute na barriga de Pavlin antes que ela se recuperasse. Ela foi arremessada e caiu no chão e antes que tentasse se levantar o berserker pisou em cima da sua perna prendendo Pavlin no chão. — Vejamos... — Houve um estralo seguido por um desesperado grito de dor. Anatole pisou com toda força no joelho de Pavlin quebrando os ossos. — Assim você não vai mais se levantar.

Ele a segurou pelo pescoço e a levantou com uma só mão, apertado com tanta força o pescoço da Saintia que sangue escorreu quando suas unhas começaram a cravar na pele dela.

— Podia ter sido pior, sabe. — disse ele sobre a perna dela. — Quando você saiu da barreira eu pensei em arrancar a sua cabeça, mas achei melhor ver o que poderia sair de interessante dessa sua boca. — Pavlin estava com dificuldades para respirar e já não conseguia mexer uma perna. Com os braços ela tentava se soltar das garras de Anatole, mas todo esforço era em vão. — Perca de tempo se contorcer assim feito um verme. Você vai morrer logo, isso é certo, mas antes quero que saiba que todos os seus amiguinhos que estão dentro da barreira irão morrer amanhã de manhã assim que derem o primeiro passo para fora. Quando chegar no outro mundo eu quero que você fique se lamentando por ser tão burra. Tão ingênua.

— Eu... Não vou morrer... Sem dar um golpe. — O cosmo de Pavlin se elevou.

— Todos vocês são assim? Teimosos?! Se fizer isso, se conseguir me acertar com um misero golpe, morrerá da mesma forma. Não adianta. — alertou o berserker. — Olhe ao seu redor. Sinta-se abandonada por Atena e por todos. Está sozinha na floresta se debatendo nas garras do seu inimigo. Você vai morrer agonizando nessa floresta fria, sentirá as formigas carnívoras devorarem você lentamente. 

Pavlin segurou na mão de Anatole e elevou o cosmo. O berserker sorriu e com o braço livre ele cravou sua mão na barriga dela. Pavlin cuspiu sangue e mais sangue espirrou do ferimento no rosto de Anatole, que pareceu não se importar. Ele lambeu a mão e sorriu novamente. O vestido branco de Pavlin já não era mais branco. Estava tingindo em um vermelho escarlate.

— Estou perdendo muito sangue... — pensou Pavlin.

— Como você é idiota! — O cosmo de Anatole se elevou tão alto quanto o cosmo da saintia. — Impacto imperial!! — Ele lançou Pavlin contra o chão segurando em seu pescoço. Uma cratera se abria enquanto o golpe fazia Pavlin afundar no chão. Seus olhos ficaram vidrados olhando para Anatole rindo com um sorriso perverso. Sangue escorreu de sua boca e logo o chão ficou ensopado devido ao ferimento de sua cabeça. — Para que sua morte seja mais tranquila...

Anatole mudou novamente sua aparência e tomou a forma de Alec.

— A última coisa que você vai ver é a imagem do seu amado... — Ele ergueu o braço e apontou a mão para o peito de Pavlin. As garras afiadas estavam prontas para rasgar a pele da sacerdotisa. — Cravando a mão no seu coração! Morra!!

O braço de Anatole desceu, mas parou no meio do trajeto.

— Não... Vou deixá-la morrer aos poucos. — Ele deu um soco no rosto de Pavlin e se afastou. — Que graça teria em matar você assim tão rápido?!

Uma sequência de chute foi iniciada. Pavlin passou a ser pisada e chutada como se fosse um objeto qualquer. Dava para ouvir os ossos de sua costela estralando e quebrando. Anatole gargalhava de prazer. Um sorriso largo e os olhos vidrados como de um assassino viciado em torturas. 

— Pare!! — Um homem gritou.

Anatole parou quando ia dar mais um chute e se virou para avistar Alec parado e arfando com os olhos arregalados vidrados em Pavlin, que estava caída no chão sangrando e tentando desesperadamente respirar. Certamente uma das costelas havia perfurado seu pulmão.

— O que você fez com ela?! — perguntou Alec, gritando.

Ele elevou o seu cosmo de forma tão poderosa e espantosa que Anatole deu um passo para trás. Sua expressão era cautelosa, porém não assustada. Havia uma cautela naquele olhar que Alec não gostou.

— Ela saiu da barreira e eu estou matando-a. — respondeu o berserker sem um pingo de remorso.

Os olhos de Alec estavam vidrados em Anatole e naquele olhar havia apenas ódio. Tourmaline apareceu alguns metros atrás de Alec e parou ao avistá-los.

— Pavlin? — disse a saintia espantada. — Meu Deus! Deixe-a Anatole! Agora!

Anatole olhou para Alec.

— Está com raiva, não é? Não me diga que você ainda a ama? — Ele sorriu. — Sim, você ainda gosta dela. — Aquele tom de voz presunçoso era diretamente para atingir Alec. O olhar de Alec se estreitou. — Está bem. Pode se despedir dela e depois a mate. Acabei o que tinha para fazer aqui. Irei ao salão do Grande Mestre. — Anatole passou ao lado de Alec e parou pousando a mão no ombro do cavaleiro. — Se eu desconfiar que você está traindo o Senhor Ares, eu vou matar você da pior forma possível. 

Anatole elevou o cosmo e se dissolveu em um vulto negro que subiu aos céus e sumiu.

Alec correu até Pavlin e a tomou nos braços. Ela estava fria, com a pele pálida devido a grande perda de sangue. Mesmo com dor ela esboçou um sorriso ao vê-lo novamente, mas agora era o Alec de verdade. Ela chorou sentindo aliviada, mas ao mesmo tempo indignada. Anatole tinha brincado com os sentimentos dela de uma forma fria e imperdoável.

— Alec...

— Não! Não fale nada! Por favor. — disse ele, chorando. — Você perdeu muito sangue... — Alec virou-se para Tourmaline — Tourmaline, por favor, me ajude! Faça alguma! Por favor!!

Ela balançou a cabeça.

— Não há mais nada que se possa fazer, Alec. Ela vai morrer. — disse ela e deu meia volta sumindo novamente em meio as arvores.

— Não! Não é verdade! Podemos levar para a Ilha dos Curandeiros! — gritou. — TOURMALINE!!

O grito de Alec ecoou na floresta. Pavlin esticou a mão para o rosto dele e o puxou para que ele olhasse para ela.

— Alec, escute... Ela está certa. Não há mais nada que se possa fazer. — Lagrimas escorreram de seus olhos.

— Tem que haver alguma coisa que possamos fazer. — disse ele para Pavlin. — Vou pedir ao senhor Dionísio para que cure seus ferimentos. Ele tem compaixão pelos humanos. Ele... Ele...

— Alec... — Ele parou e olhou para ela. Os olhos dela estavam cheios de lagrimas e o azul dos seus olhos brilhavam no rosto branco. Ela estendeu a mão para ele. — Venha até aqui.

Ele se jogou contra ela abraçando o máximo que podia. Ele podia sentir o coração dela batendo cada vez mais fraco. O peito descendo e subindo com dificuldades para respirar.

— Não vou deixá-la morrer. — disse ele. — Eu te amo!

— Não temos escolha. Parece que nunca temos, não é? — ela tentou sorrir. — Eu também te amo como nunca amei ninguém. — Ela olhou para o céu. — O céu... Está tão lindo. — disse sorrindo.

Ainda abraçado com ela, lagrimas escorreram dos olhos de Alec.

— Não sei por que você traiu Atena, mas eu peço que você a salve. Eu falhei ao contar o plano a Anatole e agora Seiya e os outros correm perigo. — Alec se afastou para olhar para ela. — Por mim Alec... por mim. Ajude-os! Não vou poder salvar a senhorita Atena, mas... Mas você e eles podem. Você me promete?

— Prometo.

— Obrigada. — Pavlin sorriu. — Diga a ela... A senhorita Atena, que eu peço desculpas por não poder ir salvá-la pessoalmente. Falhei como sua sacerdotisa. Não consegui cuidar dela como deveria, mas diga a ela... Que eu a amava e sempre quis ver em seu rosto... Alegria. — Pavlin sorriu ao mesmo tempo em que seu corpo ficou rígido, a cabeça caindo para trás e os olhos fechando lentamente cheios de lagrimas.

O coração de Alec acelerou.

— Pavlin?!! — Ele a sacudia, mas ela não dava nenhum sinal. Ele colocou a mão no peito dela, mas as batidas do coração já haviam sessado. — Não! Pavlin! Não! NÃO!!! — gritou, beijando o rosto e abraçando-a forte. — Pavlin!

—...—


Extremo norte da Europa

Dez navios negros com três grandiosos mastros, velas acinzentadas e com esculturas de um guerreiro segurando uma lança em cada proa dos navios, estavam cruzando o oceano indo em direção ao extremo norte da Europa. Para Asgard.

— Sem sérios danos, senhor. A tempestade de ontem a noite apenas conseguiu rasgar algumas velas, mas já foram reparadas. — disse um soldado berserker para Deimos, que estava na prova do navio principal.

— Certo.

— Licença senhor. — disse o soldado e se retirou.

— Ser pensativo não faz o seu tipo. — disse Draco, se aproximando e se colocando ao lado de Deimos. — Ainda está pensando sobre as ordens que o senhor Ares mandou para Phobos?

— Se eu falhar, ele vai arrancar a minha cabeça. Sem dúvidas. — disse Deimos.

— Com certeza! Então se prepare para não falhar. O observador sinalizou que avistou terra firme. Asgard está próximo.

— Ótimo! Draco!! Leve os navios para o leste de Asgard! É o único lugar aonde as quadrigas e bigas vão poder correr. Irei para o navio da cavalaria e dos arqueiros e seguirei com eles. — ordenou Deimos, se afastando da proa. — A cavalaria irá subir pela escadaria de oração onde a sacerdotisa faz as preces para Odin. Os arqueiros irão permanecer nos navios prontos para atirar quando eu der o sinal.

— Entendi. — respondeu Draco, mas algo no céu chamou a atenção do deus. Pontos luminosos estavam indo em direção aos navios. Eram dezenas, não, centenas de pontos luminosos. — Deimos!! — chamou Draco apontando para o céu. — Estamos sob ataque!

Flechas de fogo estavam cruzando o céu e indo contra os navios. Draco estendeu a mão e pulverizou as flechas, mas as poucas que atingiram os navios foi o suficiente para danificar as velas e atear fogo nos mastros.

— Isso foi um ataque organizado. — disse Hayato se aproximando de Draco.

Um soldado correu até a proa do navio.

— Senhor Deimos é melhor recuarmos!! — gritou o soldado. Não era um berserker, era um soldado grego que cuidava dos reparos dos navios.

Deimos olhou para ele e seus olhos brilharam. O soldado ficou paralisado e então explodiu lavando o piso do navio com sangue, membros e órgãos.

— Não pisem no sangue desse covarde. Só podia ser soldado do santuário. Um berserker jamais falaria tais palavras para mim. — disse Deimos, com repudio.

— Deimos, o que faremos? — perguntou Draco.

— Parece que o exército de Asgard nos espera. Então iremos invadir o país nórdico de frente. Draco e Hayato, vocês vêm comigo. — Deimos olhou para o outro berserker que ficou no navio. — Vlad, guie os navios com as bigas para o leste de Asgard. A cavalaria e os arqueiros devem seguir as mesmas ordens dadas anteriormente. Berserkers!! Por Ares!! Alala!!

— Por Ares!! Alala!! — gritou os berserkers em um único coral.

Tambores começaram a ser ouvidos vindo de Asgard. A cidade nórdica parecia estar preparada para a invasão.

— Hoje Asgard terá o seu último crepúsculo. — Declarou Deimos

—...—


Floresta Sagrada de Atena - Santuário

Todos estavam reunidos do lado de fora da cabana. O sol brilhava forte e seus raios de luz atravessam a densa floresta e iluminava o pequeno espaço aberto.

— Prestem atenção! — disse Asclépio. — Não podem usar teletransporte ou elevar o cosmo depois que saírem da barreira. Mantenham as armaduras dentro de vocês. Unidas ao cosmo. Vocês vão por aquele caminho ali. — Asclépio apontou para o outro lado da floresta, o lado oposto de onde Seiya e os outros tinham vindo quando fugiram da prisão. — Vocês vão sair na encruzilhada que corta o caminho entre a saída do santuário e o vilarejo de rodorio. Alkes vai guiá-los até uma embarcação onde Shina aguarda por vocês.

— Por que você não foi com ela? — perguntou Seiya, para Retsu.

— Jake me viu na floresta naquele dia. Deve ter relatado que eu sou um traidor. Para não arriscar, Shina optou em ir sozinha na frente. — explicou Retsu.

Shun estava olhando para o grupo e para a cabana. Algo lhe incomodava.

— Onde está Pavlin? — perguntou Shun.

Ninguém parecia ter notado a ausência dela.

— Eu a vi saindo com Shina ontem à noite quando Shina foi para rodorio. — disse Nachi.

— Então Pavlin deve estar com ela. — Concluiu Jabu.

— Muito bem, sabem o que fazer. Devem manter total descrição até chegarem na Alemanha. Conversem com Thanatos, convençam ele a ajudar. — disse Asclépio. — Não posso sair daqui por causa do meu pai, mas no caminho vou tentar ajudar vocês sempre que puder, mas Delfos me adiantou que inimigos e aliados iriam aparecer no caminho de vocês, então cuidado.

— Asclépio... — Seiya se aproximou do deus e estendeu a mão. Asclépio sorriu e apertou a mão de Seiya. — Muito obrigado.

— Não há por que agradecer. Agora vão!!

Todos esboçaram um sorriso e correram em direção a floresta. Alkes olhou para trás e viu o seu mestre, o deus Asclépio, com aquele olhar de preocupação que ele sempre teve quando olhava para Alkes. Era como um pai temendo a vida do seu filho que estava indo para a guerra.

Seiya, Shun, Alkes, Retsu, Jabu e Nachi entraram na floresta.

— Que Nike abençoe vocês. — disse Asclépio, observando os jovens entrando cada vez mais dentro da floresta.

—...—


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Notas finais do capítulo

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Nesse grupo você acompanha o lançamento dos capítulos e ainda tem acesso ao perfil e histórico de alguns cavaleiros.


Próximo capitulo: A guerra em Asgard começa e logo a neve fica coberta de sangue. Aliados poderosos vão aparecer em Asgard, mas nenhum aparentou causar desconforto a Deimos. Pelo contrario. O deus sanguinário ficou ainda mais contente. No santuário uma "barreira de
gigante" surgi para deter o avanço de Seiya.

Capitulo 24: Aurora divina. O guerreiro valente!




Obrigado a todos que ainda permanecem aqui comigo e seja bem vindo você que está começando a me acompanhar. Lembre-se, opinião e sugestão são sempre bem vindas.



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