Time escrita por Becky Cahill Hirts
Notas iniciais do capítulo
[corrigido dia: 31/03/2015]
O moreno sorria sozinho... Havia, no final das contas, domado a leoa. Atena, segundo Poseidon, estava claramente apaixonada por ele. O moreno ria-se tanto, mas tanto, que qualquer deus, ninfa ou qualquer outro ser, que passasse por ele, o encarava assustado.
Poseidon se dirigiu aos seus aposentos no Olimpo, afim de ir encontrar a deusa dos olhos tempestosos mais tarde, para fazer-lhe uma surpresa.
Por mais que não quisesse admitir... Poseidon sabia que toda a sua gargalhada era de felicidade. Por trás de seus olhos vitoriosos se escondiam olhares apaixonados... Ele a amava, e isto estava claro, embora o moreno forçasse um sarcasmo irritante, para se enganar disto.
Mal sabia ele... Que estava a um passo de perdê-la para sempre.
Time
Para sempre...
Atena lia um pergaminho onde o mocinho prometerá amar a donzela para sempre, e Atena não conseguia parar de suspirar aos pés de imensas estantes de pergaminhos grossos e velhos. Ela queria aquilo... Queria algo que fosse “para sempre”.
Enquanto devorava página após página daquele romance bobo que a encantará, Atena suspirava, doce e melodicamente... Como uma pequena adolescente apaixonada, com ares de sonhadora.
Por inúmeras vezes Atena olhava pela janela, imaginando-se como a protagonista, e por vezes seu par era um certo moreno de olhos cor de esmeraldas... A bela jovem sentada sobre as pernas em diversas almofadas no coração do Olimpo deixava escapar pela janela aberta seus olhos e devaneios... Mas todas as vezes que olhava pela janela, e imaginava como seria sua vida longe daquele lugar, seus olhos cinzentos voltavam-se para o livro, sem conseguir suportar a ideia de viver longe daquilo.
— Estas agindo como tola — disse-lhe Ártemis, ao aparecer na biblioteca perto da hora do almoço — Sabes, melhor que ninguém, que o amor é para os fracos.
— Se o amor é para os fracos — disse Atena, olhando nos olhos verdes da irmã dos cabelos sangrentos — Por favor, permita-me ser fraca, pois nada quero da vida sem o amor... — suas palavras tocaram Ártemis, a deusa que havia feito seu juramento há não muitos anos, que, com nojo dos próprios sentimentos, apenas marchou para fora da sala.
Sem ser interrompida, Atena folheou o pergaminho como quem come uma torta. Rápido e vorazmente, sem deixar nada para depois.
Quando estava quase chegando no clímax do conto, quando, após muitas batalhas o mocinho finalmente consegue voltar para casa, para o leito de sua amada...
— Posso sentar-me? — Atena ouviu a voz rouca e máscula de alguém a porta. Mal percebera o tempo passando, e ao olhar assustada pela janela notou que já deveria estar escurecendo.
Poseidon riu da expressão assustada da deusa, e permitiu-se sentar ao lado de sua amada, embora nem ele soubesse sobre estes sentimentos.
— Por favor... — disse Atena, mas ao se virar para onde o moreno estava, se viu mergulhando em olhos verdes. Se viu perdida no mais belo e poderoso mar... Atena recuou, levando as mãos a cabeça, claramente confusa. — Oh... Perdão... Não vi que... Bem, perdão — disse ela, rindo nervosamente.
Poseidon limitou-se a rir com ela, por apenas alguns minutos até tudo ficar em um constante silêncio e Atena lembrar-se que deveria odiá-lo.
Estes pensamentos fizeram o estomago da deusa pular, e um triste olhar vagou por sua face, todavia Poseidon não notou e lhe fez seu convite.
— Atena, dar-me-ia a honra de me acompanhar amanhã?Em um passeio no Partenon? — ele olhava para ela, de maneira tão delirante que a deusa não hesitou em aceitar o convite, claramente encantada. — Vejo-lhe amanhã, as seis da tarde, na entrada para o Partenon.
Time
E no dia seguinte lá estava ela, cinco para as seis, sentada na entrada do seu templo. Vendo mortais passarem para lá, e para cá... Mal contará ela, para o bem de suas sacerdotisas, que estaria ali, então esperava fazer-lhes uma surpresa. Animava-se com a ideia, já que a tempos não via suas fieis servas.
E assim foi se passando o tempo... Cinco minutos... Dez... E assim por diante, até a lua começar a se erguer, dando inicio a uma bela noite de lua cheia. Atena bufava, irritada por esperar. Depois de muito tempo, Atena cansou-se de esperar pelo deus do mar, e tratou logo de entrar e visitar suas meninas.
Estava irritada, brava e nervosa, mas esperava que a visão de suas sacerdotisas trabalhando a deixasse animada. Atena sabia que as jovens haviam passado por poucas e boas, mas realmente esperava que tudo estivesse em ordem.
Primeiro as viu, Esteno e Euríale, irmãs de Medusa. As duas pareciam nervosas, andando de um lado para o outro na porta de seu grande salão, o lugar mais ligado a Atena possível, onde jovens mulheres faziam suas rezas a deusa da sabedoria, onde grandes monarcas lhe pediam ajuda, e também, um dos lugares que Atena mais gostava.
As suas sabiam como era Atena, pois a deusa já havia se mostrado para elas, todavia os olhos de Esteno se arregalaram ao vê-la, coberta por apenas um manto nude e com as sandálias cravadas em pedras preciosas. Atena tirou seu manto, que tapava-lhe o rosto, revelando uma linda cascata de cachos cor de ouro.
Esteno cutucou Euríale, que fez uma expressão surpresa ao ver a deusa e correu para beijar-lhe os pés, puxando a irmã para fazer o mesmo.
— Oh, minhas doces meninas — disse Atena, ajudando as duas a se levantarem. — Não precisa disto tudo, sabem que sou apenas eu. — A deusa permitiu-se rir, como raramente fazia na presença mortal. Ela realmente confiava e amava suas sacerdotisas.
— A-Atena... Minha senhora — começou Euríale, olhando nervosamente para os olhos da irmã.
— O que faz aqui, ô deusa de todos os saberes? — continuou Esteno, tentando suar calma e confiante.
— Vim visitar minhas sacerdotisas — disse Atena, que embora mantinha um sorriso no rosto começava a duvidar dos atos das sacerdotisas, achando que havia algo errado no local — Não posso? — perguntou, erguendo as sobrancelhas.
Tanto Esteno, quanto Euríale, olharam nervosas para a deusa, mas logo soltaram uma risada nervosa e falaram juntas:
— Oh, não... Claro que pode! Só... — continuo somente Euríale. — Por que não nos avisaste? Poderíamos ter-lhe preparado uma recepção mais calorosa... Ou até mesmo chá...
Atena observou as duas trocarem mais um olhar nervoso, e irritada do jeito que estava, perguntou-lhes:
— Onde está Medusa? — quanto tocou no nome da irmã mais nova as duas se entreolharam, como quem esconde um segredo. Atena, brava com tudo aquilo, disse novamente. — O que estão me escondendo? Onde esta Medusa? — Dessa vez sua voz bradou pelo Partenon.
Como não obteve resposta das duas sacerdotisas, Atena andou até a porta de carvalho, que dava lugar ao seu templo mais intimo, aquele lugar que ela gostava tanto, porém, ao tocar no trinco ouviu as duas outras chorarem e gritarem:
— Por favor, não entre ai! — disse Esteno, puxando a mão da deusa.
— Ela não estava em juízo perfeito! Apenas pediu-nos para guardar a porta! — continuo Euríale, com lágrimas trasbordando-lhe a face. Nervosa, Atena abriu a porta em um folego só, jogando as jovens para trás.
A cena na sua frente a cobriu de nojo.
No quarto, a sua frente encontrava-se Poseidon, e no seu colo uma jovem despida. Ambos deitados sobre uma estatua... A estatua de Atena!
Eles... eles... Atena não conseguia terminar de formar o pensamento... Seu Poseidon... O único deus que fazia seu coração bater mais forte, que a fazia acreditar em coisas bonitas... Que fizera a deusa acreditar no amor... Estava dormindo ao lado de outra mulher!
Atena gritou, e seu grito acordou os dois indivíduos que olharam nervosos para ela. Medusa, corada, levantou-se sem jeito, enquanto Poseidon olhava nervoso para os lados, como uma caça aos olhos de uma caçadora.
— Como fizeram isso no meu templo? — gritou a deusa, com muito nojo presente em cada palavra, cada silaba...
— A-Atena... — Poseidon tentou dizer, mas a deusa o calou com o olhar, virando-se para Medusa.
—Eu lhe acolhi! Lhe dei casa, teto, um trabalho! — disse a deusa, com tanto nojo da morena a frente que suas palavras lhe eram confusas. — Te salvei de um homem para você se perder com um?!
— Perdoe-me... — tentou Medusa, mas a mesma não conseguia demonstrar nenhum sinal de arrependimento. — Ele... — disse a mulher. — Ele tentou me seduzir e eu fui fraca! Perdoe-me minha senhora! — Medusa se jogou nos pés de Atena, que recuou, sentindo o gosto de bile na garganta.
— O que você fez? — perguntou Atena, irradiando raiva e ódio para todo lugar que olhava.
— Atena... Não — tentou dizer Poseidon — Eu não fiz isso... Por favor, confie em mim... — ele tentou segurar seu braço, tentando forçar a deusa a olhá-lo, mas a mesma limitou-se a empurrá-lo para trás.
Era assim que Atena se sentia.
Cansada e irada.
— Não posso fazê-lo pagar pelo que fez! — Falou a deusa, olhando raivosamente para os olhos cor de mar de Poseidon, uma última vez. Uma última e raivosa vez. — Mas posso fazê-la pagar — disse, olhando para Medusa — Você, e todos aqueles que se ousam voltar contra mim — proferiu, olhando para as irmãs de Medusa, que olhavam a cena com lágrimas na porta. — E vocês serão um meio de não deixar ninguém esquecer... Medusa e as górgonas... — murmurou a deusa, apreciando a forma como as palavras saiam de sua boca, venenosas, mortíferas... Voraz... — Agora e para sempre, vocês pagaram pela sua fraqueza!
A deusa lançou um último olhar raivoso em direção a suas antigas sacerdotisas... Pouco a pouco, a transformação começou...
Seus cabelos, antes sedosos e brilhantes, agora eram cobras, víboras iguais as donas, suas unhas viraram pedras afiadas, projetando sangue e veneno. Sua pela, que uma vez fora macia e bela, se tornou em algo como escamas,de um verde musgo... Seus olhos vermelhos, sem pupilas, sem íris... Apenas uma fenda vermelha scarlet.
Poseidon grunhiu ao ver o resultado, apavorado com o que fez com Atena... Seu coração doía, pois ele sabia que acabará de perder, talvez para sempre, a única mulher que realmente amou! Tudo porque se deixou levar pela sacerdotisa repugnante! Ele queria se espancar até a morte fria e inevitável...
— E para que ninguém jamais esqueça que a sempre uma redenção... — disse, olhando para as górgonas — Esteno e Euríale, vocês terão sangue sagrado. De um lado, cura qualquer ferida. Do outro, mata em minutos. E quanto a você, Medusa — Atena lançou um olhar de nojo para o monstro que acabara de criar — Por achar que o que os olhos vêm vale mais que qualquer coisa... Jamais poderá voltar a olhar nos olhos de outro alguém... Todos que olharem para você, virarão pedra, duros e secos, igual o seu coração.
Por fim a deusa deu as costas para as suas antigas sacerdotisa.
— Podem levar a estátua — disse Atena, em um último ato de vitória. — Ela servirá para todos verem quem lhes deu essa maldição. E toda a Grécia, em breve, descobrirá, o que é desafiar Atena.
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[revisado]
{Apagando os milhões de textos de uma autora cansada e esperando por reviews que quase nunca chegaram *ri*}