Hollow Spirit - Tudo termina onde começou escrita por SEPTACORE


Capítulo 23
Cuidado com seu bicho-papão.




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A semana começou animada – para os professores – hoje era o dia em que todos saberiam as suas notas e, para o terror de alguns, o grande teste de educação física. O professor separou alunos em vários esportes. Isto é, ele não perguntou pra nenhum deles.

– Você acha que passou? – Sara Cirino pergunta a Jay. As duas estavam no jardim, esperando que o funcionário responsável pelas notas grudasse-as no painel de avisos.

– Acho que fiquei em um monte – Jay diz. – E você?

– Eu passei – ela sorri. – Ninguém mandou você não estudar comigo quando eu te chamei.

– Olha! O guri já está indo pra lá, vamos logo.

As duas se levantaram e seguiram o funcionário. Boa parte também fez isso. Vitória, Bruna e Sara estavam animadas para saberem suas notas. Mas havia certo grupo – boa parte da Dazer e Mercure – que estavam preocupados com o desempenho.

– Cara, se eu não passar em pelo menos quatro matérias eu perco a bolsa – Alj diz.

– Calma cara. Tem mais de vinte matérias, você não é burro o suficiente de ficar em quase todas – Felipe diz, tentando amenizar o lado de Alj.

– Pior que ele é – Jay diz chegando.

Lá do outro lado, Americo e Tico sentavam-se junto a Matheus.

– Acha que foi bem? – Tico pergunta, Matheus tinha uma aparência horrível, suas olheiras estavam amostra.

– Tanto faz – Matheus diz.

– Tanto faz? Cara, você é da Eruptidus – Tico diz.

– E o que isso tem a ver?

– Calma Math – Americo diz. – Por que isso?

– Por que eu tenho que ser o certinho só porque eu sou da Eruptidus?

– Por que a Eruptidus é a irmandade dos inteligentes? – Americo ironiza.

– E isso significa que eles devem ser 100% inteligentes?

– Para de responder minhas perguntas com outras perguntas, por favor? – Americo brinca e Matheus força um sorriso.

Hanna e Vivaldo finalmente oficializaram o namoro, resultado: os dois não se desgrudavam.

– Se você não passou, te jogo da sacada da universidade – Hanna diz.

– A universidade tem uma sacada? – Vivaldo pergunta.

– Eu posso construir uma se eu quiser.

– Ui, desculpa.

As notas foram pregadas no painel, fora como uma guerra, mais de trinta alunos se esmagando para olharem.

– EU PASSEI, PORRA! – André gritou. – Ah não, esse é outro André, disfarça.

– Dré, você é esse, olha – Ana aponta. – Ficou só em 6, bate aqui – Ana levantou a mão.

– E você, Ana? – André diz. – Aqui deve ter mais de vinte Anas.

– Eu fiquei em 5, eu sou foda.

– Eu não fiquei em nenhuma – Maria chega dizendo, fora a mesma menina que esbarrara em Ana naquele dia.

– E quem te perguntou? – Ana pergunta. – Ah, ninguém.

– Eu posso ser pequena, mas olhem só as minhas notas, são maiores do que vocês – Stefani diz.

– Um seis é maior do que eu? – Letícia diz. – Acho que não. A média é sete e você deve ter uns dez sete.

– Cara, eu só fiquei em duas – Jay diz sem acreditar. – Mano, eu não fiz literalmente nada.

– Fiquei em seis – Felipe diz. – Grande coisa, cadê o Redbull, Aninha?

– As notas da Clara são bem claras – André diz. – Ela pode ser da Dazer, mas tem espírito de Eruptidus.

– Eu consigo ser má e inteligente ao mesmo tempo, diferente de você – Clara diz.

– Nossa, isso que dá ficar pensando nesse plano – Fray diz.

– Vai culpar o plano agora? – Rick pergunta. – Um dia eu domino o mundo com ele.

– Oi Cebolinha – Gabriela diz. – Fray, você foi ótimo, olha só, só tem umas três notas vermelhas.

– E você tem sete.

A maioria do pessoal da Eruptidus havia passado com a média acima de oito, alguns estavam desapontados, pois queriam ter passado com dez. Mas havia um Eruptidus que se contentou com um sete, esse Eruptidus era Matheus.

Quando todos já haviam visto as suas notas e alguns – os prejudicados – receberam as ligações de seus pais furiosos, boa parte fora para o teste de educação física.

– Olá alunos – a voz de um dos três professores de educação física ecoou por todo o ginásio. – Como vocês sabem, hoje é o grande teste de educação física.

– Não é bem um teste – a segunda professora diz. – Só vamos separar times de determinados esportes. Vocês já viram os seus esportes no painel.

– Eu odeio esportes – Gabriela diz.

– Eu também – Max concorda.

– Eu odeio mais do que vocês, podem apostar – Beto diz.

– Isso tem cara de aposta? – Max pergunta ironicamente.

– Silêncio! – o terceiro professor, o mais medonho de todos, entrara no ginásio, o silêncio se fez em segundos. – Quem não quiser jogar que fique na arquibancada, mas pontos serão tirados.

– Professora, existe um esporte para anões? – Letícia pergunta. – Temos três aqui – ela aponta para Virgínia, Stefani e Gabriela e todos riem.

Boa parte do pessoal ficou na arquibancada, mas existia aquela gente que estava jogando por obrigação.

– Bom, eu sou a professora Pietra. Na idade de vocês eu era a líder de torcida. E hoje, estou aqui, para ensinar vocês. Sei que alguns não querem...

– Eu não quero – Arthur diz e Paulo concorda.

– Eu sei, mas vocês acham que ser animação de torcida é um trabalho só pra meninas?

– É – Paulo diz.

– O Álvaro não liga de ser um.

– O Álvaro é o Álvaro – Paulo diz. – Quer me comparar á um garoto que fica assoprando a flauta todo dia?

A professora não respondeu, colocou então, Sara, Ana Moreira, Hanna, Sara Cirino e Bruna em uma pirâmide, já que as cinco já eram experientes. E então, ensinou Paulo, Arthur e Álvaro.

– Não é tão difícil – Sara diz a Paulo.

– Isso parece balé – ele diz.

– Não, não! – ela ri. – Tu só ficas com as mãos arribadas.

– Seu nome é Sara, não é? Namorada do Áxel.

– Isso! Como sabes? – Ela diz.

– Sou amigo dele – ele explica. – Meu nome é Paulo.

– PAUlo – ela diz rindo.

– Sobre os líderes de torcidas: São lindos – Ney diz. – E tem o Álvaro.

– Nossa, que malvada! – Bruna diz.

***

– Vocês já me conhecem, sou o treinador de boa parte de vocês. Mas hoje vamos treinar vôlei.

– Eu manjo – Americo diz.

– Também, olha o seu tamanho, né querido – Arruda diz.

– Você é quase do meu tamanho, nem vem.

O treino começou, Letícia escolheu ir com Aljarilla, mesmo não tendo tanta afinidade com ele, mas o vôlei ajudou os dois a virarem amigos.

– Ingrid, você não leva jeito com bolas – Victor diz.

– Bolas de vôlei não – ela diz. – Mas se eu pegasse as suas bolas, garanto que não diria isso.

– Eita! – Americo diz. – Sou todo seu.

– Eu falei com o Victor, não com você – ela diz.

Isadora era baixinha, mas amava o esporte. Já Maria, Letícia e Barbara eram grandes e podiam se aproveitar do resto.

***

O treino de futebol estava vazio, porque metade do pessoal estava em outro esporte, mas tinha: Ana Pfeifer, Athos, Felipe, Lucas Bittencourt, João Fray, Dani e Clara.

– Hm, então você gosta de chutar a bola? – Athos diz para Ana.

– Quer que eu chute a sua? – ela diz.

Dani e Clara eram pequenas, mas a força das duas era realmente absurda. João ficara impressionado com Dani.

– Nossa, que força, hein.

– Também tenho força pra bater em engraçadinhos, se você quiser experimentar – ela diz.

– Essas meninas, elas são fogo – Fray diz para Athos, o mesmo concorda.

– Vocês não viram nada – Felipe diz e chuta a bola pra Ana.

***

O campeonato de xadrez estava no fim e Felipe decidiu jogar com um veterano. Ele sabia jogar xadrez, mas preferia fazer outras coisas. Felipe ficara com as peças pretas, o outro rapaz disse que as brancas começavam. Mas as peças eram beges, e o rapaz não começou. Felipe o encarou por um momento e toda a sua raiva subiu. O mesmo virou o tabuleiro na cara do garoto e saiu. Concluindo, então, o campeonato de xadrez.

***

Todos foram para a próxima aula, alguns tinham aula vaga e foram para suas irmandades. Hanna estava com medo de uma mariposa que voava pela irmandade, quando Vivaldo o matou, Gina, Hanna e Brenda sentaram para conversar.

– Qual seu medo, Gina? – Hanna pergunta.

– Esquecimento.

– Nossa, vai dar uma de Augustus Waters?

– Não esquece que ele morre no final.

***

A história da Dazer pode ter sido contada por Laís na semana passada, mas não havia saído da cabeça de Felipe nem um segundo.

– Eu ainda quero investigar... – Felipe diz.

– Sério? – André diz. – Eu achei que vocês tivessem esquecido... Eu pesquisei sobre o banheiro, sobre a morte. E olha essa reportagem – ele procura o papel em seu bolso, mas não acha. – Espera, vou buscar – ele retira da mochila um papel amassado e pisado.

“O assassinato de Emilly Oushen, a estudante recém-formada da universidade Hollow Spirit, deixou toda a população boquiaberta com essa situação. Após encontrar o corpo da jovem no banheiro, o reitor decidiu fechá-lo com uma parede de concreto para ter a certeza de que ninguém voltaria lá...”

– E se, quebrarmos a parede? – Jay pergunta.

– Como vamos quebrar se a escola está sempre cheia de funcionários? – Clara pergunta.

– É obvio, não é? – Letícia diz. – Amanhã é a reunião de funcionários, todos vão para o gabinete do reitor, que não sei se vocês sabem, se encontra fora da universidade. Eu conheço o Daniel, o carinha que cuida das câmeras... Já fiz negócios com ele...

– Negócios, tá – Ana diz.

– Ele pode desligar numa boa durante o dia inteiro amanhã.

– Perfeito – Jay diz.

– Aí nesse tempo, podíamos quebrar a parede e vermos os perigos que existem lá dentro – Ana diz.

– Se bem que, não deve passar de um banheiro fedido e nojento – Clara diz.

– Ainda me pergunto por que eles não destruíram o banheiro – Stefani diz.

– Talvez quisessem que o caso tivesse uma solução – Bah diz.

– Leti, você consegue falar com esse Daniel hoje? – Felipe pergunta.

– Claro.

Letícia negociou – novamente – com Daniel e estava tudo certo. O dia de amanhã, seria um longo dia.

***

O dia amanheceu maravilhoso para os Dazers – mentira –. Ana acordara com os berros de Jay.

Então estava lá: Ana, Jay, Felipe, Clara, Stefani, André e Letícia. Prontos para quebrar a parede, isto é, com o que eles quebrariam? Felipe havia pensado em tudo, menos nisso.

Ana fora até a serralheria que ficavam os carros dos professores e trouxe consigo quatro machados e duas serras.

– Prontos? – Ana perguntou.

Todos saíram pelos corredores, Letícia já havia pedido para que Daniel desligasse as câmeras, o mesmo o fez.

– Agora temos que descobrir onde era – Clara diz.

– Veja um lugar que a parede é mais estufada – André diz.

– Aqui é – Jay diz.

– Ok, se afastem – Felipe diz. O mesmo meteu a serra na parede, não seria tão fácil derrubá-la, mas Ana veio com o machado e boa parte caiu, já dava pra ver a porta, com o desenho que indicava o banheiro feminino, mas o mesmo já havia desbotado. Faltava pouco, então Stefani veio e meteu a serra, fazendo cair o pouco que restava.

– Não é que você tem força mesmo? – Felipe zomba.

O banheiro não aparentava ser um banheiro. Estava tudo escuro, havia ratos, mofos por toda a parte e parecia que, alguém grudara papel higiênico no teto, mas vários papeis, parecendo um “mar branco”, onde você não via nada além de papel. Felipe foi o primeiro a entrar, seguido por Stefani, Jay, Clara, Letícia, Ana e André.

— Caralho, cagaram por toda parte? — pergunta Ana, com o prato e a vela nas mãos.

Os doze copos de vidro que estavam em volta das doze velas se quebraram em uníssono, assustando até Clara, que agarrou Ana pelos cabelos.

— Sua vaca, eu não passo xampu e creme da Natura pra você ficar me puxando assim — todos riram, mesmo com as luzes ainda ligando e apagando. Mesmo com o vidro espalhado entre o chão, e até mesmo quando uma voz doce, no entanto vingativa, ecoa pelo banheiro.

– Vocês não deveriam estar aqui... – a porta do banheiro se fechou

– Para com isso, Jay – Ana diz.

– O que eu fiz?

Quando elas menos puderam esperar, Letícia deu um grito enorme, ela estava pulando e se debatendo. Havia visto milhões de baratas em cima dela, mas ninguém vira nada, somente ela.

– O que foi Leti? – Ana disse rindo, mas logo se virou para o lado e viu a si própria sendo queimada, viu o seu rosto de socorro e começou a gritar, não sabia pra onde ir, estava sem rumo. Sentiu seu ouvido estourar, e então, logo sumiu.

– VAMOS SAIR DAQUI! – Jay diz tentando abrir a porta, quando se virou para avisar aos demais que estava trancada, viu uma mulher, ela usava um tipo de roupa, parecia uma médica, ela se encontrava de costas e Jay ficou paralisada, ela parecia um tipo de anjo, o seu brilho era surreal. Mas quando a mesma virou, tinha em mãos uma injeção 15x maior do que uma injeção normal. Jay tinha pavor de injeções e quando vira aquilo, simplesmente paralisou. A “tal médica” estava vindo atrás dela, Jay correra e gritara, mas não tinha pra onde correr.

– Não vai doer nada – quando a médica estava, enfim, perto de espetá-la, a mesma sumiu.

Uma mulher, jovem, usava uma beca, parou no centro. O brilho todo viera dela e todos olharam pra ela por um momento.

– Eu posso criar ilusões com os medos das pessoas – ela diz, sua voz era suave. – Porém, não é tantas vezes. Já que não tive a chance de praticar tanto... PORQUE EU MORRI! – um barulho enorme ecoou e ela sumiu, todos gritaram.

– Gente, o que está acontecendo? – Clara gritava, não via ninguém em meio aos papéis. Quando pensara que havia esbarrado em alguém, viu sua mãe e o seu pai.

– Mãe?! Pai?! – ela diz. – O que estão fazendo aqui?

– Ela vai nos matar – seu pai diz.

– O que?! Ela quem?

– Ela está vindo – como uma visão, uma faca atravessou o coração dos dois. O maior medo de Clara era perder quem ela amava, a mesma se jogou no chão e começara a gritar. Stefani, Felipe e André não sabiam o que estava havendo. Felipe havia tentado quebrar a janela, mas a mesma parecia que havia sido colocada naquele dia.

– ELA MATOU MEUS PAIS! – Clara gritava e chorava.

– Clara, você está bem? – Felipe gritou. A mesma não respondeu. – Porra, me responde – ele tentou andar em meio aos papéis, quando avistara algo preto e enorme. Parecia uma espécie de caixa, mas quando ele olhou bem, era um caixão, e lá dentro estava ele, se debatendo, ele havia sido enterrado vivo. Felipe nunca sentira tanta aflição, por um momento se sentiu aflito e estava perdido em meio ao branco, fechara os olhos e encostara-se à parede, quando abrira novamente, o caixão havia sumido.

André pensava que estava em um Reality Show, ou até mesmo em um trote da Mercure, mas sentiu um papel em seu ombro, achara que era mais um papel higiênico, mas não, aquilo pertencia a um Darach, parecia uma múmia, mas André tinha pavor àquilo, quando se virou e sentiu o bicho tocar seu ombro, ele simplesmente morreu por alguns segundos.

– Você me pertence, e eu vou te matar – a voz do Darach ecoou pelo banheiro, André correu por todos os boxes, e se trancou, sentiu o bicho chutar e empurrar, repetindo várias vezes à mesma frase.

– É UMA ILUSÃO, NÃO ACREDITEM – Ana gritou.

– EU NÃO SEI QUE DIABOS ESSA EMOLLY, EMILLY QUER NOS DIZER, MAS É SÓ UMA ILUSÃO, NÃO ACREDITEM! – Felipe gritou.

O bicho sumiu.

Stefani fora a única que não fora atacada pelos seus medos, pelo menos era o que ela achava. Ana encontrara Letícia e Clara, as três ficaram sentadas perto da porta, juntas, para que nada as atingisse.

Stefani tentou achar o resto do pessoal, quando andara, sentiu que o piso acabara. Ela viu um tipo de abismo, sem fim. A altura era enorme e Stefani ficara apavorada, foi como se tivessem feito um buraco sem fim no banheiro, nesse momento, em meio aos gritos de Felipe para acreditar que era ilusão, nada significou para Stefani, ela não conseguia acreditar que era ilusão, já que era algo tão real. Ela tentou recuar, mas havia uma parede invisível que a empurrava para o abismo, quando ela estava prestes a cair, o abismo sumiu e o silêncio se fez ali.

– Vocês estão bem? – Felipe gritou.

– Até que enfim alguém me respondeu – André diz.

– Eu estava berrando! – Felipe disse indignado.

– Acredite, eu berrava mais – Clara diz.

– Eu não escutei nenhum – Stefani, ainda paralisada, disse. Felipe a segurara e levara para perto de Ana e as demais.

Letícia tentou abrir a porta, a mesma se abriu na maior facilidade. Os sete saíram ainda paralisados do tal banheiro, nem se importando de que haviam quebrado a parede. Quando chegaram lá, sentaram-se e tentaram engolir tudo que havia acontecido lá dentro.

– O que houve? – Bah pergunta, aflita.

Eles não sabiam, mas Ingrid e Alj estavam dentro do banheiro. A procura dos sete. Os dois estavam perdidos em meio ao “mar branco”, Alj parecia que havia sido afastado a quilômetros de Ingrid, quando olhou para o lado e vira o mesmo brilho que os outros haviam visto, sua atenção centrou-se naquilo.

– Vocês não deveriam estar aqui... – a mesma voz ecoou.

Alj se desesperou por um momento, quando começou a sentir uma dor absurda, ele parecia que estava perdendo os sentidos, caiu no chão gemendo de dor, já se sentia mole quando a dor parou e todos os seus sentidos voltaram. Alj correu até a porta, mas era como se fosse um código, só poderia sair se todos vissem o seu medo cara a cara. Ingrid ficou alguns minutos apavorada, mas não veio simplesmente nada. Fora como se ela não tivesse medo algum. Ela encontra Alj e os dois saem correndo daquele lugar, indo para o salão da Dazer.

– ONDE VOCÊS ESTAVAM? – Ana perguntou.

– No banheiro, atrás de vocês – Ingrid diz.

– O que houve lá dentro? – Felipe perguntou.

– Eu senti muita, muita dor – Alj disse. – Como se eu tivesse sendo torturado por alguém mentalmente.

– Tipo um crucio? - Jay perguntou.

– Exatamente.

– Cada um passou pelo seu medo naquele banheiro. O que eu mais temia era ver-me sendo queimada, e eu me vi – Ana diz. – Todos aqui viram o seu medo cara a cara.

– Eu não entendo, então – Ingrid diz. – Quer dizer que eu não tenho nenhum medo?

– Espera! Você não viu nada? - Dani perguntou.

– Nadinha. Só vi uma mulher escrota falando que não deveríamos ter ido lá.

– É o espírito de Emilly Oushen – Clara diz.

– Gente, vocês estão brincando com a nossa cara? – Dani perguntou.

– Por que brincaríamos com uma coisa dessas? – Ana pergunta.

– Olha a Stefani, olha a Jay. Todos estão aterrorizados – Clara diz.

– Cara, eu só sei que eu fiquei mais interessado ainda em pesquisar esse caso – Felipe diz. – Por que logo nossos medos? Poderia ser tudo... Nossos erros, nossos maiores segredos, mas logo o medo.

– Podemos ir ao asilo – Dani diz.

– Vamos pegar um castigo por ter quebrado a parede – Bah diz.

– Não, ainda são três, os diretores só voltam às seis. O Daniel já deve ter rebocado a parede novamente. Vão notar que está rebocada, claro. Mas o Daniel explicará ao reitor que estava precisando de um reboco – Letícia diz.

Todos sorriram.

– Saímos essa noite – Ana diz.

***

A noite caíra rapidamente, foi como se o tempo quisesse que eles fossem até o asilo. Era 5h30m da madrugada, Felipe, Dani, Ingrid, Bah, Ana e Jay saíram pelos corredores, Felipe tinha um carro e, não sabia como enfiaria esse bando de gente em um carro só. Os seis saíram do campus numa facilidade, o difícil foi todos se enfiarem no carro.

Felipe, então, seguiu para o tal asilo. Que não ficava tão longe como aparentava. Quando Bah avistou a placa “Asilo Hollow Spirit” ela simplesmente gritou.

– ALI!

– Precisa gritar? – Ingrid diz.

– Precisa, o Felipe é cego.

Quando chegaram ao asilo, pararam para conversar.

– Gente, nem sabemos o nome dela – Dani diz.

– Verdade, mas eu posso ir lá e falar que sou parente de Laís, que eles irão falar – Ingrid diz.

Todos assentiram e Ingrid saiu.

– Olá, posso ajudar? – um senhor, velho, seu crachá dizia: Joaquim.

– Sim, sou irmã de Laís e vim visitar nossa avó.

– Ah, Laizinha? – ele ri. – Claro, tem mais alguém com você?

– Sim, meus primos – ela diz.

– Ok, o apartamento é o 70.

Ingrid sorri e pisca para Felipe, os cinco a seguem.

– Cara, foi tão fácil, eu meio que o hipnotizei – ela diz rindo.

– Apartamento 70, ali – aponta Ana.

– Gente, não dá pra entrar todo mundo – Jay diz.

– Eu e Dani vamos – Felipe diz.

– Eu também – Ana diz.

– Ok, nós três.

***

A batida na porta incomodava a Sra. Febby mais do que qualquer outra coisa.

– Quem é? – a voz da velha ecoara. – Não quero trocar o lençol, Dingoberr, eu já disse!

– Não é o Dingobel – Felipe diz.

– É Dingoberr – Dani sussurrou.

– Quem é?

– Me chamo Felipe, será que a senhora tem um minuto?

– Você é o que, meu filho? Testemunha de Jeová? Eu já rejeitei uns cinco essa semana, pode ir embora.

– Não, senhora. Somos alunos da universidade Hollow Spirit e precisamos falar com a senhora sobre o assassinato de Emilly Oushen – Ana diz diretamente e o silêncio reina durante alguns segundos, até que eles ouvem a fechadura se abrindo.

– O que vocês querem? São aqueles garotos estúpidos do jornal, que acham que eu matei a Emilly?

– Não! Só queremos conversar com a senhora sobre a Emilly.

Os três entraram e a Sra. Febby nem sequer apresentou um lugar para eles se sentarem.

– Falem logo.

– Segundo a senhora, Emilly era uma menina sem amigos? – Dani começa.

– Eu já respondi tanto essa mesma pergunta – ela resmunga. – Emilly era a garota mais solitária que vocês podem imaginar, mas também, ela dava motivos. Só andava com aquele diário que era como se fizesse parte dela. Eu sempre achei que era um diário do mal. Mas Emilly tinha uma amiga... – ela riu freneticamente e Ana arregalou os olhos.

– Que amiga?

– Seu nome era Isabelle, era a garota acusada de matar os pais. Acusada, ninguém tinha provas, mas a garota era medonha, usava os cabelos em Maria chicota e todos zombavam dela. Ela sumia às vezes, ninguém a via na universidade, ela era invisível para muitos – ela explica.

– A senhora acha que essa tal Isabelle matou a Emilly?

– Não, porque Isabelle foi embora uma semana antes do assassinato de Emilly, como se ela tivesse sentido que o mal estava pra acontecer.

“Minha filha, a Dazer era a melhor irmandade, disputada pelos mais ricos. A Mercure conseguia ser a pior, só com os maus e os destruidores. A Eruptidus pregava peças por onde passava. A Vebnus era como a Dazer, uma boa irmandade, só com os inteligentes, nunca faziam mal a ninguém. O mistério vocês já devem saber, foi algo surreal, ninguém esperava por isso.”

– Mas olha, ainda bem que eu me formei e fui embora daquela universidade. Mesmo depois de ter respondido mil processos por causa da morte dessa maluca.

Os três perceberam que não havia o que perguntar, então se despediram da Sra. Febby e foram embora.

– O que conseguiram? – Jay perguntou.

– Emilly tinha uma amiga chamada Isabelle, era assustadora, mas não tem como ser ela, a mesma foi embora uma semana antes do acontecimento – Felipe diz, todos voltam para o carro e seguem para a universidade.

Por um acaso, ninguém notou a ausência dos seis durante a manhã. Felipe passara à tarde com Linna e Sara, ainda pensando em uma forma de se comunicar com Emilly ou descobrir quem a matou.

– Vocês sabem algo que pode funcionar pra comunicar-se com um espírito? – Felipe pergunta.

– Hã? – Lyn pergunta.

– Nada.

– Eu sei Fê – Sara diz. – Você pode não acreditar, mas existe uma tábua chamada Ouija, era muito conhecida no Japão a.C, mas foi proibida exatamente porque as pessoas se comunicavam com os espíritos.

– Onde posso encontrar um?

– Eu tenho, nunca usei, só tenho por ter.

– Você pode me emprestar?

– É claro.

***

– É um tipo de tábua – Felipe diz. – Tem sim e não. E letras, quando for começar, dizem o nome do espírito e pergunta se ele está presente.

– Sério mesmo isso? – Ana pergunta.

– Eu sei – André diz. – Já mexi muito nisso.

André se sentou, rodeado por todos da Dazer, colocou a mão em cima da pequena madeira em forma de coração.

– Emilly Oushen – ele disse em alto e bom som. – Você está presente? – os segundos foram como horas. Demorou um pouco, mas a madeira começou a se mexer indo até o SIM.

– Para de mexer, André – Fê disse.

– Não estou mexendo!

Formou-se: Felipe cagão.

– PARA DE BRINCADEIRA, ISSO É SÉRIO – Felipe disse em meio a gargalhadas.

– Ok, você está aqui? – ele disse sério.

A madeira foi até sim, todos se encararam.

– Você foi responsável pelos ataques de medo no banheiro do 4° andar na noite passada?

Saiu e entrou novamente no sim.

– Por quê?

A madeira foi andando.

– V – André disse.

– I

– N

– G

– A

– N

– C

– A

– Vinganca? – Clara pergunta. – O que é isso?

– Vingança, idiota. Na tábua não tem cedilha – Ana diz.

– Mas por que vingança? Não fizemos nada a ela – Stefani diz.

– Fizemos algo a você? – André disse e a madeira foi ao não.

– E por que vingança?

A frase se formou: por todos os alunos que me fizeram medo.

– Pergunta logo quem matou ela – Letícia diz.

– Quem te matou? – sem reação. – Quem te matou? – ele gritou dessa vez.

A madeira foi em L, logo depois em A, em seguida em I e por fim S.

– Laís?


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