Chained escrita por Hillary McKarter


Capítulo 1
Prólogo - One came, one left


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o prólogo. Gente eu chorei nele então espero que não me matem depois disso.



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A sala de espera nunca pareceu tão sombria e perigosa quanto a noite em que Anna nasceu. Elsa ainda se lembrava dos relampagos que ouvia do lado de fora, das trovoadas e da chuva que não parecia sessar tão cedo. Para uma criancinha de 3 anos tudo aquilo parecia um grande pesadelo sem fim.

Abraçada a avó, Elsa fechara seus olhos fazendo um prece silenciosa para si e sua familia. Por que estava demorando tanto? Por que seu pai e sua mãe não poderiam aparecer logo para apresentá-la sua nova irmãzinha e depois cairem fora dali? Por que eles não chegavam logo?

De repente, uma rajada de vento e chuva inundou o ambiente assim que a porta do hospital foi aberta por três enfermeiros que corriam apressados com uma maca para a sala de cirurgia. Eles pareciam nervosos e falavam desesperados um com o outro. A cena durou pouco tempo, mas foi o suficiente para atrair a atenção de todos da sala e assustá-los. Elsa agarrou-se mais ainda a blusa da vó que com um doce movimento tocou nos cabelos loiro-prateado da pobre criança.

_Você está bem, minha querida? – perguntou a senhora.

Elsa a olhou e fez um sim com a cabeça, mesmo que não estivesse. Ela estava com medo. Muito medo. Medo por sua família. A garota temia que algo ocorresse errado durante a cirurgia. E se tivesse um blackout? E se Anna não conseguisse sobreviver? E se…

Outro trovão soou, mais forte e poderoso, fazendo com que Elsa pulasse de susto na cadeira e soluçasse apavorada escondida no peito da avó. As trevas sorriam naquele momento. Era como se aquela noite se agradace com o medo da pequena. Como se aqueles pensamentos que a rodeavam alimentassem a escuridão maligna que inundava a cidade com sua chuva de lágrimas. Elsa tentava, mas não conseguia parar de pensar na possibilidade do perigo. E assim permaneceu ela durante mais uma meia hora, tremendo e lutando contra a forte vontade de chorar.

-*-*-

A espera durou uma eternidade, mas finalmente um médico apareceu na sala de espera e as chamou.

_E minha mãe? E minha irmã? – perguntou Elsa ansiosa e nervosa.

O médico a olhou indiferente, como se sentisse superior àquela pequena criaturinha ingênua que o encarava impacientemente. Ele a ignorou depois de um tempo e mirou nos olhos brilhantes de sua avó dizendo apenas com um tom sério a frase mais arrogante e cruel que Elsa podia imaginar naquele momento:

_Por favor, me acompanhem.

Sem responderem, Elsa e sua avó seguiram-no pelos escuros corredores do hospital. A garotinha, por mais que tentasse, não conseguia deixar de encarar cada uma das sombras que tinha no lugar sem sentir medo. Ela segurava a mão da avó com toda a força possivel e esta sem se incomodar acariciava com o polegar a pálida pele da menina. Quando finalmente chegaram no quarto, Elsa pôde ouvir um choro que fez seu corpo, pela primeira vez naquela noite, se aliviar. Era um choro infantil e manhoso como se pedisse o leite materno inconformadamente. A garotinha sorrindo rapidamente se desgrudou da mão da avó e correu para o quarto desviando do médico a sua frente que tentara agarrá-la pelo braço durante o caminho.

_Espere! – berrou ele, mas Elsa ignorou.

Antes que pudesse ser alcançada, a menina abriu a porta com toda a força que conseguiu e viu diante de seus olhos encantados a criaturinha mais linda do mundo.

Os médicos a seguravam com delicadeza enquanto esta, com sua boca sem dentes e sua pele vermelha, olhava tudo ao seu redor com estranheza. Seu berro saia sem parar e, por mais que alguns achasse aquilo irritante, Elsa achara a coisa mais linda que ouvira. Eram como sinos que a tiraram de seu medo. Anna estava bem à sua frente berrando os primeiros sinais de vida e nada podia arruinar isso. Seu corpo era tão pequeno e frágil, seus cabelos ainda mal tinha surgido e seu cordão umbilical recém-cortado ainda aparecia, mas Elsa só conseguia ver o quão linda sua irmãzinha era.

Cheia de orgulho, Elsa acenou para Anna e procurou pelos pais ansiosa para beijá-los agradecidamente. Ela olhava para cima como se tentasse ver seus rostos no meio daquela porção de doutores estranhos.

Quando finalmente encontrou seu pai sentado no encosto da cama de cirurgia com as mãos no rosto correu até ele gritando enquanto ouvia a porta da sala novamente ser aberta.

_Papai! Papai! –berrou a menininha.

O homem alto que ela procurava se virou então encarando-a surpreso.

_Elsa… - foi tudo o que ele disse.

A garotinha então parou de correr quando viu lágrimas escorrerem no rosto pálido de seu pai. Por que ele estava chorando?

Elsa se virou para a cama e viu então um corpo frio e imovel de uma mulher morena em sua frente. Os olhos azuis da menina se arregalaram se enchendo rapidamente de água. Não! Isso não podia estar acontecendo… A moça… Sua mãe… Ela estava…

_Mamãeeeee! –berrou Elsa correndo até a mulher

O pai no entanto a pegou no colo e a abraçou com todas as forças que podia. Os medicos e sua avó, que acabara de entrar, olhavam a cena silenciosamente em respeito. Tudo estava quieto. Apenas o choro de Anna soava por toda sala. Nem os trovões lá fora, nem as maquinas lá dentro conseguiam combater o doce silêncio que a morte deixara naquele momento.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram? Odiaram? Prometo que no próximo não farei tanta tristeza (ou talvez eu faça hehehe) Enfim, comentem e favoritem se puderem. Estou esperando a opinião de vocês. Beijos =*